RAINBOW - RITCHIE BLACKMORE'S RAINBOW (1975)


Ritchie Blackmore's Rainbow é o álbum de estreia da banda britânica chamada Rainbow. Seu lançamento oficial se deu em 4 de agosto de 1975, através dos selos Oyster (Reino Unido) e Polydor Records (Internacional). As gravações ocorreram entre 20 de fevereiro e 14 de março daquele mesmo ano, no Musicland Studios, em Munique, na Alemanha. A produção ficou por conta de Martin Birch, Ronnie James Dio e de Ritchie Blackmore.

O Rainbow é uma das mais fantásticas bandas da história do Rock. O Blog vai tratar um pouco de sua formação para depois falar do álbum.


Stormbringer, o nono álbum de estúdio do Deep Purple, foi lançado em novembro de 1974. Neste trabalho, os elementos de soul e funk que foram apenas pincelados no disco antecessor, Burn (1974), são muito mais proeminentes.

Além da faixa-título, o álbum Stormbringer teve um bom número de canções que receberam bastante circulação nas rádios, como "Lady Double Dealer", "The Gypsy" e "Soldier Of Fortune".

Desta forma, Stormbringer chegou ao 6º lugar da principal parada de sucessos no Reino Unido, conquistando a 20ª posição na correspondente norte-americana.

No entanto, o guitarrista da banda, Ritchie Blackmore, não gostou nenhum pouco do álbum, especialmente dos elementos de soul e funk, execrando-o publicamente como "música de engraxate".

Além disso, outro fator que desagradou profundamente Blackmore foi que seu desejo em regravar “Black Sheep of the Family”, da banda Quatermass, juntamente com a autoral “Sixteenth Century Greensleeves”, ambas prontamente rejeitadas pelo resto do Deep Purple.

Ritchie Blackmore
Simultaneamente, Ronnie James Dio estava tocando em um grupo chamado Elf, o qual foi formado por ele mesmo em 1967, com o nome de The Electric Elves.

Em 1975, a banda Elf estava trabalhando em seu terceiro (e que seria o último) álbum de estúdio, Trying to Burn the Sun (1975).

O grupo havia lançado seu álbum de estreia, autointitulado, em 1972, apresentando uma sonoridade que encontrava o Hard Rock e o Blues Rock.

O Elf conseguiu um moderado sucesso comercial, especialmente por ser constantemente a banda de abertura para o Deep Purple. Ali nascia o início de envolvimento entre Ritchie Blackmore e Ronnie James Dio.

Com a negativa do Deep Purple em regravar “Black Sheep of the Family”, Ritchie Blackmore decidiu, ainda em 1974, gravar a faixa sozinho.

Assim, Ronnie James Dio e o baterista Gary Driscoll, também do Elf, foram convidados a se juntarem a Blackmore nos Estados Unidos e gravarem com o guitarrista.

O resultado das gravações, em conjunto com o ótimo ambiente, encantaram Ritchie Blackmore, que ao final do trabalho, deixou o local com a ideia de gravar um trabalho solo.

Ainda em 1974, Blackmore tomou aulas de violoncelo com Hugh McDowell, do ELO. Mais tarde, o guitarrista afirmou que quando se toca um instrumento musical diferente, há um sentimento refrescante, pois existe um senso de aventura em não saber exatamente o acorde que se está tocando.

Estando satisfeito com os resultados das canções gravadas em Tampa, Blackmore decidiu recrutar os demais músicos da Elf e formar sua própria banda, ao invés de entrar em uma carreira-solo.

Inicialmente, a banda foi nomeada como Ritchie Blackmore's Rainbow, para depois ser encurtado para apenas Rainbow.

Assim, em sua primeira versão, o grupo era formado pelo guitarrista Ritchie Blackmore e os demais músicos que compunham o Elf: Ronnie James Dio nos vocais, Micky Lee Soule no piano/teclado, Craig Gruber no baixo e Gary Driscoll na bateria.

Desta forma, o Elf interrompeu as gravações de seu terceiro disco, Trying to Burn the Sun (1975), para gravar o primeiro trabalho do Rainbow.

A música do Rainbow foi parcialmente inspirada por música clássica (desde que Blackmore começou a tocar violoncelo para ajudá-lo a construir progressões de acordes interessantes), e Dio escreveu letras sobre temas medievais.

