JEFF BECK - TRUTH (1968)

 


Truth
é o álbum de estréia do guitarrista britânico chamado Jeff Beck.
Seu lançamento original aconteceu em julho de 1968, através do selo
Epic/EMI. As garvações se concentraram entre 14 e 26 de maio de
1968, nos estúdios Abbey Road, Olympic and De Lane Lea; todos em
Londres, no Reino Unido. A produção ficou a cargo do lendário
Mickie Most.






Hora
do RAC tratar de um dos grandes nomes da
história do Rock, o lendário Jeff Beck. Vai se abordar os
antecedentes factuais da história antes de chegarmos às faixas do
disco.









Antecedentes






O
primeiro Jeff Beck Group foi formado em Londres, no início de
1967, e icontava com o guitarrista Jeff Beck, com o vocalista Rod
Stewart e com o guitarrista Ronnie Wood, mas com os baixistas e os
bateristas mudando regularmente.






Os
primeiros baixistas foram Jet Harris e Dave Ambrose, com Clem Cattini
e Viv Prince tentando tocar bateria. A formação passou por meses de
mudanças de pessoal, notadamente nada menos que quatro bateristas
antes de se decidirem por Aynsley Dunbar e mudarem Wood para o baixo.
Esta formação passou a maior parte de 1967 tocando no circuito de
clubes do Reino Unido e apareceu várias vezes na rádio BBC.






Beck
assinou um contrato de gestão pessoal com o produtor musical e
empresário Mickie Most, que não tinha interesse no grupo, mas
apenas em Beck como um artista solo.






Durante
1967, a banda lançou três singles na Europa e dois nos Estados
Unidos, o primeiro, "Hi Ho Silver Lining", sendo o mais bem
sucedido, alcançando a 14ª posição na parada de singles do Reino
Unido; ele incluía a instrumental "Beck's Bolero" como
lado B, que havia sido gravada vários meses antes.


Beck







A
formação para essa sessão de “Beck’s Bolero” incluía o
guitarrista Jimmy Page na guitarra base, John Paul Jones no baixo,
Keith Moon na bateria e Nicky Hopkins no piano.






Frustrado
porque a banda não estava tocando um blues rigoroso o suficiente
para seu gosto, o baterista Dunbar saiu e foi substituído por Roy
Cook para um show, antes de Stewart recomendar Micky Waller, um
colega de banda dele no Steampacket. Waller tocou com a banda durante
todo o ano de 1968 e início de 1969, e foi o baterista mais
duradouro desta fase.






Peter
Grant, um gerente de turnês na época, havia estado nos Estados
Unidos com a New Vaudeville Band, e estava ciente do novo formato de
rádio FM, voltado para shows e álbuns, que estava se desenvolvendo
por lá. Agora era possível formar uma banda sem usar a fórmula do
"single de sucesso".






Grant
percebeu que a banda de Beck era ideal para este mercado e tentou
várias vezes comprar o contrato com Beck do Mickie Most, que se
recusou a deixar o guitarrista ir embora. No início de 1968, a banda
estava pronta para desistir e, novamente, para seu crédito, Grant os
convenceu a não se separarem e reservou uma curta turnê nos EUA
para eles.


Rod Stewart







Beck
é citado como tendo dito "Nós estávamos literalmente
reduzidos a uma muda de roupa cada". A primeira parada que Grant
garantiu para eles foi na cidade de Nova York, para quatro shows no
Fillmore East, onde eles tocaram com o Grateful Dead. Eles,
aparentemente, tomaram a cidade de assalto. O New York Times publicou
o artigo de Robert Shelton: "Jeff Beck Group Cheered in Debut",
com a assinatura "British Pop Singers Delight Fillmore East
Audience" proclamando que Beck e seu grupo haviam ofuscado o
Grateful Dead.






As
críticas do The Boston Tea Party foram tão boas ou melhores: "No
momento em que ele chegou ao seu último número ... (os fãs)
estavam em um estado de pandemônio que não tinha sido visto desde
que os Beatles chegaram à cidade. ." Quando eles terminaram a
turnê no Fillmore West de San Francisco, Peter Grant garantiu um
contrato para um álbum com a Epic Records.






A
banda rapidamente retornou à Inglaterra para gravar o álbum Truth
(como Jeff Beck).






O
álbum






Depois
de deixar o Yardbirds no final de 1966, Jeff Beck lançou três
singles comerciais, dois em 1967 apresentando-se nos vocais e um sem
vocais em 1968. Todos foram sucessos na parada britânica de singles,
e todos foram caracterizados por canções destinadas à parada pop
no lado A (a mando do produtor Mickie Most).






Canções
baseadas em hard rock e blues foram apresentadas nos lados B, e para
a música do álbum, Beck optou por seguir o último caminho.






As
sessões de gravação do álbum ocorreram durante quatro dias, 14–15
de maio e 25–26 de maio de 1968. Nove faixas ecléticas foram
tiradas dessas sessões, incluindo covers de "Ol' Man River",
de Jerome Kern, a melodia do período Tudor "Greensleeves"
e "Morning Dew", de Bonnie Dobson, um single de sucesso de
1966 do Tim Rose.






