GILLAN - GLORY ROAD (1980)






Glory Road é o terceiro álbum de estúdio da banda
britânica chamada Gillan. Seu lançamento oficial ocorreu em outubro de 1980,
sob o selo Virgin. A produção ficou com o produtor Paul Watkins e John McCoy,
baixista do grupo. As gravações ocorreram entre abril e junho daquele ano no
estúdio Kingsway Recorders, em Londres, na Inglaterra, entre os meses de abri e
maio daquele mesmo ano.













Gillan é o nome da banda de rock que o ex-vocalista
do Deep Pruple (na época), Ian Gillan, formou em 1978. Primeiramente, vamos
relatar um pouco da história da saída do vocalista do grupo até a formação do
novo conjunto.





Estamos em dezembro de 1972, e Ian Gillan
juntamente com o seu grupo até então, o Deep Purple, haviam gravado naquele ano
os álbuns Machine Head, Made in Japan e o que ainda seria lançado Who Do We
Think We Are. Gillan sentiu que a grande carga de trabalho o levara até a
exaustão.





Somado ao cansaço, Ian Gillan, ao contrário de
alguns membros da banda, ficou descontente com álbum ao vivo Made in Japan, já
que não gostava de álbuns ao vivo em geral.





Ele tendia ir para o estúdio, somente depois que o
resto da banda já houvesse gravado e terminado as partes instrumentais das
músicas (o que aconteceu especialmente para Who Do We Think We Are) e então estabelecer
e gravar seus vocais separadamente.





Além disto, Ian Gillan havia, continuamente, entrado
em estado de confronto com o guitarrista do Purple, Ritchie Blackmore,
discordando sobre os caminhos musicais regularmente, o que culminou com Gillan
escrever "Smooth Dancer" sobre o guitarrista.





Enquanto estavam em turnê, na cidade de Dayton,
Ohio, Estados Unidos, ele se sentou e escreveu uma carta de demissão para os
gerentes da banda, afirmando que pretendia sair do grupo a partir de 30 de
junho de 1973. Por fim, acabou sendo substituído por David Coverdale.





Imediatamente após sua saída do Deep Purple, Ian
Gillan decidiu se aposentar da música e investiu em negócios que não deram
muitos resultados. O primeiro, um hotel em Oxford. Depois, uma loja de
motocicletas que quase o levou a ruína.





A oportunidade de mais sucesso, porém, veio com o
investimento no Kingsway Studios em 1974, a qual acabou o levando a uma
performance ao vivo no Butterfly Ball, em 16 de Outubro de 1974, substituindo Ronnie
James Dio no último minuto. Incentivado por uma calorosa recepção, ele decidiu
retomar sua carreira musical.





Em 1975, Gillan formou um grupo chamado Ian Gillan Band,
com o guitarrista Ray Fenwick, o tecladista Mike Moran (rapidamente substituído
por Mickey Lee Soule e depois por Colin Towns), Mark Nauseef na bateria e John
Gustafson no baixo.





Seu primeiro álbum, Child in Time, foi lançado em
janeiro de 1976, seguido por Clear Air Turbulence, em abril de 1977, e, por
fim, Scarabus em outubro do mesmo ano. O som da banda tinha um aspecto distinto,
em uma fusão jazz-rock, que, embora fosse do extremo agrado de Gillan,
mostrou-se impopular particularmente desde que o punk rock começou a entrar na
moda.





No meio de 1978, insatisfeito com o insucesso comercial
da Ian Gillan Band, ele resolveu dissolver o conjunto, retendo apenas o tecladista
Colin Towns. Desta vez, o vocalista formaria um novo grupo chamado simplesmente
de Gillan.





Com Steve Byrd na guitarra, Liam Genockey na
bateria e John McCoy no baixo, e, inicialmente, uma sonoridade mais voltada
para o rock progressivo, o grupo gravou e lançou sua estreia em setembro de
1978, embora a banda tenha conseguido um contrato de gravação e lançamento
apenas no Japão, Austrália e Nova Zelândia.





Esta estreia da banda Gillan ficou conhecida como
“The Japanese Album”. Logo após, Genockey deixa o grupo, sendo substituído por
Pete Barnacle.





