Iron
Maiden é o primeiro álbum de estúdio da banda inglesa de mesmo
nome, ou seja, o Iron Maiden. Seu lançamento oficial aconteceu em 14
de maio de 1980, através do selo EMI Records. As gravações
ocorreram no Kingsway Studios, em janeiro daquele mesmo ano. A
produção ficou por conta de Will Malone.
IRON MAIDEN - IRON MAIDEN (1980)
Iron
Maiden é o primeiro álbum de estúdio da banda inglesa de mesmo
nome, ou seja, o Iron Maiden. Seu lançamento oficial aconteceu em 14
de maio de 1980, através do selo EMI Records. As gravações
ocorreram no Kingsway Studios, em janeiro daquele mesmo ano. A
produção ficou por conta de Will Malone.
O
Iron Maiden volta ao Blog com seu debut, sendo uma boa oportunidade
para se passar pelos primórdios da banda. Depois, como é tradição,
percorrer-se-á as faixas do trabalho.
O
Iron Maiden foi formado no dia de Natal do ano de 1975, pelo baixista
Steve Harris, logo depois que ele deixou seu grupo anterior, o
Smiler. Harris atribuiu o nome da banda devido a uma adaptação
cinematográfica de O Homem da Máscara de Ferro, baseada no
romance de Alexandre Dumas, cujo título lhe lembrava um dispositivo
de tortura conhecido no Reino Unido como iron maiden.
Depois
de meses de ensaio, o Iron Maiden fez sua estréia em St. Nicks Hall
in Poplar, em 1º de maio de 1976, antes de assumir uma quase
residência no Cart and Horses Pub, em Maryland Point, Stratford.
O
line-up original não durou muito tempo, pois o vocalista Paul Day
acabou sendo a primeira vítima já que, de acordo com Harris,
faltava-lhe “energia e carisma no palco”. Ele foi substituído
por Dennis Wilcock, um fã declarado do KISS e que usava maquiagem e
sangue falso durante as performances ao vivo.
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Steve Harris |
Um
amigo de Wilcock, chamado Dave Murray, foi convidado a participar da
banda, para o desespero dos guitarristas do grupo, Dave Sullivan e
Terry Rance. O conjunto de insatisfação e frustração levou a
Harris dissolver temporariamente o Iron Maiden, em 1976.
O
grupo foi reformado logo depois, com Murray como o único
guitarrista. Steve Harris e Dave Murray permanecem os membros mais
antigos da banda e únicos a terem participado de todos os seus
lançamentos.
O
Iron Maiden recrutou mais um guitarrista em 1977, Bob Sawyer, que foi
demitido por envergonhar a banda no palco, fingindo tocar guitarra
com os dentes. A tensão continuava, causando um racha entre Murray e
Wilcock, o qual convenceu Harris a demitir o guitarrista, bem como o
baterista original, Ron Matthews.
A
nova line-up foi colocada em prática, incluindo o futuro tecladista do
Cutting Crew, Tony Moore; Terry Wapram na guitarra e o baterista
Barry Purkis. Um mau desempenho no Bridgehouse, um pub localizado em
Canning Town, em novembro de 1977, foi o primeiro e único show com
esta formação e levou a Purkis ser substituído por Doug Sampson.
Ao
mesmo tempo, Moore foi 'convidado' a deixar a banda, pois Harris
decidiu que os teclados não combinavam com a sonoridade do grupo.
Alguns meses mais tarde, Dennis Wilcock decidiu que ele tinha perdido
bastante tempo com o grupo e saiu para formar a sua própria banda, o
V1, e Dave Murray foi imediatamente reintegrado ao Iron Maiden.
Como
Dave preferia ser o único guitarrista da banda e Wapram desaprovava
o retorno de Murray, Terry também foi demitido.
Steve
Harris, Dave Murray e o baterista Doug Sampson passaram o verão e o
outono ingleses de 1978 ensaiando, enquanto procuravam um vocalista
para completar a nova line-up da banda. Um encontro casual no
pub Red Lion, em Leytonstone, em novembro de 1978, evoluiu para uma
audição bem-sucedida com o vocalista Paul Di'Anno.
Steve
Harris afirmou: “Há uma espécie de qualidade na voz de Paul, uma
rispidez em sua voz, ou o que você quiser chamá-la, que apenas
deu-lhe esta grande margem”.
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Paul Di'Anno |
Naquele
momento, Murray normalmente seguiu como o único guitarrista, com
Harris comentando, “Dave era tão bom que poderia fazer um monte de
coisas por conta própria. O plano sempre foi ter um segundo
guitarrista, mas encontrar um que poderia combinar com Dave era
realmente difícil”.
Na
véspera de final de ano de 1978, o Iron Maiden gravou uma demo,
composta por quatro músicas, no Spaceward Studios, em Cambridge. A
esperança era que a gravação fosse ajudá-los a garantir mais
shows.
A
banda apresentou uma cópia para Neal Kay, quem geria um clube de
Heavy Metal chamado Bandwagon Heavy Metal Soundhouse,
localizado em Kingsbury Circle, no noroeste de Londres.
Após
ouvir a fita, Kay começou a tocar a demo regularmente no Bandwagon,
e uma das músicas, "Prowler", acabou atingindo 1º lugar na
parada chamada Soundhouse, que era publicada semanalmente na revista
Sounds.
Uma
cópia também foi adquirida por Rod Smallwood, que logo acabou se
tornando o empresário da banda, e, como a popularidade do Iron
Maiden só aumentava, eles lançaram uma demo na sua própria
gravadora, batizada de The Soundhouse Tapes, em homenagem ao
clube.
Com
apenas três faixas (uma canção, "Strange World", foi
excluída, pois a banda estava insatisfeita com sua produção) todas as cinco mil cópias foram vendidas dentro de algumas semanas.
Todas
as 3 canções presentes na The Soundhouse Tapes foram
compostas pelo baixista Steve Harris. Eram elas: “Iron Maiden”,
“Invasion” e “Prowler”.
Em
dezembro de 1979, a banda fechou contrato com uma grande gravadora, a
EMI, e pediu ao amigo de infância de Dave Murray, de nome Adrian
Smith, para se juntar ao grupo como seu segundo guitarrista.
Smith
declinou do pedido, pois estava ocupado com sua própria banda, o
Urchin, e, assim, o Iron Maiden terminou contratando o guitarrista
Dennis Stratton. Pouco tempo depois, Doug Sampson deixou o conjunto
devido a problemas de saúde e foi substituído pelo baterista Clive
Burr, ex-Samson, por sugestão de Stratton, em 26 de dezembro de
1979.
