ZZ TOP - TRES HOMBRES (1973)






Tres Hombres é o terceiro álbum de estúdio da banda
norte-americana chamada ZZ Top. Seu lançamento oficial se deu no dia 26 de
julho de 1973 através do selo London Records. As gravações aconteceram no Brian
Studios & Ardent Studios, em Memphis, no Tennessee, nos Estados Unidos. A
produção ficou a cargo de Bill Ham.





O ZZ Top é um dos principais expoentes do Rock
norte-americano, especialmente na fusão de diferentes estilos, construindo uma
identidade musical única. O Blog vai contar um pouquinho da história do grupo
para depois se voltar ao álbum em questão.










O line-up original da banda foi formado, em Houston
(Texas), por Billy Gibbons, pelo organista Lanier Greig e o baterista Dan
Mitchell.







Em uma edição do programa de TV On The Tonight
Show, ninguém menos que o lendário Jimi Hendrix afirmou que Billy Gibbons seria
o próximo grande guitarrista do Rock.





Aliás, sempre existiram rumores que, ao final de uma
turnê, Hendrix deu a Gibbons uma guitarra Stratocaster rosa, que ele tocava,
como um símbolo de seu apreço pelo nível de talento de Gibbons.





O ZZ Top era gerenciado por Bill Ham, também texano, que
tinha começado uma amizade com Gibbons na época do surgimento da banda.







Billy Gibbons


O primeiro single do grupo foi “Salt Lick”, lançado
em 1969, que continha em seu lado B “Miller’s Farm”, sendo ambas creditadas a
Billy Gibbons.







Imediatamente após a gravação de “Salt Lick”, Greig
foi substituído pelo baixista Billy Ethridge, um companheiro de banda de Stevie
Ray Vaughan; e o baterista Mitchell também foi substituído por Frank Beard do conjunto
American Blues.





Mesmo com a falta de interesse das gravadoras, o ZZ
Top acabou presenteado com o oferecimento de um contrato de gravação pela
London Records.





Com a recusa da banda em assinar um contrato de
gravação, Ethridge saiu do grupo e Dusty Hill foi selecionado como seu
substituto.





Após Hill mudar-se de Dallas para Houston, o ZZ Top
definitivamente assinou com a London Records em 1970.





Eles fizeram seu primeiro show juntos no Knights Of
Columbus Hall, em Beaumont, Texas, em 10 de fevereiro de 1970.





Além de assumir o papel de líder da banda, Billy
Gibbons se tornou o principal letrista e arranjador musical.





Com o auxílio de Ham e do engenheiro musical Robin
Hood Brians, o primeiro álbum do ZZ Top, chamado ZZ Top’s First Album,  foi lançado em 16 de janeiro de 1971.





O álbum viu a inclusão do humor da banda, guitarras
distorcidas, duplos sentidos e muita atitude. Embora tenha conseguido apenas a
201ª posição da principal parada norte-americana de álbuns, possuía boas
canções como “Brown Sugar”, “Old Man” e “Certified Blues”.





Em 4 de abril de 1972, a banda lançou Rio Grande
Mud, seu segundo álbum de estúdio. Também não foi desta vez que o sucesso
comercial bateu à porta do grupo, com o disco atingindo a modesta 104ª posição
na Billboard.







Dusty Hill & Billy Gibbons


O single principal (e único) de Rio Grande Mud foi
a excelente “Francine”, que acabou alcançando a 69ª posição da principal parada
de singles dos Estados Unidos. Também merecem destaques “Chevrolet” e “Down
Brownie”.







Mesmo assim, o álbum fracassou comercialmente e a
turnê promocional consistiu em auditórios consideravelmente vazios.





Algumas pequenas mudanças foram feitas para a
gravação do terceiro álbum de estúdio do grupo. A primeira, e talvez, mais
importante, foi a inclusão do engenheiro de som Terry Manning. Foi a primeira
(de muitas) vez que eles trabalharam juntos e esta foi certamente uma união de
muito sucesso.