Além disso, Dio possuía um alcance vocal versátil capaz de cantar tanto Hard Rock quanto baladas mais leves, e, de acordo com Blackmore, ao ouvir o vocalista: "eu senti arrepios na espinha."

Ronnie James Dio

As gravações foram feitas em Munique, na Alemanha, no Musicland Studios e duraram três semanas, entre fevereiro e março de 1975.

Como o trabalho fluiu de maneira orgânica, Blackmore sentiu que deveria deixar o Deep Purple para se dedicar de forma integral ao seu novo projeto. Segundo o guitarrista:

“Eu deixei o Deep Purple porque eu me encontrei com Ronnie Dio, e era tão fácil de trabalhar com ele. Ele foi originalmente só para fazer uma faixa de um LP solo, mas acabamos fazendo todo o LP em três semanas, e eu fiquei muito animado com tudo”.

Em 21 de junho de 1975, Ritchie Blackmore deixava o Deep Purple (pela primeira vez).

Com a influência musical e lírica do período medieval, a arte da capa contém um castelo e, obviamente, um arco-íris. Obra de David Willardson.

Vamos às faixas:

MAN ON THE SILVER MOUNTAIN

Um genial riff criado por Ritchie Blackmore é a base da canção. O ritmo é bem cadenciado e a sonoridade possui a intensidade exata. É o mais puro extrato do Hard Rock setentista, contando com uma boa presença do baixo de Craig Gruber. Para coroar a faixa brilhante, Ronnie James Dio tem uma atuação exemplar e Blackmore faz um solo sensacional no meio de "Man On The Silver Mountain". Espetacular!

A letra é fantasiosa sobre um homem a que todos clamam como um deus:

I'm the man on the silver mountain
I'm the man on the silver mountain
Come down with fire
Lift my spirit higher
Someone's screaming my name
Come and make me holy again

“Man On The Silver Mountain” é um dos maiores clássicos do Rainbow.

Foi o primeiro single lançado pelo grupo, mas não obteve maior repercussão em termos de paradas de sucesso.


Entretanto, tornou-se uma das canções favoritas do público e era bastante presente nos shows do grupo.

Entre versões covers mais famosas, encontram-se as da banda espanhola Mago de Oz, da sueca HammerFall e a presente no álbum tributo lançado em 2014 This Is Your Life, a qual conta com nomes como Rob Halford e Vinny Appice.

Dio, em sua carreira-solo, manteve “Man On The Silver Mountain” como parte constante de seu set-list. Após sua morte, em 2010, seu corpo foi sepultado em Los Angeles, nos Estados Unidos, e sua sepultura contém os dizeres “The man on the silver mountain Ronnie James Dio”.



SELF PORTRAIT

A banda mantém a pegada Hard Rock na faixa seguinte, "Self Portrait". O andamento continua cadenciado em um ritmo mais lento, mas com o peso necessário para abrilhantar a música. A guitarra de Blackmore continua insana e os vocais de Dio tornam tudo mais saboroso.

A letra possui conteúdo de magia:

Down, down, down
Spin me around and around
Draw me away to the night from the day
Leave not a trace to be found
Down, down

A banda de Ricthie Blackmore, chamada Blackmore's Night, fez uma versão folk para “Self Portrait”.



BLACK SHEEP OF THE FAMILY

Em sua terceira faixa, o álbum perde um pouco do peso presente anteriormente, ganhando um ritmo mais acelerado. Trata-se de um Rock muito bem executado, mas que não mantém totalmente o nível altíssimo das canções que a precedem.

A letra fala de destino:

The hour was wrong
And my shadow's getting long
My real life's a song, don't need much
But I've got an ache in my head
I wanna go to bed
Tomorrow I don't have to wake up, no

“Black Sheep Of The Family” é uma versão para a música originalmente gravada pela banda Quatermass, presente em seu álbum homônimo de 1970.



CATCH THE RAINBOW

Uma lindíssima melodia, suave e delicada, sai da guitarra de Ritchie Blackmore e hipnotiza o ouvinte. O ritmo é bem lento, o peso desaparece, mas a sonoridade envolve e contagia. A seção rítmica faz um belo trabalho e toda a angústia das letras é transferida à sonoridade da faixa. Mas nada adiantaria se a atuação de Ronnie James Dio não fosse espetacular, contando com sua interpretação perfeita. Uma das baladas mais tocantes de todos os tempos.

