MC5 - BACK IN THE USA (1970)









Back
in the USA é o primeiro álbum de estúdio da banda norte-americana
MC5. Seu lançamento oficial aconteceu em 15 de janeiro de 1970
através do selo Atlantic Records. As gravações ocorreram no GM
Studios, em Detroit, nos Estados Unidos, durante o ano de 1969. A
produção ficou por conta do famoso produtor Jon Landau.






O
MC5 finalmente fará sua estreia nas páginas do RAC com seu primeiro
álbum de estúdio, Back in the USA. Como manda a tradição, vai-se
abordar a formação do grupo até se chegar no disco e em suas
canções.










Origens





As
origens do MC5 podem ser encontradas na amizade entre os
guitarristas Wayne Kramer e Fred Smith. Amigos desde a adolescência,
ambos eram fãs de música R&B, Blues, Chuck Berry, Dick Dale,
The Ventures e o que mais tarde seria chamado garage rock: eles
adoravam qualquer música com velocidade, energia e uma atitude
rebelde.





Cada
um dos amigos (guitarrista/vocalista) formou e liderou seu próprio
grupo de rock (Vibratones, de Smith; e Bounty Hunters, de Kramer).





Enquanto
alguns dos membros de ambos os grupos partiam para a faculdade ou
trabalho, os membros mais comprometidos acabaram se unindo (sob a
liderança de Kramer e do nome Bounty Hunters) com Billy Vargo na
guitarra e Leo LeDuc na bateria (nesse ponto Smith tocava baixo).





O
conjunto se tornou popular e bem-sucedido o suficiente, em Detroit e
arredores, que os músicos puderam deixar seus empregos comuns e
ganharam a vida com o grupo.





Kramer
sentiu que o conjunto precisava de um gerente, o que o levou a Rob
Derminer, alguns anos mais velho que os demais membros e
profundamente envolvido nas cenas políticas de Detroit.





Derminer
originalmente fez um teste para baixista (um papel que ele manteve
brevemente em 1964, quando Smith mudou para a guitarra, para
substituir Vargo e com Bob Gaspar substituindo LeDuc na bateria),
embora rapidamente os membros percebessem que seus talentos poderiam
ser melhores usados como vocalista.





Rob
Derminer não era, convencionalmente, atraente e até um pouco
barrigudo para os padrões tradicionais de vocalista, mas, ainda
assim, tinha uma presença de palco dominante e uma voz de barítono
em expansão a qual evidenciava seu amor permanente pelas músicas
gospel e soul.





Rob
Tyner





Derminer
se renomeou Rob Tyner (por causa do pianista McCoy Tyner). Tyner
também inventou um novo nome para o grupo, MC5: refletindo suas
raízes em Detroit (era a abreviação de ‘Motor City Five’).
(Nota do Blog: Alfred McCoy Tyner é um pianista de jazz da
Filadélfia, Pensilvânia, conhecido por seu trabalho com o John
Coltrane Quartet
e uma longa carreira solo).





De
certa forma, o grupo era semelhante a outras bandas de garagem
daquele período, compondo futuros exercícios históricos como
“Black to Comm” durante a adolescência no porão da casa da mãe
de Kramer.





Depois
de Tyner mudar de baixista para vocalista, ele foi inicialmente
substituído por Patrick Burrows, no entanto, a formação foi
estabilizada, em 1965, pela chegada de Michael Davis e Dennis
Thompson para substituírem Burrows e Gaspar, respectivamente.







Rob Tyner





Musicalidade
e influências





A
música também refletia o crescente interesse de Smith e Kramer pelo
free jazz - os guitarristas foram inspirados por artistas como Albert
Ayler
, Archie Shepp, Sun Ra e John Coltrane,
e tentaram imitar os sons extáticos dos saxofonistas estridentes,
que eles adoravam. O MC5 chegou a abrir, posteriormente,
alguns shows para o Sun Ra, cuja influência é óbvia em “Starship”.





