PREMIATA FORNERIA MARCONI - STORIA DI UN MINUTO (1972)

 



Storia di un minuto é o álbum de
estreia banda italiana Premiata Forneria Marconi. Seu lançamento
oficial aconteceu em janeiro de 1972, através do selo Numero Uno. As
gravações ocorreram no ano de 1971, no estúdio Fonorama, em Milão,
na Itália. A produção ficou a cargo de Claudio Fabi.






O
Blog traz a estreia da histórica banda italiana de rock progressivo,
a Premiata Forneria Marconi, com seu impressionante Storia
di un minuto
. Vai-se contar parte da formação do grupo para
depois se ater ao álbum propriamente dito.









Formação






A
Premiata Forneria Marconi é, para todos os efeitos, a
evolução musical e artística de um grupo chamado Quelli, um
quinteto que, na segunda metade dos anos sessenta, tinha-se destacado
no meio discográfico italiano pela qualidade, preparação e técnica
instrumental dos seus componentes.






O
baterista Franz Di Cioccio, o guitarrista Franco Mussida, o
tecladista Flavio Premoli e o baixista Giorgio "Fico"
Piazza, o vocalista Teo Teocoli (que os deixou em 1967), componentes
principais do complexo, estiveram entre os mais requisitados músicos
italianos: gravaram para Mina, Lucio Battisti, Fabrizio De André e
muitos outros.






Foram
precisamente as suas competências técnicas que permitiram aos
membros da banda tornarem-se algo mais do que músicos de sessão de
luxo. No final dos anos 1960, o rock estava evoluindo para novas
formas, inspiradas em quase todos os outros gêneros musicais.






O
rock progressivo, o qual dava seus primeiros passos significativos
principalmente na Inglaterra, exigia grande habilidade instrumental e
técnica. Bandas formadas por excelentes instrumentistas começaram a
se estabelecer, muitas dos quais se tornariam as maiores virtuoses da
história do rock.






O
novo gênero, rico em influências clássicas, folk, toques de jazz,
etc., provou ser ideal para os membros do quinteto Quelli. Foi a
ideia, pedra angular do rock progressivo, comunicar-se principalmente
com os instrumentos, precisamente porque a evolução da técnica
instrumental do rock permitiu alargar o horizonte musical da
construção da canção ao andamento, da suite ou mesmo da sinfonia
e da obra.


Franco Mussida







Krel






A
virada decisiva, em 1970, foi o abandono da forma cantada para passar
a composições mais elaboradas: o quarteto Quelli muda de nome para
Krel (nome de um planeta presente no conto O veredicto de Arthur J.
Cochran) e grava três músicas: duas lançadas em 45 rpm (“Fin che
le armi diventino ali”/”E il mondo cade sotto”, com letras de
Vito Pallavicini para ambas as músicas e colaboração com Umberto
Balsamo para a música de “E il mondo cade sotto”), e uma em uma
compilação lançada por Dischi Ricordi e dedicada às canções do
Festival de Sanremo daquele ano (“Pa' diglielo a ma'”,
apresentada por Ron junto com Nada e arranjada pelos Krel em uma
versão mais rock que a original).






Premiata
Forneria Marconi






O
encontro dos quatro músicos com o violinista e flautista Mauro
Pagani (vindo dos Daltons), durante as gravações do álbum La
Buona Novella
de Fabrizio De André, revelou-se fundamental para
a transição de Krel para Premiata Forneria Marconi.






Virtuosidade,
cuidado com o arranjo e improvisação eram os elementos que o
conjunto, que se estendeu a Pagani, foi aprendendo com nomes como
King Crimson, Jethro Tull e os expoentes do novo rock
(ou música pop como era então chamada na Itália com um significado
diferente do atual).






Continuando
a desempenhar o papel de músicos de sessão e a participar de
projetos alheios (Di Cioccio entrou na Equipe 84 por algum tempo), o
Krel agora se dedicava totalmente ao desenvolvimento de sua nova
linguagem musical. Como não encontrara espaço na gravadora da
época, decidiram seguir Lucio Battisti, Mogol e outros que, tendo
abandonado a Ricordi, fundaram seu próprio selo independente, o
Numero Uno.






Com
a transição para o novo selo e o novo gênero, tornou-se necessário
mudar o nome: entre as muitas propostas, a escolha se reduziu a
Isotta Fraschini e Forneria Marconi: escolheram a segunda a partir do
nome de uma padaria em Chiari (Brescia) frequentada por Pagani, ao
qual acrescentaram Premiata.






