Rock And Roll Over é o quinto álbum de estúdio da
banda norte-americana chamada KISS. Seu lançamento oficial aconteceu no dia 11
de novembro de 1976, através do selo Casablanca. As gravações ocorreram entre
setembro e outubro daquele mesmo ano, no Star Theatre, em Nova Iorque, Estados
Unidos. A produção ficou a cargo de Eddie Kramer.
Nos primórdios do Blog, foi contada uma parte da
saga do KISS rumo ao estrelato e, brevemente, um pouco da história do grupo,
quando abordou-se o disco Destroyer, de 1976:
Para a próxima análise, começar-se-á a partir do
momento posterior ao lançamento de Destroyer.
Destroyer foi o disco musicalmente mais ambicioso,
em se tratando de estúdio, do KISS até aquele momento. O álbum conteve uma
produção bastante complexa (utilizando orquestra, coro, e outros inúmeros
efeitos), sendo uma ruptura do som cru dos três primeiros álbuns de estúdio .
A arte do álbum foi desenhada por Ken Kelly, que
havia desenhado Tarzan, Conan e que também trabalhou com bandas como Rainbow e
Manowar .
Comercialmente falando, Destroyer vendeu bem
inicialmente e se tornou o segundo disco de ouro do grupo (após Alive) e
rapidamente caiu nas paradas. Somente quando a balada "Beth" (o B-
Side para o single Detroit Rock City) começou a ganhar mais divulgação, nas
rádios FM, fez um novo pico de vendas do disco.
Peter Criss
Em outubro de 1976, o Kiss apareceu no programa de
TV chamado The Paul Lynde Halloween Special, dublando "Detroit Rock City”,
"Beth" e "King of the Night Time World".
Para muitos adolescentes, esta era a sua primeira
exposição ao Kiss e toda a sua
teatralidade em suas apresentações, algo sempre impactante quando visto pela
primeira vez. O show foi co-produzido por Bill Aucoin .
Além das três músicas apresentadas, o Kiss foi tema
de uma breve e cômica entrevista, conduzida pelo próprio Paul Lynde . Nela,
Lynde brincou ao ouvir os primeiros nomes dos membros do grupo com "Oh ,
eu adoro um bom grupo religioso".
O grupo foi apresentado a Lynde por Margaret
Hamilton, vestida como a Bruxa Malvada do Oeste de O Mágico de Oz.
O programa de TV trouxe ainda mais popularidade ao
conjunto. Então, a banda sentiu que era o momento de gravar e lançar o mais
rápido possível um novo trabalho, aproveitando a maré de sorte e o surto
inicial de fama.
O álbum foi gravado no Teatro Star, em uma espécie
de “ao vivo”, e, para se obter de maneira adequada o som da bateria, Peter
Criss gravou as faixas em um banheiro, com a comunicação via vídeo-link com o
resto do conjunto.
Criss também faz dois vocais no disco, nas faixas
"Baby Driver" e "Hard Luck Woman". Paul Stanley, que
originalmente queria que a última música fosse cantada por Rod Stewart, deu-a a
Criss, depois que Gene Simmons insistisse que o bateria devia cantá-la em seu
lugar.
Apesar de "Hard Luck Woman" não ter sido
o sucesso comercial de "Beth", acabou se tornando outro single top 20
para o KISS.
Paul Stanley
"Calling Dr. Love" tornou-se obrigatória
nos concertos, sendo tocada em praticamente todas as turnês desde o lançamento
do álbum.
A arte da capa foi criada pelo artista Michael
Doret, que trabalhou com o KISS novamente em seu álbum de 2009, Sonic Boom.
I WANT YOU
Abre o trabalho a música “I Want You”.
A primeira faixa do álbum começa com o ritmo suave
e melódico, sugerindo ser uma balada. Mas, tão logo a ideia passe pela cabeça
do ouvinte, todo o instrumental ganha força mostrando que se trata de uma
canção com base no Hard setentista. A guitarra de Ace Frehley está ótima
(especialmente os solos) e os vocais de Paul Stanley são do mais alto nível.