Kramer
e Smith também foram profundamente inspirados por Sonny Sharrock,
um dos poucos guitarristas que trabalhavam no free jazz, e acabaram
desenvolvendo um estilo único de intertravamento que antes era pouco
ouvido: os solos de Kramer usavam frequentemente um vibrato pesado e
irregular, enquanto os ritmos de Smith continham uma energia
explosiva incomum, incluindo padrões que transmitiam grande
excitação, como evidenciado em “Black to Comm”. (Nota do
Blog:
Free Jazz ou "New Thing", como foi chamado mais
tarde, é um estilo de jazz criado nos Estados Unidos da América
por músicos afro-americanos como John Coltrane e Rashied Ali,
originário do Bebop e que propunha uma liberdade de improvisação
musical total do músico e de uma diferenciação de atitude musical
da música produzida pelos anglo-americanos).





De
acordo com Kramer, o MC5 deste período foi politicamente
influenciado pelo marxismo do Partido dos Panteras Negras e Fred
Hampton, e poetas da Geração Beat como Allen Ginsberg e Ed Sanders,
ou poetas modernistas como Charles Olson. O fundador do Partido dos
Panteras Negras, Huey P. Newton, levou John Sinclair a fundar os
White Panthers, uma organização militante de brancos que trabalhava
para ajudar os Panteras Negras.





Em
seu início de carreira, o MC5 fazia um espetáculo
politicamente provocativo: eles apareciam no palco carregando fuzis
descarregados e, no clímax da performance, um atirador invisível
derrubava Tyner.





A
banda se apresentou como parte dos protestos contra a Guerra do
Vietnã, na Convenção Nacional Democrata de 1968, em Chicago, que
foi interrompida por um motim policial. A aparição do grupo na
convenção também é notável por seu longo desempenho. O MC5
tocou por mais de oito horas seguidas.







Wayne Kramer





Ganhando
reputação





Tocando
quase todas as noites e em qualquer lugar que pudessem, em torno de
Detroit, o MC5 rapidamente ganhou uma reputação por suas
performances ao vivo, de alta energia, e tinha um público local
considerável, atraindo regularmente plateias esgotadas de mil
pessoas ou mais.





O
grupo lançou um cover de “I Can Only Give You Everything” em
conjunto com a composição original “One of the Guys” através
da pequena gravadora AMG.





No
início de 1968, o MC5 apresenta seu segundo single, pela
Trans-Love Energies e A-Square Records (embora sem o conhecimento do
proprietário do selo, Jeep Holland). Embalado em uma impressionante
capa, ele continha duas músicas originais: “Borderline” e
“Looking at You”. A primeira prensagem esgotou em poucas semanas
e, no final do ano, passou por mais prensagens, totalizando vários
milhares de exemplares.





Um
terceiro single que combinou “I Can Only You To Everything” com a
original “I Just Don't Know” apareceu, mais ou menos na mesma
época, pelo selo da AMG.





Em
meados de 1968, o MC5 percorreu a costa leste dos EUA, o que
gerou uma enorme resposta, com o grupo frequentemente ofuscando os
conjuntos mais famosos para os quais foram abertura, como, por
exemplo, o Big Brother e mesmo o antológico Cream.





Esta
mesma turnê na costa leste levou à arrebatadora história de capa
da revista Rolling Stone, que elogiou o MC5 com um zelo
quase evangelístico, e também a uma associação com o grupo
radical Up Against the Wall Motherfuckers. (Nota do Blog: Up
Against the Wall O Motherfucker, muitas vezes abreviado como The
Motherfuckers ou UAW/MF, era um grupo de afinidade anarquista baseado
em Nova York. Esta ‘gangue de rua com análise’ era famosa por
sua ação direta no Lower East Side e diz-se que inspirou membros do
Weather Underground e dos Yippies).





O
MC5 tornou-se a banda líder de uma cena Hard Rock em
expansão, servindo como mentores de outras bandas do Michigan, como
The Stooges e The Up, e grandes gravadoras expressaram
interesse no grupo.





Conforme
relatado nas notas para edições reeditadas do álbum de estreia dos
Stooges, Danny Fields, da Elektra Records, veio a Detroit para ver o
MC5. Por recomendação de Kramer, ele foi ver o The
Stooges
. Fields ficou tão impressionado que acabou oferecendo
contratos para ambas as bandas, em setembro de 1968. Eles foram os
primeiros grupos de Hard Rock contratados pela recém-criada Elektra
Records.





Kick
Out the Jams





O
MC5 ganhou a atenção dos Estados Unidos com seu primeiro
álbum, Kick Out the Jams, gravado ao vivo nos dias 30 e 31 de
outubro de 1968, no Grande Ballroom de Detroit e lançado em
fevereiro de 1969.