Segundo
as gravadoras, o nome era muito longo, mas o grupo respondeu à
objeção argumentando que quanto mais difícil fosse lembrar um
nome, mais difícil seria esquecê-lo.






Graças
ao empresário Franco Mamone e a Francesco Sanavio, a formação
iniciou uma atividade lucrativa como grupo de apoio nos shows
italianos de vários artistas como Procol Harum, Yes e
Deep Purple.






Foi
por meio dessas apresentações que a PFM conseguiu se tornar
conhecida à então grande população de entusiastas do rock. Em
1971 participaram da primeira edição do "Festival de vanguarda
e novas tendências" em Viareggio com a música “La carrozza
di Hans”, vencendo a edição ao lado de Mia Martini e Osanna.






Em
1971 foi lançado o primeiro trabalho da Premiata Forneria
Marconi
, o single “La carrozza di Hans”/”Impressioni di
settembre”, seguido, no início de 1972, pelo álbum Storia di
un Minuto
. A peça “Impressioni di settembre” (de Mussida e
Pagani sobre texto de Mogol) logo se tornou um de seus pontos fortes
e um clássico da música italiana.






O
grupo decidiu gravar o disco ao vivo em estúdio, para não perder o
impacto e a energia transmitidas por suas já famosas apresentações
ao vivo. Entre outras coisas, o Minimoog foi usado pela primeira vez
na Itália com este álbum. Parece que naquela época nem mesmo a
Premiata Forneria Marconi podia pagar, então eles pegaram
emprestado o único exemplar de propriedade de um importador
italiano.


Mauro Pagani







Storia
di un minuto






Gravado
ao vivo por Gaetano Ria nos estúdios Fonorama em Milão (propriedade
de Carlo Alberto Rossi), foi relançado em CD em 2005. É um álbum
conceitual que traça o dia de um homem comum.




A
capa, desenhada por Caesar Monti, Wanda Spinello e Marco Damiani,
pode ser aberta e dentro traz uma única folha com as letras das
músicas.






La
carrozza di Hans” e “Impressioni di settembre” estão em uma
versão diferente do single de 1971.






As
peças “Impressioni di settembre” e “E' festa” são cantadas
por Franco Mussida, “La carrozza di Hans” é cantada na primeira
parte por Mauro Pagani (assim como “Dove...Quando”), enquanto a
segunda pelo próprio Mussida.






Vamos
às faixas:






INTRODUZIONE






Como
o nome indica, uma pequena introdução para o álbum.






IMPRESSIONI
DI SETTEMBRE






Impressioni
di settembre” apresenta vocais impressionantes de Mussida,
combinando com uma sonoridade contagiante, refletida em melodias
belíssimas.






A
letra mostra um eu lírico em busca de si:






No,
cosa sono adesso non lo so


Sono
come, un uomo in cerca di se stesso


No,
cosa sono adesso non lo so


Sono
solo, solo il suono del mio passo






È
FESTA






Esta
faixa é mais roqueira, com mais influências de bandas como o Yes,
sendo uma composição dominada pelos teclados.






Os
versos remetem ao sentimento de temporalidade:






È
festa!


Come
sempre é la festa


D'un
leggero uccelio che va


Come
sempre è la festa


Di
chi è






DOVE…
QUANDO… (PARTE 1)






A
belíssima melodia se casa perfeitamente com a interpretação vocal
de Mussida. Impressionante!






A
letra mostra o eu lírico em dúvidas:






Che
farei amore mio,


Che
sorriso avrai?


Dai
tuoi si dai tuoi no


Cosa
imparerò?






DOVE…
QUANDO… (PARTE 2)






A
continuação da faixa anterior, mas desta feita com direito a bem
mais improvisações, com toques de Jazz ótimo trabalho
instrumental.






A
letra menciona pequenas felicidades:






Quanto
tempo dentro


Tempo
già passato,


Accucciato
nel cuore,


Grosso
libro di fiabe


Lette,
vissute e inventate


E
giocate…


Flavio Premoli







LA
CARROZZA DI HANS






Predominantemente
suave, a canção ganha bastante intensidade mais para o seu final,
em uma construção muito interessante.