A temática da canção é de conquista amorosa:
You can walk in a haze
You can travel till you die
You can live in a dream
And your life will pass you by
Every day that you hesitate
You're never changin' the hands of
fate
You can fight
but tonight
There's
nothing you can do
TAKE ME
A segunda canção do álbum é “Take Me”.
Um riff bem empolgante e com certa dose de peso é a
grande base da segunda faixa do disco. Stanley opta por vocais bem fortes e
animados, com a boa e velha veia roqueira, mas sem cometer excessos. Tudo é bem
construído e amarrado em uma ótima composição.
As letras têm forte conteúdo sexual:
Sittin' in the back
Her head down in my lap
The moonlight shinin' down on her
hair
The radio was playin'
Her fingertips were strayin'
Her mama didn't know she was there,
no
CALLING DR. LOVE
O clássico “Calling Dr. Love” é a terceira música
de Rock And Roll Over.
Um riff espetacular, com o melhor do Hard Rock dos
anos setenta é a base da canção. Desta feita, os vocais são comandados pelo
baixista Gene Simmons e são colocados de maneira perfeita para combinar ao
instrumental da faixa. O refrão empolga, abusando dos backing vocals. Outro
solo com muito feeling.
A letra aborda a temática de sedução/sexual:
And even though I'm full of sin
In the end you'll let me in
You'll let me through, there's
nothin' you can do
You need my lovin', don't you know
it's true
Composta por Simmons, a inspiração para sua criação
veio de um episódio do programa humorístico “Três Patetas” a que o baixista
assistiu e que envolvia os personagens como médicos.
Um clássico do KISS, “Calling Dr. Love” aparece em
várias coletâneas e também em alguns álbuns ao vivo lançados pelo grupo.
Aparece em alguns seriados de TV, no game Rock Band
e até mesmo é mencionada no livro The Wastelands, da saga The Dark Tower, de
Stephen King. Bandas como The Eletric Hellfire Club e a brasileira Dr. Sin já
fizeram versões do clássico.
Lançada como single para promover Rock And Roll
Over, alcançou a 16ª posição na parada norte-americana desta natureza.
LADIES ROOM
“Ladies Room” é a quarta música do álbum.
O riff que embala toda a canção é muito inspirado,
sendo forte, com boa dose de peso, mas repleto de melodia, como pede um bom
Hard Rock. Gene Simmons faz os vocais e opta por uma interpretação um pouco
mais suave, mas combinando perfeitamente com a parte instrumental.
A letra tem tom sexy novamente:
Meet, meet you in the ladies room
Meet, meet you in the ladies room
For my money, you can't be too soon
You can't be
too soon
BABY DRIVER
A quinta faixa do álbum é “Baby Driver”.
O ritmo inicial do disco continua forte e apostando
em um Hard Rock cheio de malícia em sua quinta canção, “Baby Driver”. O riff
criado é cheio de melodia e sensualidade, reforçado pela cozinha de Simmons e
Criss. Aliás, é o próprio baterista quem canta nesta boa música.
A letra aborda uma mistura de flerte com carros:
Go baby driver
Don't want to sleep alone
Ooh, what a rider
Push that pedal to the floor, yeah
Nobody knows where you're goin'
Nobody cares where you've been
And if you want to hear some stories
Ask that girl to let you in
I mean let
you in
LOVE ‘EM AND LEAVE ‘EM
“Love ‘Em And Leave ‘Em” é a sexta canção de Rock
And Roll Over.
Os riffs roqueiros são mantidos e um deles é a base
desta música do trabalho. Simmons faz uso de seus típicos vocais, misturando
uma pequena dose de agressividade e muito de sensualidade/malícia. O refrão é
ótimo e a guitarra de Frehley está muito boa outra vez.