A letra pode ser inferida como uma metáfora para a vida:

When evening falls
She'll run to me
Like whispered dreams
Your eyes can't see

Embora nunca tenha sido lançada como single, “Catch The Rainbow” é um dos maiores clássicos da história do Rainbow.

Melodicamente, a canção se inspira na clássica "Little Wing", do The Jimi Hendrix Experience.

A banda Opeth e o Burning Starr fizeram versões para a canção como forma de homenagear Dio após seu falecimento.



SNAKE CHARMER

O Hard Rock forte e pesado está de volta em "Snake Charmer", com Ritchie Blackmore construindo um riff inspirado, mas, simultaneamente, repleto de malícia. O grande destaque vai mesmo para o guitarrista, o qual abusa do feeling. Boa presença, também, da bateria de Gary Driscoll.

A letra é em tom de fantasia e magia:

Close your door
He's on his way
He's coming out of the shadows now, now
No hope for you, ooh
Snake charmer
Snake charmer, now listen to me yeah



TEMPLE OF THE KING

O peso some novamente e Blackmore, outra vez, cria uma melodia incrivelmente bela e suave com sua guitarra. O andamento é lento e a sonoridade quase acústica envolve o ambiente, conquistando o ouvinte. O bom gosto é gigante, mas o grande destaque vai para a atuação espetacular de Ronnie James Dio e seu vocal impecável. Outra balada de nível estratosférico.

A letra, belíssima, também é sobre fantasia e encantamento:

Back with the people in the circle
He stands
Giving, feeling
With just one touch of a strong right hand
They know
Of the temple and the king

“Temple Of The King” é mais um clássico do Rainbow.


Também foi lançada como single, mas sem maior repercussão em termos de paradas de sucesso.

Entre as versões cover para a canção, encontram-se a de bandas como Mago de Oz (com letras em espanhol), Angel Dust, Axel Rudi Pell e do Scorpions.



IF YOU DON'T LIKE ROCK 'N' ROLL

Na menor canção do álbum, o Rainbow faz um Hard Rock brilhante com muita influência do Rock dos anos 50. O resultado é um faixa simples, direta, mas totalmente contagiante. Quem brilha bastante é o teclado de Micky Lee Soule. Empolgante!

A letra fala do espírito do Rock:

That just about explained it all
Well if you don't like rock 'n' roll
If you don't like rock 'n' roll
Well if you don't like rock 'n' roll
Then you're too late now
Then you're too late now



SIXTEENTH CENTURY GREENSLEEVES

Abusando de um ritmo mais lento, mas encontrando a cadência perfeita, o Rainbow apresenta a canção mais pesada presente no disco. A guitarra de Blackmore está brilhante, executando um solo sensacional exatamente no meio da faixa. Os vocais de Dio se casam de maneira simbiótica com a musicalidade apresentada. Outro momento incrível do trabalho!

A letra envolve um clima medieval:

It's only been an hour
Since he locked her in the tower
The time has come
He must be undone
By the morning



STILL I'M SAD

A nona - e última - faixa de Ritchie Blackmore's Rainbow é "Still I'm Said". O andamento é mais rápido, com a presença de pouco peso, e a guitarra de Ritchie Blackmore dá todas as cartas nesta canção. Encerra bem o álbum.

É um cover instrumental da faixa “Still I'm Sad”, da banda The Yardbirds, presente no álbum Having a Rave Up with The Yardbirds, de 1965.



Considerações Finais

Embora os singles não tenham feito mais barulho, o álbum foi bem em termo de paradas de sucesso.

O disco acabou atingindo a muito boa 11ª posição da principal parada britânica de sucessos, conquistando a 30ª colocação na correspondente norte-americana. Ainda ficou com os 10º e 24º lugares nas paradas de Noruega e Suécia, respectivamente.

O lançamento do vinil original possuía uma capa bem caprichada, embora reedições posteriores sob orçamento reduzido saíram com uma capa simples.

