JAMES GANG - RIDES AGAIN (1970)








Rides Again é o segundo álbum de estúdio da banda
norte-americana chamada James Gang. Seu lançamento oficial aconteceu em julho
de 1970, com as gravações ocorrendo em novembro de 1969, no Record Plant
Studios. O selo responsável foi o ABC Records e a produção ficou sob a
responsabilidade de Bill Szymczyk.





Embora não tão conhecida do grande público em
geral, o James Gang é uma importante banda do início dos anos 70, responsável
por auxiliar no desenvolvimento e popularização do Hard Rock. Vai-se contar um
pouco da história do grupo para depois se abordar o álbum especificamente.










O início do James Gang se atrela ao baterista Jim
Fox. Por volta de 1965, Fox (entre entradas e saídas diversas) tocou com a
banda The Outsiders, obtendo algum sucesso.







Após deixar definitivamente o The Outsiders para
retomar os estudos, Jim Fox resolveu montar sua própria banda, pois estava
bastante influenciado pelos grupos britânicos Beatles e Yardbirds. Seu colega
de classe, Ronnie Silverman, também foi convidado a tomar parte do novo grupo.





Aliás, algumas fontes consultadas afirmam que foi
Ronnie Silverman quem sugeriu o nome James Gang para o grupo.





O primeiro line-up do James Gang tinha Jim Fox na
bateria, Ronnie Silverman como guitarrista-base, Tom Kriss no baixo, Phil
Giallombardo nos vocais e teclados e Greg Grandillo na guitarra-solo.





Rapidamente, Grandillo foi substituído por Dennis
Chandler (que tocaria com Chuck Berry, BB King, entre outros) e este, por sua
vez, deu lugar a um guitarrista apenas conhecido como Mouse.





Ao ouvir o ótimo guitarrista Glen Schwartz (que
tinha acabado de sair do exército) e saber que duas de suas influências eram o
Spencer Davis Group e Jeff Beck, Fox ficou atônito e convidou Schwartz para
participar do James Gang.





Mouse, no entanto, não ficou tão entusiasmado com a
maneira de Glen tocar e deixou o grupo logo em seguida. Ronnie Silverman foi o
próximo, deixando o conjunto para adentrar ao exército.





Bill Jeric foi então trazido para tocar ao lado de
Schwartz. Infelizmente, não há gravações lançadas por qualquer uma destas
primeiras formações da banda.





Por volta do Natal de 1967, Schwartz, que acabou
sendo declarado desertor do exército e acabara de romper o relacionamento com
sua esposa, decidiu deixar a banda e se mudar para a Califórnia, onde acabou
formando o Pacific Gas & Electric.





Poucos dias depois , logo após o novo ano de 1968,
um amigo de Schwartz, Joe Walsh (de uma banda chamada The Measles), bateu na
porta de Fox e pediu por um teste como substituto de Glen.







Joe Walsh





Walsh foi aceito e a banda continuou como um
quinteto por um curto período de tempo até que Giallombardo, que ainda estava
na escola no momento, deixou o grupo.







Jeric e Walsh trabalharam juntos em partes de
guitarra, mas Jeric acabou deixando a banda na primavera de 1968. Ele foi então
substituído pelo antigo membro Ronnie Silverman, que havia sido dispensado do
serviço militar.





Em maio de 1968, o grupo fez um show em Detroit no
Motown's Grande Ballroom, fazendo a abertura para o Cream. Em cima da hora,
Silverman informou aos outros que ele não iria se juntar à banda na
apresentação. O James Gang, desesperado por dinheiro, subiu ao palco como um
trio. Gostando de seu som como um trio, os caras decidiram permanecer dessa
forma.





Em 1968, a banda assinou com o manager Mark Barger.
Barger coloca o James Gang em contato com o produtor Bill Szymczyk, da ABC
Records, que os contratou com a nova filial da ABC (Bluesway Records) em
janeiro de 1969.





Em março de 1969, o grupo, agora composto por Fox,
Kriss e Walsh e produzido por Szymczyk, lançou seu primeiro LP, Yer' Album. Um
bom trabalho, no qual o blog destaca “Funk #48” e “Take A Look Around”.





Já em novembro de 1969 é a vez do baixista Tom
Kriss deixar o James Gang, sendo substituído por Dale Peters.







Fox, Peters e Walsh





Naquele mesmo mês, o grupo se reúne no estúdio The
Record Plant para gravarem seu segundo álbum de estúdio, com a produção a cargo
de Bill Szymczyk.







James Gang Rides Again tem uma capa bastante simples.
Vamos às faixas.





FUNK #49





Talvez a mais conhecida canção do James Gang abre o
seu segundo álbum. “Funk #49” mostra um grupo baseado em um riff bem voltado
para o Hard Rock dos anos setenta, pois possui certo peso, mas simultaneamente
se tem doses elevadas de melodia. A percussão está bem presente no meio da
música e o trabalho é todo bastante empolgante.





