SEPULTURA - BENEATH THE REMAINS (1989)

 


Beneath
the Remains é o terceiro álbum de estúdio da banda brasileira
chamada Sepultura. O seu lançamento oficial aconteceu em 7 de abril
de 1989, através do selo Roadrunner. As gravações ocorreram entre
15 e 28 de dezembro de 1988, nos estúdios Nas Nuvens, no Rio de
Janeiro, Brasil. A produção ficou a cargo de Scott Burns e da
própria banda.






O
RAC abre novamente suas páginas para a
fantástica banda brasileira Sepultura com um de seus melhores
álbuns.










Formação






O
Sepultura foi formado em 1984, em Belo Horizonte, capital de Minas
Gerais, Brasil. A banda foi fundada pelos irmãos Max e Igor
Cavalera, filhos de Vânia, uma modelo, e Graciliano, um diplomata
italiano abastado cujo ataque cardíaco fatal deixou sua família em
ruínas financeiras.






A
morte de Graciliano afetou profundamente seus filhos, inspirando-os a
formar uma banda em um dia depois que Max ouviu o álbum Vol. 4
, do Black Sabbath. Eles escolheram o nome da banda Sepultura
quando Max traduziu a letra da música do Motörhead
"Dancing on Your Grave".






As
primeiras influências dos irmãos incluíam Led Zeppelin,
Black Sabbath e Deep Purple, e artistas de metal e hard
rock do início dos anos 80, como Van Halen, Iron Maiden,
Motörhead, AC/DC, Judas Priest, Ozzy
Osbourne
e V8.






Eles
viajavam para uma loja de discos em São Paulo que mixava fitas dos
últimos discos de bandas americanas. Seus hábitos de escuta mudaram
drasticamente depois de serem apresentados ao Venom.






Os
irmãos Cavalera começaram a ouvir bandas de metal mais extremas na
época, como Hellhammer, Celtic Frost, Kreator, Sodom, Slayer,
Megadeth, Exodus e Exciter. Eles também tiveram
influências no metal brasileiro de bandas como Stress, Sagrado
Inferno e Dorsal Atlântica. Em 1984, os irmãos abandonaram a
escola.






Após
várias mudanças iniciais de membros, o Sepultura se
estabeleceu uma formação estável com Max na guitarra, Igor na
bateria, o vocalista Wagner Lamounier e o baixista Paulo Jr.
Lamounier saiu do conjunto em março de 1985 após desentendimentos
com a banda, e passou a se tornar o líder da banda brasileira
pioneira de black metal Sarcófago






Após
sua partida, Max assumiu as funções vocais. Jairo Guedes foi
convidado a integrar a banda como guitarrista principal.


Max







Primeiros
passos






Após
cerca de um ano de apresentações, o Sepultura assinou
contrato com a Cogumelo Records em 1985. Mais tarde, naquele ano,
eles lançaram Bestial Devastation, um EP compartilhado com a
banda brasileira Overdose.






Bestial
Devastation
foi gravado e autoproduzido em apenas dois dias. A
banda gravou seu primeiro álbum completo, Morbid Visions, em
agosto de 1986 e que continha seu primeiro hit, "Troops of
Doom", que ganhou alguma atenção da mídia. A banda então
decidiu se mudar para uma cidade maior: São Paulo.






Sequência






No
início de 1987, Jairo Guedz saiu da banda. Guedz foi substituído
pelo guitarrista de São Paulo Andreas Kisser, e o grupo lançou seu
segundo álbum de estúdio, Schizophrenia, no final daquele
ano. O álbum refletiu uma mudança estilística em direção a um
som mais thrash metal, mantendo os elementos de death metal de Morbid
Visions
.






Schizophrenia
foi uma melhoria na produção e no desempenho e tornou-se uma
sensação para a crítica menor em toda a Europa e América, bem
como uma importação muito procurada. A banda enviou fitas para os
Estados Unidos que fizeram playlists de rádio em um momento em que
eles estavam lutando para agendar shows, porque os donos de clubes
tinham medo de reservá-los devido ao seu estilo.






Entretanto,
a banda ganhou atenção da Roadrunner Records, que os contratou e
lançou Schizophrenia internacionalmente antes de ver a banda
se apresentar pessoalmente.


Iggor







Beneath
the Remains






O
álbum melhorou a produção e a composição em comparação com os
álbuns anteriores da banda. Com o tempo seria aclamado como um
clássico do gênero thrash metal. De acordo com o vocalista Max
Cavalera, o Sepultura "realmente encontrou [seu] estilo"
neste álbum.