Outra mudança foi que o ZZ Top foi para os estúdios
Brian Studios & Ardent Studios, no Tennessee, não gravando o álbum no
Texas, como nos dois primeiros discos.





A capa é muito simples, sendo da cor verde e com as
fotografias dos três membros da banda, de onde foi oriundo o nome do álbum.





WAITIN’ FOR THE BUS





A fusão do Rock com o Blues da maneira genial e
única que o ZZ Top fazia já dá às caras na primeira canção do álbum. O riff,
pesado e lento, assim como o solo inspirado, mostra a vitalidade da guitarra de
Billy Gibbons. Excelente começo do disco.





A letra é simples e cheia de humor:





Have mercy, old bus be packed up
tight


Have mercy, old bus be packed up
tight


Well, I'm glad just to get on and
home tonight


Right on, that bus done got me back


Right on, that bus done got me back


Well, I'll be ridin' on the bus till
I Cadillac













JESUS JUST LEFT CHICAGO





O riff inspirador e sombrio de “Jesus Just Left
Chicago” já valeria a canção, pois a enche de intensidade. Mas não é apenas
isto: a interpretação de Billy Gibbons é magistral, dando à música um
significado único. Ponto altíssimo do álbum!





A letra é repleta de humor e irreverência:





Took a jump through Mississippi, well,
muddy water turned to wine


Took a jump through Mississippi,
muddy water turned to wine


Yeah, yeah


Then out to California through the
forests and the pines


Ah, take me with you, Jesus













BEER DRINKERS & HELL RAISERS





Na terceira faixa do álbum, o ritmo é acelerado,
com um riff mais veloz e o andamento da seção rítmica é mais intenso. O solo de
Gibbons é simplesmente hipnotizante. Mais uma composição de muita qualidade no
álbum.





A letra é boa, mas traz a vida de uma banda e seus
fãs:





The crowd gets loud when the band
gets right,


Steel guitar cryin' through the
night


Yeah, try'n to cover up the corner
fight


But ev'rything's cool 'cause bass is
tight





Nesta canção, o baixista Dusty Hill intercala os vocais
principais com Billy Gibbons. Embora não tenha sido lançada como single, acabou
tendo boa veiculação pelas rádios de Rock dos Estados Unidos.





O grupo a tocava bastante durante a turnê de Tres
Hombres, mas depois sua presença foi rareando no set list do ZZ Top.





Bandas como Tesla, Van Halen e Motörhead já fizeram
versões para a música.













MASTER OF SPARKS





Em “Master Of Sparks” o ZZ Top opta por um
andamento mais cadenciado e lento da canção, com o riff seguindo a supracitada
linha. O baixo de Dusty Hill está bastante presente durante toda a música,
sendo o principal destaque da faixa.





Segundo uma entrevista de Gibbons à revista Sound,
em 1976, a letra da canção se refere a fatos reais:





In the back of Jimmy's Mack


Stood around steel cage


Welded into shape by Slim,


Made out of sucker gauge


How fine, they cried, now with you
inside,


Strapped in there safe and sound


I thought, my-o-my, how the sparks
will fly


If that thing ever hit the ground













HOT, BLUE AND RIGHTEOUS





O ritmo da quinta faixa do álbum volta a ficar mais
lento, embora desta vez a banda aposte mais na suavidade. Trata-se de uma
balada, com o grupo mostrando uma interpretação mais intimista. A interpretação
de Gibbons é ótima, transmitindo emoção, assim como no seu solo. Mais uma bela
composição.





A letra é ótima, com evidente conotação sexual:





I heard the words as I closed my
eyes


Down on my, down on my bended knees


It fit like a glove and I realized


Somethin' good's happenin' to me













MOVE ME ON DOWN THE LINE





O andamento da sexta música do trabalho aposta mais
no Hard Rock setentista e possui menos influência do Blues. O riff é mais
rápido e veloz, com os vocais de Gibbons mais “roqueiros”, assim como baixo e
bateria. Mas uma coisa segue igual: o solo do guitarrista continua matador.
Muito interessante!





