SAVATAGE - HALL OF THE MOUNTAIN KING (1987)






Hall Of The Mountain King é o quarto álbum de
estúdio da banda norte-americana chamada Savatage. Seu lançamento oficial
ocorreu em 28 de setembro de 1987, através do selo Atlantic Records. A produção
ficou a cargo de Paul O’Neill em conjunto com a própria banda. As gravações
aconteceram naquele mesmo ano, no Record Plant Studios, em Nova Iorque, nos
Estados Unidos.





Algumas bandas, por mais qualidade que tenham,
simplesmente não conseguiram alcançar a fama e o reconhecimento que mereciam. O
Savatage é um dos maiores exemplos de um grupo cujo sucesso não foi, nem de
longe, o que desejava. Quem conhece o conjunto sabe que ele merecia uma fama bem
maior que a qual obteve.













O Savatage foi formado pelos irmãos Criss e Jon
Oliva, originalmente, no ano de 1978, sob o nome Avatar. Com Steve Wacholz na
bateria, o grupo começou a tomar forma.





Já era 1981 quando o Avatar fazia shows na área de
Tampa, Flórida, já com o baixista Keith Collins. No repertório, composições
próprias e covers de “Eruption”, do Van Halen, e de “You Really Got Me” (da
versão que o Van Halen fez da canção).





Com o crescer da fama, o Avatar começou a tomar
parte em algumas compilações de Heavy Metal com bandas ainda desconhecidas, a
mais famosa delas a The YNF Pirate Tape, de uma rádio de Tampa.





Em 1983, devido a questões de direitos autorais, o
Avatar foi forçado a mudar de nome. Com a fusão das palavras “Savage” e
“Avatar”, surgiu o nome Savatage.





Os dois primeiros lançamentos da banda foram
realizados pelo selo independente Par Records. O primeiro álbum, Sirens, saiu
em abril de 1983, demonstrando uma sonoridade baseada no Heavy Metal
Tradicional. Ótimas canções como “Holocaust” e “Out on the Streets” estão nele.





Quase um ano depois, em Março de 1984, foi lançado
o EP chamado The Dungeons Are Calling. A faixa-título e a ótima “City Beneath
The Surface” são os destaques.





Jon Oliva










Nesses dois primeiros trabalhos, o grupo era
formado pelo vocalista Jon Oliva, o guitarrista Criss Oliva, o baixista Keith
Collins e o baterista Steve Wacholz. A sonoridade era bem baseada no Metal
Tradicional.





Com a repercussão dos trabalhos anteriores, em
1985, a banda assinou um contrato com a Atlantic Recording Corporation e lançou
seu segundo álbum, Power of the Night.





Power of the Night foi produzido por Max Norman, o
qual iria produzir Countdown to Extinction, o álbum clássico do Megadeth de
1992. Norman apresentou uma abordagem pouco ortodoxa para uma banda de metal, a
qual incluiu o uso liberal de teclados por parte de Jon em canções como
"Fountain Of Youth" e estruturas mais comuns a Broadway como em
"Warriors".





O trabalho foi bem recebido pelos críticos, mas
ficou aquém das expectativas de vendas. Atlantic fez um orçamento para fornecer
fundos a fim de lançar um videoclipe para "Hard for Love", com a
condição de que esta fosse renomeada "Hot for Love", com intenções de
aumentar a publicidade. A banda se recusou a mudar o nome da música e, consequentemente,
o vídeo não foi lançado.





Em 1986, ocorreu o lançamento de seu terceiro
álbum, Fight for the Rock, uma tentativa frustrada de uma abordagem mais comercial,
imposta pela gravadora e a qual a banda passou a chamar de Fight for the
Nightmare. Após o disco sair, o Savatage saiu em turnê com Metallica, Kiss e
Motörhead.





Muitos fãs de Savatage vêem o trabalho, em grande
parte, como uma decepção. A banda em si não estava feliz com o registro, especialmente
com a pressão da gravadora para incluir duas versões cover (“Day After Day” do
Badfinger e “Wishing Well” do Free).