A
primeira aparição do Iron Maiden em um álbum foi na coletânea
chamada Metal for Muthas (lançada em 15 de fevereiro de
1980), com duas versões prévias de "Sanctuary" e
"Wrathchild".
O
lançamento da compilação levou a uma turnê a qual contou com
várias outras bandas relacionadas com o movimento que ficou
conhecido como New Wave Of British Heavy Metal, ou NWOBHM.
Para
seu álbum de estreia, o produtor foi Will Malone, que o Iron Maiden,
desde então, alegou não possuir interesse no projeto e efetivamente
deixou que a própria banda produzisse a maior parte do disco por si
mesma, que, de acordo com o baixista Steve Harris, foi concluído em
apenas 13 dias.
A
gravação ocorreu no Kingsway Studios, oeste de Londres, em janeiro
de 1980, com a banda se ausentando em alguns momentos por conta da
supracitada turnê Metal for Muthas, concluindo as mixagens
finais no Morgan Studios, no noroeste de Londres, em fevereiro
daquele ano.
Antes
das sessões com Malone, a banda fez duas tentativas, em dezembro de
1979, com dois produtores diferentes, enquanto ainda era um quarteto.
Guy
Edwards, o primeiro produtor, foi demitido, pois a banda estava
descontente com a qualidade 'enlameada' de sua produção. Já o
segundo, Andy Scott, também foi dispensado após insistir que Harris
usasse uma palheta, em vez de seus dedos, para tocar seu baixo.
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Dave Murray, Steve Harris e Dennis Stratton |
Após
esses esforços, a banda decidiu não despedir Malone. O grupo
criticou a qualidade da produção, embora muitos fãs ainda prefiram
a qualidade sonora mais crua da gravação.
A
capa do primeiro álbum iniciou uma intensa parceria com o artista
Derek Riggs. Quando a banda assinou contrato com a gravadora EMI, o
empresário do grupo, Rod Smallwood, sugeriu que a banda deveria
possuir uma marca única, que a diferenciasse das outras. Eis que
surgiu a ideia de um mascote.
Derek
Riggs foi quem criou o Eddie The Head, a mascote do grupo, a qual se
tornaria praticamente sinônimo de Iron Maiden e que estampa a capa
de seu primeiro disco.
Vamos
às faixas:
PROWLER
Um riff bastante criativo é a base da primeira canção do álbum. A faixa combina certa velocidade com muita intensidade. Uma das marcas da banda, a onipresença do baixo de Steve Harris, já dá as caras e comanda o andamento da música. Uma atuação agressiva do vocalista Paul Di'Anno é outro ponto alto. Excelente!
A
letra é simples e fala sobre juventude:
Walking
through the city, looking oh so pretty
I've
just got to find my way
See
the ladies flashing
All
there legs and lashes
I've
just got to find my way
REMEMBER
TOMORROW
A introdução de "Remember Tomorrow" é comandada pelo baixo de Steve Harris e o ritmo é lento, muito melódico, leve, mas com o clima sombrio. A atuação de Di'Anno é mais contida, casando-se perfeitamente com o instrumental. A faixa, aos poucos, transforma-se no Metal típico da New Wave of British Heavy Metal. Ótima composição.
A
letra possui um tom de resignação:
Tears
for remembrance, and tears for joy
Tears
for somebody and this lonely boy
Out
in the madness, the all seeing eye
Flickers
above us, to light up the sky
RUNNING
FREE
"Running Free" possui uma pegada interessantíssima, construindo a fusão do Heavy Metal típico do Iron Maiden com o Rock clássico. O riff base da música é muito criativo e a seção rítmica dita o andamento da faixa de maneira muito presente. Cadenciada, melódica e 'caótica', esta canção é um clássico. Ótima atuação de Di'Anno.
Obviamente,
o sentido da letra é por liberdade:
Just
sixteen, a pickup truck
Out
of money, out of luck
I've
got nowhere to call my own
Hit
the gas, and here I go
“Running
Free” é um clássico do Iron Maiden.
Lançada
como single, atingiu a 34ª posição da principal parada britânica
desta natureza.
De
acordo com o vocalista Paul Di'Anno, que escreveu a letra da canção,
é "uma canção muito autobiográfica, embora, naturalmente, eu
nunca passei a noite em uma prisão de Los Angeles. É sobre ter 16
anos e, como ela diz, apenas correndo selvagem e correndo livre. Ela
vem de meus dias como skinhead".
A
canção é conhecida por ser uma das composições com pegada mais
de Rock tradicional da banda, que Mick Wall descreve como "Iron
Maiden em sua apoteose punk-metal".
Esporadicamente,
ainda aparece nos set lists da banda.
A
arte da capa do single é notoriamente conhecida como a primeira
aparição oficial da mascote do Iron Maiden, Eddie, embora seu rosto
esteja obscurecido, pois a banda não queria que ele fosse
apresentado até o lançamento do álbum (o single foi lançado em
fevereiro, 2 meses antes do disco).
Vários
nomes de banda (como Scorpions, Judas Priest , AC/DC, Sex Pistols e
Led Zeppelin) são pintadas com tinta spray na parede atrás do jovem
na imagem, assim como a palavra "Hammers", uma homenagem ao
West Ham United (time de coração do baixista Steve Harris).
Ironicamente,
a arte da capa do single ao vivo (lançado em 1985) é a primeira que
não apresenta o Eddie, pois mostra uma imagem real da banda no
palco.
A
faixa "Burning Ambition", que é o lado B do single, foi
gravada no final de novembro 1979, no Wessex Studios com o produtor
Guy Edwards, enquanto a banda possuía 4 membros, pouco antes das contratações de Dennis Stratton e Clive Burr. É uma das primeiras
composições de Harris, escrita por volta do tempo em que ele estava
em uma banda chamada Gypsy's Kiss. É uma das poucas gravações do
grupo com Doug Sampson na bateria.
PHANTOM
OF THE OPERA
"Phantom of the Opera" supera a casa dos 7 minutos e é a maior composição do disco de estreia do Iron Maiden, ao menos em duração. Uma das características mais marcantes desta faixa é sua estrutura de "caos", contando com mudanças de ritmo e velocidade. A única constante na canção são a intensidade e o peso. O solo de guitarra próximo dos 3 minutos de duração é belíssimo. Destaque absoluto para o baixo de Harris. É uma amostra de que o Rock Progressivo foi uma das influências em Steve Harris.