A letra é totalmente simples, mostrando um vazio na
vida de alguém:





Out all night, sleep all day,


I know what you're doing.


If you're gonna a-act that way,


Think there's
trouble brewing





“Funk #49” foi lançada como single para promover o
álbum, atingindo a 59ª posição na parada norte-americana desta natureza.










A faixa acabou se tornando um clássico do Rock
Setentista, especialmente nos Estados Unidos. Está presente em muitos filmes e
séries de televisão, como parte da trilha sonora. Como exemplo, está no filme
de horror The Devil’s Rejects (2005) e na série da HBO The Sopranos.







Também aparece em jogos de videogames, como GTA IV,
Test Drive Unlimited e Rock Band, além de comerciais do canal Fox Sports 1 nos
Estados Unidos.













ASSHTON PARK





Seguindo a linha apresentada na primeira faixa, “Asshton
Park” também possui um riff inspirado e repleto de melodia, que é a base sólida
desta bastante curta canção. Trata-se de uma música instrumental. Bem legal.













WOMAN





A terceira música do álbum mostra a banda apostando
mais pesadamente na sonoridade Hard, mas com fortes influências do Blues Rock.
O riff principal da faixa é excelente, dando um clima muito intenso à canção.
Grandioso momento do disco.





A letra tem conotação de flerte e é bem sensual:





Oh, woman, yeah


I don't want you to act so bad


Woman, yeah, yeah, yeah


You're the best thing I ever had


Wanna take you home, spend my time
with you


You see it, babe, it's clear that I
miss you













THE BOMBER





A quarta música de Rides Again é na verdade uma
fusão de 3 diferentes canções: “Closet Queen” é uma composição própria do
grupo; uma versão para “Boléro”, composição de Maurice Ravel; e “Cast Your Fate
To The Wind”, de Vince Guaraldi. É uma faixa com bastante variação e muito
interessante.





A letra de “Closet Queen” se refere à rebeldia
juvenil:





When I became of age my mama sat me
down


Said "Son, you've grown up,
it's time you look around"


So I began to notice some things I
hadn't seen before


That's what brought me here knockin'
on your back door


Oh, yeah













TEND MY GARDEN





Repleta de melodia e sensibilidade é “Tend My
Garden”, a quinta faixa do trabalho. Os vocais de Joe Walsh se casam
perfeitamente com a musicalidade da canção, tornando-a ainda mais interessante.
Não é exatamente uma balada, mas flerta com este tipo de música. Outro bom
momento do disco.





A letra tem sentido romântico:





Flowers, she's sittin' for poses


She wants me to sing my song


Hours, she's a like a stoned Moses


Guess, I'll sing along, yeah yeah













GARDEN GATE





Outra canção bastante curta é “Garden Gate”. Sendo
basicamente acústica, destacam-se o violão e a voz de Walsh, fazendo um momento
mais melancólico do álbum, embora seja interessante como quebra do ritmo do
disco.





A letra é bonita e é uma metáfora sobre a
imprevisibilidade da vida:





The captain's in the chartroom


Navigating on a star


Can't know where we're going


'Cause he don't know where we are


Don't you think I don't know


How to tell the time


Can't you see you can't sell me 













THERE I GO AGAIN





“There I Go Again” segue o momento mais bucólico do
trabalho, que tem uma levada mais calma e tranquila, com um clima quase
acústico. A interpretação de Walsh se mostra perfeita para a sonoridade
desenvolvida na faixa. Se falta peso e distorções, a banda compensa com feeling
e bom gosto.





A letra se refere a uma decepção amorosa:





It may be I find my way


Not seeing her again


Tomorrow is a brighter day


Why should I pretend?


I know I won't see her again


We've gone our separate ways


Thinkin' of her now and then


Don't have
much say













THANKS





“Thanks” também conta com uma levada mais suave, no
violão, constituindo-se em uma balada que também demonstra o talento do grupo
em compor este tipo de canção. O destaque fica para Walsh, o qual canta com
muita emoção.





A letra é inteligente, misturando os sentidos de
gratidão e crítica:





Thanks to them that feed you


Give the dog a bone


Thanks to them that give you


You haven't got your own


That's the way the world is


Get just what you can


Wake up again tomorrow


A little less
a man


Yeah, oh,
yeah













ASHES, THE RAIN AND I





A nona – e última – música de Rides Again é “Ashes,
The Rain and I”. O lento e envolvente início da canção cria um clima bastante
intenso para a mesma, que bebe fartamente na fonte do Blues mais melancólico
aliada à presença de algumas orquestrações. O ritmo é mais calmo e bucólico,
mas funciona de maneira bem interessante, fechando bem o trabalho.





