URIAH HEEP - LOOK AT YOURSELF (1971)






Look At
Yourself é o terceiro álbum de estúdio da banda britânica Uriah
Heep. Seu lançamento oficial aconteceu em setembro de 1971 através
dos selos Bronze Records (Reino Unido) e Mercury Records (Estados
Unidos). As gravações ocorreram durante julho de 1971 no Lansdowne
Studios, em Londres, Inglaterra. A produção ficou a cargo de Gerry
Bron.










O Uriah
Heep é uma das bandas favoritas do 'blogeiro' e já apareceu
anteriormente por aqui com o álbum Salisbury (1971). O Blog vai
tratar brevemente dos fatos que antecederam o lançamento de Look At
Yourself para depois abordar as faixas que o compõem.





O segundo
álbum da banda, Salisbury, foi um esforço com direcionamento
voltado à vertente do gênero rock progressivo, contando com a
lindíssima peça de 16 minutos que dá nome ao trabalho,
“Salisbury”.





Outra das
faixas do álbum, a balada “Lady in Black”, tornou-se um hit na
Alemanha após o seu relançamento em 1977 (dando à banda o prêmio
Radio Luxemburg Lion).





Produzido
por Gerry Bron, o segundo disco do Uriah Heep é definido por Donald Guarisco, do Allmusic, como: "mistura do poder do Heavy Metal
com a complexidade do Rock Progressivo".





Outro
ponto importante e significativo foi a instantânea consolidação de
Ken Hensley para a posição de principal compositor da banda.
Hensley assina todas as faixas de Salisbury, sendo que 3 delas
solitariamente.







Ken Hensley


Logo após
o lançamento de Salisbury, o baterista Keith Baker deixou a banda.
Seu substituto foi Iain Clark, que fazia parte do grupo Cressida,
este, outro conjunto do catálogo da Vertigo Records.





Com ele,
a banda fez sua primeira turnê pelos Estados Unidos, como suporte
para nomes como Three Dog Night e Steppenwolf.





Na
primavera britânica de 1971, o contrato de Gerry Bron, manager do
Uriah Heep, com a gravadora Vertigo Records acabou e, então, ele
decidiu criar seu próprio selo, o Bronze Records.





O
terceiro álbum foi gravado durante o mês de julho de 1971, no verão
britânico, em apenas três visitas da banda ao Lansdowne Studios, em
Londres.







Mick Box


Gerry
Bron, em entrevista anos depois, afirma: "Foi o momento em que a
banda realmente encontrou uma direção musical sólida".





Look At
Yourself marcaria a solidificação de diferentes ideias musicais que
haviam começado a surgirem em Salisbury, unificando e direcionando a
sonoridade da banda.





A arte
original da capa em LP contava com uma peça simples, com uma
abertura cortada na frente, através do qual uma folha de material
reflexivo (que funcionava como espelho) ficava exposta, transmitindo
uma imagem distorcida de qualquer pessoa que olhasse diretamente para
ela.





A ideia,
originalmente idealizada pelo guitarrista Mick Box, era para a capa
refletir diretamente o título do álbum, e este tema é
complementado através das fotos da banda na parte traseira da capa
do LP, que também foram distorcidas.





O próprio
LP era alojado em um cartão interior, de material mais resistente,
com as letras.





Vamos às
faixas:





LOOK
AT YOURSELF





Com um ritmo urgente, a faixa-título abre os trabalhos. O andamento é cadenciado, mas com o peso necessário para intensificar a massa sonora produzida pelo grupo. O baixo está bastante presente, bem como os teclados. Os vocais de Ken Hensley são muito bons. Um clássico do Hard setentista!





A letra é
um chamado para uma autoavaliação:





I see you
running
Don't know what
You're running from
Nobody's
coming
What'd you do that was so wrong?










“Look
At Yourself” é um grande clássico do Uriah Heep.





Lançada
como single principal do álbum, não obteve maior repercussão em
termos das principais paradas de sucesso, as britânica e
norte-americana. No entanto, foi 33º e 4º lugares nas paradas de
Alemanha e Suíça, respectivamente.