A
letra é aterrorizante:
I'm
running and hiding in my dreams you're always there
You're
the phantom of the opera, you're the devil, you're just out to scare
You
damaged my mind and my soul it just floats through the air
Haunt
me, you taunt me, you torture me back at your lair
Claramente
baseada no clássico escrito por Gaston Leroux, "Phantom of the
Opera" é também uma das favoritas pessoais de Steve Harris e
ainda é tocada ao vivo com alguma frequência. Com pitadas de humor
e de mudanças de tempo, Harris marca-a como “a primeira música
que eu havia composto que era um pouco mais proggy”.
TRANSYLVANIA
"Transylvania" é uma música instrumental curta, com pouco mais de 4 minutos, que apresenta o Iron Maiden apostando em um Heavy Metal com doses equilibradas de peso e velocidade. A aposta em um ritmo mais cadenciado se demonstra acertada, embora em algumas passagens o andamento acelere.
"Transylvania"
é uma peça instrumental, composta por Harris, que mais tarde foi
'coverizada' pelo Iced Earth no álbum Horror Show, de 2001.
STRANGE
WORLD
"Strange World" possui uma melódica e arrastada introdução, superando 1 minuto e meio, contando com uma pegada lenta e praticamente sem peso. O clima soa melancólico e triste, sendo confirmado pela atuação vocal de Di'Anno, a qual transmite toda essa atmosfera mais depressiva. É, na realidade, uma balada, mas que fica devendo um pouco.
A
letra tem uma pegada sobre solidão:
The
only place where you can dream
Living
here is not what it seems
Ship
of white light in the sky
Nobody
there to reason why
Embora
creditada como uma composição apenas de Steve Harris, Paul Day, o
vocalista original da banda entre 1975 e 1976, afirmou que também
contribuiu para a música. É a única canção do álbum que não
foi regravada em nenhuma oportunidade pelo vocalista Bruce Dickinson.
CHARLOTTE
THE HARLOT
Rápida, intensa e criativa; assim é a clássica "Charlotte The Harlot". O riff principal da música é muito simples, mas cheio de ritmo e velocidade, dando à composição toda a ferocidade característica do Iron Maiden. O refrão é ótimo. O solo de guitarra aos 3 minutos é excelente!
A
letra fala sobre uma prostituta:
Taking
so many men to your room, don't you feel no remorse?
You
charge them a fiver, It's only for starters
And
ten for the main course
And
you've got no feelings, they died long ago
“Charlotte
The Harlot”, a única canção creditada a Dave Murray sozinho, é
a primeira de quatro faixas do Iron Maiden a fazerem referência à
prostituta ficcional 'Charlotte', embora Murray afirma que foi
“baseada em uma história real”.
IRON
MAIDEN
A oitava - e última - faixa de Iron Maiden é homônima ao álbum e ao grupo, ou seja, "Iron Maiden". O peso e o ritmo acelerado os quais eternizariam a sonoridade da banda estão presentes de modo uniforme na composição. Destaque para como o baixo de Steve Harris determina o andamento da música de maneira impressiva. Clássico!
A
letra é uma referência à própria banda:
Won't
you come into my room
I
wanna show you all my wares
I
just want to see your blood
I
just want to stand and stare
See
the blood begin to flow
As
it falls upon the floor
Iron
Maiden can't be fought
Iron
Maiden can't be sought
Considerações
Finais
Baseado
em um conjunto de canções extremamente sólido, o álbum de estreia
do Iron Maiden foi um sucesso.
Atingiu
a ótima 4ª posição na principal parada britânica de álbuns,
embora não tenha repercutido nos Estados Unidos. Também alcançou o
27º lugar na correspondente sueca.
A
canção “Sanctuary”, a qual apareceu na compilação Metal for
Muthas, não estava presente no lançamento original do álbum,
embora tenha sido incluída na versão norte-americana e em
relançamentos posteriores do mesmo.
“Sanctuary”
é bastante presente nos shows do Iron Maiden e foi regravada nas
sessões para o álbum, sendo lançada como single em maio de 1980,
já durante a Iron Maiden Tour. A capa causou controvérsia, pois
apresentava a mascote Eddie assassinando a então primeira-ministra
da Inglaterra, Margaret Thatcher.
O
álbum Iron Maiden contém algumas das primeiras canções
preferidas dos fãs, como “Phantom of the Opera”, “Running
Free” e “Iron Maiden”, esta última, praticamente presente em
todos os shows do grupo desde que a mascote Eddie passou a ser uma
presença regular nas apresentações da banda.
A
crítica recebeu muito bem o álbum. Geoff Barton escreveu uma
crítica extremamente positiva para a conceituada revista Sounds.
Steve Huey, do site AllMusic, vê o disco como um “marco”
e aponta: “não há melhor lugar para ouvir como o punk e o rock
progressivo influenciaram a New Wave Of British Heavy Metal”.
O
site Sputnikmusic ainda complementa: “um dos melhores álbuns de
estréia no mundo do heavy metal”, indicando “a crueza, o poder
agressivo o qual define os primeiros anos da banda”.
Iron
Maiden também faz parte do livro 1001 Albums You Must Hear Before
You Die, de Robert Dimery.
A
Iron Maiden Tour, extensa turnê para promoção do álbum, começou
em 1º de abril de 1980 e terminou em 21 de dezembro de 1980, entre
algumas paradas e recomeços.
A
turnê conteve algumas datas como banda principal no Reino Unido,
além de atuações como banda de abertura para o KISS na Europa (em
sua Unmasked Tour) e, nas mesmas condições, em algumas datas
selecionadas para o Judas Priest (que promovia seu clássico British
Steel).
Em
13 de Outubro de 1980, o Iron Maiden encerrou sua turnê europeia com
o KISS e foi esta a data do último show do grupo com o guitarrista
Dennis Stratton, demitido por conta de suas diferenças criativas e
pessoais com o restante da banda.
Seu
substituto foi o guitarrista Adrian Smith, o qual faria seu primeiro
show com o conjunto em 21 de novembro de 1980.
Iron
Maiden ultrapassa as 500 mil cópias vendidas apenas na Europa.
Formação:
Paul
Di'Anno - Vocal
Steve
Harris - Baixo, Backing Vocals
Dennis
Stratton - Guitarra, Backing Vocals
Dave
Murray - Guitarra
Clive
Burr - Bateria
Faixas:
01.
Prowler (Harris) - 3:55
02.
Remember Tomorrow (Harris/Di'Anno) - 5:27
03.
Running Free (Harris/Di'Anno) - 3:16
04.
Phantom of the Opera (Harris) - 7:20
05.
Transylvania (Harris) - 4:05
06.
Strange World (Harris) - 5:45
07.
Charlotte the Harlot (Murray) - 4:12
08.