A letra é bem pequena, mas repleta de significação.
Reflete como a vida passa diante de nós sem que nos demos conta:





Sometimes I sit and I stare at the
rain


Isn't rain filled with sorrow?


Wonder if I'll see my home again


Will it be dry tomorrow?


Time passes softly and I'm a day
older


But still I'm living days gone by


Ashes to Ashes, the rain's turning
colder


Finding tomorrow, the ashes, the
rain and I













Considerações Finais





O álbum acabou por fazer algum barulho após seu
lançamento, conquistando a 20ª posição da Billboard, a principal parada de
sucesso norte-americana. Muito devido à boa repercussão de seu maior sucesso, “Funk
#49”.





Também a crítica especializada recebeu o álbum de
maneira positiva, destacando a melhora especialmente de Joe Walsh como
compositor.





O resultado do sucesso do lançamento se refletiu no
convite para o grupo ser a banda de abertura para a turnê norte-americana dos
ingleses do The Who. O guitarrista Pete Townshend ficaria tão impressionado com
o desempenho do James Gang que acabou os convidando para também fazer a
abertura da turnê britânica do grupo!





No ano seguinte, o James Gang voltaria à Europa.
Durante a turnê que promovia Rides Again, a banda acabou por dividir o palco
com nomes consagrados como Grand Funk Railroad, Kinks e mesmo o fabuloso Led
Zeppelin.













Formação:


Joe Walsh - Guitarras, Teclados, Piano, Percussão, Vocal


Dale Peters - Baixo, Teclados, Percussão, Backing
Vocals


Jim Fox - Bateria, Percussão, Teclados, Órgão, Piano,
Backing Vocals





Faixas:


01.
Funk #49 (Fox/Peters/Walsh) – 3:54


02.
Asshton Park (Fox/Peters/Walsh) – 2:01


03.
Woman (Fox/Peters/Walsh)  – 4:37


04.
The Bomber – 7:04


I - Closet Queen (Fox/Peters/Walsh)


II - Boléro  (Maurice Ravel)


III - Cast Your Fate to the Wind (Vince
Guaraldi)


05.
Tend My Garden (Walsh) – 5:45


06.
Garden Gate (Walsh) – 1:36


07.
There I Go Again (Walsh) – 2:51


08.
Thanks (Walsh) – 2:21


09.
Ashes, the Rain and I" (Peters/Walsh) – 5:00





Letras:


Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o
acesso a: http://letras.mus.br/james-gang/





Opinião do
Blog:


O James Gang é mais uma banda do Rock Setentista a
aparecer aqui no Blog, mostrando a admiração que este blogueiro tem pelo Hard
Rock produzido naquela década. Embora não seja dos nomes mais conhecidos do
público em geral, o grupo merece reconhecimento.





As inúmeras mudanças de formação podem ter
atrapalhado a evolução natural do conjunto. Mas por suas linhas passaram pelo
menos dois grandes nomes do Rock: Tommy Bolin (que foi o substituto de Ritchie
Blackmore no Deep Purple na sua primeira saída, em 1975) e Joe Walsh, este que
ficaria mundialmente conhecido por seu trabalho com a banda Eagles.





A fase que este blogueiro prefere da banda é
justamente a que contava com Joe Walsh como líder e principal compositor. Os 3
primeiros álbuns do James Gang (os 3 que contam com Walsh) são extremamente
recomendados aos leitores do Blog.





Mas o seu ponto mais alto é mesmo Rides Again. E
aqui se pode observar 2 bandas “diferentes”.





A primeira é o James Gang mais pesado, flertando
deliberadamente com o Hard Rock seminal da época de seu lançamento, presente
nas 5 músicas iniciais do trabalho. Há riffs mais fortes e pesados, preenchendo
o ambiente e sendo a base das canções.





Nas 4 faixas finais do disco, o James Gang mostra
seu lado mais sensível, abusando mais do feeling, em levadas mais suaves e
melódicas, muitas vezes quase acústicas. Entretanto, em ambas facetas
percebe-se que a banda bebeu na fonte do Blues.





O destaque do álbum é o grande Joe Walsh, o qual
canta de maneira perfeita para casar sua voz à sonoridade apresentada pelo
grupo. Tudo é feito com absolutos talento e bom gosto.





“Woman” é uma excelente canção, assim como as belas
“Tend My Garden” e “Ashes, The Rain and I”. Além disto há a incrível “Funk #49”,
música que é um símbolo do grupo.




































































































































































































































































































































































































































Com um álbum extremamente acima da média, o James
Gang deixou um grande disco para a história do Rock. Ouça-o mais de uma vez e
procure pelo menos os 3 primeiros discos do grupo, pois são extremamente
recomendados pelo Blog. Até o próximo post!



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