GILLAN - FUTURE SHOCK (1981)









Future
Shock é o quarto álbum de estúdio da banda inglesa Gillan. Seu
lançamento oficial aconteceu em março de 1981, através do selo
Virgin Records. As gravações ocorreram entre dezembro de 1980 e
janeiro do ano seguinte, no estúdio Kingsway Recorders, em Londres,
na Inglaterra. A produção ficou por conta de Paul ‘Chas’
Watkins, John McCoy, Colin Towns, Bernie Tormé e Mick Underwood.






A
banda Gillan, como obviamente o nome sugere, criada pelo
vocalista do Deep Purple, Ian Gillan, retorna ao RAC
com outro de seus melhores trabalhos. Conforme a tradição, vai-se
abordar muito brevemente os momentos que antecederam ao lançamento
do disco para depois se focar em suas faixas.

















Glory
Road





Em
outubro de 1980, a banda Gillan lançava seu terceiro álbum de
estúdio, Glory Road. No link, o leitor pode se ater mais
detalhadamente ao que o RAC pensa sobre o disco.





Em
linhas gerais, Glory Road foi um retorno de Ian Gillan aos
momentos mais gloriosos, pois o trabalho propiciou grande
visibilidade à banda.





Glory
Road
atingiu o terceiro lugar na principal parada britânica de
álbuns, embora não tenha repercutido em sua correspondente
norte-americana.





Entre
as canções preferidas do RAC, no disco, estão
“No Easy Way”, “On The Rocks” e “Sleeping On The Job” e
“If You Believe Me”.







Bernie Tormé





Turnê
e repercussão





O
sucesso de Glory Road na Inglaterra não se repetiu nos
Estados Unidos, mesmo com o grupo excursionando bastante pelo país.





Isto,
evidentemente, acabou por causar certa frustração aos membros da
banda, pois se trata do principal mercado de consumo. Nem mesmo o
grande sucesso comercial no Japão e na Oceania foi um fator
amenizante, pelo contrário, uma vez que as turnês por estes lugares
são bem exaustivas.





A
partir de então, o clima de tensão entre os membros da Gillan
foi ficando cada vez mais palpável.





Novo
álbum





Mesmo
assim, em dezembro de 1980, o grupo Gillan retornou aos trabalhos
mais firmemente para um novo disco, contando com a mesma formação do álbum anterior: Ian Gillan nos vocais, Bernie Tormé nas guitarras, Colin Towns nos teclados, John McCoy no baixo e Mick Underwood na bateria.





O
nome do novo álbum seria Future Shock, inspirado na obra de
mesmo nome, lançada em 1970, pelo escritor Alvin Toffler. (Nota
do Blog:
Alvin Toffler foi um escritor e futurista
norte-americano, doutorado em Letras, Leis e Ciência, conhecido
pelos seus escritos sobre a revolução digital, a revolução das
comunicações e a singularidade tecnológica. Os seus primeiros
trabalhos deram enfoque à tecnologia e seu impacto (através de
efeitos como a sobrecarga de informação. Mais tarde centrou-se em
examinar a reação da sociedade e as mudanças que esta sofre. Os
seus últimos trabalhos têm abordado o estudo do poder crescente do
armamento militar do século XXI, as armas e a proliferação da
tecnologia e o capitalismo).







Ian Gillan





Entre
as músicas escolhidas para o trabalho estava “New Orleans”, um
cover da canção de mesmo nome lançada originalmente por
Gary
U.S. Bonds
. (Nota do Blog: Gary U.S. Bonds (nascido Gary
Levone Anderson) é um cantor norte-americano de rhythm and blues e
rock and roll, conhecido por seus clássicos sucessos “New Orleans”
e “Quarter to Three”).





A
arte da capa, bem legal, foi um trabalho de Alan Daniels, da Young
Artists.





Vamos
às faixas:





FUTURE
SHOCK





A guitarra de Bernie Tormé reproduz um riff especial e é muito bem acompanhada pelos pulsante baixo de John McCoy e o indomável teclado de Colin Towns. Um Hard/Heavy empolgante, contagiante e comandado pela voz inigualável de Ian Gillan. Genial!





A
letra revela uma preocupação com o futuro:





You're
going the wrong way if you're looking out for paradise


You
know your future is lying deep in your brain


And
you can get there just by throwing out the bad advice


Ah
yes I've tried it so I know, but I'm going insane


Is
this the future shock













NIGHT
RIDE OUT OF PHOENIX





A 'metálica' "Night Ride Out of Phoenix" continua com intensidade e peso, mas com um andamento mais lento e arrastado. A guitarra de Tormé é onipresente, a bateria de Mick Underwood é interessante, mas quem domina a canção são os teclados de Colin Towns.





