BLUE MURDER - BLUE MURDER (1989)


Blue
Murder é o álbum de estreia do grupo britânico homônimo,
evidentemente, o Blue Murder. Seu lançamento oficial aconteceu em 24
de abril de 1989, através do selo Geffen Records. As gravações
ocorreram entre 1988 e 1989, nos estúdios Little Mountain Sound
Studios, em Vancouver, no Canadá. A produção ficou a cargo do
renomado Bob Rock.






O
Rock: Álbuns Clássicos vai visitar um dos
grandes álbuns do Hard Rock dos anos 1980, contando os antecedentes
para depois se ater às faixas.







Formação do Blue Murder






Em
1986, o guitarrista John Sykes foi demitido do lendário grupo
Whitesnake pelo vocalista David Coverdale.






Sykes
havia acabado de gravar o álbum homônimo da banda, o qual se
tornaria um gigantesco sucesso comercial. Após a demissão, ele
retornou para sua casa em Blackpool, na Inglaterra, onde começou a
compor canções novamente.


John Sykes







Em
fevereiro de 1987, Sykes começou a formar um novo conjunto. O
lendário baterista Cozy Powell foi o primeiro a se juntar, pois
havia tocado com Sykes, no Whitesnake, entre 1984 e 1985. Em
seguida, chegariam o baixista Tony Franklin, ex-The Firm, e
por último o vocalista Ray Gillen, que já havia sido o vocalista do
Black Sabbath por um curto período.






Depois
de solidificar sua formação inicial, a banda gravou algumas demos e
as enviou para a Geffen Records, com quem Sykes já havia trabalhado
como membro do Whitesnake. Antes disso, Sykes havia enviado a
Geffen suas primeiras gravações demo, nas quais o próprio John
estava nos vocais principais.






Por
acaso, o executivo da Geffen, John Kalodner, preferiu os vocais de
Sykes aos de Gillen, paralelamente ao fato de que estavam acontecendo
divergências sobre a abordagem musical e vocal das músicas entre
Ray e John.






Eventualmente,
Gillen saiu da banda depois de apenas alguns meses. Em meados de
1987, o grupo assinou contrato com a Geffen Records, mas quando
começaram a procurar um novo vocalista, Cozy Powell também saiu do
conjunto abruptamente para se juntar ao Black Sabbath, pois
estava frustrado com o lento progresso da banda.






A
banda foi abordada pelo baterista Carmine Appice, que já havia
tocado com Rod Stewart, Vanilla Fudge e King Kobra,
entre outros. Também na disputa pela vaga estava o ex-baterista do
Journey e ex-colega de banda de Sykes no Whitesnake,
Aynsley Dunbar, mas no final o trabalho ficou mesmo com Appice.






No
início de 1988, o ex-vocalista do Black Sabbath, Tony Martin,
foi escolhido como o novo ‘frontman’ da banda, mas quando eles
estavam prestes a ir para Vancouver para gravar seu álbum de
estreia, Martin acabou desistindo. O resto do grupo decidiu seguir em
frente, imaginando que sempre poderiam encontrar um vocalista
posteriormente.


Tony Franklin







O
álbum de estreia






Incapazes
de encontrarem um vocalista, a banda foi para o estúdio como um
‘power trio’, com Sykes nas guitarras e vocais, Appice na bateria
e Franklin no baixo.






A
banda entrou no Little Mountain Sound Studios, em fevereiro de 1988,
para gravar seu álbum de estreia. Bob Rock foi escolhido para
produzi-lo, tendo trabalhado anteriormente com Sykes no álbum
homônimo do Whitesnake.






Atuando
como engenheiro de som estava Mike Fraser, que também mixou o disco.
David Donnelly supervisionou o processo de masterização. O
tecladista Nik Green também foi convidado para tocar no álbum.






Devido
aos compromissos já firmados anteriormente pelo Bob Rock com o Bon
Jovi
e o The Cult, a gravação foi interrompida após
seis semanas, o que permitiu que a banda fizesse mais testes com
outros vocalistas, entre os quais estavam David Glen Eisley e Derek
St. Holmes.






Incapazes
de concordarem com um frontman, Sykes acabou sendo persuadido por
John Kalodner e peloo resto da banda a assumir o papel de vocalista.
Não tendo nenhum tipo de treinamento vocal adequado, Sykes
inicialmente lutou para cantar as faixas, mas acabou se adaptando,
aproveitando o que aprendeu trabalhando com David Coverdale e com o
vocalista do Thin Lizzy, Phil Lynott.






Por
sugestão de Franklin, a banda foi nomeada de Blue Murder, em
homenagem à expressão britânica "scream blue murder".






O
logotipo da banda foi desenhado pela artista gráfica Margo Chase.






