JETHRO TULL - BENEFIT (1970)








Benefit
é o terceiro álbum de estúdio da banda britânica chamada Jethro
Tull. Seu lançamento oficial aconteceu em 20 de abril de 1970,
através dos selos Reprise e Chrysalis. As gravações se deram entre
dezembro de 1969 e janeiro de 1970, no Morgan Studios, em Londres, na
Inglaterra. A produção ficou por conta de Terry Ellis e do
vocalista Ian Anderson.






Após
um longo período, é a vez do grande Jethro Tull retornar ao Rock: Álbuns Clássicos. Neste post, vamos buscar as origens do grupo,
para depois abordarmos este álbum mais que especial.










Primórdios
do Tull





Ian
Anderson, Jeffrey Hammond e John Evan (originalmente Evans), os quais
se tornariam membros do Jethro Tull, frequentaram juntos a escola de
gramática em Blackpool, na Inglaterra.





Anderson
nasceu em Dunfermline, na Escócia, e cresceu na capital daquele país,
Edimburgo, antes de se mudar para Blackpool, na Inglaterra, em janeiro de 1960.
Evans era um fã dos Beatles e, embora fosse um pianista
consumado, decidiu tocar bateria, pois este era um instrumento
consagrado na formação dos Beatles.





Ian
Anderson havia adquirido uma guitarra espanhola e aprendeu sozinho a
tocá-la. Junto com Evans, decidiu formar uma banda. Os dois
recrutaram Hammond para o baixo e este trouxe sua coleção de discos
de blues para que eles ouvissem.





O
grupo, inicialmente, resumia-se aos três e tocava em clubes locais,
logo antes que Evans fosse influenciado pelo Georgie Fame and the
Animals
e mudasse para o órgão, com a banda recrutando o
baterista Barrie Barlow e o guitarrista Mike Stevens, este, do
conjunto local The Atlantics.





Em
1964, o conjunto recrutou outro guitarrista, Chris Riley, e fixou-se em
uma banda de seis elementos, com uma sonoridade blue-eyed soul,
chamada John Evan Band (mais tarde John Evan Smash). (Nota do
Blog:
Blue-eyed soul (também conhecido como white soul) é um
termo da mídia usado para descrever o rhythm and blues e soul music
tocado por artistas brancos. O termo foi usado pela primeira vez em
meados de 1960 para descrever os artistas brancos tocando R&B
muito semelhante às músicas das gravadoras Motown e Stax. O termo
foi um tanto controverso durante a segregação racial de 1960 na
América, e no surgimento do gênero musical na cultura da música
popular).





Evans
havia encurtado seu sobrenome para 'Evan' por insistência de
Hammond, o qual pensava que soaria melhor e mais incomum. O grupo
recrutou Johnny Taylor como um agente de reservas para shows e fez
apresentações em lugares mais distantes, em torno do noroeste da
Inglaterra, tocando uma mistura de blues e covers da Motown. (Nota
do Blog:
A Motown Records, também conhecida como Tamla-Motown, é
uma gravadora americana de discos fundada em 12 de janeiro de 1959
por Berry Gordy Jr. na cidade de Detroit, estado americano de
Michigan conhecida como "Motors Town", devido às
montadoras de automóveis ali instaladas. O nome da gravadora é uma
redução de "Motor Town". Nos anos 60 foi a mais bem
sucedida na criação daquilo que se tornou conhecido como O Som
da Motown
, um estilo de "soul" bem característico, com
o uso de instrumentos como pandeiros, baterias e instrumentos do
"rhythm and blues" além de um estilo de 'canto-e-resposta'
(com a repetição, por parte do coral, de frases inteiras ou
palavras de alguns versos) originário da música gospel. O "som
da Motown" também é marcado pelo uso de orquestração e
instrumentos de sopro, por harmonias bem-arranjadas e outros
refinamentos de produção da música pop, e é considerado precursor
da Era Disco dos anos 70).







Ian Anderson





Hammond
posteriormente deixou a banda para estudar na escola de arte, sendo
substituído momentaneamente por Derek Ward, e, então, por Glenn
Cornick. Riley também desistiu do conjunto e foi substituído por
Neil Smith. O grupo gravou três canções no Regent Sound Studios,
na Denmark Street, em Londres, em abril de 1967, e fez uma
apresentação no clube The Marquee em junho.





Mudança
de residência





Em
novembro de 1967, a banda se mudou para a área de Londres,
baseando-se na cidade de Luton. Eles assinaram um acordo de gestão
com Terry Ellis e Chris Wright e trocaram o guitarrista Neil Smith
por Mick Abrahams, mas, rapidamente, perceberam que suportar um
conjunto de 7 membros era economicamente inviável, e o grupo se
separou.





Desta
forma, Anderson, Abrahams e Cornick decidiram ficar juntos,
recrutando um amigo de Abrahams, Clive Bunker, para a bateria e se
transformando em uma banda britânica de blues. Cornick lembrou que,
embora Evan tenha saído, a banda disse que ele era bem-vindo para que se
juntasse a eles mais tarde.





O
nome Jethro Tull





No
início, a nova banda teve dificuldades para obter reservas de shows
repetidas em um mesmo local, levando-os a mudarem seu nome
frequentemente para continuar tocando no circuito de clubes de
Londres.





Alguns
nomes incluíam "Navy Blue", "Ian Henderson's Bag
o'Nails" e "Candy Colored Rain". Ian Anderson
lembrou-se de olhar para um cartaz em um clube e concluir que o nome
da banda o qual ele não reconheceu era dele.





Os
nomes das bandas eram constantemente fornecidos pelos funcionários
de suas agências de reservas, um dos quais, um entusiasta da
história, eventualmente os batizou de "Jethro Tull",
inspirado no agricultor do século XVIII. O nome ficou fixado porque
quando eles o usaram na primeira vez, um gerente de clube gostou do
show o suficiente para convidá-los a retornar.





Eles
gravaram uma sessão com o produtor Derek Lawrence e ela resultou no
single “Sunshine Day”. O lado B, “Aeroplane”, era uma antiga
faixa dos tempos da John Evan Band. Ele foi lançado em fevereiro de
1968, pela MGM Records, creditado à banda 'Jethro Toe'.





Desde
então, Anderson questionou que o nome da banda grafado
incorretamente foi uma forma de evitar o pagamento de royalties. A
versão do single mais comum, com o nome escrito corretamente, é, na
verdade, uma falsificação feita em Nova York.





Mais
tarde, Anderson se reencontrou com Hammond, em Londres, e os dois
renovaram sua amizade, quando Ian se mudou para o bairro de Chelsea,
para morar com Evan. Assim, Hammond tornou-se o tema de várias
canções, começando com o próximo single “A Song for Jeffrey”.





Nesta
época, Ian morava em uma residência muito fria, fato que o obrigou
a comprar um casaco grande para mantê-lo quente, e, juntamente a sua
flauta, tornou-se parte de sua marcante imagem.





Foi
nessa época que Anderson comprou uma flauta, após ficar frustrado
com sua incapacidade de tocar guitarra tão bem como Abrahams, e,
também, por conta dos gerentes da banda pensarem que ele deveria
permanecer como guitarrista-base, hipoteticamente transformando
Abrahams no frontman do grupo.





Primeiro
álbum: This Was





O
grupo gravou seu primeiro álbum, This Was, entre junho e
agosto de 1968 e ele foi lançado em outubro, alcançando a 10ª
posição na principal parada britânica de discos.







Glenn Cornick





Além
de material original, o álbum incluía a tradicional “Cat's
Squirrel”, demonstrando o estilo blues rock de Abrahams, enquanto a
peça de jazz “Serenade to a Cuckoo”, de Roland Kirk, deu a
Anderson uma vitrine dos seus talentos na flauta.





O
som geral do grupo nessa época foi descrito no jornal semanal
britânico, Record Mirror, por Ian Anderson, em 1968, como “uma
espécie de blues progressivo com um pouco de jazz”.





Após
o lançamento do álbum, em dezembro, o guitarrista Abrahams deixou a
banda para formar seu próprio grupo, o Blodwyn Pig.