Escrita e
cantada pelo tecladista Ken Hensley, a razão pela qual ele assumiu
os vocais foi por conta do vocalista David Byron haver sofrido
problemas de garganta durante a sessão de gravação. No entanto,
Byron fazia os vocais durante as performances ao vivo da banda.





A música
também foi incluída no primeiro álbum ao vivo do Uriah Heep, Uriah
Heep Live
(1973) e em sua primeira coletânea, The Best of
Uriah Heep
(1976).





Entre
versões cover conhecidas para “Look At Yourself”, tem-se a de
bandas como Gamma Ray e do grupo canadense GrimSkunk.













I
WANNA BE FREE





Em "I Wanna Be Free", o Uriah Heep aposta em um Hard Rock pesado e intenso, mas com boas doses de melodia e sensibilidade. A guitarra de Mick Box está ótima, assim como o baixo de Paul Newton, este, responsável direto pelo peso da canção. O nível continua bastante elevado.





A letra é
bem legal e reflete a transitoriedade da vida e a liberdade:





So
bring fire and bring steel



For
you know the way I feel



Bring
a silver horse



To
carry me away



I'm no
stranger, I'm a friend



And my
pain will never end



Till
the world will let us



Live
our lives as one













JULY
MORNING





Virtuosismo, intensidade, mudanças de ritmo, técnica, peso considerável, melodia. Todas estas características estão presentes nos mais de 10 minutos que constituem "July Morning". Trata-se de uma das mais belas peças compostas na riquíssima década de 70 e que não existem palavras suficientes para defini-la. A, também, destacar-se a monumental atuação de David Byron. Um espetáculo!





A letra
pode ser interpretada como a busca de um sentido para a vida:





There I
was on a July morning looking for love
With the strength of a new
day dawning and the beautiful sun
At the sound of the first bird
singing I was leaving for home
With the storm and the night behind
me and a road of my own
With the day
Came the resolution
I'll
be looking for you





“July
Morning” é uma das principais músicas compostas pelo Uriah Heep.
Foi lançada como single apenas na Venezuela e no Japão.





A canção
foi escrita pelo tecladista da banda Ken Hensley e o vocalista, David
Byron. Aproximadamente, os últimos quatro minutos da peça consistem
em um solo virtuoso de órgão.





Os
incríveis riffs de sonoridade 'Calliope' são tocados por Manfred
Mann, que, de acordo com o encarte do álbum, "aparece pela
primeira vez com o seu sintetizador Moog".





A música
também foi lançada como um single do primeiro álbum ao vivo da
banda, Uriah Heep Live, de 1973.





Dave
Thompson, do AllMusic, descreveu a canção como a melhor produzida
pelo Uriah Heep, com "arranjo e performance magníficos",
e, no ano de 1995, uma estação de rádio finlandesa chamada
Radiomafia adicionou "July Morning" à sua lista de
Top 500 Songs.





Em 2009,
a banda lançou uma nova versão da canção no álbum Celebration.





O Manager
do Uriah Heep, Gerry Bron, acrescentou que Manfred Mann não só
desempenhou um papel importante no estúdio durante a gravação
original, mas teve também um papel crucial no desenvolvimento da
faixa.





Um fato
curioso: todos os anos, na Bulgária, no dia 30 de Junho, pessoas de
todo o país viajam para a costa do Mar Negro para assistir ao nascer
do sol no dia 1º de julho. Durante o evento, muitas vezes as pessoas
entoam "July Morning".





A canção
aparece em vários álbuns ao vivo e coletâneas da banda. Uma de
suas versões cover mais destacáveis é a presente no disco The
Masquerade Ball
, de 2000, do guitarrista alemão Axel Rudi Pell.













TEARS
IN MY EYES





Em "Tears In My Eyes", a guitarra de Mick Box está ainda mais presente, em um Hard Rock vigoroso e, simultaneamente, muito melódico. Nas passagens mais calmas, uma belíssima melodia encanta o ouvinte. Os solos de Box são muito bons e as harmonias vocais contribuem fartamente para a beleza da faixa.