Iron Maiden (Harris) - 3:35
Letras:
Opinião
do Blog:
Disposto a conquistar o mundo com sua música, o baixista Steve Harris criou a banda Iron Maiden que, com o tempo, passou a ser, praticamente, sinônimo de seu nome. Após batalhar alguns anos em busca de uma gravadora disposta a apostar dinheiro em sua música inovadora e agressiva, finalmente o objetivo foi alcançado em 1980.
Já em seu álbum de estreia, o Iron Maiden apresenta algumas de suas características que estariam presentes em seus futuros discos. O ritmo acelerado, uma sonoridade pesada e ao mesmo tempo extremamente melódica, canções longas com mudanças de andamento e a onipresença do baixo de Steve Harris.
As guitarras, até mesmo por se tratar de um álbum de Heavy Metal, são bastante presentes no disco, com destaque para Dave Murray. Clive Burr faz um trabalho competente, assim como é sólida a atuação de Paul Di'Anno. Mas o grande destaque vai para Steve Harris, o qual faz do seu baixo um protagonista na música do Iron Maiden.
As letras possuem um algo a mais e merecem uma conferida. Elas quase sempre refletem a forma como o baixista vê o mundo.
Iron Maiden foge da média geral e apresenta canções fortes e impressivas, algumas delas se tornando favoritas dos fãs e se tornando verdadeiros clássicos do grupo.
"Prowler" é uma das faixas preferidas do Blog, um "arrasa-quarteirão" típico da banda para começar o disco com força total. A sombria "Remember Tomorrow" é uma pequena amostra de toda a potência melódica do grupo britânico. "Phantom of the Opera" comprova, mesmo que de maneira incipiente, a influência progressiva em Steve Harris.
Abrilhantam a obra as clássicas "Charlotte The Harlot" e "Iron Maiden", esta última, um verdadeiro hino do conjunto e cultuada pela enorme massa de fãs até hoje.
Mas o Blog escolhe a sensacional "Running Free" como sua faixa predileta no trabalho. Peso, ritmo e melodia em combinação perfeita!
Uma pergunta que fica é: até onde teria chegado o Iron Maiden com a formação que gravou seu primeiro álbum? É, evidentemente, uma questão sem resposta. Em um exercício de futurologia reversa, o Blog se arrisca em uma.
Pela qualidade incontestável de Iron Maiden, é fácil apontar que o grupo continuaria como expoente do movimento New Wave of British Heavy Metal. Seu segundo trabalho, o ótimo Killers, aponta para esta afirmação.
Mas é inegável, para qualquer sujeito com um mínimo de bom senso, que as adições de Bruce Dickinson e Adrian Smith não somente elevaram o nível técnico da banda. Eles trouxeram novas abordagens musicais para as composições do conjunto, elevando suas possibilidades e alçando o Iron Maiden a um patamar estratosférico. Sem eles, é pouco provável que o grupo se tornasse o que é hoje: uma das melhores e mais importantes bandas de todos os tempos.
E, Iron Maiden, é o seu primeiro esforço. Um álbum com muitas de suas principais características, fortes composições e, também, muita raça e vontade de crescer. Extremamente recomendado a fãs de Rock e essencial para os ouvintes de Heavy Metal. Clássico!
CHEAP TRICK - CHEAP TRICK (1977)
Cheap
Trick é o álbum de estreia da banda norte-americana de mesmo nome,
ou seja, o Cheap Trick. Seu lançamento oficial aconteceu durante o
mês de fevereiro de 1977, através do selo Epic Records. As
gravações ocorreram nos estúdios Record Plant, na cidade de New
York City, nos Estados Unidos, no ano de 1976. A produção ficou por
conta de Jack Douglas.
Embora
atualmente não tenha tanto reconhecimento do público brasileiro em
geral, o Cheap Trick fez grande sucesso comercial, especialmente em
sua terra natal, os Estados Unidos. O Blog vai tratar brevemente dos
primórdios da banda até chegar ao seu álbum de estreia.
Em
1961, com apenas 12 anos de idade, o jovem guitarrista Rick Nielsen
começou a tocar localmente, em Rockford, Illinois, nos Estados
Unidos, usando uma coleção cada vez maior de guitarras raras e
valiosas.
Ele
formou várias bandas locais com nomes como The Boyz e The
Grim Reapers.
Já
Brad Carlson, o qual mais tarde ficaria conhecido como Bun E. Carlos,
tocou em uma banda rival na mesma cidade de Rockford, chamada The
Pagans.
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Rick Nielsen |
Finalmente,
no ano de 1967, Nielsen formou um grupo chamado Fuse com o
músico Tom Peterson, mais tarde conhecido como Tom Petersson, o qual
havia tocado em mais uma banda local chamada The Bo Weevils.
O
Fuse lançou um álbum autointitulado para a Epic Records, em 1970,
mas que foi completamente ignorado. Frustrado por sua falta de
sucesso, o Fuse recrutou os dois membros restantes de um conjunto
chamado Nazz, em 1970, e acabou tocando em todo o Centro-Oeste
norte-americano, por 6 a 7 meses, sob os dois nomes, Fuse ou Nazz,
dependendo de onde eles se apresentavam.
Com
Bun E. Carlos assumindo a bateria, o Fuse mudou-se para Filadélfia,
em 1971. Eles passaram a se chamar Sick Man of Europe, entre
1972 e 1973.
Depois
de uma turnê pela Europa em 1973, Nielsen e Petersson retornaram a
Rockford e se reuniram novamente com Carlos.
Em
1973 o Cheap Trick foi formado. Randy "Xeno" Hogan
(Crossfire) foi o vocalista original do grupo. Ele deixou a
banda logo após a sua formação e foi substituído pelo vocalista
Robin Zander.
O
nome foi inspirado pela presença da banda em um show do Slade,
onde Petersson comentou que o grupo usava “every cheap trick in the
book” (cada truque barato no livro) como parte de seu show.
A
banda gravou (com Hogan), uma demo oficial, “Hot Tomato”, em
meados de 1974, partes do que se tornaria “I'll Be with You Tonight”,
que foi inicialmente nomeada de “Tonight, Tonight” (e com uma
estrutura ligeiramente diferente), e ainda “Takin' Me Back”.
Com
Robin Zander, agora nos vocais, a banda gravou sua primeira demo
oficial em 1975 e tocou nos mais diversos locais (como pistas de
boliche) ao redor do meio-oeste dos Estados Unidos.
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Robin Zander |
A
banda assinou contrato com a Epic Records no início de 1976. Tom
Werman, da A&R, acabou cedendo à insistência do produtor Jack
Douglas, que havia visto a performance do grupo em um show em
Wisconsin.