Houve
uma série de razões dadas para sua partida. Abrahams havia ouvido
que Terry Ellis, gerente do Tull, queria que Anderson fosse o
frontman e líder do grupo, à suas custas, e percebeu que seria
improvável obter uma participação majoritária na composição.
Outras explicações dadas foram a de que Abrahams era um purista em
relação ao blues, enquanto Ian Anderson pretendia se ramificar em
outras formas de música, e a de que Abrahams não estava disposto a
viajar internacionalmente ou tocar mais de três noites por semana.





Abrahams
descreveu suas razões mais sucintamente: “Eu estava farto de todo
o absurdo e queria formar uma banda como Blodwyn Pig”.





Outras
faixas que o RAC gostaria de destacar de This Was são
“Some Day the Sun Won't Shine for You” e “It's Breaking Me Up”.





Substituindo
Mick Abrahams





O
grupo tentou vários substitutos diferentes para Mick Abrahams. O
primeiro foi David O'List, que havia deixado recentemente o grupo
Nice. Depois de uma semana de ensaios, O'List não apareceu e
perdeu o contato com o conjunto.





A
escolha seguinte, Mick Taylor, dispensou o trabalho com o grupo
porque sentia que seu posto atual, com o John Mayall's
Bluesbreakers
, era um negócio melhor.





Depois
disso, a banda colocou um anúncio no jornal semanal Melody Maker,
que foi respondido por um tal de Tony Iommi. Depois de alguns
ensaios, o conjunto apareceu no The Rolling Stones Rock e Roll
Circus
, em 11 de dezembro. O grupo tocou “A Song for
Jeffrey”, mas apenas o canto e a flauta de Anderson estavam ao
vivo; o resto foi dublado.





Iommi
se sentiu mais perto de sua antiga banda, Earth e então retornou
para Birmingham com o objetivo de se juntar a eles. No entanto, o
breve tempo no Jethro Tull instilou uma forte ética de trabalho em
Tony Iommi. Como se sabe, mais tarde, o Earth se tornaria o Black
Sabbath
, alcançando grande sucesso comercial.





A
próxima escolha foi Martin Barre, o qual havia visto a banda tocar
em Sunbury e foi ouvido na mesma audição com Iommi. Barre organizou
uma segunda audição com Anderson, o qual lhe mostrou algumas
músicas novas que estavam em um estilo diferente do Blues que haviam
gravado.





Anderson
ficou impressionado com a técnica de Barre e lhe ofereceu a vaga de
guitarrista. Barre fez seu primeiro show com o Jethro Tull em 30 de
dezembro de 1968, no Winter Gardens, em Penzance.





Depois
da adição de Barre, o grupo fez alguns shows em suporte a Jimi
Hendrix
na Escandinávia, partindo em uma extensa turnê nos
Estados Unidos, apoiando o Led Zeppelin e o Vanilla Fudge.





Após
ter atraído um público substancial com as suas apresentações, os
gerentes Ellis e Wright pediram a Anderson, que se transformou no
principal compositor, para escrever um single potencialmente de
sucesso. O resultado foi “Living in the Past”, que alcançou a 3ª
posição na parada de singles do Reino Unido, conquistando a 11ª
colocação na correspondente norte-americana.





O
sucesso resultou em uma aparição no famoso programa de TV, o Top
of the Pops
. Embora outros grupos considerados 'sérios', há
época, tivessem resistido ativamente à emissão de singles
autônomos, o Jethro Tull sentiu que um hit single seria um
movimento positivo para o conjunto, ou até mesmo sua principal
prioridade naquele momento.





Stand Up





Seu
segundo álbum foi Stand Up, gravado durante abril e maio e,
também, em agosto de 1969. O disco foi lançado em setembro, e,
rapidamente, alcançou a extraordinária 1ª posição na principal
parada do Reino Unido, o único álbum do grupo a fazê-lo.





Anderson
havia se estabelecido como o líder e o principal compositor do
grupo, criando todo o material, incluindo um novo arranjo jazzy
para “Bourrée” de Bach.





Um
interessante trabalho, em Stand Up há faixas como “A New
Day Yesterday”, “Back to the Family” e “We Used to Know”.





Imediatamente
após a liberação do disco, o grupo partiu em sua primeira turnê
como banda principal nos Estados Unidos, incluindo uma aparição no
Newport Jazz Festival.





Barre
lembrou: “Foi realmente o ponto de virada para o Jethro Tull - para
tudo o que deveríamos ser e tudo o que deveríamos inspirar nos
outros”.





A
banda foi convidada para tocar no Woodstock Festival,
mas Ian Anderson recusou o convite, pois ficou receoso de que
conjunto estaria permanentemente esteriotipado como hippies,
tornando-se incapaz de compor em um diferente estilo musical.





Em
29 de janeiro de 1970, a banda reapareceu no Top of the Pops,
da BBC, interpretando “The Witch's Promise”.





Evan
retornou à banda no começo de 1970. Ele havia ficado vivendo em
Londres desde que a John Evan Band se separou, morando com Ian
Anderson e começara a estudar música na Universidade de Londres.





A
dupla não se via muito, devido à carga de trabalho crescente do
Jethro Tull, e Evan era relutante em se reunir com o conjunto devido
a seus estudos, os quais lhe davam acesso a um estúdio livre. Ele
tocou como músico de sessão para o próximo álbum da banda.





Benefit





Entre
dezembro de 1969 e janeiro do ano seguinte, o Jethro Tull retornou ao
Morgan Studios, onde havia gravado Stand Up, para registrar
seu novo trabalho. Ian Anderson e o gerente da banda, Terry Ellis,
assumiram a produção do disco, batizado de Benefit.





O
guitarrista Martin Barre disse que Benefit foi muito mais
fácil de se fazer que os álbuns anteriores, pois o sucesso de Stand
Up
permitiu aos músicos mais “latitude artística”.





O
baixista Glenn Cornick afirmou que a intenção da banda era capturar
um sentimento mais “ao vivo”, pois, em suas palavras, “eu senti
que o (disco) anterior soou como um grupo de músicos de sessão
fazendo várias músicas. Foi muito frio”.







Martin Barre





Benefit
incorporou algumas técnicas de estúdio, como gravação reversa
(trilhas de flauta e piano em “With You There to Help Me”) e
manipulação da velocidade da fita (guitarra em “Play in Time”).





Ian
Anderson disse que Benefit foi um álbum guitar riff,
gravado em um ano em que artistas como Cream, Jimi Hendrix
e Led Zeppelin estavam se tornando mais orientados para este
estilo à base de riffs.





Anderson
também observou que Benefit
era, em suas palavras, “um álbum bastante sombrio e rígido e,
embora tenha algumas músicas sobre ele que soam bastante bem, eu não
acho que tem a largura, variedade ou detalhes de Stand Up. Mas
ele é uma evolução em termos da banda tocando como 'uma banda'”.





Em
geral, Anderson considerou o álbum “uma parte natural da evolução
do grupo”.





Em
uma entrevista, em 1970, Anderson observou que a adição do
tecladista John Evan havia mudado o estilo da banda: “John
adicionou uma nova dimensão musical e agora eu podia escrever mais
livremente. Na verdade, tudo é possível com ele no teclado”.





A
capa de Benefit, agora, uma imagem clássica, também foi
desenvolvida pelo manager do grupo Terry Ellis em parceria com Ruan
O'Lochlainn.






diferenças entre as versões norte-americana e britânica do álbum.
Além de uma ordem levemente trocada, a versão ianque não conta com
a faixa “Alive and Well and Living In”, trazendo em seu lugar a
canção “Teacher”, esta; não presente na versão inglesa.





Para
todos os efeitos, o RAC se baseou na versão britânica de Benefit.





Vamos
às faixas:





WITH
YOU THERE TO HELP ME





O álbum já começa com a costumeira genialidade do grupo, com um clima bem soturno, mas, simultaneamente, contando com uma belíssima harmonia. A interpretação de Ian Anderson é sensacional e a guitarra de Martin Barre brilha intensamente. Ótimo início!





A
letra mistura angústia e ansiedade:





I
won't go down
Acting the same old play
Give sixty days for just
one night
Don't think I'd make it: but then I might













NOTHING
TO SAY





O clima continua bastante sóbrio, com a canção possuindo um andamento mais lento, mas denso e contido. O baixo de Glenn Cornick está muito presente e acrescenta bastante à intensidade da música. Mais uma atuação vocal precisa e brilhante de Ian Anderson. Faixa espetacular!