 Jon Oliva
tinha sido contratado, também, pela Atlantic Records, para escrever material
para outros artistas da gravadora, tais como John Waite e outros pop-rockers.
Mais tarde, a Atlantic virou-se e perguntou ao Savatage se eles gostariam de gravar
o supracitado material.





Criss Oliva










Em uma demonstração de ingenuidade juvenil, a banda
concordou. Isto foi a bomba que não só quase destruiu sua imagem na
imprensa,  mas também por pouco não
dizimou o grupo e enviou Jon em seu início de vício em álcool e drogas.





Ele admitiu, recentemente, no entanto, que o álbum
tinha pontos fortes, incluindo o cover de "Day After Day" do
Badfinger. Durante aquele tempo, o baixista Keith Collins deixou a banda e
Johnny Lee Middleton foi seu substituto. Desde 1987, Johnny foi o único membro, além de Jon, consistente do Savatage, participando em cada disco de estúdio.





Gravado em Nova Iorque, com o novo produtor Paul O’Neill
– que contribuiria com letras e apontando um novo direcionamento à banda, o
quarto álbum de estúdio do Savatage é o marco de um novo caminho que o grupo
iria traçar.





24 HOURS AGO





Abre o álbum a faixa “24 Hours Ago”.





Um riff bem pesado e marcante já dá as caras nos
momentos iniciais da canção. Os vocais de Jon estão bem agressivos,
acompanhando o peso da melodia, a qual possui um andamento mais arrastado. Os
solos são bem interessantes.





A letra usa a morte como um parâmetro de novo
início:





Engines grind


I hit the red line


I'm movin' fast


Forget the past


I'm burning tread


In my head


I am gone


Twenty four hours ago


Yeah





Na época de seu lançamento, “24 Hours Ago” foi uma faixa
marcante para o Savatage. O videoclipe foi a forma escolhida para divulgar a
canção e ele teve extensa circulação na MTV dos Estados Unidos, dentro de sua
programação destinada ao Heavy Metal.













BEYOND THE DOORS OF THE DARK





“Beyond
The Doors Of The Dark” é a segunda faixa do disco.





Uma introdução mais lenta, suave e repleto de uma
triste melodia marca o início da segunda música do trabalho. Poucos momentos
depois, o Heavy Metal está de volta. O riff principal da canção é outra vez
brilhante, cheio de peso e fúria, entretanto, apostando sempre na melodia. Como
na faixa anterior, a aposta é um andamento mais cadenciado. Criss arrasa nos
solos. Há a presença de alguns coros durante a música.





A letra traz um sentido de condenação eterna:





It's time to meet your fate


Heaven can wait


All the walls are closing in


Things crawl on your skin


He's grabbing down at you


There's
nothing you can do


No place to run and hide













LEGIONS





A terceira canção do álbum é “Legions”.





O baixo de Johnny Lee Middleton está bastante
proeminente no início de “Legions” e é parte importante no sucesso desta
interessante música. Quem também dá um show é a guitarra de Criss Oliva, com
solos repletos de feeling e um ótimo riff. “Legions” é uma faixa mais direta
que as suas predecessoras, sem momentos mais intricados.





A letra remete à disputa de poder:





Scream loud


Let the masses hear you


Banging hard across the ground


Shatter the darkest lights


Oh no


Heed the master's calling


Congregate


Celebrate


The power
you've obtained













STRANGE WINGS





A quarta música do trabalho é “Strange Wings”.





Um solo inspiradíssimo é a excelente abertura de “Strange
Wings”. O riff é pesado, lento e repleto de melodia, remetendo imediatamente ao
Hard Rock dos anos oitenta, sendo esta a clara influência presente nesta
canção. Criss Oliva dá um show na guitarra. O vocal da faixa é feito pelo
saudoso Ray Gillen (Black Sabbath, Badlands).