O
executivo da Elektra Records, Jac Holzman, e o produtor Bruce Botnick
reconheceram que o MC5 dava seu melhor quando tocava para um
público receptivo, explicando a opção para lançar um primeiro
trabalho já ao vivo.





O
álbum apresentava canções como os clássicos proto-punk “Kick
Out the Jams” e “Rama Lama Fa Fa Fa”, a viajante “Starship”
e um cover estendido de “Motor City is Burning”, de John Lee
Hooker
, em que o vocalista Tyner elogia o papel dos atiradores
dos Panteras Negras durante a Insurreição de Detroit de 1967.





O
crítico Mark Deming aponta que Kick out the Jams “é um dos
álbuns ao vivo mais poderosos já feitos... este é um álbum que se
recusa a ser tocado em silêncio”.





O
álbum causou alguma controvérsia devido ao discurso inflamatório
de Sinclair e ao grito de guerra da faixa-título: “Kick out the
jams, motherfucker!”.





De
acordo com Kramer, a banda registrou isso como ‘Kick out the jams,
brothers and sisters!’ no single lançado para divulgação no
rádio; mas Tyner alegou que isso foi feito sem consenso do grupo. A
versão editada apareceu em algumas cópias do LP, o qual também
retirou os discursos de Sinclair.





As
críticas foram variadas, mas o disco foi relativamente bem-sucedido,
vendendo rapidamente mais de 100 mil cópias e alcançando o 30º
lugar na parada de álbuns da Billboard, em maio de 1969, e
nela permanecendo por 23 semanas.





Quando
a Hudson's, uma cadeia de lojas de departamentos, com sede em
Detroit, recusou-se a estocar Kick Out the Jams devido à
obscenidade, o MC5 respondeu com uma página inteira na
revista underground Fifth Estate dizendo ‘Stick Alive with
the MC5 e Fuck Hudson's!’ , com destaque para o logotipo da
gravadora do conjunto, a Elektra Records, no anúncio.





A
Hudson's retirou todos os discos da Elektra de suas lojas, e, na
controvérsia que se seguiu, Jac Holzman, o chefe da Elektra, demitiu
a banda de seu contrato. O MC5, então, assinou com outra
gravadora, a Atlantic Records.







Fred 'Sonic' Smith





Back
in the USA






na Atlantic Records, o MC5 resolveu lançar seu primeiro álbum
de estúdio e segundo da carreira, o qual se tornaria Back in the
USA
.





O
foco central do álbum é o movimento da banda para longe do som cru,
violento, pioneiro e que foi capturado em seu primeiro lançamento, o
álbum ao vivo Kick Out the Jams.





Isso
se deveu, em parte, à aversão do produtor Jon Landau pelo áspero
movimento do rock psicodélico, e sua adoração pelo rock and roll
simples dos anos 1950.





Landau,
que originalmente escrevia para a revista Rolling Stone,
estava procurando se envolver mais na produção musical naquele
momento. Então, tornar-se próximo do executivo da Atlantic Records,
Jerry Wexler, foi sua chance e levou Landau ao politicamente radical
MC5, o qual acabara de ser contratado pela Atlantic após ser
demetido da Elektra Records em 1969.





Ironicamente,
a Kinney National Company (mais tarde conhecida como Time Warner),
‘pai’ da Atlantic, adquiriria a Elektra no mesmo ano do
lançamento deste álbum; ambas as gravadoras agora faziam parte do
Warner Music Group (agora uma empresa separada da TW), através do
Atlantic Records Group.





Ainda
em 1969, o grupo se reuniria no GM Studios, em Detroit, com Jon
Landau para a gravação do disco.





Vamos
às faixas:





TUTTI
FRUTTI





A versão do MC5 para "Tutti Frutti" consegue repetir o clima de urgência da original, soando tão divertida quanto a mesma, sobretudo o solo de guitarra de Wayne Kramer, bem legal. Tem-se, assim, um bom começo para o disco.





A
letra fala sobre uma garota:





I
got a girl named daisy she almost drives me crazy


Got
a girl named daisy she almost drives me crazy


She
knows how to love me, yes indeed


Boy,
you don't know what she's doin' to me





Trata-se,
obviamente, de uma versão para o clássico antológico “Tutti
Frutti”, composto por Dorothy LaBostrie e Little Richard, sendo
lançado originalmente pelo segundo, como single, em 1955.