Já
em 1976, Jack Douglas produziu o primeiro álbum do Cheap Trick, cujo
nome seria homônimo ao grupo. As gravações foram realizadas na
cidade de New York, no Record Plant Studios. A capa, simples,
apresenta uma fotografia da banda.
Vamos
às faixas:
HOT
LOVE
O álbum abre com um riff com fortes influências do Rock dos anos 50, mas, ao mesmo tempo, contando com um peso extra. Há uma pegada a qual, inegavelmente, remete ao Aerosmith daquela época. Excelente início, com vocais bastante agressivos por parte de Robin Zander.
A
letra possui conotação sexual:
And
when I see a little temp'rature rise
You know I wasn't surprised
See you were smiling, oh
Hot love will burn
Hot love will burn your heart
You know I wasn't surprised
See you were smiling, oh
Hot love will burn
Hot love will burn your heart
SPEAK
NOW OR FOREVER HOLD YOUR PEACE
Já em sua segunda faixa, o Cheap Trick aposta em uma pegada bluesy bastante cadenciada, com boas doses de groove. O grande destaque é a guitarra de Rick Nielsen, atuando com acentuado feeling. O vocalista Robin Zander opta por vocais mais limpos.
A
letra fala sobre verdade:
Gettin'
all tied up, feelin' all tied up
Things I need to tell you love
You'll be true I know
There's still a chance for a better life
Yes, I know
Things I need to tell you love
You'll be true I know
There's still a chance for a better life
Yes, I know
Trata-se
de um cover para a música originalmente composta pelo músico inglês
Terry Reid.
HE'S
A WHORE
Em "He's a Whore", o grupo opta por uma abordagem bem Rock 'n' Roll, indo direto ao ponto, sem muitas firulas. O ritmo é bastante melódico e divertido, o peso é pequeno e os vocais de Zander são muito bons.
A
letra se refere a quem faz qualquer coisa por dinheiro:
So
the story goes
I think I'll take her for a ride
With this moneybag by my side
A gigolo is the only way to go
I think I'll take her for a ride
With this moneybag by my side
A gigolo is the only way to go
O Cheap
Trick filmou um vídeo promocional da faixa, dirigido por Chuck
Lashon. Embora não seja uma canção que frequentasse constantemente
os shows do grupo, a música esteve presente em várias coletâneas
da banda.
Entre
os covers famosos estão de bandas como Big Black, Neon e Vince Neil.
MANDOCELLO
"Mandocello" possui um ritmo mais lento e bastante suavidade, mas o grande destaque é sua tonalidade muito grave. O baixo de Tom Petersson é consideravelmente mais presente e dita o ritmo da música. Ótimos vocais de Zander.
A
letra é divertida:
Look
at me like I look at you
Think of me like I think of you
Speak to me like I speak to you
Dream of me like I dream of you
Think of me like I think of you
Speak to me like I speak to you
Dream of me like I dream of you
THE
BALLAD OF T.V. VIOLENCE (I'M NOT THE ONLY BOY)
Um ritmo mais cadenciado marca o início da quinta faixa do álbum de estreia do Cheap Trick, mas ela acelera até atingir uma velocidade rápida. O destaque é realmente a guitarra de Rick Nielsen, bem criativa. Zander praticamente declara as letras. Canção bem interessante.
A
letra se refere ao homicida Richard Speck:
I
need a knife to give me a wife
I need a knife, gimme your life
Gimme your life
I need a knife, gimme your life
Gimme your life
ELO
KIDDIES
"ELO Kiddies" é uma música muito criativa. Seu início em um clima de banda marcial é interessante, com os corais funcionando de modo muito pouco ortodoxo. A guitarra de Rick Nielsen é bem presente, com a distorção causando um efeito muito legal.
A
letra fala sobre idas e vindas:
You
lead a life of crime
You gotta go unwind
You haven't got much time
You know they're out to get you
You gotta go unwind
You haven't got much time
You know they're out to get you
“Elo
Kiddies” acabou se tornando um grande sucesso do Cheap Trick,
presente em várias coletâneas e álbuns ao vivo lançados pelo
grupo.
Foi
lançada como single apenas na Europa, onde a canção teve boa
repercussão.
White
Flag e Crash Kelly já fizeram versões para a música.
DADDY
SHOULD HAVE STAYED IN HIGH SCHOOL
Nesta canção, o conjunto opta por uma sonoridade mais simples, contando com um riff bem pesado e o baixo de Tom Petersson muito presente e ditando o andamento da faixa. Os vocais de Robin Zander se casam perfeitamente com a sonoridade. Música muito interessante.
A
letra fala sobre pedofilia:
I
like you, will you like me, yes?!
Sorry, but I have to grab you
You look better completely undressed
Sorry, but I have to have you
Sorry, but I have to grab you
You look better completely undressed
Sorry, but I have to have you
TAXMAN,
MR. THIEF
"Taxman, Mr. Thief" apresenta um riff de guitarra sensacional criado por Rick Nielsen. O ritmo é bem cadenciado, mas a intensidade produzida pela seção rítmica e, também, pela guitarra de Rick Nielsen cativam o ouvinte. O refrão é significativamente melódico, com ótima atuação do vocalista Robin Zander. Grande canção!
A
letra é uma crítica aos impostos:
You
work hard, you make money
There
ain't no on in the world who can stop you
You
work hard, you went hungry
Now
the taxman is out to get you
CRY,
CRY
Já em "Cry, Cry"; o grupo aposta em uma batida constante, pesada e muito lenta. A atuação do vocalista Robin Zander é o grande diferencial da faixa, a qual apresenta um clima mais denso e sombrio, exceto pelo refrão, muito melódico.
A
letra possui conotação romântica
You
say to me
You
say you never
Realized
how much you loved me
So
don't ya call me on the phone
Oh
babe no no baby
OH,
CANDY
A décima - e última - faixa de Cheap Trick é "Oh, Candy". O álbum fecha com uma canção que é um Rock clássico, com muita melodia e ritmo. A linha seguida é bastante simples, mas recheada de um clima altivo e envolvente. Ótima forma de terminar o trabalho.
A
letra é sobre o fotógrafo Marshall Mintz, amigo da banda, que havia
se suicidado:
You,
you won't be comin' around no more
You,
you won't be comin' around no more
Oh
Candy why did you do it
I
didn't think you heard a word that I said
Foi
lançada como single para promover o álbum, mas não obteve maior
repercussão em termos das principais paradas de sucesso.
Considerações
Finais
Embora
seja considerado um dos melhores álbuns do Cheap Trick por seus fãs,
o disco de estreia da banda não foi um grande sucesso comercial.