O
encarte do álbum apresentava fotografias da banda vestida com trajes
de pirata. Originalmente, o grupo desejava uma foto simples em preto
e branco, mas a Geffen insistiu em fotografar em cores. Quando
perguntado por que eles estavam vestidos de piratas, Sykes respondeu
brincando: "Você sabe, agora há tantas capas de álbuns com
fotos brilhantes de roupas da moda; melhores roupas de piratas
então!"






O
álbum foi dedicado a Phil Lynott, que havia morrido em 1986. Embora
não tenha sido inicialmente planejado, Sykes sentiu que "era a
coisa certa a fazer" depois que o álbum foi finalizado.






A
intenção de Sykes com o Blue Murder era criar um disco mais
pesado do que o álbum homônimo do Whitesnake, embora
mantivesse um pouco do mesmo groove e da mesma vibe. Em entrevista à
revista Metal Shock, Sykes se referiu à música da banda como "funk
pesado".






A
música "Billy" foi descrita por Sykes como sua "faixa
Thin Lizzy", com letras inspiradas no filme White Heat,
de 1949. A faixa-título do álbum foi caracterizada, por John, como
uma "história policial". Ele também comentou como a
música o lembrava mais de seu tempo com o Thin Lizzy.


Carmine Appice







Apesar
de ser creditado como compositor em "Valley of the Kings",
Tony Martin afirmou que ele realmente coescreveu uma parte
significativa do disco com Sykes, mas não foi creditado.






Vamos
às faixas:






RIOT






Riot”
possui um refrão interessante, em um clima que realmente lembra o
Whitesnake do fim da década de 80.






A
letra fala sobre violência:






The
boy was running he had nowhere left to hide


They
cut him down to the ground


Still
they didn't find the knife


They
say it's murder


Murder
in the first degree


They
have no suspect, now those hound dogs follow me






SEX
CHILD






Sex
Child” é mais cadenciada, mas com ótimo trabalho das guitarras de
Sykes.






A
letra possui cunho sexual:






Yeah
yeah


Ooh,
sex child


Gonna
slip 'n' slide gonna come inside girl


Yeah
yeah


Ooh,
sex child


Yeah
yeah


Sweet
little momma gonna keep you satisfied






VALLEY
OF THE KINGS






Valley
of the Kings” é mais longa e conta com um tom mais sóbrio, sendo
um dos pontos mais altos do disco.






A
letra fala sobre uma batalha épica:






No
way out of this place you gotta work until it's over


See
the fire in the sky, in glory die


Cry
if you must but die you will


The
valley of the kings will still be built


See
the fire in the sky, in glory die






Valley
of the Kings” foi lançada como single, mas não repercutiu nas
principais paradas de sucesso desta natureza.






JELLY
ROLL






Jelly
Roll” flerta com o Blues, tendo um ritmo bem malemolente.






A
letra fala sobre uma garota:






I
don't need no doctor


I
don't need no priest


All
I need is my baby girl


To
bring it on home to me


I
just need her loving each and every day


Only
she can set me free and take these old blues away, yeah


Take
em away






Jelly
Roll” foi outro single retirado do álbum e que também não
impactou as principais paradas desta natureza.






BLUE
MURDER






Blue
Murder” é bem Glam Metal, sendo um música com bastante cara dos
anos 80.






A
letra mostra um eu lírico desesperado:






I'm
rolling in money I'm down on the floor


Smashing
the windows and kicking the doors


They'll
take me alive and that's all that I'll fear


They're
getting so close but all I can hear is









OUT
OF LOVE






Out
of Love” é uma balada, mas pouco inspirada.






A
letra fala sobre um sofrimento amoroso:






When
times were hard we struggled through


A
long long time ago


But
things have changed, much more than this


I
never thought you'd go


Taken
in, my tears subside, I'm feeling lost


Can
I survive without you,


I'm
outta love again


My
heart it cries out in pain






BILLY






Billy”
é mais rápida e direta, contando com teclados bem proeminentes.






A
letra fala sobre um relacionamento conturbado:






I'll
tell you, girl, if we make it to the borderline


We
will be free just you and me


I
swear I will make you mine


`Til
the end of our time






PTOLEMY






Ptolemy”
também conta com ótimas
guitarras de Sykes.






A
letra fala sobre um eu lírico ameaçado:






Standing
in the shadows there's a real mean guy


And
I don't know if I'll make it


And
I don't know if I'm gonna die tonight






BLACK-HEARTED
WOMAN






Black-Hearted
Woman” encerra o álbum com bastante energia e intensidade.






A
letra fala sobre uma garota sorrateira:






When
she walked in the room I was drawn


Like
a fool almost hypnotized


You
made my heart beat, baby, like never, never before


Underneath
her disguise I saw trouble and lies


But
I walked right in


She
said tonight I'm gonna make you push it


And
that's the score






Considerações
Finais






Blue
Murder
acabou alcançando a
45
a
posição da principal parada britânica de discos e a 69ª colocação
de sua correspondente, a Billboard 200.