Beck
adicionou dois blues gigantes de Chicago, ambas canções de Willie
Dixon - "You Shook Me" eternizada por Muddy Waters e "I
Ain't Superstitious", por Howlin' Wolf.


Mickey Waller







O
álbum começa com uma música da antiga banda de Beck: "Shapes
of Things". Três originais foram creditadas a "Jeffrey
Rod", um pseudônimo para Beck e Stewart, todas reformulações
de canções de blues anteriores: "Let Me Love You" a
canção de mesmo título de Buddy Guy; "Rock My Plimsoul"
de "Rock Me Baby" de B.B. King; e "Blues Deluxe"
semelhante a outra música de B.B. King, "Gambler's Blues".






"Plimsoul"
já havia sido gravada para o lado B do single "Tallyman",
de 1967, e a décima faixa, uma instrumental com Jimmy Page, John
Paul Jones, Keith Moon e o futuro pianista do grupo de Beck, o grande
Nicky Hopkins, chamada "Beck's Bolero" , foi editada e
remixada para estéreo do lado B de "Hi Ho Silver Lining".
Devido a conflitos contratuais, Moon foi creditado no álbum original
como "You Know Who".






Vamos
às faixas:






SHAPES
OF THINGS






A
canção faz bem a fusão do Blues com o Hard Rock em um grande
trabalho de Beck nas guitarras.






A
letra fala sobre transformação:






Shapes
of things before my eyes,


Just
help me to despise.


Will
time make men more wise?






A
faixa é um cover da canção lançada originalmente pelos Yardbirds.






LET
ME LOVE YOU






Um
Beck infernal e uma atuação impecável de Stewart fazem desta uma
das melhores canções do álbum.






A
letra fala sobre uma mulher:






(Over
here)


Let
me love you baby,


You're
drivin' my poor heart crazy.






MORNING
DEW






Morning
Dew” é mais lenta, mas com guitarras bem distorcidas.






A
letra explana sobre tristeza:






Thought
I heard a young girl crying.


Thought
I heard a young girl crying.


You
did not hear no young girl crying.


You
did not hear no young girl crying.






Esta
é uma versão cover para uma canção composta pela canadense Boonie
Dobson.






YOU
SHOOK ME






A
incrível versão para “You Shook Me” possui o piano de Nick
Hopkins simplesmente infernal.






A
letra é divertida:






I
have a bird that whistles


And
I have birds that sing


I
have a bird that whistles


And
I have birds that sing, ha ha ha ha ha ha


I
have a bird, won't do nothing, ohhhhh


Oh
oh, buy a diamond ring, yeah






Este
é mais um cover para uma canção originalmente composta pelo
lendário Willie Dixon.






OL’
MAN RIVER






O
grande destaque de “Ol’ Man River” são os vocais de Rod
Stewart.






A
letra menciona um homem experiente:






You
and me, we sweat and toil,


Our
bodies all achin' and racked with pain, now listen!


Lift
that bar, you'd better, tote that bail,


And
if ya' get a little drunk,


You'll
land in jail.






Trata-se
de outra versão, desta feita para a composição “Ol’ Man
River”, escrita para um musical.


Jeff Beck







GREENSLEEVES






Pequena
faixa instrumental, introspectiva, com Beck ao violão.






ROCK
MY PLIMSOUL






Nesta
composição, a banda traz novamente o Blues e o Hard Rock em
conjunto.






A
letra tem teor sexual:






You
can roll me, just like they roll the wagon wheel


Way
down in the country


Keep
on rollin' me baby, roll me all night long


You
know, you can shake, rattle, and roll me


till
my back it ain't got a bone


And
I won't mind that! Yeah!






BECK’S
BOLERO






Beck’s
Bolero” é uma intensa e brilhante canção instrumental.






BLUES
DELUXE






Beck,
Stewart e Hopkins brilham intensamente na sensacional “Blues
Deluxe”, uma faixa que beira os 8 minutos de um Blues Rock soberbo.






A
letra fala sobre sofrimento por amor:






I
sit here in my lonely room,


Tears
flowing down my eyes.


As
I sit here in my lonely room,


Tears
flowing on down my eyes,


I
wonder how you could treat me so low-down and dirty.


You
know what? Your heart must be made out of iron,


And
it ain't no lie.






I
AIN’T SUPERSTITIOUS






A
música que encerra o disco é pesada e intensa.






A
letra é bem divertida:






Ain't
superstitious,


black
cat crossed my trail.


I
ain't superstitious,


but
a black cat crossed my trail.


Bad
luck ain't got me so far,


and
I won't let it stop me now.


The
dogs begin to bark,


all
over my neighborhood.


And
that ain't all.


Dogs
begin to bark,


all
over my neighborhood.






Trata-se
de outro cover do grande Willie Dixon.






Considerações
Finais






Embora
não tenha repercutido na parada britânica, Truth atingiu a
15ª colocação na Billboard 200.