A
letra traz certo misticismo:





Everyday
there's someone asking
What is there to do?
Should I love or
should I fight
Is it all the same to you?
No I say I have the
answer
Proven to be true,
But if I were to share it with
you,
You would stand to gain
And I to lose
Oh I couldn't
bear it
So I've got nothing to say
Nothing to say













ALIVE
AND WELL AND LIVING IN





Nesta faixa, a banda aposta em uma abordagem mais direta, contando com algum peso na guitarra de Martin Barre e os teclados marcando presença, mas com o maior destaque para as passagens sempre interessantes da flauta de Anderson.





A
letra fala de se viver com outra pessoa:





Nobody
sees her here, her eyes are slowly closing
If she should want some
peace she sits there, without moving,
And puts a pillow over the
phone
And if she feels like dancing, no one will know it
Giving
herself a chance


There's
no need to show her how it should be













SON





Já em "Son", a canção é dominada por um riff pesado e cativante da guitarra de Martin Barre até sua primeira metade, flertando com o Hard Rock. Há um curto interlúdio, praticamente acústico, no meio da execução, mas que retoma ao peso inicial.





A
letra fala de uma relação entre pai e filho:





I
only feel what touches me
And feel in touching I can see
A
better state to be in
Who has the right
To question what I
might do,
In feeling I should touch the real
And only things I
feel













FOR
MICHAEL COLLINS, JEFFREY AND ME





Esta canção possui um clima bem alto astral, com uma musicalidade bastante anos sessenta, com um toque Folk consideravelmente acentuado. A melodia é belíssima, com a flauta intensificando a sutileza do instrumental. Sensacional!





A
letra possui sentido de amizade:





I'm
with you L.E.M.
Though it's a shame that it had to be you
The
mother ship is just a blip
From your trip made for two
I'm with
you boys, so please employ just a little extra care
It's on my
mind I'm left behind
When I should have been there
Walking with
you














TO
CRY YOU A SONG





A brilhante "To Cry You a Song" traz lampejos do que o Jethro Tull faria anos mais tardes. A musicalidade pesada, com várias 'quebras' no seu andamento, mudanças de ritmo e de intensidade e um instrumental afiadíssimo são oferecidos no cardápio. Seis minutos de êxtase!





A
letra é sobre transmitir uma mensagem:





It's
been a long time --
Still shaking my wings
Well, I'm a glad
bird
I got changes to ring













A
TIME FOR EVERYTHING?





Nesta música, a banda aposta em um andamento um pouco mais rápido, com toques de peso e muitas presenças da flauta de Ian Anderson e da guitarra de Martin Barre, em alguns momentos, quase que se complementando. Ótima canção!





A
letra carrega uma mensagem de pessimismo:





Once
it seemed there would always be
A time for everything
Ages
passed I knew at last
My life had never been













INSIDE





"Inside" traz outra bela melodia, que flerta com o Folk, e, ao mesmo tempo, traz a flauta de Ian Anderson como protagonista. O andamento mais cadenciado e a sutileza da bateria constroem uma musicalidade muito interessante. 





A
letra possui um sentido de satisfação:





I'm
sitting on the corner feeling glad
Got no money coming in but I
can't be sad
That was the best cup of coffee I ever had
And I
won't worry about a thing because we've got it made,
Here on the
inside, outside so far away










“Inside”
foi lançada como single para promover
Benefit, mas não teve
maior repercussão em termos das principais paradas de sucesso.













PLAY
IN TIME





O peso está presente novamente em "Play in Time", a qual é conduzida por um riff muito bom, tornando a guitarra de Martin Barre uma protagonista da faixa. Anderson canta conforme o instrumental solicita, ampliando as possibilidade desta ótima canção. Contagiante!





A
letra é em tom de autossatisfação:





Got
to take in what I can
There is no time to do what must be
done,
While I do some thinking
Sleeping is hard to come by,
So
we'll all sit down and try to play in time,
And we feel like
singing
Talking to people in my way













SOSSITY;
YOU ARE A WOMAN





A décima - e última - faixa de Benefit é "Sossity; You Are a Woman". O clima mais contido e, pode-se dizer, tristonho do álbum continua na sua derradeira música. Mas isto, nem de longe, significa uma canção ruim. A voz angustiante de Anderson se casa perfeitamente com as tristes notas que saem do violão, formando uma melodia melancólica, mas profunda. Fecha muito bem o disco.





A
música menciona um relacionamento não possível:





All
of the tears you're wasting
Are for yourself and not for me
It's
sad to know you're aging
Sadder still to admit I'm free
Your
immature physical toy has grown,
Too young to enjoy at last your
straight-laced agreement:
Woman, you were too old for me
Sossity,
You're a woman
Society, You're a woman













Considerações
Finais





Benefit
manteve o sucesso crescente do Jethro Tull, atingindo a excelente 3ª
posição da principal parada britânica de álbuns, conquistando a
boa 11ª colocação na sua correspondente norte-americana. Ainda
ficou com os 2º e 5º lugares nas paradas de Noruega e Alemanha;
respectivamente.





Em
geral, os críticos não ficaram impressionados com o álbum. Um
revisor da revista norte-americana Rolling Stone chamou
o disco de “lame and dumb”. A revista britânica Disc e
Music Echo
também foi pouco impressionada, mas reconheceu a
qualidade da banda: “Este álbum não avança com um salto tão
drástico como Stand Up fez a partir de This Was. É
mais como o Jethro Tull que temos visto e ouvido durante o ano
passado”.





O
conceituado crítico musical Robert Christgau apreciou os riffs em
torno dos quais todas as canções foram construídas, mas não
apreciou as letras, as quais ele julgou difíceis de recordar.





Bruce
Eder, do AllMusic, dá ao disco uma nota 4 de um máximo
possível de 5, elogiando o trabalho: “A maioria das músicas de
Benefit exibem melodias folk agradáveis e associadas a letras
depressivas, um pouco sombrias, mas deslumbrantes e complexas, com a
guitarra de Barre adicionando potência suficiente para manter os
ouvintes de Hard Rock muito interessados”.





John
Evan participou do álbum como músico de sessão. Anderson disse que
a banda precisava de alguém para tocar as partes do teclado durante
a turnê. O tutor de Evan acabou por convencê-lo de que era uma boa
ideia, e Evan se uniu formalmente ao Tull.





O
álbum se saiu bem comercialmente e permitiu que o grupo lotasse
arenas de até 20 mil lugares, estabelecendo-o como uma banda
principal relevante. Em agosto, o conjunto tocou para um de seus
maiores públicos, no festival Isle of Wight, de 1970.
Mostrando o perfeccionismo de Anderson, a banda insistiu em uma
checagem de som no início da manhã de domingo, antes de se
apresentar mais tarde no mesmo dia.





A
aparição no Isle of Wight foi seguida por outra turnê
nos Estados Unidos, após a qual Cornick deixou a banda. Ele estava
interessado em socializar durante as turnês, enquanto os outros
membros tornaram-se mais reclusos e introvertidos.





Cornick
disse que ele foi demitido por Anderson, enquanto o site oficial do
grupo afirma que ele foi “convidado a se retirar”, por Ellis, mas
com total apoio e encorajamento para formar sua própria banda.





Anderson
convidou seu amigo Jeffrey Hammond para substituir Cornick, comprando
um baixo novo para esta finalidade. Entretanto, Hammond não estava
tocando desde que foi à escola de arte, logo após seu tempo na John
Evan Band, e foi escolhido mais por sua compatibilidade social com os
outros membros do conjunto que por suas habilidades musicais.





Esta
formação gravou Aqualung no final de 1970, lançando-o em
1971.





Benefit
supera a casa de 500 mil cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.













Formação:


Ian
Anderson - Vocal, Guitarra, Flauta, Balalaika, Teclados


Martin
Barre - Guitarra


Glenn
Cornick - Baixo, Hammond


Clive
Bunker - Bateria


Músicos
adicionais:


David
Palmer - Arranjos orquestrais


John
Evan - Piano e Órgão





Faixas:


01.
With You There to Help Me (Anderson) - 6:15


02.
Nothing to Say (Anderson) - 5:10


03.
Alive and Well and Living In (Anderson) - 2:43


04.
Son (Anderson) - 2:48


05.
For Michael Collins, Jeffrey and Me (Anderson) - 3:47


06.
To Cry You a Song (Anderson) - 6:09


07.
A Time for Everything? (Anderson) - 2:42


08.
Inside (Anderson) - 3:38


09.
Play in Time (Anderson) - 3:44


10.
Sossity; You're a Woman (Anderson) - 4:31





Letras:


Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/jethro-tull/







Opinião
do Blog:


Após longo período, o fabuloso Jethro Tull volta às páginas do Rock: Álbuns Clássicos. A banda que gravou alguns álbuns memoráveis na história do Rock ainda estava no início de sua história neste trabalho que abordamos por agora.