Muitas canções do álbum eram tocadas por line-ups posteriores do Rainbow. O álbum foi amplamente elogiado por seu conteúdo lírico de fantasia/heróico e pelo estilo de rock inovador.

O vocalista Ronnie James Dio considerou seu álbum favorito do Rainbow.

Apesar do título, implicando o disco ser um lançamento solo de Ritchie Blackmore, em anos posteriores, Blackmore tem brincado declarando que as contribuições de Dio garantiriam um rebatismo do trabalho como "Ritchie Blackmore and Ronnie James Dio' Rainbow".

Após as gravações do álbum, o restante da banda que era o Elf retornou para finalizar seu terceiro disco de estúdio, Trying to Burn the Sun, que foi lançado em junho de 1975.

Ronnie James Dio continuaria com o Rainbow e o Elf encerrava suas atividades por ali.

Dio e Blackmore fizeram a promoção do álbum. Logo depois de seu lançamento, Blackmore não ficou feliz em transportar todo o line-up do Elf junto para as performances ao vivo. Assim, o guitarrista demitiu todo mundo do grupo, exceto Dio.

Entre suas razões, Driscoll teria sido demitido por seu estilo R&B de tocar bateria e Gruber, devido ao seu jeito 'funkeado' no baixo.

Desta forma, a primeira formação do Rainbow, a qual gravou seu primeiro álbum, nunca fez um show juntos. A intensa troca de integrantes seria uma constante nos anos subsequentes do Rainbow.

Para a primeira turnê mundial, que se iniciou em 10 de novembro de 1975, Blackmore recrutou o baixista Jimmy Bain, o tecladista Tony Carey e o baterista Cozy Powell, o qual já havia trabalhado com Jeff Beck.

Esta também seria a formação que gravaria o segundo álbum da banda, o inesquecível Rising (1976).


Formação:
Ronnie James Dio - Vocal
Ritchie Blackmore - Guitarra
Micky Lee Soule - Piano, Mellotron, Órgão
Craig Gruber - Baixo
Gary Driscoll - Bateria
Músico Adicional:
Shoshana - Backing Vocals

Faixas:
01. Man on the Silver Mountain (Blackmore/Dio) - 4:42
02. Self Portrait (Blackmore/Dio) - 3:17
03. Black Sheep of the Family (Hammond) - 3:22
04. Catch the Rainbow (Blackmore/Dio) - 6:27
05. Snake Charmer (Blackmore/Dio) - 4:33
06. Temple of the King (Blackmore/Dio) - 4:45
07. If You Don't Like Rock n' Roll (Blackmore/Dio) - 2:38
08. Sixteenth Century Greensleeves (Blackmore/Dio) - 3:31
09. Still I'm Sad (Samwell-Smith/McCarty) - 3:51

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://letras.mus.br/rainbow/

Opinião do Blog:
O Rainbow atingiu seu momento de maior sucesso comercial no início da década de 80, contando com uma sonoridade com mais influência Pop e uma abordagem mais ampla de sua música. Alguns bons trabalhos foram lançados, mas o momento apontado neste post é outro.

Embora não coincida com seu apogeu comercial, para o Blog, o ápice criativo e musical do Rainbow foi nos seus trabalhos iniciais, quando os gênios de Ritchie Blackmore e Ronnie James Dio se encontraram e produziram músicas que entraram para a história do Rock.

Ritchie Blackmore deixou o Deep Purple e sua união com praticamente todo o Elf, formando o Rainbow, mostrou-se a atitude mais que correta. O grupo se tornaria uma referência dentro do Hard Rock produzido naquela época.

Músicos experiente e com boa qualidade, Gary Driscoll, Micky Lee Soule e Craig Gruber fazem sua parte de maneira competente, contribuindo decisivamente para a qualidade do que se ouve. Mas, obviamente, a missão deles é preparar o terreno para que as duas estrelas da banda brilhem.

Inicialmente planejado para se tornar um trabalho solo de Ritchie Blackmore, é claro que a guitarra é um grande destaque no disco. Os solos esbanjam o talento incomum de Ritchie, transbordando técnica, feeling e muita sensibilidade. Os riffs e melodias criados pelo guitarrista neste álbum estão entre os melhores que Blackmore fez surgir em sua incrível carreira.