A letra é simples e usa da paixão automobilística:





I tell you, boy, every time


The feelin' sure is fine


Just move me on down the line,


Just move me on down the line













PRECIOUS AND GRACE





“Precious and Gracious” possui uma pegada mais
lenta que a faixa anterior, mas segue com a veia mais Hard aflorada. A cadência
é dada tanto pela seção rítmica quanto pelo ótimo riff. O ritmo muda um pouco
no meio da canção, acelerando, mas retomando ao embalo inicial. Interessante construção do grupo.





A
letra tem conotação jovial:





So if you're out rollin' late some
night,


Yeah, and you need that supernatural
delight, I'm talkin' to you, brother,


I know somebody's, they're just out
of sight


Get with Precious and Grace, they
gonna treat you right













LA GRANGE





Um dos riffs mais geniais da história da música é a
base para um dos maiores sucessos da carreira do ZZ Top: “La Grange”. Peso,
ritmo, intensidade e velocidade são postos e misturados na quantidade exata
para construírem a base desta magnífica canção. O solo de Gibbons transborda
feeling e talento: não é preciso dizer muita coisa sobre esta música
espetacular.





A letra tem temática sexual:





Rumour spreadin' around in that
Texas town


'Bout that shack outside La Grange


And you know what I'm talkin' about


Just let me know if you wanna go


To that home out on the range


They gotta lotta nice girls, ah





A canção refere-se a um bordel, nos arredores de La
Grange, Texas (mais tarde chamado de "Chicken Ranch"). O bordel é
também o tema da peça da Broadway e do filme chamados, The Best Little
Whorehouse in Texas, este último estrelado por Dolly Parton e Burt Reynolds.





Lançada como single, “La Grange” atingiu a 41ª
posição da principal parada de singles norte-americana.










A música é um dos maiores sucessos do ZZ Top, sendo
presença obrigatória nos shows do grupo. Teve intensa veiculação nas rádios dos
Estados Unidos, sendo responsável direta pelo sucesso comercial do álbum.







Suas aparições em outras mídias são intermináveis.
Em filmes podem ser citados Armageddon, Striptease e Shangai Noon. Também é
bastante comum em comerciais da Samsung, Can-Am Motorcycles e Wrangler Jeans
(nos Estados Unidos). Também está em Games e seriados de TV.





Versões cover também são incontáveis. Apenas como
exemplos citam-se as feitas por Black Oak Arkansas, Molotov e G3.





Em termos de premiações, “La Grange” foi eleita a
92ª colocada na lista de 100 Melhores Músicas de Guitarra, da Q Magazine, em
2005. Também a revista Rolling Stone a colocou na 74ª posição de sua lista 100
Canções de Guitarra de Todos os Tempos, sendo descrita como um padrão para os
guitarristas.













SHEIK





Um riff bem interessante é apresentado nesta faixa,
contando com vocais bem legais por parte de Billy Gibbons. O baixo de Dusty
Hill também está muito presente na canção, deixando-a ainda mais envolvente.





A letra é simples, mas divertida:





I took a boat that couldn't float


To Rio de Janeiro


So with my scuba I swam to Cuba


But I'll be
gone tomorrow













HAVE YOU HEARD?





A décima – e última – faixa de Tres Hombres é “Have
You Heard?”. Trata-se de um Blues típico, com a guitarra distorcida clássica de
Blilly Gibbons brilhando de forma intensa e a seção rítmica acompanhando de
maneira precisa e eficiente. Fecha o trabalho com chave de ouro.





A letra é legal:





Have you heard, dear brother,


Yeah yeah yeah?


Well, let's help one another,


Yeah yeah
yeah













Considerações
Finais





Ao contrário dos dois primeiros discos, Tres
Hombres foi um grande sucesso de crítica e comercial. Catapultado pela grande
veiculação de “La Grange”, o ZZ Top começou a fazer o seu nome. Mas, nas
rádios, também “Waitin' for the Bus” e “Jesus Just Left Chicago” tiveram intensa
veiculação.