Em
termos das principais paradas de sucesso, ele passou praticamente em
branco, não causando maiores repercussões.
O
disco de vinil original tinha "lado A" impresso em um lado
da capa e "lado 1" impresso na outra, sendo um toque
humorístico que refletia a convicção da banda sobre a qual eles
não possuíssem qualquer material "B", embora a colocação
da lista de músicas, nas capas, indicassem “Hot Love” como a
primeira faixa do álbum.
De
fato, os números de matriz sobre o registro mostravam o lado A com
“Hot Love” e o lado B com “Elo Kiddies”. Quando o álbum foi
lançado no formato CD, em meados da década de 1980, seguiu a mesma
sequência.
No
entanto, quando o disco foi relançado em CD, em 1998, foi utilizada
a sequência preferida da banda, com “Elo Kiddies” sendo a
primeira faixa.
Este
álbum, junto aos três discos seguintes, são considerados, por fãs
e críticos, os melhores trabalhos do Cheap Trick. O disco, no
entanto, é mais conhecido por capturar tanto o seu lado mais obscuro
quanto a ferocidade de suas primeiras performances ao vivo, mais do
que qualquer outro álbum de estúdio em seu catálogo.
Stephen
Thomas Erlewine, do site AllMusic, dá nota máxima ao trabalho,
atestando: “A combinação de humor fora de ordem, indivíduos
bizarros e power pop bem-aventurado, fazem de Cheap Trick um dos
álbuns que definem a sua época, bem como um dos mais influentes”.
Também
o livro Spin Alternative Record Guide dá a Cheap Trick a nota
máxima.
Embora
bem recebido pela crítica, o álbum não foi bem-sucedido em termos
de vendas. O single “Oh, Candy” falhou em entrar nas paradas. No
entanto, a banda começou a desenvolver uma base de fãs no Japão e
“ELO Kiddies” foi um sucesso na Europa.
Ainda
em setembro de 1977, o Cheap Trick lançaria seu segundo álbum de
estúdio, o grande sucesso In Color.
Formação:
Robin
Zander - Vocal, Guitarra-Base
Rick
Nielsen – Guitarra-Solo, Vocais
Tom
Petersson - Baixo, Vocais
Bun
E. Carlos - Bateria
Faixas:
01.
Hot Love (Nielsen) — 2:30
02.
Speak Now or Forever Hold Your Peace (Reid) — 4:35
03.
He's a Whore (Nielsen) — 2:43
04.
Mandocello (Nielsen) — 4:47
05.
The Ballad of T.V. Violence (I'm Not the Only Boy) (Nielsen) — 5:15
06.
Elo Kiddies (Nielsen) — 3:41
07.
Daddy Should Have Stayed in High School (Nielsen) — 4:44
08.
Taxman, Mr. Thief (Nielsen) — 4:16
09.
Cry, Cry (Zander/Nielsen/Petersson) — 4:22
10.
Oh, Candy (Nielsen) — 3:07
Letras:
Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.vagalume.com.br/cheap-trick/
Certamente uma banda injustiçada, assim o Blog define o Cheap Trick. Seus trabalhos, do final da década de 70, mereciam muito mais destaque e conhecimento por parte dos fãs de Rock.
É difícil definir a sonoridade do grupo, pois, ao longo de sua discografia, o conjunto sempre optou por buscar novas musicalidades e não abriu mão da ousadia, fundindo diferentes sonoridades e estilos musicais à suas raízes mais 'roqueiras'.
O trabalho inicial do Cheap Trick, homônimo à banda, mostra um grupo bastante coeso e bem entrosado. A qualidade das faixas e a boa produção denotam uma banda em busca do sucesso. O maior destaque é o principal compositor do conjunto, Rick Nielsen, atuando muito firmemente com sua guitarra, tanto nos solos quanto nos riffs.
As letras, em sua maioria também de Nielsen, apresentam uma abordagem inteligente, ora procurando uma veia mais humorística, ora buscando fatos da vida real ou momentos históricos. Merecem uma boa conferida.
Cheap Trick é um álbum que aponta o talento da banda. Ele tem como base o Rock, muitas vezes com um direcionamento mais voltado ao Hard Rock (remetendo ao Aerosmith setentista), mas sempre com uma inegável influência Pop. O resultado final é muito acima da média.
Faixas com uma inegável veia Hard Rock se destacam no álbum, como "He's a Whore" e "Hot Love". Com um sentido mais contido e intimista, tem-se a bela "Mandocello". "ELO Kiddies" possui muita criatividade e se tornou um clássico.
Mas as favoritas do Blog são incontestáveis. O Rock e o Pop se unem de maneira perfeita na ótima "Taxman, Mr. Thief". E se tem a pesada "The Ballad of T.V. Violence (I'm Not the OnlyBoy)", facilmente entre as melhores composições da banda.
Enfim, Cheap Trick não é o auge do grupo de mesmo nome, mas é um de seus pontos altos na carreira. O Cheap Trick foi uma banda bastante criativa, especialmente entre o fim da década de 70 e o início dos anos 80. E seu disco de estreia é uma ótima amostra do talento do conjunto. Álbum muito bem recomendado!
CHEAP TRICK - CHEAP TRICK (1977)
Cheap
Trick é o álbum de estreia da banda norte-americana de mesmo nome,
ou seja, o Cheap Trick. Seu lançamento oficial aconteceu durante o
mês de fevereiro de 1977, através do selo Epic Records. As
gravações ocorreram nos estúdios Record Plant, na cidade de New
York City, nos Estados Unidos, no ano de 1976. A produção ficou por
conta de Jack Douglas.
Embora
atualmente não tenha tanto reconhecimento do público brasileiro em
geral, o Cheap Trick fez grande sucesso comercial, especialmente em
sua terra natal, os Estados Unidos. O Blog vai tratar brevemente dos
primórdios da banda até chegar ao seu álbum de estreia.
Em
1961, com apenas 12 anos de idade, o jovem guitarrista Rick Nielsen
começou a tocar localmente, em Rockford, Illinois, nos Estados
Unidos, usando uma coleção cada vez maior de guitarras raras e
valiosas.
Ele
formou várias bandas locais com nomes como The Boyz e The
Grim Reapers.
Já
Brad Carlson, o qual mais tarde ficaria conhecido como Bun E. Carlos,
tocou em uma banda rival na mesma cidade de Rockford, chamada The
Pagans.
![]() |
Rick Nielsen |
Finalmente,
no ano de 1967, Nielsen formou um grupo chamado Fuse com o
músico Tom Peterson, mais tarde conhecido como Tom Petersson, o qual
havia tocado em mais uma banda local chamada The Bo Weevils.