O álbum foi suficientemente bem-sucedido para
atrair mais atenção e, em 1979, a banda assinou um contrato europeu com a
gravadora Acrobat Records. Antes de um novo disco ser gravado, o guitarrista
Steve Byrd foi substituído por Bernie Torme e Barnacle pelo baterista Mick
Underwood, ex-colega de Ian Gillan no Episode Six.





O som contundente da guitarra de Bernie Torme
alterou fundamentalmente a dinâmica e a musicalidade da banda Gillan e Ian
decidiu direcionar a sonoridade para um lado mais heavy metal e punk.





Ian Gillan:










O primeiro álbum com esta nova formação foi lançado
sob o nome Mr. Universe (1979) e continha muitas músicas que foram trabalhadas
novamente e já haviam sido lançadas no “The Japanese Album”.





O disco foi direto para as paradas de sucesso do
Reino Unido (atingindo a 11ª posição), mas parou com a falência da Acrobat Records.
Isso acabou levando a banda para um acordo de vários discos com a Virgin
Records.





Além disto, a banda teve sorte – e competência –
para chegar ao topo com a ascensão do movimento New Wave Of British Heavy Metal
e se aproveitar disto, tornando sua sonoridade bem mais pesada, voltada para um
som Metal.





Curioso relembrar que no Natal de 1978, Ian Gillan
recusou uma oferta por parte do antigo companheiro Ritchie Blackmore, para que
ele integrasse sua banda Rainbow.





Mas Blackmore não se sentiu ofendido e fez uma participação
especial com a banda Gillan em seu show de Natal. Foi a primeira vez que Ian
Gillan e Ritchie Blackmore tocaram juntos desde 1973.





Em 1980, Gillan atingiu o auge de seu sucesso,
lançando o seu terceiro disco de estúdio. 
E é disto que o Blog vai falar agora.





Com uma capa simples, Glory Road foi lançado pela
Vrigin Records em outubro de 1980.





UNCHAIN YOUR BRAIN





Abre
o álbum “Unchain Your Brain”.





A falada sonoridade mais Heavy Metal já pode ser
sentida no início da faixa. Há um riff bem veloz e com o peso certo dado,
especialmente, pelo conjunto de baixo com bateria. Os vocais de Ian Gillan são
ótimos e bem agressivos. Com a herança do Deep Purple nas costas, os teclados
de Colin Towns são marcantes.





A letra tem um aspecto de juventude e liberdade:





You won't get nothing if you got no
wheels


If you got no wheels you'll never
know how it feels


There's no reason for the things you
said


If you don't get moving you'll
pretty soon be dead


Dead and forgotten


Free living the life of a king


You can have
everything













ARE YOU SURE?





A segunda canção do disco é “Are You Sure?”.





O baixo de John McCoy se destaca no início da
faixa, mas logo é consumido por um riff bem cativante, veloz, mas ao mesmo tempo
repleto de melodia e swing. A música tem um forte toque de Deep Purple
setentista, revezando os vocais de Gillan com a cadência do ritmo da canção,
formando uma construção bem interessante.





A letra é simples e contém muito toque de rebeldia:





I'll be your confidante


Tell me of all your desires


Let me be your
confidante


I'll help to put coal on your fires













TIME AND AGAIN





A terceira faixa de Glory Road é “Time And Again”.





O ritmo do álbum cai com “Time And Again”. A música
começa com uma velocidade bem cadenciada e lenta, além da notável ausência de
peso. O instrumento que mais se destaca são os teclados de Colin Towns. Ian
Gillan opta por vocais mais suaves, mesmo que continue com sua característica
de esticar as palavras.





Mais uma vez a letra é bem simples, com clara
conotação de rompimento amoroso:





I think we'd better stay together


It's the best thing for you and me


I'll be your slave and we'll love
forever


You'll have my body, but my mind
stays free


But I'm dreaming, dreaming


Baby I love you so


We do it time and again


You're always causing me pain


We do it time and again


You always
damage my brain





Ps: não foi encontrado vídeo satisfatório com a música. Desculpas.





NO EASY WAY





A quarta música do trabalho é “No Easy Way”.