Tres Hombres alcançou a excelente 8ª posição na
principal parada de sucessos norte-americana, a Billboard. Em 2003, a
tradicional revista Rolling Stone o colocou na 498ª posição de sua lista de 500
melhores álbuns de todos os tempos.





O sucesso era tanto que a turnê que seguiu o
lançamento do álbum sempre contava com shows com ingressos esgotados.





No auge do sucesso do ZZ Top, em meados da década
de 1980, uma versão digital remixada da gravação foi lançada em CD e a versão original
de 1973 foi, por muito tempo, “perdida”.





A versão remix
criou polêmica entre os fãs, pois alterou significativamente o som dos instrumentos,
especialmente da bateria de Frank Beard. E esta versão remix foi usada em todas
as cópias de CD, sendo a única disponível por mais de 20 anos.







Uma edição remasterizada e expandida do álbum foi
lançada em 28 de fevereiro de 2006, que contém três faixas bônus ao vivo. A
edição de 2006 é a primeira versão em CD a usar a mixagem original de Manning
de 1973, finalmente recuperada.





Tres Hombres, apenas na época de seu lançamento,
superava a casa de 500 mil cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.













Formação:


Billy Gibbons - Guitarra, Vocal


Dusty Hill - Baixo, Teclados


Frank Beard - Bateria, Percussão





Faixas:


01.
Waitin' for the Bus (Gibbons/Hill) - 2:59


02.
Jesus Just Left Chicago (Gibbons/Hill/Beard) - 3:30


03.
Beer Drinkers & Hell Raisers (Gibbons/Hill/Beard) - 3:23


04.
Master of Sparks (Gibbons) - 3:33


05.
Hot, Blue and Righteous (Gibbons) - 3:14


06.
Move Me on Down the Line (Gibbons/Hill) - 2:32


07.
Precious and Grace (Gibbons/Hill/Beard) - 3:09


08.
La Grange (Gibbons/Hill/Beard) - 3:52


09.
Sheik (Gibbons/Hill) - 4:05


10.
Have You Heard? (Gibbons/Hill) - 3:15





Letras:


Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o
acesso a: http://letras.mus.br/zz-top/





Opinião do
Blog:


O ZZ Top é uma das bandas mais tradicionais da
história do Rock. O som único e original do grupo, fundindo o Blues e o Rock de
maneira especial, baseados na distorcida e talentosa guitarra de Billy Gibbons,
é uma marca do Hard norte-americano.





O clássico Tres Hombres é o primeiro álbum em que o
estilo único do grupo é apresentado de maneira mais enfática e categórica. Faixa
à faixa, do início ao fim, o ouvinte é presenteado com música de primeira
linha.





Se Frank Beard e Dusty Hill formam uma seção
rítmica extremamente presente e marcante, é a guitarra de Billy Gibbons quem dá
o show. Riffs magistrais e solos hipnotizantes fazem o álbum transbordar o
melhor do Blues Rock.





As letras são sempre apresentadas com muito bom
humor, mostrando as influências que a banda texana carregava consigo. Vale à
pena uma olhadela.





Somente o clássico imortal “La Grange” já valeria a
audição de Tres Hombres. Mas
há muito mais: “Waitin' for the Bus”, “Jesus Just Left Chicago”, a ‘hardeira’ “Move
Me on Down The Line” e a balada “Hot, Blue and Righteous”, todas muito acima da
média. Não há música de enchimento neste álbum.





Enfim, mesmo quando o ZZ Top usou e abusou de sintetizadores
na década de 80, mostrando uma certa veia Pop, ainda assim a banda foi
relevante e continuava com seu som único e marcante.







Tres Hombres é um dos melhores álbuns de todos os
tempos e sua audição é obrigatória para todo roqueiro, especialmente aqueles
que gostam de uma pegada Blues.

Comentários

  1. O único disco do ZZ Top do qual conheço alguma coisa é o Eliminator (1982), que é o mais conhecido deles, mas prometo dar uma conferida nos discos anteriores.

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