A letra fala de uma misteriosa mulher:





She, she took control of my very
soul, yeah


She's still a mystery


In her arms I long to be


I don't know
why


I turn and reach to the sky













PRELUDE TO MADNESS





A
quinta música de Hall Of The Mountain King é “Prelude To Madness”.





Teclados acompanham a sonorização de uma tempestade
no início da canção. Depois, acompanhando a dinâmica da faixa aparece a
guitarra de Criss Oliva, a qual forma um interessante dinamismo com elementos
de orquestração. Uma música bastante interessante, com elementos sinfônicos e
complexos, deixando-a extremamente cativante. Ressalte-se que “Prelude To
Madness” é totalmente instrumental.













HALL OF THE MOUNTAIN KING





Homônima ao álbum, “Hall Of The Mountain King” é a
sexta faixa.





Outra vez brilhando intensamente, Criss Oliva
inicia a canção com solos inspirados e um riff espetacular. Ele aposta, como em
praticamente todo o trabalho, no andamento cadenciado, com muito peso e, ao
mesmo tempo, melodicamente. Jon acompanha tudo isto com uma interpretação
agressiva e maliciosa. A música possui momentos com variações do riff e
andamentos mais suaves, porém, cativantes.





A letra se refere a um reino fantasioso e à loucura
de seu rei:





Far away


In a land caught between time and
space


Where the books of life lay


We fear this castle of stone


The mountain king roams


All alone in here


But he's not the only one


Lost inside


Forever
hidden from the sun





“Hall Of The Mountain King” é um dos grandes
clássicos do Savatage. Também foi divulgada através de videoclipe que, assim
como “24 Hours Ago”, teve extensa divulgação na MTV norte-americana.













THE PRICE YOU PAY





A sétima faixa do disco é “The Price You Pay”.





Com um andamento mais tradicional e um riff que
remete ao Judas Priest, “The Price You Pay” é bastante direta e tem clara
influência do Heavy Metal clássico. Ela conta com ótimas presenças tanto de Jon
quanto de Criss. Momento inspirado do álbum.





A letra combina o sentimento de medo com o de
culpa:





Can your mind reach beyond tonight


I believe your love for life


Will never die


So my child you ask


What does
this mean


Cut the chains and chase the dream













WHITE WITCH





“White
Witch” é a oitava canção de Hall Of The Mountain King.





Apostando, desta vez, em um andamento mais veloz e
direto, “White Witch” lembra o Heavy Metal britânico do início dos anos 80 (a
New Wave Of British Heavy Metal). É uma faixa que tem um riff consideravelmente
mais rápido, embora seja muito melódico. A interpretação de Jon também se casa perfeitamente
com o instrumental.





A letra tem forte conotação de magia e feitiço:





Wrapped and enraging


I use to maintain it


Do you want some more?


Give her your money


Sell her your soul


The deadliest
of whores













LAST DAWN





A nona música do álbum é “Last Dawn”.





Com pouco mais de 1 minuto, “Last Dawn” é um
pequeno e suave solo de Criss Oliva.













DEVASTATION





A décima – e última – faixa de Hall Of The Mountain
King é “Devastation”.





A bateria de Wacholz é rapidamente acompanhada por um brilhante
e criativo riff surgido da guitarra de Criss Oliva. O andamento é cadenciado e
pesado, na linha do Heavy Metal tradicional. O destaque maior é mesmo para
Criss, novamente preciso e melódico. A banda encerra o disco com uma música
mais direta.





A letra tem clara influência no Apocalipse bíblico:





Start your fields afire


Watching them burn


Tomorrow will be


Another world's turn


To win is the end


To be a part of judgment day


We should
have listened


To what Christ had to say













Considerações Finais





Lançado pela Atlantic Records, Hall Of The Mountain
King esteve longe de ser um grande sucesso comercial. Mesmo assim, obteve a
modesta 124ª posição na parada norte-americana de álbuns.





O álbum também teve, pela primeira vez na carreira
do grupo, sua arte de capa desenvolvida pelo artista Gary Smith, fato que ocorreria
em outros álbuns posteriores da banda.