Dispensável enaltecer tanto a importância quanto a qualidade deste grupo britânico que sempre foi guiado e liderado pelo vocalista/flautista Ian Anderson. Todos os méritos e infortúnios que ocorreram com o Tull ao longo do tempo se devem, notavelmente, a ele.



Evidentemente, o Jethro Tull tem seu nome muito ligado à vertente do Rock Progressivo, especialmente por álbuns incríveis que gravou durante a década de 70 - notoriamente Thick as a Brick, de 1972.



Mas cabe, na humilde opinião do Blog, fazer justiça a um excelente álbum como Benefit.



Não procure por aqui o Jethro Tull progressivo: a abordagem aqui é outra. É o Rock clássico, padrão, mas com influências do Folk e passagens com flertes com o Hard Rock, mas, sobretudo, música construída com foco em belíssimas melodias.



Tudo isto é possível graças a uma formação com grande competência musical. Martin Barre é um grande guitarrista e boa parte da qualidade da obra fica por sua participação. Mas claro, maiores que o ego de Ian Anderson, somente sua soberba qualidade musical e sua genialidade.



Tanto nos vocais quanto nos instrumentos, especialmente a flauta, Ian demonstra não apenas desenvoltura, mas também protagonismo. Suas composições casam perfeitamente a temática lírica com o instrumental. O clima mais triste e melancólico do álbum vem descrito em letras mais depressivas, mas que sempre têm algo a dizer.



A belíssima melodia de "For Michael Collins, Jeffrey and Me" é diferenciada em toda a sua sutileza, contando com ótima atuação de Anderson nos vocais. A mais Hard Rock "Play in Time" possui um riff matador e contagia. E há traços de Progressivo na notável "To Cry You a Song".



Mas o Blog, conforme nossa tradição, elege sua favorita na incrível "Nothing to Say". Sua sutileza e, ao mesmo tempo, intensidade são incríveis. Não há muitas canções deste calibre por aí.



Enfim, não há faixas de enchimento em Benefit. Um álbum que não goza de tanto prestígio entre a crítica e mesmo os fãs do grupo, mas que o Blog faz questão de ressaltar. O casamento perfeito entre o lirismo e a instrumentalidade fazem deste disco uma peça única. Um dos preferidos do Rock: Álbuns Clássicos em todos os tempos e extremamente recomendado!


JETHRO TULL - BENEFIT (1970)


Benefit é o terceiro álbum de estúdio da banda britânica chamada Jethro Tull. Seu lançamento oficial aconteceu em 20 de abril de 1970, através dos selos Reprise e Chrysalis. As gravações se deram entre dezembro de 1969 e janeiro de 1970, no Morgan Studios, em Londres, na Inglaterra. A produção ficou por conta de Terry Ellis e do vocalista Ian Anderson.

PINK FLOYD - ATOM HEART MOTHER (1970)


Atom Heart Mother é o quinto álbum de estúdio da banda britânica Pink Floyd. Seu lançamento oficial ocorreu em 2 de outubro de 1970, através dos selos Harvest e Capitol Records. As gravações aconteceram entre fevereiro e agosto daquele mesmo ano, no lendário Abbey Road Studios, em Londres, na Inglaterra. A produção ficou por conta do próprio Pink Floyd, contando com Norman Smith como produtor-executivo.

PINK FLOYD - ATOM HEART MOTHER (1970)







Atom
Heart Mother é o quinto álbum de estúdio da banda britânica Pink
Floyd. Seu lançamento oficial ocorreu em 2 de outubro de 1970,
através dos selos Harvest e Capitol Records. As gravações
aconteceram entre fevereiro e agosto daquele mesmo ano, no lendário
Abbey Road Studios, em Londres, na Inglaterra. A produção ficou por
conta do próprio Pink Floyd, contando com Norman Smith como
produtor-executivo.






Depois
de quase 6 anos, uma das maiores instituições da música Rock do
planeta retorna ao Blog: o Pink Floyd. Vamos fazer um histórico
resumido do conjunto até chegarmos ao álbum propriamente dito.










Origens





As
origens do Pink Floyd remontam ao ano de 1963, quando o aluno de
arquitetura da London Polytechnic, Roger Waters, conheceu um colega
de curso chamado Nick Mason. Ambos formaram um grupo com Keith Noble,
sua irmã Sheilagh e um cara chamado Clive Metcalfe.





Quando
outro aluno de arquitetura, Richard Wright, se juntou à banda ainda
naquele ano, eles formaram um sexteto de nome Sigma 6. Waters era o
guitarrista-solo, Mason era o baterista e Wright tocava a
guitarra-base, pois raramente havia um teclado disponível. A banda
tocava em eventos particulares e ensaiava em um salão de chá no
porão da Regent Street Polytechnic. Algumas canções que eles
tocavam foram escritas pelo seu manager e compositor, o também
estudante Ken Chapman.






em 1964, Bob Klose se junta ao grupo, promovendo Waters ao posto de
baixista. O Sigma 6 passa por várias mudanças de nomes, sendo
chamado de the Meggadeaths, the Abdabs and the Screaming Abdabs,
Leonard's Lodgers, e the Spectrum Five, até se estabelecer como Tea
Set
.





Metcalfe
e Noble deixam o grupo a fim de formar sua própria banda enquanto o
guitarrista Syd Barrett juntou-se a Klose e Waters em Stanhope
Gardens (onde ficava o apartamento que os dois dividiam). Barrett,
dois anos mais novo, se mudou para Londres em 1962 para estudar na
Camberwell College of Arts. Waters e Barrett eram amigos de infância;
Roger frequentemente visitava Syd e o assistia tocar guitarra na
casa da mãe de Barrett.





Foi
Klose quem apresentou a banda ao vocalista Chris Dennis, técnico da
Royal Air Force (RAF). (Nota do Blog: a Royal Air Force (RAF)
é a força aérea britânica). Em dezembro de 1964, eles conseguiram
seu primeiro tempo de gravação, em um estúdio em West Hampstead,
através de um dos amigos de Wright, que os deixou usar o local por
algum tempo livre. Quando a RAF atribuiu a Dennis uma função no
Bahrain, em 1965, Barrett se transformou no frontman do conjunto.





Mais
tarde, ainda em 1965, a banda se apresentava fixamente no Countdown
Club, perto de Kensington High Street, em Londres, onde desde o final
da noite até o início da manhã eles tocavam três shows de 90
minutos cada.Foi durante esse período, no qual estavam estimulados
pela necessidade do grupo de ampliar seus sets para minimizar a
repetição de canções, em que a banda percebeu que “as músicas
poderiam ser estendidas com longos solos”, segundo Mason.





Após
a pressão de seus pais e conselhos de seus tutores de faculdade,
Klose deixou a banda em meados de 1965 e Syd Barrett assumiu a
guitarra-solo. O grupo se chamou pela primeira vez como “Pink Floyd
Sound” no final de 1965. Barrett criou o nome no impulso do momento
em que ele descobriu que outra banda, também chamada de Tea Set,
iria se apresentar em um de seus shows.





O termo Pink Floyd é derivado dos nomes dados a dois músicos de blues cujos
álbuns, da Piedmont Blues records, Barrett tivera em sua coleção,
Pink Anderson e Floyd Council. (Nota do Blog: Piedmont blues é
uma das mais antigas formas de country blues. O country blues ou
rural blues é o mais antigo estilo de blues, devido a este surgir
das canções de trabalho nas fazendas).





Durante
1966, o grupo continuou suas apresentações, quando conheceram Peter
Jenner, o qual ficou impressionado com a categoria da banda. Jenner e
seu amigo Andrew King acabaram se tornando os empresários do
conjunto. Foi Peter quem sugeriu que o grupo se chamasse apenas Pink
Floyd.





Nesta
época, King e Jenner investiram na compra de equipamentos e
instrumentos para o conjunto e o Pink Floyd acabou se tornando um dos
expoentes da cena musical underground de Londres, tocando em lugares
como o All Saints Hall e the Marquee.