TONIGHT





"Tonight" traz uma boa dose de peso, com a marcante presença do baixo de Michael Davis. As guitarras soam bem pesadas e a intensidade é bem sentida. Os ótimos vocais de Rob Tyner são um fator ainda mais decisivo para a qualidade da canção.





A
letra é sobre a juventude:





Sun
starts goin' down


I
call my girl up on the phone


I
said i'll pick you up at eight


At
last we'll be alone


I
hop in my machine


You
know i gotta make the scene


Dancin'
through the crowd


Say
the people goin' wild


When
the bands really rockin'


Theres
just no stoppin'


My
girl begins to twirl


The
room begins to whirl


It's
outta this world


It's
outta this world













“Tonight”
foi lançada como single, mas não repercutiu em termos das
principais paradas desta natureza.













TEENAGE
LUST





"Teenage Lust" não se demonstra tão pesada quanto sua predecessora, apostando mais em um ritmo cativante, flertando com o pop rock sessentista. O resultado é uma canção interessante, especialmente no que tange ao solo de guitarra de Kramer.





A
letra fala sobre luxúria:





Yes
I do now baby, my teenage won't make



Away
much longer



I
really need release



It
means so much to me



How
can a young Midwestern boy



Live
in such misery?













LET
ME TRY





Já em "Let Me Try", o grupo se decide por apresentar uma sonoridade muito mais contida. A música é lenta, arrastada mesmo, com a leveza realçando uma melodia que soa bastante triste e melancólica. O grande destaque é a atuação impressionante do vocalista Rob Tyner. Mais uma inegável tocante canção.





A
letra trabalha com temática sensual:





I'll
play you like music


I'll
sing you like a song


I'll
lay you down gentle


I'll
love you strong


I'll
dry your teardrops


Each
time you cry


Wrap
you in my arms


Set
you on fire













LOOKING
AT YOU





"Looking at You" volta a flertar com a sonoridade sessentista, embora as guitarras se apresentem fortes e imponentes, com solos bem interessantes. Há um swing cativante, intensificado pelo trabalho do baterista Dennis Thompson.





A
letra é simples e com temática romântica:





Looked
hard into the dancing crowd


Felt
like screaming out loud


I
saw you standing in there


I
saw your long


Saw
your long hair


Opened
up my eyes, baby


You
made me


Realize
all i want to do


All
i want to do now, girl


Is
look at you looking at you baby,


Look
at you, looking at you baby


Yeah,
yeah, hey













HIGH
SCHOOL





"High School" mantém a pegada divertida e malemolente do álbum, com o contraste entre as guitarras pesadas e a sonoridade mais voltada ao pop/rock sessentista. Mas trata-se de uma canção bem interessante.





Novamente,
a letra é sobre a vida jovem:





They
only wanna shake it up, baby


Dance
to the rockin' bands


They
only want a little excitement


They
like to get a little outta hand













CALL
ME ANIMAL





O trabalho intenso do baterista Dennis Thompson realça o peso extra de "Call Me Animal". Uma faixa curta, pesada e que vai direto ao ponto, tendendo muito mais ao Hard Rock setentista. As guitarras e o baixo estão ótimos!





A
letra é em tom de rebeldia:





Call
me animal, that's my name


Call
me animal, i'm not ashamed


Call
me animal, this is your hour


Call
me animal, you've got the power













THE
AMERICAN RUSE





"The American Ruse" mantém o peso e o clima de urgência, devido ao andamento bem veloz que é potencializado pela seção rítmica. O solo de guitarra de Fred 'Sonic' Smith é especialmente saboroso.





A
letra possui críticas ao Estado Americano:





Rock'em
back, Sonic !



The
way they pull you over it's suspicious



Yeah,
for something that just ain't your fault



If
you complain they're gonna get vicious



Kick
in the teeth and charge you with assault


Yeah,
but i can see the chickens coming home to roost



Young
people everywhere are gonna cook their goose



Lots
of kids are working to get rid of these blues



Cause
everybody's sick of the American ruse













SHAKIN’
STREET





Fred 'Sonic' Smith assume os vocais na boa "Shakin' Street", cuja sonoridade é bem divertida, contando com um balanço envolvente, flertando até mesmo com o Country. Outra faixa relevante do trabalho.