Resenhando
para a Rolling Stone, em 1968, Al Kooper chamou Truth de um
"clássico" e uma versão contemporânea do Blues
Breakers,
de 1966, com Eric Clapton.


Ron Wood





Truth
desde então tem sido considerado um trabalho seminal do heavy metal
por causa de seu uso do blues em direção a uma abordagem hard rock.






A
revista Classic Rock classificou Truth em oitavo lugar em sua
lista dos 30 maiores álbuns britânicos de blues rock.




Em
10 de outubro de 2006, a Legacy Recordings remasterizou e relançou o
álbum em CD com oito faixas bônus, incluindo dois takes anteriores
de "You Shook Me" e "Blues Deluxe", a última sem
os aplausos em overdub.






As
faixas de Truth foram gravadas em duas semanas, com overdubs
adicionados no mês seguinte. A maioria estava ocupada com outros
projetos na época e delegou a maior parte do trabalho a Ken Scott,
que basicamente gravou a banda tocando seu set ao vivo no estúdio.






O
amplificador de Beck era aparentemente tão alto que foi gravado de
dentro de um armário. A formação extra para essas sessões incluía
John Paul Jones no órgão Hammond, o baterista Keith Moon e Nicky
Hopkins ao piano.






O
grupo principal, anunciado como "Jeff Beck Group",
retornou aos EUA para uma turnê para promover o lançamento de
Truth. O fã de longa data de Beck, Jimi Hendrix, tocou
com a banda no Cafe Wha durante esta e suas próximas turnês.




Eles
embarcaram em sua terceira turnê em dezembro de 1968 com Hopkins
que, embora com problemas de saúde, decidiu que queria tocar ao
vivo. Ele aceitou o convite de Beck, mesmo tendo recebido mais
dinheiro do Led Zeppelin.






Mesmo
com suas melhores intenções, a última etapa da turnê foi
interrompida por doença. Beck então adiou uma quarta turnê nos
Estados Unidos em fevereiro de 1969. Isso também porque ele sentiu
que eles não deveriam continuar tocando o mesmo material sem nada de
novo para acrescentar.






Novo
material foi escrito, Waller foi substituído pelo baterista Tony
Newman e Wood foi demitido, apenas para ser recontratado quase
imediatamente. O sucesso de Truth despertou novo interesse de
Most e eles gravaram um novo álbum: Beck-Ola, de 1969.









Formação:


Jeff
Beck – Guitarras, Violão em "Greensleeves"; Baixo em
"Ol' Man River"; Vocal em "Let Me Love You"


Rod
Stewart – Vocal


Ronnie
Wood – Baixo


Micky
Waller – Bateria


Músicos
Adicionais:


John
Paul Jones – Baixo em "Beck's Bolero"; Hammond em "Ol'
Man River" e "You Shook Me"


Nicky
Hopkins – Piano em "Morning Dew", "You Shook Me",
"Beck's Bolero" e "Blues Deluxe"


"You
Know Who" (Keith Moon) – Bateria em "Beck's Bolero";
Timpani em "Ol' Man River"






Faixas:


01.
Shapes of Things (McCarty/Relf/Samwell-Smith) - 3:22


02.
Let Me Love You (Beck/Stewart) - 4:44


03.
Morning Dew (Dobson) - 4:40


04.
You Shook Me (Dixon/Lenoir) - 2:33


05.
Ol' Man River (Kern/Hammerstein II) - 4:01


06.
Greensleeves (Traditional) - 1:50


07.
Rock My Plimsoul (Beck/Stewart) - 4:13


08.
Beck's Bolero (Page) - 2:54


09.
Blues Deluxe (Beck/Stewart) - 7:33


10.
I Ain't Superstitious (Dixon) – 4:53






Letras:


Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/jeff-beck/#I






Opinião
do Blog:


Apesar
de ser creditado como Jeff Beck, não se engane: Truth é a
estreia do Jeff Beck Group.






Claro,
Jeff Beck é o protagonista com seu talento indiscutível e abordagem
única na forma de tocar guitarra e este talento está explícito por
todo o álbum. Contudo, Beck divide seu protagonismo.






Rod
Stewart, um vocalista simplesmente espetacular, empresta sua poderosa
e inconfundível para elevar ainda mais as possibilidades das
canções, transmitindo intensidade para as músicas. Nas faixas em
que aparece, o extraordinário Nick Hopkins também brilha
intensamente.






Desta
forma, a banda traz para o Blues uma veia pesada, em uma espécie de
‘proto-Hard Rock’, dando um passo à frente no caminho em que
Yardbirds, Cream e Hendrix haviam iniciado.






Entre
faixas memoráveis temos “Let Me Love You”, a versão
inacreditável para “You Shook Me” e nossa preferida, “Blues
Deluxe”. Mas não há nenhuma canção descartável no disco.






Enfim,
a estreia de Jeff Beck (e do Jeff Beck Group) é um dos
grandes álbuns da história do Rock e apontava para o futuro do
estilo na década seguinte. Com um timaço de músicos de primeira,
Truth é um registro único de vários talentos virtuosos em
favor da música.

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