A
letra é sombria:





For
some reason I'd been chosen


To
be a witness to the Devil's hate


But
I knew that those burned in Phoenix


Had
left me to a darker fate













(THE
BALLAD OF) THE LUCITANIA EXPRESS





Nesta música, a banda Gillan não perde tempo, indo direto ao ponto com uma verdadeira paulada, relembrando os tempos de Ian no Deep Purple, mas com uma dose extra de peso. Hard/Heavy para 'quebrar o pescoço'.





A
letra é sobre uma viagem de trem:





Going
to Madrid from Lisbon


This
train is a flying machine


Counting
our money and wisdom


Fifty
pesetas and one broken dream













NO
LAUGHING IN HEAVEN





A genial "No Laughing in Heaven" bebe nas melhores fontes setentistas, contando com um ar Bluesy inconfundível e trazendo um toque do Purple que é notório. Mas estes fatores apenas engrandecem e enaltecem uma ótima composição em que Ian Gillan demonstra seu enorme talento como intérprete. Faixa incrível a qual apresenta um trabalho formidável da seção rítmica. 





A
letra fala sobre salvação divina:





Well
I ran around in the state of shock and panic


This
wan't what I expected


Here
was what looked like a bunch of manic depressives


Can
I get a transfer, I screamed


But
no, once you're in Heaven, you're here for good


The
good of your soul, but that's no good for me


If
you want to go to Hell you've really got to be bad


Okay,
okay, I'll be bad


Too
late


What
do you mean too late


Too
late


No


In
the meantime













A
música foi lançada como single, atingindo a 31ª posição da
principal parada britânica desta natureza.













SACRE
BLEU





"Sacre Bleu" resgata o clima de urgência e é uma música frenética. A seção rítmica mantém o ritmo veloz e a guitarra de Tormé domina a cena, brilhando em um ótimo solo.





A
letra é sobre um crime:





Now
I'm in this prison accused of a bad case of rape


I've
told the story but the truth is much to hard to take, I can't escape


What
has she done to me, Sacre Bleu


They
call me an animal and brand me a cad


But
I'm just a gullible lad


She's
had and I've been had













NEW
ORLEANS





"New Orleans" é uma música muito empolgante. Ela possui a pegada que remonta ao Rock clássico dos anos 50, mas com uma roupagem Hard Rock. Tormé, Towns e Gillan brilham intensamente em um momento saboroso do álbum.





A
letra fala sobre a cidade de New Orleans:





I
said a hey, hey, hey yeah


I
said a hey, hey, hey yeah


Well
come on everybody take a trip with me


Well
down the Mississippi down to New Orleans


Oh
well the magnolia blossom fills the air


If
you ain't been to heaven then you ain't been there


You
got French Moss growing from big oak tree


Down
the Mississippi down to New Orleans













“New
Orleans” é uma canção originalmente composta por Frank Guida e
Joseph Royster e que foi lançada, pela primeira vez, por Gary U.S.
Bonds
, como single, em 1960.





O
Gillan também lançou-a como single e conseguiu a boa 17ª
posição da principal parada britânica desta natureza.













BITE
THE BULLET





"Bite The Bullet" é um Hard/Heavy que apresenta peso e intensidade em doses consideráveis. O ótimo trabalho de Underwood e McCoy permitem que Tormé e Towns brilhem, especialmente o guitarrista. Eletrizante canção.





A
letra possui uma mensagem sobre o futuro:





Believe
in tomorrow


There'll
be much less sorrow


Look
around you at your brothers


You've
got more than most others


They
can't stop you from living


They
can't stop you feeling


They
can't stop your dreaming


They
can't take that away from you













IF
I SING SOFTLY





"If I Sing Softly" possui um ritmo extremamente lento e um andamento completamente arrastado. Trata-se de uma balada, mas sua melodia se mostra com um aspecto melancólico e, de certa forma, entristecido. Atuação impecável de Ian Gillan.





A
letra possui temática romântica:





I
want to be beside you


I
want to be inside you


How
can I wait much longer


My
love is growing stronger


Will
you love me


Baby
will you stay with me, love me


Will
you hold me and love me


I
need you, we must be together


Will
you stay here forever


If
I sing softly to you













DON’T
WANT THE TRUTH





Nesta composição, o Hard Rock volta à cena de modo animado e cativante, mas de modo cadenciado. A presença constante do baixista John McCoy é o ponto alto da canção.





A
letra fala sobre confiança:





I'm
lonely that's the way to be


So
lonely but at least I'm free


I'm
scared of trusting in you


I'm
scared you're telling me the truth


No
I don't want to hear you, I don't want to hear you


Don't
want the truth













FOR
YOUR DREAMS





A décima - e última - faixa de Future Shock é "For Your Dreams". A atuação impecável dos teclados de Colin Towns, nesta música, somente é igualada pela monstruosa interpretação de Ian Gillan. O clima soturno e angustiante cativam, explodindo em um refrão frenético. Fecha o disco brilhantemente.