A
letra é sobre as ruas de Detroit:





Shakin'
street it's got that beat



shakin'
street where all the kids meet



Shakin'
street it's got that sound



Shakin'
street say you gotta get down


Streetlight
Sammy decided to make...










A
faixa foi lançada como single, mas não repercutiu em termos das
principais paradas de sucesso.













THE
HUMAN BEING LAWNMOWER





Nesta canção, o MC5 aposta em um clima mais tenso e mais carregado, com as guitarras bem pesadas e uma atuação intensa do baterista Thompson. Novamente, a sonoridade aponta para o Hard Rock que começara a surgir.





A
letra é metafórica, sobre evolução:





Can
you hear me?


Hope
you can


Listen
here closely you'll understand


There's
an ancient race of killer apes


They
used a thigh bone













BACK
IN THE USA





A décima primeira - e última - faixa de Back in the USA é sua canção-título, ou seja, "Back in the USA". Trata-se de outra versão para um clássico atemporal do Rock, desta feita, de Chuck Berry. Encerra o álbum em alto nível e de maneira muita envolvente.





A
letra é uma ode aos Estados Unidos:





Did
i miss the skyscrapers, did i miss the long freeway


From
the coast of california to the shores of the delaware bay ?


Well,
you can bet your life i did 'til i got back in the usa





A
música é uma versão para “Back in the USA”, clássico composto
por Chuck Berry, lançado como single em junho de 1959.













Considerações
Finais





Sem
um grande single de sucesso, Back in the USA não fez grande
barulho em termos de paradas de sucesso.





O
álbum atingiu a modesta 137ª posição da principal parada
norte-americana, a Billboard, e nela permanecendo por 7 semanas.





Apesar
disso, com o tempo, o disco acabou ganhando um status importante na
história do Rock. Jason Ankeny, do site AllMusic, explica:
“Embora não tenha o impacto monumental de Kick Out the Jams,
o segundo álbum do MC5 é, em muitos aspectos, o seu melhor e
mais influente, seu som magro e agudo antecipa o surgimento dos
movimentos punk e pop do final da década”.





Por
fim, Ankeny define: “Igualmente emocionante é o som singular do
disco - produzido por Jon Landau com um quase completo desrespeito
pela parte anterior, Back in the USA captura uma intensidade
de fio vivo de 180 graus, removida do som ao vivo do grupo, mas
perfeitamente adequada ao material disponível, resultando em música
que não só saúda o poder do rock & roll, mas também reafirma
isso”.





Este
disco foi lançado pelo selo Atlantic, explicando também um esforço
de produção e marketing muito diferentes. A banda soava
radicalmente oposta de Kick, e o crítico Don McLeese escreve
que, exceto pelos vocais de Tyner, eles eram ‘quase irreconhecíveis
como a mesma banda’.





O
segundo álbum também apresentou uma produção muito diferente da
primeira - o MC5 agora soava comprimido e um tanto limitado em
sua paleta sonora, quando comparado a seu trabalho anterior - os
membros da banda disseram, décadas depois, que Landau era arrogante
e pesado na produção, tentando moldar o grupo ao seu gosto.





As
críticas foram novamente mistas; no entanto, as vendas foram
medíocres e a turnê seguinte da banda não foi tão bem recebida
como antes. O esgotamento era parcialmente culpado, devido ao pesado
programa de turnês do conjunto e ao uso cada vez mais pesado de
drogas.





Eles
também se desentenderam com John Sinclair e foram conspícuos por
não poderem tocar no Rally da Liberdade, de Sinclair, em dezembro de
1971 para protestar contra seu encarceramento por posse de maconha,
apesar de estarem no show.





Embora
o álbum tenha sido visto como um fracasso pela maioria dos fãs e
não tivesse o sucesso comercial de seu lançamento anterior,
atualmente é considerado altamente importante devido à projeção
absoluta do som e influências do MC5.





Em
2011, o disco foi classificado como 451º lugar na lista dos 500
maiores álbuns de todos os tempos, da revista norte-americana
Rolling Stone. A revista britânica NME listou o álbum
como 490º colocado em sua lista de natureza semelhante.





Um
segundo álbum de estúdio do MC5, High Time, seria
lançado em 6 de julho de 1971.