Mais uma vez a letra tem sentido sexual:
Well, make a reservation
Between the hours of ten and two,
how do you do
You've got the time to remember
I've gotta
slick proposition you
There's nothing else I'd rather do
MR. SPEED
A sétima faixa do disco é “Mr. Speed”.
Como é típico na discografia setentista do KISS, a banda
aposta em um riff cheio de malícia, ritmo e melodia. Entretanto, nunca deixa de
ter certo peso. Em “Mr. Speed”, o grupo vai certeiro novamente, mantendo o
nível do trabalho. O refrão é contagiante, embalado pela sensacional voz de
Paul Stanley.
A letra tem abordagem de flerte/sexy:
Well, you know, I got the kind of
lovin' that you need
The kind of lovin' that you need
I'm so fast, that's why the ladies
call me Mr. Speed
SEE YOU IN YOUR DREAMS
A
oitava canção do álbum é “See You In Your Dreams”.
A base desta faixa é novamente um riff com doses
precisas de peso e melodia, construído com uma cadência que se funde de maneira
muito harmônica com os vocais mais graves de Gene Simmons. O solo de Ace
Frehley também contribui decisivamente para a excelente música composta pelo
KISS.
A letra fala de uma obsessão romântica:
When you're in the room, you're home
too soon
You can't get me out of your mind
And you get in bed, you cover your
head
My letter to you is signed
And this is what I'm sayin'
HARD LUCK WOMAN
O clássico “Hard Luck Woman” é a nona música do
trabalho.
Apostando em uma melodia bem suave e cativante,
executada de maneira predominantemente acústica, “Hard Luck Woman” é uma balada
cantada pelo baterista Peter Criss. Suas linhas são repletas de tons leves e se
casam de maneira interessante com o vocal mais ríspido de Criss, quebrando de
maneira inteligente o ritmo mais acelerado do disco.
A letra possui temática mais romântica:
Before I go let me kiss you
And wipe the tears from your eyes
I don't wanna hurt you, girl
You know I could never lie
“Hard Luck Woman” é um clássico do KISS e foi
pensada para seguir o grande sucesso de “Beth”, lançada no álbum anterior.
Embora Paul Stanley tivesse a composta pensando nos vocais de Rod Stewart, foi
ele mesmo que sugeriu que Criss (que canta “Beth” em Destroyer) fizesse os
vocais, após a também insistência de Simmons para que o baterista a cantasse.
A ideia foi bem sucedida, pois foi o primeiro
single para promover o álbum e alcançou a 15ª posição na parada norte-americana
deste tipo de lançamento.
Há versões covers feitas por diferentes artistas,
como as bandas Pretty Maids e Rosenfeld, bem como o cantor country
norte-americano Garth Brooks.
MAKIN’ LOVE
A décima – e última – faixa de Rock And Roll Over é
“Makin’ Love”
Desta feita o KISS apostou mais na velocidade do
riff principal da canção, alternando-o com passagens um pouco mais cadenciadas.
Claro, a melodia e o peso estão presentes, mas tudo se encaixando no pacote
Hard Rock magistral do grupo. Os vocais de Paul Stanley estão beirando a
perfeição, como de costume.
A letra tem temática sexual:
Red light, green light, don't say
"No"
I really want her, she says
"Stop, baby" go, go, go
I really want her by my side
The whole night through
We do all the things that we wanna
do
Well, come on baby, don't leave me
sad
'Cause you're good lookin', the best
I've had
Considerações Finais
A missão de Rock And Roll Over, lançado menos de
oito meses após Destroyer, era manter o sucesso comercial alcançado pelo seu
antecessor. Podemos dizer que o álbum a cumpriu de maneira muito eficiente.
O disco foi amparado por dois singles que
conseguiram atingir o Top 20 da parada norte-americana deste tipo de
lançamentos. Isto garantiu que tanto “Hard Luck Woman” quanto “Calling Dr. Love”
tivessem boa repercussão e circulação pelas rádios dos Estados Unidos.