O
Fuse lançou um álbum autointitulado para a Epic Records, em 1970,
mas que foi completamente ignorado. Frustrado por sua falta de
sucesso, o Fuse recrutou os dois membros restantes de um conjunto
chamado Nazz, em 1970, e acabou tocando em todo o Centro-Oeste
norte-americano, por 6 a 7 meses, sob os dois nomes, Fuse ou Nazz,
dependendo de onde eles se apresentavam.
Com
Bun E. Carlos assumindo a bateria, o Fuse mudou-se para Filadélfia,
em 1971. Eles passaram a se chamar Sick Man of Europe, entre
1972 e 1973.
Depois
de uma turnê pela Europa em 1973, Nielsen e Petersson retornaram a
Rockford e se reuniram novamente com Carlos.
Em
1973 o Cheap Trick foi formado. Randy "Xeno" Hogan
(Crossfire) foi o vocalista original do grupo. Ele deixou a
banda logo após a sua formação e foi substituído pelo vocalista
Robin Zander.
O
nome foi inspirado pela presença da banda em um show do Slade,
onde Petersson comentou que o grupo usava “every cheap trick in the
book” (cada truque barato no livro) como parte de seu show.
A
banda gravou (com Hogan), uma demo oficial, “Hot Tomato”, em
meados de 1974, partes do que se tornaria “I'll Be with You Tonight”,
que foi inicialmente nomeada de “Tonight, Tonight” (e com uma
estrutura ligeiramente diferente), e ainda “Takin' Me Back”.
Com
Robin Zander, agora nos vocais, a banda gravou sua primeira demo
oficial em 1975 e tocou nos mais diversos locais (como pistas de
boliche) ao redor do meio-oeste dos Estados Unidos.
![]() |
Robin Zander |
A
banda assinou contrato com a Epic Records no início de 1976. Tom
Werman, da A&R, acabou cedendo à insistência do produtor Jack
Douglas, que havia visto a performance do grupo em um show em
Wisconsin.
Já
em 1976, Jack Douglas produziu o primeiro álbum do Cheap Trick, cujo
nome seria homônimo ao grupo. As gravações foram realizadas na
cidade de New York, no Record Plant Studios. A capa, simples,
apresenta uma fotografia da banda.
Vamos
às faixas:
HOT
LOVE
O álbum abre com um riff com fortes influências do Rock dos anos 50, mas, ao mesmo tempo, contando com um peso extra. Há uma pegada a qual, inegavelmente, remete ao Aerosmith daquela época. Excelente início, com vocais bastante agressivos por parte de Robin Zander.
A
letra possui conotação sexual:
And
when I see a little temp'rature rise
You know I wasn't
surprised
See you were smiling, oh
Hot love will burn
Hot
love will burn your heart
SPEAK
NOW OR FOREVER HOLD YOUR PEACE
Já em sua segunda faixa, o Cheap Trick aposta em uma pegada bluesy bastante cadenciada, com boas doses de groove. O grande destaque é a guitarra de Rick Nielsen, atuando com acentuado feeling. O vocalista Robin Zander opta por vocais mais limpos.
A
letra fala sobre verdade:
Gettin'
all tied up, feelin' all tied up
Things I need to tell you
love
You'll be true I know
There's still a chance for a better
life
Yes, I know
Trata-se
de um cover para a música originalmente composta pelo músico inglês
Terry Reid.
HE'S
A WHORE
Em "He's a Whore", o grupo opta por uma abordagem bem Rock 'n' Roll, indo direto ao ponto, sem muitas firulas. O ritmo é bastante melódico e divertido, o peso é pequeno e os vocais de Zander são muito bons.
A
letra se refere a quem faz qualquer coisa por dinheiro:
So
the story goes
I think I'll take her for a ride
With this
moneybag by my side
A gigolo is the only way to go
O Cheap
Trick filmou um vídeo promocional da faixa, dirigido por Chuck
Lashon. Embora não seja uma canção que frequentasse constantemente
os shows do grupo, a música esteve presente em várias coletâneas
da banda.
Entre
os covers famosos estão de bandas como Big Black, Neon e Vince Neil.
MANDOCELLO
"Mandocello" possui um ritmo mais lento e bastante suavidade, mas o grande destaque é sua tonalidade muito grave. O baixo de Tom Petersson é consideravelmente mais presente e dita o ritmo da música. Ótimos vocais de Zander.
A
letra é divertida:
Look
at me like I look at you
Think of me like I think of you
Speak
to me like I speak to you
Dream of me like I dream of you
THE
BALLAD OF T.V. VIOLENCE (I'M NOT THE ONLY BOY)
Um ritmo mais cadenciado marca o início da quinta faixa do álbum de estreia do Cheap Trick, mas ela acelera até atingir uma velocidade rápida. O destaque é realmente a guitarra de Rick Nielsen, bem criativa. Zander praticamente declara as letras. Canção bem interessante.
A
letra se refere ao homicida Richard Speck:
I
need a knife to give me a wife
I need a knife, gimme your
life
Gimme your life
ELO
KIDDIES
"ELO Kiddies" é uma música muito criativa. Seu início em um clima de banda marcial é interessante, com os corais funcionando de modo muito pouco ortodoxo. A guitarra de Rick Nielsen é bem presente, com a distorção causando um efeito muito legal.
A
letra fala sobre idas e vindas:
You
lead a life of crime
You gotta go unwind
You haven't got much
time
You know they're out to get you
“Elo
Kiddies” acabou se tornando um grande sucesso do Cheap Trick,
presente em várias coletâneas e álbuns ao vivo lançados pelo
grupo.
Foi
lançada como single apenas na Europa, onde a canção teve boa
repercussão.
White
Flag e Crash Kelly já fizeram versões para a música.
DADDY
SHOULD HAVE STAYED IN HIGH SCHOOL
Nesta canção, o conjunto opta por uma sonoridade mais simples, contando com um riff bem pesado e o baixo de Tom Petersson muito presente e ditando o andamento da faixa. Os vocais de Robin Zander se casam perfeitamente com a sonoridade. Música muito interessante.
A
letra fala sobre pedofilia:
I
like you, will you like me, yes?!
Sorry, but I have to grab
you
You look better completely undressed
Sorry, but I have to
have you
TAXMAN,
MR. THIEF
"Taxman, Mr. Thief" apresenta um riff de guitarra sensacional criado por Rick Nielsen. O ritmo é bem cadenciado, mas a intensidade produzida pela seção rítmica e, também, pela guitarra de Rick Nielsen cativam o ouvinte. O refrão é significativamente melódico, com ótima atuação do vocalista Robin Zander. Grande canção!