Mas, apesar de tudo isso, quem rouba a cena é o vocalista Ronnie James Dio. Sem a atuação monumental e impecável do baixinho de voz gigantesca, o resultado não seria tão impactante. Dio transmite uma incrível emoção com sua interpretação, casando seus vocais perfeitamente com a parte instrumental.

As letras abusam da temática fantástica, mas podem ser transportadas para a realidade, fazendo um arcabouço perfeito para a obra.

Ritchie Blackmore's Rainbow é um dos discos de estreia preferidos do Blog e só não está mais em alta conta por causa dos 2 covers presentes no álbum. Não são mal tocados e executados, longe disso, mas acabam destoando do restante do material.

O trabalho apresenta algumas pauladas com o melhor que o Hard Rock setentista produziu. "Self Portrait" e "Sixteenth Century Greensleeves" são aulas de peso e melodia. "If You Don't Like Rock N' Roll" é um banho de criatividade e "Man On The Silver Mountain" é um clássico da música dos anos 70.

Não bastassem estas pérolas, o álbum ainda traz a belíssima "Temple Of The King", a qual abusa da sensibilidade melódica de Ritchie Blackmore. E há espaço para "Catch The Rainbow", com uma atuação magnífica de Dio, uma das mais lindas baladas da história da música.

É até difícil de imaginar que o Rainbow ainda faria melhor em seus álbuns seguintes, especialmente no extraordinário Rising, lançado em 1976. Mas o álbum de estreia do grupo é uma aula de Hard Rock setentista, contando com canções inspiradas e que influenciariam um incontável número de bandas que surgiriam posteriormente. É o disco que marca uma das melhores uniões de talentos da história do Rock, entre Blackmore e Dio. Obrigatório para fãs de boa música!

RAINBOW - RITCHIE BLACKMORE'S RAINBOW (1975)






Ritchie
Blackmore's Rainbow é o álbum de estreia da banda britânica
chamada Rainbow. Seu lançamento oficial se deu em 4 de agosto de
1975, através dos selos Oyster (Reino Unido) e Polydor Records
(Internacional). As gravações ocorreram entre 20 de fevereiro e 14
de março daquele mesmo ano, no Musicland Studios, em Munique, na
Alemanha. A produção ficou por conta de Martin Birch, Ronnie James
Dio e de Ritchie Blackmore.





O Rainbow
é uma das mais fantásticas bandas da história do Rock. O Blog vai
tratar um pouco de sua formação para depois falar do álbum.










Stormbringer,
o nono álbum de estúdio do Deep Purple, foi lançado em novembro de
1974. Neste trabalho, os elementos de soul e funk que foram apenas
pincelados no disco antecessor, Burn (1974), são muito mais
proeminentes.





Além da
faixa-título, o álbum Stormbringer teve um bom número de canções
que receberam bastante circulação nas rádios, como "Lady
Double Dealer", "The Gypsy" e "Soldier Of
Fortune".





Desta
forma, Stormbringer chegou ao 6º lugar da principal parada de
sucessos no Reino Unido, conquistando a 20ª posição na
correspondente norte-americana.





No
entanto, o guitarrista da banda, Ritchie Blackmore, não gostou nenhum
pouco do álbum, especialmente dos elementos de soul e funk,
execrando-o publicamente como "música de engraxate".





Além
disso, outro fator que desagradou profundamente Blackmore foi que seu
desejo em regravar “Black Sheep of the Family”, da banda
Quatermass, juntamente com a autoral “Sixteenth Century
Greensleeves”, ambas prontamente rejeitadas pelo resto do Deep Purple.







Ritchie Blackmore


Simultaneamente,
Ronnie James Dio estava tocando em um grupo chamado Elf, o qual foi
formado por ele mesmo em 1967, com o nome de The Electric Elves.





Em 1975,
a banda Elf estava trabalhando em seu terceiro (e que seria o último)
álbum de estúdio, Trying to Burn the Sun (1975).





O grupo
havia lançado seu álbum de estreia, autointitulado, em 1972,
apresentando uma sonoridade que encontrava o Hard Rock e o Blues
Rock.





O Elf
conseguiu um moderado sucesso comercial, especialmente por ser
constantemente a banda de abertura para o Deep Purple. Ali nascia o
início de envolvimento entre Ritchie Blackmore e Ronnie James Dio.