Formação:


Rob
Tyner - Vocal


Wayne
Kramer - Guitarra, Backing Vocals, Solos de Guitarra em 1, 3 e 5


Fred
‘Sonic’ Smith - Guitarra, Backing Vocals, Solo de guitarra em 8,
Vocal em 9


Michael
Davis - Baixo


Dennis
Thompson - Bateria


Músicos
Adicionais:


Danny
Jordan - Teclados


Pete
Kelly - Teclados





Faixas:


01.
Tutti Frutti (LaBostrie/Lubin/Penniman) - 1:30


02.
Tonight (Tyner/Kramer/Smith/Davis/Thompson) - 2:29


03.
Teenage Lust (Tyner/Kramer/Smith/Davis/Thompson) - 2:36


04.
Let Me Try (Tyner/Kramer/Smith/Davis/Thompson) - 4:16


05.
Looking at You (Tyner/Kramer/Smith/Davis/Thompson) - 3:03


06.
High School (Tyner/Kramer/Smith/Davis/Thompson) - 2:42


07.
Call Me Animal (Tyner/Kramer/Smith/Davis/Thompson) - 2:06


08.
The American Ruse (Tyner/Kramer/Smith/Davis/Thompson) - 2:31


09.
Shakin' Street (Tyner/Kramer/Smith/Davis/Thompson) - 2:21


10.
The Human Being Lawnmower (Tyner/Kramer/Smith/Davis/Thompson) - 2:24


11.
Back in the U.S.A. (Berry) - 2:26





Letras:


Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/mc5/





Opinião
do Blog:


Sem dúvidas, mais uma importante estreia acontece neste mês de agosto nas páginas do RAC: a praticamente mitológica banda MC5.



Além de um dos pioneiros, o MC5 é um dos principais representantes da cena da cidade norte-americana de Detroit, que, entre o fim dos anos 60 e início dos 70, apresentou artistas e grupos que se tornariam importantes entre as sonoridades mais pesadas do Rock, como o The Stooges, por exemplo.



Como afirmado no texto acima, o MC5 ganhou muita reputação e reconhecimento, especialmente pela Costa Leste americana, não apenas pelo seu posicionamento político, mas, principalmente, por sua música intensa e energética, muito bem representada em suas performances catárticas.



Isto tudo é muito bem representado em Kick Out the Jams, o primeiro álbum do grupo, gravado ao vivo, e que consegue captar de modo eficiente toda esta veia energética do conjunto. É um disco obrigatório, especialmente para quem gosta de discos ao vivo, o que, claramente, não é o caso do RAC.



Desta maneira, o RAC preferiu trazer seu primeiro álbum de estúdio (e segundo no geral) do MC5. Embora não seja a melhor forma de apresentar o que foi o grupo, Back in the USA demonstra a qualidade da banda como músicos.



No que pode ser considerada uma grande ode ao Rock 'n' Roll, Back in the USA oferece o conjunto unindo o peso de sua musicalidade com as cativantes melodias dos primórdios do Rock. Sob incontestável influência do produtor Jon Landau (e até que ponto espontânea), o resultado final é extremamente cativante e satisfatório. As versões divertidas para os clássicos "Tutti Frutti" e "Back in the USA" são provas cabais desta sentença.



As guitarras de Wayne Kramer e Fred 'Sonic' Smith estão especialmente saborosas, tanto nos riffs certeiros quanto nos solos envolventes. A seção rítmica formada pelo baterista Dennis Thompson e pelo baixista Michael Davis confere peso e intensidade de modo preciso.



Mas, para o RAC, os maiores destaques são a voz e a interpretação do grande vocalista Rob Tyner. Back in the USA é uma prova de como ele é subestimado.



As letras merecem uma conferida.



Misturando ritmo, peso e melodia, Back in the USA, apesar de curto, é extremamente cativante. "Tonight" é uma amostra fiel do que o MC5 era, bem como a visceral "The American Ruse". A ótima "Shakin' Street" representa a qualidade do álbum.



Mas o RAC elege a intimista "Let Me Try" (com uma soberba atuação de Tyner) e a violenta "Call Me Animal" como suas favoritas.



Enfim, concluindo, o MC5 foi uma força motriz do Rock norte-americano, vivendo intensamente tanto o lado político e ativista quanto sua explosão musical. Embora Kick Out the Jams seja mesmo o disco que melhor os represente, a qualidade inegável de Back in the USA faz justiça à banda formidável que eles formavam. Grupo obrigatório!


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