Ainda
em 1966, a banda reforçou sua relação de negócios com a Blackhill
Enterprises, empresa fundada por Jenner e King, tornando-se sócios
em igualdade com ambos, cada um detendo uma quota de um sexto dos
direitos sobre o conjunto.





No
final de 1966, o conjunto adotou uma sonoridade menos bluesy,
adotando mais padrões originais compostos por Barrett, muitos dos
quais seriam incluídos em seu primeiro álbum. Embora tivessem
aumentado significativamente a frequência de seus shows, a banda
ainda não era amplamente aceita.





Depois
de uma apresentação em um clube de juventude católico, o
proprietário recusou-se a pagá-los, reivindicando que sua execução
não era música. Quando a administração do grupo entrou com uma
ação em um tribunal de pequenas causas contra o proprietário da
organização juvenil, um magistrado local confirmou a decisão do
proprietário.





A
banda foi muito melhor recebida no UFO Club, em Londres, onde
começaram a construir uma base de fãs, muito por causa das
performances ensandecidas de Syd Barrett.







Roger Waters





Em
1967, o Pink Floyd começou a atrair a atenção da indústria da
música. Enquanto se mantinham em negociações com as gravadoras, o
gerente e cofundador do UFO, Joe Boyd, e o agente de shows do Pink
Floyd, Bryan Morrison, organizaram e financiaram uma seção de
gravação no estúdio Sound Techniques, em West Hampstead.





Três
dias depois, o Pink Floyd assinou com a EMI, recebendo um
adiantamento de 5 mil libras inglesas. A gravadora lançou o primeiro
single da banda, “Arnold Layne”, com “Candy and a Currant Bun”
como lado B, em 10 de março de 1967, pelo selo Columbia.





A
EMI-Columbia lançou o segundo single do Pink Floyd, “See Emily
Play”, em 16 de junho de 1967. Ele atingiu 6ª posição da parada
de singles no Reino Unido.





O
Pink Floyd apareceu no Top of the Pops, da Rede britânica de TV BBC,
um programa popular que, controversamente, exigia que os artistas
mimetizassem seus cantos e sua forma de tocar. Embora o Pink Floyd
tenha retornado para mais duas apresentações, na terceira, Barrett
havia começado a se 'desvendar' e foi nessa época que a banda começou a
perceber mudanças significativas em seu comportamento.





No
início de 1967, Syd usava regularmente LSD, e Mason descreveu-o como
“completamente distanciado de tudo o que estava acontecendo”. (Nota do Blog: LSD é a sigla de Lysergsäurediethylamid, palavra alemã para a dietilamida do ácido lisérgico, que é uma das mais potentes substâncias alucinógenas conhecidas).





O
Primeiro Disco





Em 5
de agosto de 1967, foi lançado The Piper at the Gates of Dawn,
o primeiro álbum de estúdio do Pink Floyd.





O
álbum vendeu mais de 100 mil cópias apenas na Inglaterra, onde
conquistou o 6º lugar da principal parada britânica de álbuns.
Barrett é creditado como compositor solitário de 7 das 10 faixas,
tendo contribuído em mais 2.





Tido
e havido pela crítica musical como um clássico, The Piper at the
Gates of Dawn
possui uma sonoridade baseada no Rock Psicodélico,
mas com muita originalidade. Alguns de seus clássicos são
“Astronomy Domine” e “Interstellar Overdrive”.





O
grupo continuava formado pelo vocalista/guitarrista Syd Barrett, o
baixista Roger Waters, o tecladista Rick Wright e o baterista Nick
Mason.





O
Pink Floyd continuou a atrair grandes multidões no UFO Club;
entretanto, o surto mental de Barrett estava causando séria
preocupação.







Rick Wright





O
grupo, inicialmente, esperava que seu comportamento errático fosse
apenas uma fase passageira, mas alguns eram menos otimistas,
incluindo o manager Jenner e seu assistente, June Child, o qual
comentou: “Eu o encontrei [Barrett] no vestiário e ele estava
tão... desaparecido. Roger Waters e eu conseguimos colocá-lo de pé,
[e] nós o levamos para o palco... A banda começou a tocar e Syd só
ficou lá. Estava com sua guitarra ao redor do pescoço e seus braços
apenas pendurados para baixo”.





Forçado
a cancelar a aparição do Pink Floyd no prestigioso Festival
Nacional de Jazz e Blues, bem como em vários outros shows, King
informou à imprensa musical que Barrett estava sofrendo de exaustão
nervosa.





A
banda seguiu para algumas datas de concertos na Europa em setembro,
com sua primeira turnê nos EUA em outubro. Enquanto a turnê nos EUA
seguia, a condição de Barrett ficava cada vez pior.







Durante
as apresentações nos shows de Dick Clark e Pat Boone, em novembro,
Barrett confundiu seus anfitriões por não responder a perguntas e
permanecer olhando para o espaço. Ele se recusou a mexer os lábios
quando chegou o momento de dublar “See Emily Play” no programa de
Boone.





Após
esses episódios embaraçosos, King encerrou a turnê nos Estados
Unidos e imediatamente os enviou para Londres. Logo após seu
retorno, eles fizeram suporte para o fantástico Jimi Hendrix durante
uma turnê pela Inglaterra; entretanto, a depressão de Barrett
piorou durante esta turnê, alcançando um ponto de crise em
dezembro, obrigando o grupo a adicionar um novo membro à sua
line-up.





David
Gilmour





Em
dezembro de 1967, o grupo adicionou o guitarrista David Gilmour, como
o quinto membro do Pink Floyd. Gilmour já conhecia Barrett, tendo
estudado com ele na Cambridge Tech, no início dos anos 1960.





Em
janeiro de 1968, a Blackhill Enterprises anunciou Gilmour como o mais
novo membro da banda; seu segundo guitarrista e quinto membro, sendo
que o conjunto pretendia continuar com Barrett como um compositor.
Jenner comentou: “A idéia era que Dave... cobriria as
excentricidades [de Barrett] e quando isso não fosse viável, Syd só
iria compor, apenas para tentar mantê-lo envolvido”.





Em
uma expressão de sua frustração, Barrett, de quem se esperava
compusesse singles de sucesso como “Arnold Layne” e “See Emily
Play”, apresentou “Have You Got It Yet?” para a banda, mudando
intencionalmente a estrutura da música em cada performance para
tornar a canção impossível de se seguir e aprender.





Trabalhar
com Barrett acabou se revelando muito difícil e as questões
chegaram a uma conclusão em janeiro, enquanto a caminho de um show
em Southampton, na Inglaterra, um membro da banda perguntou se eles
deveriam levar Barrett. Segundo Gilmour, a resposta foi “Nah, não
vamos nos incomodar”, sinalizando o fim da permanência de Barrett
com Pink Floyd.







David Gilmour





Waters
mais tarde admitiu: “Ele era nosso amigo, mas agora, na maioria das
vezes, queríamos estrangulá-lo”. No início de março de 1968, o
Pink Floyd se reuniu com seus parceiros de negócios Jenner e King
para discutir o futuro da banda, com Barrett concordando em deixar o
conjunto.





A
Saucerful of Secrets, More e Ummagumma





Em
29 de junho de 1968, o Pink Floyd lançou seu segundo álbum, A
Saucerful of Secrets
. Neste trabalho, Roger Waters começou a
desenvolver seu talento como compositor. O disco acabou atingindo a
9ª posição da principal parada britânica de álbuns. “Jugband
Blues”, presente no trabalho, é a última contribuição de Syd
Barrett no Pink Floyd.





A
Saucerful of Secrets
também marcou a primeira vez que a banda
teve a arte da capa de um de seus trabalhos feita pela empresa
Hipgnosis, a qual seria responsável por várias capas de seus
futuros lançamentos.





A
crítica especializada teve reações mistas em relação ao disco,
com algumas referências a um trabalho “monótono”.






em 1969 sai o terceiro disco de estúdio do Pink Floyd, More,
o qual foi gravado para ser trilha sonora do filme de mesmo nome,
dirigido por Barbet Schroeder e estrelado por Mimsy Farmer.





More
contém muitas faixas instrumentais e também conquistou a 9ª
posição da principal parada britânica de álbuns. Aposta em uma
sonoridade mais psicodélica, como seus dois antecessores. O álbum
traz David Gilmour como único vocalista.