O álbum atingiu a ótima 11ª posição na parada
norte-americana de discos, contando com as 7ª e 9ª colocações nas paradas canadense
e sueca, respectivamente. Entretanto, não repercutiu naquele ano na parada
britânica.
Com o sucesso de Rock And Roll Over, o KISS pode
continuar a excursionar para públicos cada vez maiores e, também, aumentar o
número de apresentações.
Continuando sua estratégia de se manter na mídia,
compôs, lançou e gravou o excelente Love Gun pouco mais de 6 meses após o
lançamento deste álbum aqui apresentado.
Rock And Roll Over supera a casa de 1 milhão de
cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.
Gene Simmons
Formação:
Paul
Stanley - Vocal, Guitarra Base, Violão
Gene Simmons - Vocal, Baixo
Ace Frehley - Guitarra Solo, Backing Vocals
Peter Criss - Bateria, Percussão, Vocal
Faixas:
01.
I Want You (Stanley) - 3:04
02.
Take Me (Stanley/Delaney) - 2:56
03.
Calling Dr. Love (Simmons) - 3:44
04.
Ladies Room (Simmons) - 3:27
05.
Baby Driver (Criss/Penridge) - 3:40
06.
Love 'Em and Leave 'Em (Simmons) - 3:47
07.
Mr. Speed (Stanley/Delaney/Frehley) - 3:18
08.
See You in Your Dreams (Simmons) - 2:34
09.
Hard Luck Woman (Stanley) - 3:34
10.
Makin' Love (Stanley/Delaney) - 3:14
Letras:
Opinião do
Blog:
É apenas repetir o óbvio apontar-se o KISS como uma
das mais importantes e marcantes bandas da história da música. Seu nome estará
sempre cravado entre os maiores para a eternidade.
É claro que todo o trabalho de marketing encima do
grupo (e que nunca nega isto, especialmente o baixista Gene Simmons) muitas
vezes deixa que as pessoas não percebam a força e a qualidade de sua obra
musical. De nada serviria a promoção comercial se as músicas fossem ruins.
E Rock And Roll Over está entre as melhores obras
da discografia do KISS, pelo menos para o Blog.
Nos palcos e clipes, o KISS abusa da teatralidade,
reforçado pela caracterização dos membros do conjunto em personagens, reforçando
uma construção fantasiosa, transformando os músicos em heróis e/ou seres
fantásticos. Absolutamente genial, pois contribui enormemente para todo o
marketing sobre o conjunto.
Mas não é apenas isto. O KISS é, antes de tudo, uma
banda de Rock.
Rock And Roll Over aposta em uma sonoridade
setentista, com base no estilo Hard Rock. Para tanto, o trabalho de guitarras
está soberbo. Os riffs exploram o peso na medida correta, repletos de melodia e
com boas doses de malícia. Destaque para o bom gosto dos solos de Ace Frehley
no disco.
Para isto contribuem o baixo sempre presente de
Gene Simmons e a correta bateria de Peter Criss.
Mesmo tendo uma das mais belas vozes da história do
Rock, Paul Stanley, o KISS opta por utilizar outros membros do grupo cantando
em algumas faixas. Gene e Peter o fazem de maneira correta e inteligente.
Nas letras, temos outra amostra de que o KISS é uma
banda acima da normalidade. Seus compositores usam e abusam da temática sexual,
apoderando-se de uma arma eficiente para atrair os púbicos mais jovens. Mas
tudo é feito de maneira inteligente e sutil, sem apelar para baixarias.
Desta maneira, Rock And Roll Over é um álbum
excepcional com canções cativantes. As mais famosas são mesmo “Hard Luck Woman”
e “Calling Dr. Love”, mas faixas como “I Want You”, “Mr. Speed” e “Makin’ Love”
estão no mesmo patamar.
Sem música de enchimento e sem enrolação, Rock And
Roll Over vai direto ao ponto e mostra uma banda com sede de sucesso. Apostando em
composições que nos brindam com o melhor do Rock & Roll, este é um disco
mais que obrigatório da genial banda KISS.
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