Max
Cavalera viajou para Nova York, em fevereiro de 1988, e passou uma
semana inteira negociando com a gravadora Roadrunner. Apesar de ser
oferecido um contrato de sete discos para o Sepultura, a
gravadora não tinha certeza do potencial de venda da banda.






O
orçamento do álbum foi pequeno para os padrões da gravadora (8 mil
dólares), mas, no final, o custo foi quase o dobro do orçamento
original.






Scott
Burns, o qual já havia feito engenharia de discos de bandas de death
metal como Obituary, Death e Morbid Angel, foi o
produtor escolhido. Burns concordou em trabalhar por uma taxa baixa
(2 mil dólares) porque estava curioso sobre o Brasil.






O
Sepultura passou a última quinzena de dezembro de 1988
gravando o disco no Nas Nuvens Studio, no Rio de Janeiro, das 20h às
5h. O estúdio foi escolhido especificamente por ser aquele onde
alguns anos antes a banda brasileira de rock Titãs havia gravado seu
clássico álbum Cabeça Dinossauro, que impressionou o
Sepultura.






Burns
trouxe para o Brasil alguns equipamentos de bateria e amplificadores
Mesa Boogie (um item raro para os padrões de produção da época)
que ajudaram a melhorar a qualidade do som.






Este
foi seu primeiro álbum a apresentar uma capa de Michael Whelan.
Houve um pouco de controvérsia em torno da arte da capa usada para
este álbum.






O
Sepultura havia, inicialmente, planejado usar outra arte de
Michael Whelan, Bloodcurdling Tales of Horror and the Macabre. Igor
Cavalera chegou mesmo a tatuar parte do quadro no braço. No entanto,
a Roadrunner Records convenceu o Sepultura a usar Nightmare in
Red, pois achavam que era mais adequada para Beneath the Remains.






Monte
Conner, da Roadrunner, mais tarde enviou a arte original para a banda
Obituary, que a usou em seu álbum, Cause of Death, que
foi lançado um ano depois de Beneath the Remains. Durante
anos após o incidente, Igor Cavalera ficou chateado com Monte Conner
por esta situação.


Max, Igor, Andreas e Paulo







Vamos
às faixas:






BENEATH
THE REMAINS






O
início acústico engana, mas logo a fúria assassina do Sepultura
surge.






A
letra traz um mundo devastado:






Cities
in ruins


Bodies
packed on minefields


Neurotic
game of life and death


Now
I can feel the end






INNER
SELF






Um
clássico com fúria Thrash, “Inner Self” é sensacional.






A
letra é sobre autodeterminação:






Nobody
will change my way


Life
betrays but i keep on going


There's
no light but there's hope


Crushing
oppression I win






STRONGER
THAN HATE






"Stronger
Than Hate” traz o Thrash em estado de urgência!






As
letras demonstram um desespero:






I
can't decide on which way to turn


My
choices are few and far between


A
lifetime of remorse


There's
no place that I've ever been






MASS
HYPNOSIS






Mass
Hypnosis” também soa brutal e intensa, contando com um refrão
incrível.






As
letras demonstram controle de massas:






Soldiers
going nowhere


Believers
kneeling over their sins


Inhuman
instinct of cowardly leaders


Make
the world go their own way


Tens
of thousands hypnotized


Trying
to find a reason why


Look
inside your empty eyes


Obey
'till the end






SARCASTIC
EXISTENCE






Sarcastic
Existence” traz um ótimo trabalho das guitarras de Andreas, com a
sonoridade abraçando o Death Metal.






A
letra reflete uma vida miserável:






It
could be seen through the window


The
eye of disgust and scorn


When
you hear the laugh of a madman


That's
about to die


To
suffer alone in disgrace


His
hate is his own


Always
hating being alive


Sarcastic
existence






SLAVES
OF PAIN






A
trilha Thrash de “Slaves of Pain” é insana:






A
letra fala sobre o sentimento de culpa:






To
die to run away


To
forget what i've been


To
erase my past


To
kill my guilt






LOBOTOMY






Lobotomy”
traz a bateria bem violenta de Iggor.






A
letra é brutal:






You
receive your just reward


Now
i'll live my life with indifference


I’ve
tortured without remorse


I've
slaughtered without fear






HUNGRY






Hungry”
traz uma introdução baseada em um riff muito bom.






A
letra traz uma violência genuína:






Hungry
for pleasure, you act like a robot


The
tears in your eyes as red as blood


Your
pleasure is pain, your pleasure is torture


Hunger
is your pleasure, hungry for the future






PRIMITIVE
FUTURE






Primitive
Future” encerra o disco com a clássica sonoridade do Sepultura no
início de carreira: brutal!