Em
25 de outubro de 1969, a banda lança seu quarto álbum, Ummagumma,
o qual representou uma ruptura com seu trabalho anterior, apostando
mais no nascedouro Rock Progressivo.





Lançado
como um LP duplo, pelo selo Harvest da EMI, os dois primeiros lados
continham performances ao vivo, gravadas no Manchester College of
Commerce e no Mothers, um clube em Birmingham. O segundo LP continha
contribuições experimentais de cada membro da banda.





Ummagumma
recebeu críticas positivas após seu lançamento, em 1969. O álbum
atingiu o 5º lugar na parada britânica de discos e nela
permanecendo por 21 semanas.





Atom
Heart Mother





O
álbum surgiu após o Pink Floyd ter terminado um trabalho para a
trilha sonora do filme Zabriskie Point (dirigido por
Michelangelo Antonioni e estrelado por Mark Frechette) em Roma, o
qual terminou um pouco acrimoniosamente, e a banda voltou para
Londres, no início de 1970, para os ensaios.





Diversas
passagens musicais das sessões de Roma foram usadas para construir
material novo durante esses ensaios, embora algumas delas, como “The
Violent Sequence”, só seria usada mais tarde para se tornar o
clássico atemporal “Us and Them”.





O
grupo ficou entre fevereiro e agosto de 1970 trabalhando no disco. O
estúdio escolhido foi o famoso Abbey Road.





Este
foi o primeiro álbum do Pink Floyd a ser especialmente mixado para
um som quadrafônico de quatro canais, assim como no formato estéreo
convencional de dois canais. O SQ quadraphonic mix foi lançado
em LP em um formato de matriz compatível com os players de som
estéreo padrão da época.





A
capa original do álbum, projetada pela Hipgnosis, mostra uma vaca de
pé em um pasto sem texto nem qualquer outra pista sobre o que
poderia estar no registro. Algumas edições posteriores têm o
título e o nome do artista adicionado à capa.





Esse
conceito foi uma reação do grupo à imagem que o associava ao rock
psicodélico naquele momento. A banda queria explorar todos os tipos
de música sem se limitar a uma determinada imagem ou estilo musical.





Dessa
forma, o grupo pediu que seu novo álbum tivesse “algo simples”
na capa, que acabou sendo a imagem de uma vaca. Storm Thorgerson,
inspirado no famoso papel de parede de Andy Warhol, cow wallpaper,
disse que ele simplesmente se dirigiu para uma área rural perto de
Potters Bar e fotografou a primeira vaca que viu.





O
proprietário da vaca identificou seu nome como “Lulubelle III”.
Mais vacas aparecem na capa traseira, novamente sem texto ou títulos,
e no interior do encarte. Também um balão cor-de-rosa na forma de
um úbere de vaca acompanhou o álbum como parte estratégica da
campanha de marketing da Capitol Records para o Pink Floyd finalmente
estourar nos Estados Unidos.





As
notas do encarte em edições posteriores de CD apresentam uma
receita para um banquete beduíno tradicional de casamento, em um
cartão intitulado “Breakfast Tips”. Olhando retrospectivamente
para sua obra de arte, Thorgerson lembrou: "Acho que a vaca
representa, em termos do Pink Floyd, parte de seu humor, o qual eu
acho que é muitas vezes subestimado ou simplesmente não descrito.





Vamos
às faixas:





ATOM
HEART MOTHER





Não é fácil descrever uma obra vanguardista da magnitude de "Atom Heart Mother", uma canção a qual se apresenta como uma peça de teatro subdividida em 6 atos. Há passagens orquestradas grandiosas, o coral regido pelo maestro John Alldis emociona. Na passagem "Mother Fore", bluesística, Gilmour apresenta seu talento incomum em um solo de guitarra repleto de feeling. Experimentações, ruídos estereofônicos, enfim, tudo aquilo que se tornou marca registrada não apenas no Rock Progressivo, mas também no som consagrado do Pink Floyd. Genial!



Trata-se de uma faixa instrumental.





“Atom
Heart Mother” é uma suíte de seis partes composta por todos os
membros da banda e com auxílio do músico escocês Ron Geesin. (
Nota
do Blog:
Suíte é como se chama o conjunto de movimentos
instrumentais dispostos com algum elemento de unidade para serem
tocados sem interrupções. Com o passar dos séculos, a suíte
passou a significar uma seleção orquestral de uma obra maior. Além
disso, vários compositores utilizam o nome pra designar apenas uma
coleção de peças do mesmo estilo tematicamente, às vezes usadas
como música incidental, como é o caso da suíte Peer Gynt, de
Edvard Grieg).





As
seis partes de “Atom Heart Mother” são: I. "Father's
Shout"; II. "Breast Milky"; III. "Mother Fore";
IV. "Funky Dung", V. "Mind Your Throats Please" e
VI. "Remergence".





Ron
Geesin, como dissemos, é um músico e compositor escocês, conhecido
por suas criações peculiares e novas aplicações de som. Depois
que a banda se encontrou em um impasse sem saída sobre como
completar a faixa-título de Atom Heart Mother, ele trabalhou
com o Pink Floyd como orquestrador e organizador, também escrevendo
parte da introdução com instrumentos de sopro.





É a
suíte não recortada mais longa do Pink Floyd (“Shine On You Crazy
Diamond”, embora mais extensa, foi dividida entre os dois lados de
Wish You Were Here, de 1975). O grupo a executou ao vivo entre
1970 e 1972, ocasionalmente com uma seção de bronze e um coro entre
1970-71.





A
gravação começou com as partes de bateria e baixo, gravadas em uma
única tomada para toda a suite, resultando em um tempo inconsistente
ao longo da música. Roger Waters e Nick Mason tocaram por vinte e
três minutos seguidos ininterruptamente.





A
peça que ocupa todo o lado A do disco é uma progressão quando
comparada às peças instrumentais anteriores do Pink Floyd, como “A
Saucerful of Secrets” e “Interstellar Overdrive”.





Geesin
escolheu o nome da primeira sessão, “Father's Shout”, inspirado
no músico norte-americano de Jazz, Earl "Fatha" Hines,
enquanto outros nomes como “Breast Milky” e “Funky Dung”
foram retirados da capa do álbum.







Nick Mason





Os
arranjos orquestrais apresentam uma
seção de bronze
completa, um violoncelo e o coral de 16 vozes de John Alldis, que
tomam a maioria das linhas de melodia da música, enquanto o Pink
Floyd fornece principalmente o background da canção.





Isto
representa um reverso da prática da música pop dos anos 60, ou
seja, usar a orquestração como pano de fundo e colocar a banda de
rock comandando a melodia. No entanto, há várias ocasiões em que a
guitarra elétrica de Gilmour e os teclados de Wright assumem a
liderança melódica.





Em
março, eles haviam terminado de gravar a canção, mas sentiram que
estava bastante desfocada e precisava de algo mais. A banda havia
sido apresentada a Ron Geesin através do gerente de turnê do
Rolling Stones, Sam Cutler, e ficaram impressionados com a sua
composição e capacidades de edição de fitas, particularmente
Waters e Mason.





Geesin
recebeu as faixas de suporte que o grupo havia gravado e pediu para
compor um arranjo orquestral em cima delas, enquanto a banda saiu em
turnê para os Estados Unidos. Geesin descreveu a composição e
arranjo como “um inferno de muito trabalho. Ninguém sabia o que
queria, eles não conseguiam ler música...” Segundo Geesin,
Gilmour veio com algumas das linhas melódicas, enquanto o tecladista
Richard Wright trabalhou na seção do meio com o coro.





Quando
Ron chegou para gravar o seu trabalho, em junho, com a EMI Pops
Orchestra, os músicos de sessão presentes não ficaram
impressionados com a sua tendência em favorecer a música de
vanguarda sobre as obras clássicas estabelecidas e, combinado com a
relativa dificuldade de algumas das partes, assediaram-no durante a
gravação.





John
Alldis, cujo coral também está na faixa, tinha experiência em lidar
com músicos de orquestras, e conseguiu orquestrar a performance em
lugar de Geesin.





Quando
Roger Waters ouviu David Gilmour tocando as partes de guitarra para
esta faixa, ele disse que soou como a canção tema do
filme de Western, The Magnificent Seven, de 1960, dirigido por
John Sturges e estrelado por Yul Brynner.