As
críticas contemporâneas para o álbum foram em sua maioria
positivas. Paul Suter, do Raw, deu a
Blue
Murder
uma classificação
de dez em dez, e o chamou de "um dos melhores discos de uma
era". Warren J. Rhodes, escrevendo para o The California Aggie,
chamou o álbum de "excelente", enquanto Neil Jeffries, da
Kerrang!, saudou-o como uma "obra-prima", dando-lhe uma
pontuação perfeita.






As
revisões retrospectivas do álbum são amplamente positivas, e o
disco conquistou um pequeno culto de seguidores. Eduardo Rivadavia,
do AllMusic, elogiou a musicalidade da banda e comentou a
atemporalidade do álbum que "suportou muito melhor do que a
maioria dos álbuns de heavy metal de estilo semelhante da época".
O famoso Eddie Trunk também destacou o álbum em seu livro de 2011,
Eddie Trunk's Essential Hard Rock and Heavy Metal.






Para
promover o disco, a banda fez aparições no Hard 60, da MTV, e no
The Big Al Show, apresentado por "Weird Al" Yankovic. O
conjunto embarcou para uma turnê americana, em suporte ao
Bon
Jovi
. Depois, eles se
apresentaram em uma turnê tripla com Billy Squier e
King's
X
.






O
Blue Murder
também tocou em várias datas nos Estados Unidos e no Japão. Devido
a problemas de gerenciamento não especificados, uma turnê européia
nunca se materializou.






Em
2013,
Blue Murder
foi relançado pela Rock Candy Records. A reedição contou com uma
versão remasterizada do álbum, um ensaio de 3.500 palavras de
Malcolm Dome e uma entrevista com John Sykes. As prensagens iniciais
listaram uma décima música, intitulada "Cold Harbor",
como parte do conteúdo. Este foi, no entanto, um erro de impressão
e nenhuma nova canção aparece no álbum.






O
sucesso de
Blue
Murder
ficou aquém
das expectativas, já que as vendas de seu álbum de estreia
decepcionaram tanto a banda quanto a gravadora. Sykes sentiu que a
Geffen não promoveu adequadamente o grupo e também especulou que o
peso do disco e a falta de um single de sucesso contribuíram para o
seu fracasso. John Kalodner sentiu que o fracasso do
Blue
Murder
se resumia ao fato
de John Sykes não ser um frontman forte o suficiente.






Em
1993, sairia o segundo álbum de estúdio da banda,
Nothin’
But Trouble
.









Formação:


John
Sykes – Guitarras, Vocal, Backing Vocals


Tony
Franklin – Baixo, Backing Vocals


Carmine
Appice – Bateria, Backing Vocals


Músicos
adicionais:


Nik
Green – Teclados






Faixas:


1.
Riot (Sykes) - 6:22


2.
Sex Child (Sykes) - 5:51


3.
Valley of the Kings (Sykes/T. Martin) - 7:51


4.
Jelly Roll (Sykes) - 4:44


5.
Blue Murder (Sykes/Appice/Franklin) - 4:54


6.
Out of Love (Sykes) - 6:44


7.
Billy (Sykes) - 4:12


8.
Ptolemy (Sykes) - 6:30


9.
Black-Hearted Woman (Sykes) – 4:48






Letras:


Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/blue-murder/






Opinião
do Blog:


A
estreia do Blue Murder, em seu autointitulado álbum, é uma
amostra de que a presença de músicos talentosos nem sempre
representa sucesso comercial.






Claro,
John Sykes sempre foi um ótimo guitarrista, bem como Appice e
Franklin são uma seção rítmica invejável. Mas a inexperiência
de Sykes como vocalista, inegavelmente, prejudicou as possibilidades
de um melhor resultado para o disco.






As
composições são boas, inspiradas em muito no sucesso estrondoso de
1987, do Whitesnake, do qual Sykes foi parte
fundamental. A fusão do Hard & Heavy, com ênfase no
instrumental, é apimentada e é envolvente. Entretanto, um vocalista
mais completo e com maiores capacidades elevariam exponencialmente as
potencialidades das canções. Isto fica evidentes em faixas como
“Sex Child”, uma composição incrível, mas com vocais apenas
‘ok’ de Sykes.






Mas,
claro, há ótimas canções como “Black-Hearted Woman”, “Riot”
e, principalmente, “Jelly Roll”.






Enfim,
a estreia do Blue Murder demonstra uma banda muito competente,
repleta de talento, mas cujas precipitações em seu planejamento
impediram um maior sucesso comercial. Mesmo assim, é um álbum que
merece ser ouvido e avaliado.






Texto
originalmente publicado na Consultoria do Rock.

Comentários