A letra
fala de rompimento amoroso:





It's the
same weary story
Of a woman abusing her man
So I have to forget
you
Though I'm not even sure if I can













SHADOWS
OF GRIEF





Em "Shadows Of Grief", o Uriah Heep mostra a grandiosidade de sua formação sonora. É claro que a canção mostra o peso típico do Hard Rock da época, mas a banda flerta ainda mais proximamente com um viés Progressivo, engrandecendo a composição. Hensley está assustadoramente brilhante nos teclados e é acompanhado com maestria por Mick Box. Faixa sensacional!





A letra,
novamente, aborda um conturbado relacionamento amoroso:





North,
South, East and West



Wherever
you go



You'll
find the same



And
the only way you'll ever learn



Is to
realize that you're to blame













WHAT
SHOULD BE DONE





Já em "What Should Be Done", o Uriah Heep retira o peso e a intensidade de sua sonoridade e aposta em uma canção mais melódica e bastante intimista. A proposta suave acaba cativando, pois aponta para um trabalho bem composto e de extremo bom gosto. Atuação brilhante de David Byron nos vocais.





A letra
fala sobre a consequência de nossas próprias escolhas:





Will
you run the risk



Of
being taunted



By
doing what you wanna do



Or do
you prefer to have



Your
whole life haunted



By the
ones who



Choose
to care for you













LOVE
MACHINE





A sétima - e última - faixa de Look At Yourself é "Love Machine". A menor canção do álbum demonstra a veia principal da banda, um Hard Rock simples, direto, mas extremamente vigoroso e intenso. A seção rítmica brilha, bem como a guitarra e o teclado. Fecha o trabalho de maneira incrível.





A letra
possui conteúdo sexual:





Lovely
little lady


You
got me on the run


You're
a love machine


And
you say that I'm your gun













Considerações
Finais





Look At
Yourself, com o tempo, acabou se tornando um álbum de referência
dentro da discografia do Uriah Heep, bem como um dos favoritos de sua
base de fãs.





Embora
não tenha sido um grande sucesso comercial, o disco teve um pequeno
destaque nas principais paradas de sucesso: 39ª posição na parada
britânica e 93ª colocação na correspondente norte-americana.
Ainda galgou os 11º e 14ª lugares nas paradas de Alemanha e
Noruega, além de conquistar o topo da parada finlandesa!







David Byron


Entre os
sucessos presentes no disco e que caíram na graça dos fãs
destacam-se a faixa-título, “Tears In My Eyes” e “July
Morning”. Esta, um épico que muitos fãs do Uriah Heep consideram
em um patamar semelhante a “Stairway To Heaven”,do Led Zeppelin,
ou “Child In Time”, do Deep Purple.





"Eu
acho que July Morning é um dos melhores exemplos da forma como a
banda estava se desenvolvendo naquele ponto no tempo. Ela introduziu
uma série de dinâmicas, uma grande quantidade de luz e sombra no
nosso som", disse Ken Hensley.





Na
maioria das críticas, Look At Yourself é visto de maneira muito
positiva. Donald A. Guarisco, do AllMusic, por exemplo, afirma: “Nota
especial também deve ser dada à performance vocal de David Byron;
seu multi-oitava estilo operístico foi, sem dúvida, uma influência
sobre vocalistas de Heavy Metal posteriores, como Rob Halford.
Portanto, Look At Yourself é, simultaneamente, um dos melhores e
mais coesos álbuns do Uriah Heep e um ponto alto do Heavy Metal dos
anos 1970”.





Pós-lançamento
do álbum, até o final de 1971, tornou-se claro, de acordo com
Hensley, que ele próprio, Byron e Box tornaram-se o núcleo coeso da
banda. Sentindo-se marginalizado, primeiro o baixista Paul Newton
deixou o grupo, sendo substituído brevemente por Mark Clarke.





Em
seguida, em novembro de 1971, o baterista Iain Clark foi substituído
por Lee Kerslake, então na banda The Gods. O baixista neozelandês
Gary Thain, membro da banda Keef Hartley, juntou-se como membro
permanente do Uriah Heep, no meio do caminho de mais uma turnê
norte-americana.