A
canção foi a última composição do Pink Floyd que foi creditada
como sendo coescrita por alguém fora da banda, ao menos até 1979
(sem contar a contribuição de Clare Torry para “The Great Gig in
the Sky”, pela qual foi creditada retroativamente devido a um
acordo com o grupo).





O
título de trabalho para esta peça mudou algumas vezes durante o
processo de composição e gravação. Quando o primeiro tema
principal foi composto, David Gilmour chamou-a de “Theme from an
Imaginary Western”.





O
primeiro título de trabalho para a peça de seis partes foi “Epic”,
escrita com a letra de Ron Geesin no topo de sua pontuação
original. O trabalho foi introduzido nos dias 27 e 28 junho de 1970,
no Bath Festival of Blues and Progressive Music como “The Amazing
Pudding”.





Em
julho, Ron Geesin mostrou a Roger Waters a edição de 16 de
Julho de 1970 do Evening Standard e lhe disse que havia
encontrado o título da música no jornal. Waters viu um artigo sobre
uma mulher grávida que havia recebido um marca-passo cardíaco. A
manchete era Atom Heart Mother Named.





O
número foi realizado, ao vivo, e sem o envolvimento de qualquer
membro do Pink Floyd, pela primeira vez em 36 anos, nos dias 14 e 15
de junho de 2008, pelo Canticum Choir, com o Royal College of Music
na seção de bronze, Caroline Dale no violoncelo, Ron Geesin no
piano, Andrea Beghi na bateria, Nadir Morelli no baixo, Federico
Maremmi na guitarra e Emanuele Borgi no órgão Hammond. David
Gilmour se juntou ao show na segunda noite, no Cadogan Hall, tocando
sua Stratocaster preta na maior parte da faixa e lap steel guitar
para as peças de slide.





Também
foi tocada anteriormente por vários conjuntos, incluindo o
Conservatoire national supérieur de musique et de danse (CNSMDP), de
Paris, em Março de 2003 e a Banda Seamus, em 14 de Outubro de 2005.





Stanley
Kubrick queria usar esta faixa para seu renomado filme A Clockwork
Orange
(Laranja Mecânica), de 1971; no entanto, a banda recusou
dar a permissão. Kubrick, no entanto, incluiu a capa do álbum no
filme que pode ser vista em uma prateleira na cena da loja de música.
Anos mais tarde, Kubrick negou permissão a Roger Waters para usar
amostras do áudio de seu filme 2001: Uma Odisseia no Espaço,
em seu disco solo, Amused to Death, de
1992.













IF





A beleza simples, sutil e bucólica de "If" é cativante. Sua natural suavidade é acompanhada por uma ótima interpretação vocal de Roger Waters, perfeita para se casar com a leveza da parte instrumental. A guitarra de Gilmour, quando "corta" a faixa, é uma amostra do feeling descomunal do guitarrista. Belíssima!





A
letra é uma reflexão sobre sua própria existência e a insanidade:





If I
were to sleep, I could dream
If I were afraid, I could hide
If
I go insane, please don't put
Your wires in my brain





Composta
e cantada por Roger Waters, “If” leva em conta uma abordagem
pastoral e folk, mas menciona a introspecção.





A
canção foi tocada ao vivo em uma apresentação do DJ britânico
John Peel, em 16 de julho de 1970, no Paris Theatre da BBC, em
Londres. Durante esse show, Richard Wright tocou tanto órgão quanto
baixo.





Waters
tocou “If” inúmeras vezes em suas turnês solo, durante 1984/85
e em apoio a Radio K.A.O.S., de 1987. Para estas turnês solo,
a faixa foi expandida tanto em letras quanto em seqüências de
acordes.













SUMMER
'68





"Summer '68" apresenta uma musicalidade intensa e muito cativante, um rock suave conduzido pelo tecladista Rick Wright. Há a presença de instrumentos de sopro e de orquestrações, os quais engrandecem a beleza da composição. Excelente composição.





A
letra fala de um encontro de uma noite:





Not
a single word was said, the night still hid our fears
Occasionally
you showed a smile but what was the need
I felt the cold far too
soon in a room of ninety-five





Escrita
e cantada por Rick Wright, “Summer '68” descreve o encontro do
músico com uma groupie.













FAT
OLD SUN





"Fat Old Sun" traz uma sonoridade bem leve, conduzida por uma melodia harmoniosa e uma cativante condução vocal por parte de David Gilmour. O baixo, também tocado por David nesta canção, está perfeitamente colocado. O solo de guitarra de Gilmour é uma pequena amostra de seu talento e das razões dele ser considerado um dos grandes guitarristas de sua geração. Excelente música!





A
letra contém um sentido bucólico:





Distant
bells
New mown grass smells so sweet
By the river holding
hands
Roll me up and lay me down





“Fat
Old Sun” chegou a ser tocada antes mesmo do lançamento do álbum,
em outubro de 1970.





A
música é, talvez, melhor descrita como de inspiração pastoral, um
hino de louvor ao campo, como outras da própria banda, como
“Grantchester Meadows”. Os sons de sino, ouvidos no início e no
fim da canção, foram, mais tarde, usados novamente em “High
Hopes” do álbum The Division Bell, de1994 e em “Louder
than Words” do álbum The Endless River, de 2014.





A
faixa era tocada ao vivo pelo Pink Floyd entre 1970 e 1971. No palco,
a canção foi transformada de uma balada folk em um próspero número
de rock progressivo, a partir do solo blues rock após
o último refrão. Os improvisos seguiam, geralmente, incluindo a
bateria de forma livre, os solos de órgão e as progressões
revisadas dos acordes baseados na linha vocal do verso “Sing to
me”.





Mais
recentemente, ela foi adotada por David Gilmour e executada
acusticamente na turnê David Gilmour in Concert, entre 2000 e
2001, menos o solo de guitarra. Quando o gerente do Floyd, Steve
O'Rourke, morreu em 2003, Gilmour, Wright e Mason tocaram “Fat Old
Sun” (e “The Great Gig in the Sky”) em seu funeral.













ALAN'S
PSYCHEDELIC BREAKFAST





A quinta - e última - faixa de Atom Heart Mother é "Alan's Psychedelic Breakfast". Trata-se de outra canção longa, superando a casa de 13 minutos e, assim como a suíte que dá nome ao disco, é outra composição conceitual. Entre ruídos de alguém preparando comida e se movimentando, há passagens com melodias belíssimas e cativantes. Muito interessante!





Embora instrumental, é possível ouvir Alan Styles pronunciar estas palavras:





Rise
And Shine
("Oh... uh... me flakes... scrambled eggs, bacon,
sausages, toast,



Coffee
marmelade..


I
like marmelade... pourridge..any cereal,


I
like all cereals...oh god...")





É
outra composição longa e predominantemente instrumental, dividia em
três partes: I. "Rise and Shine"; II. "Sunny Side Up"
e III. "Morning Glory". Foi composta principalmente por
Nick Mason, mas creditada a todo o grupo.





A
faixa apresenta o Pink Floyd tocando ao fundo com Alan Styles (um
roadie do grupo que apareceu na capa de Ummagumma) falando
sobre o pequeno almoço o qual ele está preparando e comendo, bem
como de um café-da-manhã que ele teve no passado).






pausas significativas antes da primeira e entre as três partes
instrumentais, onde apenas os murmúrios e movimentos de Alan (com
ocasional ruído de fundo) são ouvidos.





Foi
tocada ao vivo três vezes no Reino Unido durante o inverno britânico
de 1970.





A
banda de improvisação chamada The Breakfast retirou seu nome desta
canção.













Considerações
Finais





Atom
Heart Mother fez sucesso comercial, especialmente no Reino Unido e na
França.





O
álbum conquistou a estupenda 1ª posição da principal parada
britânica de álbuns, alcançando apenas a 55ª colocação na sua
correspondente norte-americana. Ainda obteve os 4º, 5º e 8º
lugares nas paradas de França, Holanda e Alemanha; respectivamente.





A
reação da crítica à suíte sempre foi mista, embora todos os
membros da banda expressaram negatividade em relação a ela nos
últimos tempos.