"Prelude to Madness" é um arranjo do
compositor norueguês Edvard Grieg de sua composição "In The Hall Of The
Mountain King" baseada em Peer Gynt, de Henrik Ibsen. Estranhamente, Grieg
não é creditado para esta música, mas para a seguinte faixa-título - que,
ironicamente, é uma canção original do Savatage.





A introdução
de "Prelude to Madness" apresenta teclados e guitarra tocando "Mars,
the Bringer of War" da suíte do compositor inglês Gustav Holst, Os
Planetas.





Hall
Of The Mountain King supera a casa de 300 mil cópias vendidas.













Formação:


Jon Oliva – Vocal, Piano


Criss Oliva – Guitarras


Johnny
Lee Middleton – Baixo


Steve Wacholz – Bateria, Percussão


Músico
Adicional


Robert
Kinkel – Teclado





Faixas:


01.
24 Hours Ago (J. Oliva/C. Oliva/Middleton/O'Neill) - 4:56


02.
Beyond the Doors of the Dark (J. Oliva) - 5:07


03. Legions (C. Oliva/J. Oliva) - 4:57


04.
Strange Wings (C. Oliva/J. Oliva/O'Neill) - 3:45


05.
Prelude to Madness (Grieg/C. Oliva/O'Neill) - 3:13


06.
Hall of the Mountain King (C. Oliva/J. Oliva/Middleton/O'Neill) - 5:55


07.
The Price You Pay (C. Oliva/J. Oliva/Wacholz) - 3:51


08.
White Witch (C. Oliva/J. Oliva) - 3:21


09. Last Dawn (C. Oliva) - 1:07


10. Devastation (C. Oliva/J. Oliva) - 3:37





Letras:


Para o conteúdo completo das letras, indica-se o
acesso a: http://letras.mus.br/savatage/





Opinião do
Blog:


Para Jon Oliva, membro fundador e líder do Savatage,
a banda acabou por falta de dinheiro (leia-se sucesso comercial). Ao mesmo
tempo, ele afirmou que seu fim foi decretado com a terrível morte de seu irmão
e co-fundador  do grupo, Criss Oliva, em
1993 (em um acidente automobilístico).





O Savatage continuou sem Criss até 2001, ano de seu
último álbum de estúdio, Poets And Madmen, mas Jon afirma que nunca ganhou
dinheiro com o grupo.





Mas é inegável que a banda possui, até hoje, fãs
ardorosos, e um inquestionável legado musical, com ótimos álbuns e canções
lançados durante toda sua carreira.





Mais especificamente em Hall Of The Mountain King,
o Savatage começava a explorar e definir o que seria sua linha musical nas
obras futuras.





Na primeira metade do disco, há faixas mais longas,
em que a banda flerta com o Rock Progressivo (levemente) e, também, usa
orquestrações e elementos sinfônicos. Há canções extremamente interessantes como “24 Hours Ago”, "Beyond
the Doors of the Dark", “Legions” e mesmo a faixa-título.





Por outro lado, o conjunto compôs canções que
apontam em uma direção mais tradicional do Heavy Metal, como “Devastation” e “White
Witch”.





Jon Oliva canta de maneira agressiva e, mesmo não
sendo um vocalista excepcional, faz muito bem seu trabalho. O baixo de
Middleton também é bastante presente, casando-se construtivamente com a bateria
de Wacholz.





Mas o show é dado por Criss Oliva, com riffs
impregnados de peso e melodia e seus solos que conseguem ser cheios de feeling,
no momento exato da música.





As letras superam a média, construídas de maneira
inteligente e contribuem para o resultado final do trabalho.







Hall Of The Mountain King apontava para o futuro
musical do Savatage, sendo um trabalho relevante e consistente. Não há músicas
de enchimento e apresenta um guitarrista extremamente inspirado. Álbum
obrigatório de uma banda que merecia muito mais reconhecimento que teve.

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