A guitarra marcante de Bernie Tormé começa a canção
de maneira bem forte e presente, sendo os 2 primeiros minutos da mesma um solo
do guitarrista. Após isto surge um riff pesado, que lembra bastante o Judas
Priest setentista. Mais uma vez os teclados estão bem presentes, mas o maior
destaque vai para a ótima atuação de Tormé em toda a duração da faixa.





A letra trata de um aviso para a juventude de que
não há maneira fácil para se conquistar nada:





You are so lovely, you are so
beautiful


Please don't cry, please don't be
miserable


You may have problems and you may
want to die


But please don't worry, let it all
pass by


There's no easy way to shake off
sorrow


But maybe the only way is to think
about tom













“No Easy Way” foi lançada como single mesmo antes
do lançamento oficial de Glory Road.













SLEEPING ON THE JOB





“Sleeping
On The Job” é a quinta faixa do album.





A menor canção de Glory Road, “Sleeping On The Job”
tem pouco mais de 3 minutos e é bem simples, direta e contundente. Ela contém
um riff magistral, repleto de melodia e, mesmo assim, pesado e rápido – na medida
certa. Os vocais estão presente ao melhor estilo Ian Gillan que canta de
maneira brilhante. Com teclados bem presentes, a música é excelente.





A letra tem um tom bem descontraído:





She used to waken up the neighbours


As she distributed favours


And now she's anarchy and treason


But she doesn't give a reason


Annie my baby


Act like a lady


You're
sleeping on the job





“Sleeping
On The Job” foi o principal single lançado para promover Glory Road.













ON THE ROCKS





A sexta música do disco é “On The Rocks”.





A canção começa com algumas vinhetas e sons bem
clássicos, presença de sonoridades psicodélicas dentro dos primeiros 2 minutos
de duração, nos quais o teclado de Colin Towns brilha. O riff aparece bastante
pesado, acompanhando brilhantemente o teclado, mas o maior destaque para esta
faixa diferente vai mesmo para a atuação dos vocais de Ian Gillan. A música
lembra bastante o estilo do Uriah Heep dos anos 1970.





Metaforicamente, pode-se inferir o sentimento e
desejo de luta perante quaisquer dificuldades ou injustiças que se sofra:





Hold tight, hold tight, keep those
hands on your given birthright


Alright, alright, keep your eyes on
the demon in disguise


You must never close your eyes


Right, each night think on back to
your given birthright


Hold tight, hold tight, just
remember the feeling deep inside you













IF YOU BELIEVE ME





A sétima canção do disco é “If You Believe Me”.





Agora, na maior faixa do trabalho, Ian Gillan e
seus companheiros cravam seus pés no melhor do Blues Rock, construindo uma
poderosa balada totalmente bluesy. A música é simplesmente incrível, com a
guitarra de Tormé muito bem colocada. Mas todos os méritos vão para o
vocalista, que tem sua melhor atuação em todo álbum, cantando espetacularmente,
como todos os seus fãs estão acostumados. Genial.





A letra oscila no sentimento de amor e desejo, mas
sendo impiedoso e ciumento:





I could believe in you


The way you left me hot and helpless


I could believe in you


The way your kisses left me hot and
helpless


I could believe in you


I want you


If you believe me


I'll stay with you


But if you
deceive me


I'll kill you













RUNNING, WHITE FACE, CITY BOY





A oitava música do disco é “Running, White Face,
City Boy”.





A faixa começa de maneira bem veloz, com os
teclados sendo tocados de maneira acelarada, no que é acompanhado por guitarra,
baixo e bateria. Gillan canta com agressividade, dando este aspecto rápido ao
ouvinte de modo perfeito. Há um toque de NWOBHM na composição bastante palpável.





A letra é simples e mostra um jovem que procura
problemas e se sente assustado. Uma metáfora para o sentimento de falta de
lugar na sociedade:





I was running through an empty night


Just the sound of a lovers' fight


And the feeling of the wind upon my
face


I was looking for a place to hide


Scared and my eyes were wide


No place for a white face city boy













NERVOUS





A nona – e última – faixa do álbum é “Nervous”.





O ótimo riff de “Nervous” conduz a canção de
maneira brilhante, desta feita com o pé no freio, ou seja, a música é mais
cadenciada e, ao mesmo tempo, bastante pesada. Ian Gillan abusa de seu poder
vocal, o que torna a faixa ainda mais especial. A guitarra de Tormé está
excelente, com bons solos e efeitos.