"Gary
tinha um estilo próprio, foi incrível porque cada baixista no mundo
que eu conheci sempre amou seu estilo, com essas linhas de baixo
melódicas," afirmou o guitarrista Mick Box.





Assim, o
"clássico" Uriah Heep foi formado e, de acordo com o
biógrafo K. Blows, "Tudo se encaixou no lugar." O
resultado seria visto no ano seguinte, com um dos melhores álbuns de
todos os tempos: Demons And Wizards.










Formação:


David
Byron - Vocal


Mick Box
- Guitarra


Ken
Hensley - Órgão, Piano, Guitarra, Violão, Vocal em “Look At
Yourself”


Paul
Newton - Baixo


Iain
Clark - Bateria (sem créditos no lançamento original)


Músicos
Adicionais:


Manfred
Mann - Sintetizador Moog (em "July Morning")


Ted Osei,
Mac Tontoh e Loughty Amao - Percussão (em "Look At Yourself")





Faixas:


01. Look
at Yourself (Hensley) – 5:09


02. I
Wanna Be Free (Hensley) – 4:00


03. July
Morning (Byron/Hensley) – 10:32


04. Tears
in My Eyes (Hensley) – 5:01


05.
Shadows of Grief (Byron/Hensley) – 8:39


06. What
Should Be Done (Hensley) – 4:15


07. Love
Machine (Box/Byron/Hensley) – 3:37





Letras:


Para o
conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
http://letras.mus.br/uriah-heep/




Opinião
do Blog:



O Uriah Heep é uma das grandes bandas do Hard Rock setentista. Com uma discografia sólida, naquele período, o Blog pensa que o grupo britânico merecia um reconhecimento maior junto ao grande público, pois a qualidade da música produzida pelo conjunto é incrível.





Nos seus primeiros trabalhos, o grupo esbanjava inspiração, trazendo vários elementos criativos para seu alicerce fundado no Hard Rock/Heavy Metal daquela época. Mas a extrema criatividade e categoria de seus músicos diferenciavam a banda da maioria.





E o incrível Look At Yourself é uma prova fundamental desta afirmação.





Uma banda que conta com o ótimo guitarrista Mick Box e o excelente multi-instrumentista Ken Hensley dispensa maiores explicações sobre sua parte técnica. Hensley, ainda, é um compositor extraordinário, responsável direto pela mairoria dos grandes clássicos da discografia do Uriah Heep.





Adicione-se a isto um vocalista talentoso (e muito subestimado) como David Byron. Não apenas por sua belíssima voz, mas por uma interpretação e atuação impecáveis durante todo o disco. Byron engrandece as composições, transmitindo com a emoção exata o conteúdo lírico exposto.





E as letras são muito boas, principalmente quando abordam a temática dualística vida/morte.





Um trabalho de qualidade extrema como Look At Yourself não possui faixas de enchimento. O álbum deve ser apreciado na íntegra, sem cortes. Todas as faixas são, no mínimo, muito boas.





Mas a tradição do Blog manda dar destaques. A faixa-título apresenta um Hard Rock vigoroso, repleto de classe e imposição. "What Should Be Done" é uma amostra do viés intimista e sofisticado do grupo e é outra atuação impressionante da banda.





"Shadows Of Grief" é uma composição brilhante e aponta um viés Progressivo ao som do Uriah Heep, contribuindo para tornar a canção ainda melhor. Tudo isto é intensificado em "July Morning", uma música magnífica, definitiva e definidora do que é o Uriah Heep. Uma das melhores faixas de todos os tempos.





Por tudo que se aponta, Look At Yourself apresenta-se como uma obra fundamental, não apenas na discografia do Uriah Heep, bem como dentro do universo do Rock setentista. Sua audição é obrigatória para fãs do estilo. E é difícil imaginar, estando em um patamar tão elevado, que o grupo ainda faria outro álbum deste nível em seu sucessor, Demons and Wizards, de 1972. Look At Yourself é um álbum essencial e extremamente recomendado pelo Blog! 

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