Stephen
Thomas Erlewine, do site AllMusic, em uma resenha retrospectiva, dá
ao disco uma nota 3 de um máximo de 5, explicando: “(...) De toda
forma, este é o álbum mais impenetrável do Pink Floyd lançado pela
Harvest, o que também o torna um dos mais interessantes da época.
Ainda assim, pode ser um gosto adquirido mesmo para os fãs,
especialmente quando ele começa com uma peça orquestral de 23
minutos de comprimento em todo o primeiro lado, que pode não parecer
apontar para qualquer lugar, mas é muitas vezes intrigante, mais no
que sugere do que o de fato alcança”.





O
crítico complementa: “Então, há momentos interessantes
espalhados por todo o disco, e o trabalho que inicialmente parece tão
impenetrável acaba sendo o momento mais forte de Atom Heart
Mother
. Aquela (faixa) que dura um lado inteiro ilustra que o
Pink Floyd estava ficando melhor com uma imagem maior em vez dos
detalhes, uma vez que o segundo lado acaba caindo com suas músicas,
não importando quantos bons momentos existam”.





Os
membros do Pink Floyd, na realidade, detonam a suíte. Gilmour
disse que o álbum era “uma carga de lixo. Estávamos em um
verdadeiro ponto baixo... Eu acho que nós estávamos raspando o
barril um pouco naquele período”, afirmando “uma boa ideia, mas
foi terrível... "Atom Heart Mother" soa como se não tivéssemos
nenhuma ideia entre nós, mas nos tornamos muito mais prolíficos
depois disso”. Da mesma forma, em uma entrevista em 1984, na BBC
Radio 1, Waters disse: “Se alguém me dissesse agora - certo - aqui
está um milhão de libras, saia e toque "Atom Heart Mother", eu
diria que você deve estar brincando”.





A
banda ficou inicialmente entusiasmada em tocar a suíte no início
dos anos 1970. Uma apresentação foi gravada para a estação de
televisão KQED, baseada em San Francisco, caracterizando apenas a
faixa, em 28 de abril 1970.





Duas
atuações memoráveis ocorreram no Festival Bath Festival of
Blues and Progressive Music,
em 27 de Junho, e no Blackhills
Garden Party,
no Hyde Park, Londres, em 18 de Julho. Em ambas as
ocasiões a banda foi acompanhada pelo John Alldis Choir (coral) e
pela seção de bronze Philip Jones Brass Ensemble.





Depois,
a banda contratou uma seção de bronze e um coral, para a turnê,
apenas com o propósito de executar a suíte. No entanto, isso fez
com que a turnê desse prejuízo financeiro e o grupo encontrasse
problemas com os músicos contratados, os quais mudavam a cada show,
fazendo com que o conjunto contasse apenas com quem estivesse
disponível, fato que, combinado com a falta de ensaios e problemas
de microfone para todo o coral, fazia a performance ao vivo e
completa mais problemática.





Um
arranjo posterior sem a seção de bronze ou corais, reduzido de 25
minutos para quinze, omitindo as seções de “colagem” e a
retomada do tema principal no encerramento, permaneceu em seu
repertório ao vivo em 1972. Por exemplo, durante o primeiro concerto
daquele ano, no meio da primeira apresentação pública de The
Dark Side of the Moon
, em Brighton, problemas técnicos
resultaram no abandono desse esforço, substituída por “Atom Heart
Mother”.





A
última apresentação ao vivo da suíte “Atom Heart Mother”,
pelo Pink Floyd, ocorreu em 22 de maio de 1972, no Estádio Olímpico
de Amsterdã, Holanda.





O
Pink Floyd percorreu amplamente toda a América do Norte e a Europa em 1970.
Em 1971, Pink Floyd ficou em segundo lugar na votação dos leitores
da Melody Maker, e, pela primeira vez, estavam fazendo lucro.





Paralelamente,
Mason e Wright tornaram-se pais e compraram casas em Londres,
enquanto Gilmour, ainda solteiro, mudou-se para uma fazenda do século
XIX em Essex. Waters instalou um estúdio de gravação em sua casa
em Islington, no que era anteriormente um canteiro de ferramentas, na
parte de trás de seu jardim.





Em
janeiro de 1971, ao retornar da turnê de Atom Heart Mother, o
Pink Floyd começou a trabalhar em novos materiais. Meddle,
seu sexto álbum de estúdio, seria lançado em outubro daquele ano.





Atom
Heart Mother
supera a casa 500 mil cópias vendidas apenas nos
Estados Unidos.













Formação:


Roger
Waters
- Baixo, Violão e Vocal em 2, efeitos de fita, colagens
de fita


David
Gilmour
- Guitarras, Vocal, Baixo e Bateria em 3


Rick
Wright
- Teclados, Vocal em 4


Nick
Mason
- Bateria, Percussão, engenharia de som em 5


Músicos
Adicionais:


EMI
Pops Orchestra - Seções de bronze e Orquestra


Haflidi
Hallgrimsson - Violoncelo


John
Alldis Choir - Vocais


Alan
Styles - Voz e Efeitos Sonoros em 5





Faixas:


01.
Atom Heart Mother (Mason/Gilmour/Waters/Wright/Geesin) – 23:44


     I.
"Father's Shout"


     II.
"Breast Milky"


     III.
"Mother Fore"


     IV.
"Funky Dung"


     V.
"Mind Your Throats Please"


     VI.
"Remergence"


02.
If (Waters) - 4:31


03.
Summer '68 (Wright) - 5:29


04.
Fat Old Sun (Gilmour) - 5:22


05.
Alan's Psychedelic Breakfast – (Waters/Mason/Gilmour/Wright) –
13:00


     I.
"Rise and Shine"


     II.
"Sunny Side Up"


     III.
"Morning Glory"





Letras:


Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/pink-floyd/




Opinião
do Blog:



Após um período muito longo, uma das maiores bandas de todos os tempos na história da música volta às páginas do Rock: Álbuns Clássicos: o Pink Floyd. Dispensável, entretanto, tanto apresentações quanto enaltecimento de uma das mais importantes instituições da música no século passado.





Também seria chover no molhado repercutir a qualidade desta formação do Pink Floyd, responsável por gravar algumas das obras mais aclamadas de toda a história da indústria musical como The Dark Side of the Moon ou The Wall. Waters, Gilmour, Mason e Wright completam uma das melhores e mais competentes formações da história do Rock.





Entretanto, hoje o Blog preferiu abordar um momento da carreira do grupo britânico anterior a sua consagração definitiva. Atom Heart Mother divide opinião da crítica especializada e até de parte dos fãs, embora tenha caído no gosto de quem faz esta página.





Trata-se de uma obra de vanguarda e um momento importantíssimo na carreira do Pink Floyd. Não apenas por romper de maneira mais efetiva com seu passado no Rock Psicodélico e, ao mesmo tempo, com a dependência de seu antigo mentor, Syd Barrett.





Mas, sobretudo, Atom Heart Mother lança alguns dos pilares que se tornariam marcas no Rock Progressivo e, em especial, em obras futuras do conjunto. A presença de experimentações estereofônicas, como as que estão em "Alan's Psichedelic Brekfast", seriam exaustivamente aprimoradas em The Dark Side of the Moon (1973). Além disso, a ideia de música conceitual, como na própria "Alan's" e na suíte principal do álbum, amadurecer-iam-se, mais tarde, no surgimento do álbum conceitual, tão explorado dentro do Rock Progressivo.





As letras do Pink Floyd fogem dos lugares comuns e merecem uma conferida.





"If" é uma faixa minimalista e por si só traz uma das grandes características do grupo: uma abordagem mínima e, simultaneamente, genial. "Summer '68" é divertida e ao mesmo tempo instigante e "Fat Old Sun" é uma amostra pequena, mas suficiente, da genialidade de David Gilmour.





Embora criticada e mesmo sendo minoria, o RAC assume sua apreciação e fascinação pela belíssima suíte "Atom Heart Mother", um verdadeiro presságio daquilo que o Pink Floyd viria a produzir no futuro.





Concluindo, Atom Heart Mother rompe com o passado e apresenta os primeiros sinais da banda genial que o Pink Floyd se tornaria, apontando elementos os quais fariam que o grupo se constituísse não apenas em um dos pilares fundamentais do Rock Progressivo, mas em uma das formações musicais mais espetaculares que passaram pelo planeta. Um álbum muito acima da média de uma das bandas obrigatórias para qualquer fã de Rock que se preze. Até o próximo post!