As letras mostram um tom de dominação dentro de uma
relação:





You make me so nervous that you'd
better move away


You make me so nervous, I'll hurt
you so move away


You do what is right for me


Behave so considerately


You make me
nervous





Ps: não foi encontrado vídeo satisfatório com a música. Desculpas.





Considerações
Finais





Glory Road, como foi dito, levou a banda de Ian
Gillan ao seu ápice de sucesso. Para se ter uma ideia, o álbum conseguiu a
excepcional 3ª posição na parada de sucessos do Reino Unido, embora tenha sido
completamente ignorado nos Estados Unidos.





Assim, mesmo excursionando exaustivamente,
inclusive nos Estados Unidos, o grupo praticamente não conseguiu repercussão
nas terras ianques.





Entretanto, o sucesso no Reino Unido – e conquentemente
no restante de Europa – assim como no Japão, era enorme, o que levava a banda
sempre a procurar estes pontos em suas turnês.





Na prensagem inicial de Glory Road, foi lançado em
conjunto um LP extra, de nome "For Gillan Fans Only", com alguns
covers e outras faixas autorais. Ele acabou sendo lançado novamente em
relançamentos de Glory Road anos mais tarde, no formato CD.













Formação:


Ian
Gillan - Vocal, Harmonica


Colin
Towns - Teclado, Flauta


John
McCoy - Baixo


Bernie
Tormé - Guitarras


Mick
Underwood – Bateria





Faixas:


01.
Unchain Your Brain (Gillan/Tormé/McCoy) - 3:11


02.
Are You Sure? (Gillan/Tormé/McCoy) - 4:05


03.
Time And Again (Gillan/Tormé/McCoy) - 5:05


04.
No Easy Way (Gillan/Tormé/McCoy) - 6:34


05.
Sleeping On The Job (Gillan/Towns) - 3:11


06.
On The Rocks (Gillan/Towns) - 6:39


07.
If You Believe Me (Gillan/Tormé/McCoy/Underwood) - 7:33


08.
Running, White Face, City Boy (Towns) - 3:11


09.
Nervous (Gillan/Towns) - 3:44





Letras:


Para o conteúdo completo das letras, indicamos o
acesso a: http://letras.mus.br/gillan/





Opinião:


Ian Gillan não precisava provar mais nada a
ninguém, pois naquela época o vocalista já havia cravado seu nome na história da
música, sendo eternizado ao colocar sua voz nos álbuns In Rock e Machine Head
do Deep Purple.





Seu estilo e alcance vocal o tornaram admirado e o
transformaram em referência para um sem número de vocalistas que surgiram
depois. Um fã declarado de Gillan é o vocalista do Iron Maiden, Bruce
Dickinson.





Suas incursões em estilos diferentes do Rock em
diversos momentos distintos da sua carreira são curiosas, mas é interessante
notar que foi no Rock and Roll que ele se reencontrou, especialmente neste
projeto abordado aqui, a banda Gillan. É importante ressaltar a inteligência de
Ian em perceber o momento em que vivia (o surgimento da NWOBHM) e incorporar
elementos daquela sonoridade em seu trabalho.





Mais especificamente sobre Glory Road, trata-se de
um trabalho muito bom. Sua sonoridade, muitas vezes, lembra as de bandas dos
anos 1970, como Judas Priest, em alguns momentos o Uriah Heep e, especialmente,
o próprio Deep Purple. Sempre com toques muito bem colocados de Heavy Metal da
NWOBHM.





As letras do disco são bem simples, mas nada que
comprometa a qualidade do trabalho.





Na parte instrumental, o álbum é saboroso. A
guitarra de Bernie Tormé está ótima, assim como o teclado de Colin Towns. Mas,
obviamente, o show é dado por Ian Gillan e sua maravilhosa voz. “No Easy Way”, “On The Rocks” e “Sleeping
On The Job” são excelentes.
Assim como a maravilhosa “If You Believe Me”,
que já vale o álbum.







Enfim, Ian Gillan dispensa qualquer apresentação. E
este foi um trabalho muito interessante lançado pelo vocalista fora da lenda
chamada Deep Purple. Recomendado.

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