A
letra revela o desejo pela liberdade:






Cieli
infiniti, vento in faccia


Voglia
di correre e non fermarsi mai


Scrivere
suonare e bailare


E
non fermarsi mai


Bruciare
il proprio teatro


Vestira
il proprio teatro


Ascoltara,
lavorare a dormire


E
nor fermarsi mai;


Guardarsi
in giro


Sentirsi
il mondo negli occhi


Sentirsi
piccino e adorare


E
non fermarsi mai






GRAZIE
DAVVERO






Premoli
retorna aos vocais na derradeira faixa do trabalho, que explora
muitos caminhos alternativos e distintos.






A
letra expressa um sentimento de adeus:






Piove
già piove piano,


Piove
su di me:


Viene
giorno, viene piano,


Quieto
qui da me:


Pioverà






Considerações
Finais






Storia
di un minuto
fez um grande sucesso em seu lançamento, atingindo
o topo da principal parada italiana de álbuns por uma semana. O
primeiro álbum também foi muito elogiado pela crítica.






Em
uma crítica em retrospectiva, Robert Taylor, do site AllMusic, dá
ao trabalho uma nota 4,5 (em 5), apontando:






(…)
Gravado ao vivo no estúdio, o PFM provou que eles eram tão
criativos e talentosos quanto as bandas britânicas da época. Seu
rock progressivo sinfônico combina elementos de folk, clássico e
jazz de uma maneira genuína. Isso é alcançado por seu nível
transcendente e flexível de musicalidade. "Impressioni di
Settembre" e "Dove...Quando" em duas partes demonstram
a capacidade da banda de criar harmonias ricas com melodias pop. A
banda também consegue tocar bem pesado, como pode ser ouvido na
rockeira "È Festa", que se tornou uma de suas músicas
mais pedidas. Storia di un Minuto se destaca como uma das melhores
estreias do rock progressivo da história (…)”






No
final de 1972 foi lançado o segundo disco, Per un amico. A
música era mais complexa, mais elaborada, mais próxima do rock
progressivo que se tocava no Reino Unido naquela época.






Em
20 de dezembro daquele ano, durante um show em Roma para a
apresentação do novo álbum, o Premiata Forneria Marconi foi
ouvido pelo baixista e cantor Greg Lake, do Emerson, Lake &
Palmer
que, entusiasmado, levou o grupo para Londres, até a sede
da Manticore na presença do letrista e inspirador do King Crimson
- e então produtor da Roxy Music - Peter Sinfield.






Mas
isto é outra história.









Formação:


Franco
Mussida – Guitarras elétrica e acústica, Guitarra de 12 cordas,
Mandocello, Vocal (2,4,6), Backing Vocal


Flavio
Premoli – Órgão, Piano, Mellotron, Cravo, Minimoog, Vocal (3 e
7), Backing Vocal


Mauro
Pagani – Flauta, Flautim, Violino, Backing Vocal


Giorgio
Piazza – Baixo, Backing Vocal


Franz
Di Cioccio – Bateria, Moog, Backing Vocal






Faixas:


1.
Introduzione (Mussida) - 1:09


2.
Impressioni di settembre (Mussida/Mogol/Pagani) - 5:44


3.
È festa (Mussida/Pagani) - 4:52


4.
Dove... quando... (parte 1) (Mussida/Pagani) - 4:10


5.
Dove... quando... (parte 2) (Mussida/Pagani) - 6:01


6.
La carrozza di Hans (Mussida/Pagani) - 6:45


7.
Grazie davvero (Mussida/Pagani) – 5:51






Letras:


Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/premiata-forneria-marconi/






Opinião
do Blog:


Uma
das melhores formações do Rock Progressivo: assim pode ser definida
o Premiata Froneria Marconi.







em sua estreia, o ouvinte é agraciado com uma música incrível, não
linear, onde o Rock serve de base para construções que fundem
música erudita, Jazz e passagens folk/bucólicas.






Storia
di un
minuto apresenta uma banda que conseguia criar
melodias belíssimas, de inegável toque “Pop”, mas que eram
permeadas pela complexidade de músicos muito técnicos – e, é
nesta aliança entre melodias suaves e passagens intrincadas que está
o valor da obra.






Sem
faixas de enchimento, destaca-se como nossa preferida as duas partes
magistrais de “Dove… quando…”.






Enfim,
a Premiata Forneria Marconi é uma banda formidável dentro do Rock
Progressivo e, certamente, o fato de fazer músicas na língua
italiana a impediu de uma repercussão ainda maior em mercados de
linguagem anglo-saxônica. Storia di un minuto é
brilhante!

Comentários