A
letra é uma crítica aos impostos:
You
work hard, you make money
There
ain't no on in the world who can stop you
You
work hard, you went hungry
Now
the taxman is out to get you
CRY,
CRY
Já em "Cry, Cry"; o grupo aposta em uma batida constante, pesada e muito lenta. A atuação do vocalista Robin Zander é o grande diferencial da faixa, a qual apresenta um clima mais denso e sombrio, exceto pelo refrão, muito melódico.
A
letra possui conotação romântica
You
say to me
You
say you never
Realized
how much you loved me
So
don't ya call me on the phone
Oh
babe no no baby
OH,
CANDY
A décima - e última - faixa de Cheap Trick é "Oh, Candy". O álbum fecha com uma canção que é um Rock clássico, com muita melodia e ritmo. A linha seguida é bastante simples, mas recheada de um clima altivo e envolvente. Ótima forma de terminar o trabalho.
A
letra é sobre o fotógrafo Marshall Mintz, amigo da banda, que havia
se suicidado:
You,
you won't be comin' around no more
You,
you won't be comin' around no more
Oh
Candy why did you do it
I
didn't think you heard a word that I said
Foi
lançada como single para promover o álbum, mas não obteve maior
repercussão em termos das principais paradas de sucesso.
Considerações
Finais
Embora
seja considerado um dos melhores álbuns do Cheap Trick por seus fãs,
o disco de estreia da banda não foi um grande sucesso comercial.
Em
termos das principais paradas de sucesso, ele passou praticamente em
branco, não causando maiores repercussões.
O
disco de vinil original tinha "lado A" impresso em um lado
da capa e "lado 1" impresso na outra, sendo um toque
humorístico que refletia a convicção da banda sobre a qual eles
não possuíssem qualquer material "B", embora a colocação
da lista de músicas, nas capas, indicassem “Hot Love” como a
primeira faixa do álbum.
De
fato, os números de matriz sobre o registro mostravam o lado A com
“Hot Love” e o lado B com “Elo Kiddies”. Quando o álbum foi
lançado no formato CD, em meados da década de 1980, seguiu a mesma
sequência.
No
entanto, quando o disco foi relançado em CD, em 1998, foi utilizada
a sequência preferida da banda, com “Elo Kiddies” sendo a
primeira faixa.
Este
álbum, junto aos três discos seguintes, são considerados, por fãs
e críticos, os melhores trabalhos do Cheap Trick. O disco, no
entanto, é mais conhecido por capturar tanto o seu lado mais obscuro
quanto a ferocidade de suas primeiras performances ao vivo, mais do
que qualquer outro álbum de estúdio em seu catálogo.
Stephen
Thomas Erlewine, do site AllMusic, dá nota máxima ao trabalho,
atestando: “A combinação de humor fora de ordem, indivíduos
bizarros e power pop bem-aventurado, fazem de Cheap Trick um dos
álbuns que definem a sua época, bem como um dos mais influentes”.
Também
o livro Spin Alternative Record Guide dá a Cheap Trick a nota
máxima.
Embora
bem recebido pela crítica, o álbum não foi bem-sucedido em termos
de vendas. O single “Oh, Candy” falhou em entrar nas paradas. No
entanto, a banda começou a desenvolver uma base de fãs no Japão e
“ELO Kiddies” foi um sucesso na Europa.
Ainda
em setembro de 1977, o Cheap Trick lançaria seu segundo álbum de
estúdio, o grande sucesso In Color.
Formação:
Robin
Zander - Vocal, Guitarra-Base
Rick
Nielsen – Guitarra-Solo, Vocais
Tom
Petersson - Baixo, Vocais
Bun
E. Carlos - Bateria
Faixas:
01.
Hot Love (Nielsen) — 2:30
02.
Speak Now or Forever Hold Your Peace (Reid) — 4:35
03.
He's a Whore (Nielsen) — 2:43
04.
Mandocello (Nielsen) — 4:47
05.
The Ballad of T.V. Violence (I'm Not the Only Boy) (Nielsen) — 5:15
06.
Elo Kiddies (Nielsen) — 3:41
07.
Daddy Should Have Stayed in High School (Nielsen) — 4:44
08.
Taxman, Mr. Thief (Nielsen) — 4:16
09.
Cry, Cry (Zander/Nielsen/Petersson) — 4:22
10.
Oh, Candy (Nielsen) — 3:07
Letras:
Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.vagalume.com.br/cheap-trick/
Opinião
do Blog:
Certamente uma banda injustiçada, assim o Blog define o Cheap Trick. Seus trabalhos, do final da década de 70, mereciam muito mais destaque e conhecimento por parte dos fãs de Rock.
É difícil definir a sonoridade do grupo, pois, ao longo de sua discografia, o conjunto sempre optou por buscar novas musicalidades e não abriu mão da ousadia, fundindo diferentes sonoridades e estilos musicais à suas raízes mais 'roqueiras'.
O trabalho inicial do Cheap Trick, homônimo à banda, mostra um grupo bastante coeso e bem entrosado. A qualidade das faixas e a boa produção denotam uma banda em busca do sucesso. O maior destaque é o principal compositor do conjunto, Rick Nielsen, atuando muito firmemente com sua guitarra, tanto nos solos quanto nos riffs.
As letras, em sua maioria também de Nielsen, apresentam uma abordagem inteligente, ora procurando uma veia mais humorística, ora buscando fatos da vida real ou momentos históricos. Merecem uma boa conferida.
Cheap Trick é um álbum que aponta o talento da banda. Ele tem como base o Rock, muitas vezes com um direcionamento mais voltado ao Hard Rock (remetendo ao Aerosmith setentista), mas sempre com uma inegável influência Pop. O resultado final é muito acima da média.
Faixas com uma inegável veia Hard Rock se destacam no álbum, como "He's a Whore" e "Hot Love". Com um sentido mais contido e intimista, tem-se a bela "Mandocello". "ELO Kiddies" possui muita criatividade e se tornou um clássico.
Mas as favoritas do Blog são incontestáveis. O Rock e o Pop se unem de maneira perfeita na ótima "Taxman, Mr. Thief". E se tem a pesada "The Ballad of T.V. Violence (I'm Not the OnlyBoy)", facilmente entre as melhores composições da banda.
Enfim, Cheap Trick não é o auge do grupo de mesmo nome, mas é um de seus pontos altos na carreira. O Cheap Trick foi uma banda bastante criativa, especialmente entre o fim da década de 70 e o início dos anos 80. E seu disco de estreia é uma ótima amostra do talento do conjunto. Álbum muito bem recomendado!
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