A
letra fala sobre vazio:






My
head is heavy but empty


Everything
around me is void, without movement


Without
perspectives


The
night invades the sky


That
darkens the dry ground


Making
my shadow join the big stain that's forming


My
steps become slow and agonize






Considerações
Finais






Beneath
the Remains
foi um sucesso imediato e ficou conhecido nos
círculos do thrash metal como um clássico do mesmo tamanho de Reign
in Blood
, do Slayer. O disco foi aclamado pela revista
Terrorizer como um dos 20 melhores álbuns de thrash metal de todos
os tempos, bem como ganhando um lugar em seus 40 melhores álbuns de
death metal de todos os tempos.






Eduardo
Rivadavia, do site AllMusic, deu ao álbum 4,5 estrelas de 5 e disse:
"A completa ausência de [músicas de] preenchimento aqui faz
deste um dos álbuns de death/thrash metal mais essenciais de todos
os tempos".






Uma
longa turnê européia e americana aumentou a reputação da banda,
apesar do fato de que eles ainda eram falantes de inglês muito
limitados. As primeiras datas ao vivo do Sepultura fora do
Brasil foram como banda de abertura para o Sodom em sua turnê
Agent Orange na Europa; depois disso foi o primeiro show do
Sepultura nos EUA, que foi realizado em 31 de outubro de 1989
no Ritz em Nova York, abrindo para a banda de heavy metal
dinamarquesa King Diamond.






A
banda filmou seu primeiro vídeo para a música "Inner Self",
que recebeu considerável airplay no Headbangers Ball, da MTV dos
Estados Unidos, dando ao Sepultura sua primeira exposição na
América do Norte. A turnê de divulgação de Beneath the Remains
continuou durante grande parte de 1990, incluindo três shows no
Brasil com o Napalm Death, datas européias com Mordred
e uma turnê nos Estados Unidos com as bandas Obituary e
Sadus.






Em
janeiro de 1991, o Sepultura tocou para mais de 100 mil
pessoas no festival Rock in Rio II. A banda se mudou do Brasil para
Phoenix, Arizona, nos EUA, em 1990, obtendo nova gestão e gravou o
álbum Arise no Morrisound Studios em Tampa, na Flórida.









Formação:


Max
Cavalera – Vocal, Guitarra-base


Igor
Cavalera – Bateria, Percussão


Paulo
Jr. – Baixo (creditado, mas não tocou)


Andreas
Kisser – Guitarra-solo, Baixo


Músicos
Convidados:


Kelly
Shaefer (Atheist) – background vocals em "Stronger Than Hate"


John
Tardy (Obituary) – background vocals em "Stronger Than Hate"


Scott
Latour (Incubus) – background vocals em "Stronger Than Hate"


Francis
Howard (Incubus) – background vocals em "Stronger Than Hate"


Henrique
Portugal – Sintetizadores






Faixas:


1.
Beneath the Remains (Max/Andreas) - 5:11


2.
Inner Self (Max/Andreas) -5:07


3.
Stronger Than Hate (K. Shaefer/Max/Andreas) - 5:50


4.
Mass Hypnosis (Max/Andreas) - 4:22


5.
Sarcastic Existence (Max/Andreas) - 4:43


6.
Slaves of Pain (Max/Andreas) - 4:00


7.
Lobotomy (Max/Andreas) - 4:55


8.
Hungry (Max/Andreas) - 4:28


9.
Primitive Future (Max/Andreas) – 3:08






Letras:


Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/sepultura/






Opinião
do Blog:


O
Sepultura é bem provavelmente minha banda brasileira
preferida desde sempre.






Beneath
the Remains
traz o grupo caminhando mais em direção ao Thrash
Metal e fazendo sua sonoridade brutal com mais dinâmicas e
possibilidades. Assim, o disco conta com a ferocidade habitual do
grupo, mas com melodias mais interessantes.






Faixas
como “Hungry”, “Stronger Than Hate” e “Mass Hypnosis”
fazem coro às afirmações acima e são peças importantes do
catálogo da banda. Ainda há o clássico “Inner Self”, uma das
melhores músicas da banda em geral.






Enfim,
não há muito a dizer sobre uma das minhas bandas preferidas e um de
seus grandes trabalhos sem soar muito condescendente. Portanto, só
cabe dizer: ouça Beneath the Remains.






Publicado,
em partes, originalmente no site Consultoria do Rock.

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