A
letra fala sobre um sonho:





It's
been such a long time yet nothing is done


We're
leading a wasted life


We've
too many people too many bodies


Fighting
all to survive


We
live in the wrong time we're barely alive


There
must be a better life


We've
too many people too many bodies


How
can we all survive













Considerações
Finais





Com
dois singles bem-sucedidos, Future Shock acabou fazendo
barulho pelo Reino Unido.





O
álbum atingiu a excepcional 2ª posição na principal parada
britânica de discos. Ele também alcançou a 45ª colocação na
parada da Suécia, mas, novamente, não repercutiu nos Estados
Unidos.





Em
2005, a revista alemã Rock Hard colocou Future Shock
no 467º lugar de seu livro The 500 Greatest Rock & Metal
Albums of All Time
.





Em
1981, os membros da banda estavam descontentes, pois o sucesso europeu
e japonês não estava se traduzindo em maiores recompensas
financeiras, e, depois do lançamento de Future Shock, enquanto
o Gillan estava em turnê pela Alemanha, o guitarrista Bernie
Torme deixou o conjunto, pouco antes da banda voltar para o Reino
Unido para aparecer no popular programa de TV, Top of the Pops.





Tormé
foi substituído pelo guitarrista do White Spirit, Janick Gers
(que mais tarde se juntaria ao Iron Maiden), e este line-up
lançou o álbum duplo (metade estúdio e metade ao vivo), Double
Trouble
, no final de 1981.





Future
Shock
ultrapassa a casa de 60 mil cópias vendidas apenas na
Inglaterra.













Formação:


Ian
Gillan - Vocal


Colin
Towns - Teclado


John
McCoy - Baixo


Bernie
Tormé - Guitarra


Mick
Underwood - Bateria





Faixas:


01.
Future Shock (Gillan/McCoy/Tormé) – 3:06


02.
Night Ride Out of Phoenix (Gillan/Towns) – 5:06


03.
(The Ballad Of) The Lucitania Express (Gillan/McCoy/Tormé) – 3:10


04.
No Laughing in Heaven (Gillan/McCoy/Tormé/Towns/Underwood) – 4:58


05.
Sacre Bleu (Gillan/McCoy/Tormé) – 3:03


06.
New Orleans (Guida/Royster) – 2:37


07.
Bite the Bullet (Gillan/Towns) – 4:50


08.
If I Sing Softly (Gillan/McCoy/Tormé) – 6:10


09.
Don't Want the Truth (Gillan/McCoy/Tormé) – 5:40


10.
For Your Dreams (Gillan/Towns) – 5:04





Letras:


Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/ian-gillan-band/





Opinião
do Blog:


Ian Gillan já é figurinha carimbada nas páginas do RAC, seja pelas aparições do Deep Purple ou mesmo de sua ótima banda Gillan.



Portanto, é inegável o fato de que quem escreve estas mal traçadas linhas é um grande fã do talento deste formidável vocalista.



Neste Future Shock, Ian é escoltado por um time de primeira categoria. O baterista Mick Underwood e o baixista John McCoy formam uma seção rítmica muito mais que competente. Eles constroem uma base formidável para que os talentos do guitarrista Bernie Tormé e do tecladista Colin Towns possam brilhar intensamente.



E é notável, na melhor tradição do Deep Purple, como Tormé e Towns formam uma dobradinha entrosada que se desafia e se complementa por todo o álbum. Este é um dos pontos principais de Future Shock.



E o mais interessante é que a banda Gillan funciona exatamente como uma banda, ou seja, explicando melhor: há a noção de se criar boa música e o espaço para que todos os músicos apareçam é privilegiado. O conjunto não é apenas um mero suporte com a finalidade da estrela maior, o vocalista o qual batiza o grupo, apareça solitariamente.



Claro, e não poderia ser diferente, Ian Gillan desfila seu talento quase único por todo o disco, mas, em diversas composições presentes no álbum, Ian nem é o maior destaque, com Tormé e Towns roubando facilmente a cena.



A proposta sonora é o Hard Rock com uma abordagem setentista, mas flertando muito proximamente com o Heavy Metal da NWOBHM. O resultado é um disco vigoroso, energético e repleto de faixas muito cativantes. Future Shock é um petardo!



As letras estão na média geral do Rock.



"Future Shock" é quase um Heavy Metal, vigorosa e com um riff matador. A versão saborosíssima para "New Orleans" é imperdível. "Bite The Bullet" é uma verdadeira porrada e a sombria "If I Sing Softly" contagia.



Mas o RAC elege o clássico "No Laughing in Heaven" e a grandiosa "For Your Dreams" como suas prediletas no trabalho.



Por fim, cabe ressaltar que Ian Gillan atravessou uma de suas melhores fases quando montou e trabalhou com sua banda Gillan. Future Shock é, muito possivelmente, o disco preferido do RAC a contar com o fantástico Ian Gillan fora do Deep Purple. Vigoroso, empolgante e sem faixas desnecessárias, resta dizer que ele é extremamente bem recomendado!


Comentários