Com a
negativa do Deep Purple em regravar “Black Sheep of the Family”,
Ritchie Blackmore decidiu, ainda em 1974, gravar a faixa sozinho.





Assim,
Ronnie James Dio e o baterista Gary Driscoll, também do Elf, foram
convidados a se juntarem a Blackmore nos Estados Unidos e gravarem
com o guitarrista.





O
resultado das gravações, em conjunto com o ótimo ambiente,
encantaram Ritchie Blackmore, que ao final do trabalho, deixou o
local com a ideia de gravar um trabalho solo.





Ainda em
1974, Blackmore tomou aulas de violoncelo com Hugh McDowell, do ELO.
Mais tarde, o guitarrista afirmou que quando se toca um instrumento
musical diferente, há um sentimento refrescante, pois existe um
senso de aventura em não saber exatamente o acorde que se está
tocando.





Estando
satisfeito com os resultados das canções gravadas em Tampa,
Blackmore decidiu recrutar os demais músicos da Elf e formar sua
própria banda, ao invés de entrar em uma carreira-solo.





Inicialmente,
a banda foi nomeada como Ritchie Blackmore's Rainbow, para depois ser
encurtado para apenas Rainbow.





Assim, em
sua primeira versão, o grupo era formado pelo guitarrista Ritchie
Blackmore e os demais músicos que compunham o Elf: Ronnie James Dio
nos vocais, Micky Lee Soule no piano/teclado, Craig Gruber no baixo e
Gary Driscoll na bateria.





Desta
forma, o Elf interrompeu as gravações de seu terceiro disco, Trying
to Burn the Sun (1975), para gravar o primeiro trabalho do Rainbow.





A música
do Rainbow foi parcialmente inspirada por música clássica (desde
que Blackmore começou a tocar violoncelo para ajudá-lo a construir
progressões de acordes interessantes), e Dio escreveu letras sobre
temas medievais.





Além
disso, Dio possuía um alcance vocal versátil capaz de cantar tanto
Hard Rock quanto baladas mais leves, e, de acordo com Blackmore, ao
ouvir o vocalista: "eu senti arrepios na espinha."







Ronnie James Dio





As
gravações foram feitas em Munique, na Alemanha, no Musicland
Studios e duraram três semanas, entre fevereiro e março de 1975.





Como o
trabalho fluiu de maneira orgânica, Blackmore sentiu que deveria
deixar o Deep Purple para se dedicar de forma integral ao seu novo
projeto. Segundo o guitarrista:





“Eu
deixei o Deep Purple porque eu me encontrei com Ronnie Dio, e era tão
fácil de trabalhar com ele. Ele foi originalmente só para fazer uma
faixa de um LP solo, mas acabamos fazendo todo o LP em três semanas, e eu fiquei muito animado com tudo”.





Em 21 de
junho de 1975, Ritchie Blackmore deixava o Deep Purple (pela primeira
vez).





Com a
influência musical e lírica do período medieval, a arte da capa
contém um castelo e, obviamente, um arco-íris. Obra de David
Willardson.





Vamos às
faixas:





MAN
ON THE SILVER MOUNTAIN





Um genial riff criado por Ritchie Blackmore é a base da canção. O ritmo é bem cadenciado e a sonoridade possui a intensidade exata. É o mais puro extrato do Hard Rock setentista, contando com uma boa presença do baixo de Craig Gruber. Para coroar a faixa brilhante, Ronnie James Dio tem uma atuação exemplar e Blackmore faz um solo sensacional no meio de "Man On The Silver Mountain". Espetacular!





A letra é
fantasiosa sobre um homem a que todos clamam como um deus:





I'm the
man on the silver mountain
I'm the man on the silver mountain
Come
down with fire
Lift my spirit higher
Someone's screaming my
name
Come and make me holy again





“Man On
The Silver Mountain” é um dos maiores clássicos do Rainbow.





Foi o
primeiro single lançado pelo grupo, mas não obteve maior
repercussão em termos de paradas de sucesso.










Entretanto,
tornou-se uma das canções favoritas do público e era bastante
presente nos shows do grupo.





Entre
versões covers mais famosas, encontram-se as da banda espanhola Mago
de Oz, da sueca HammerFall e a presente no álbum tributo lançado em
2014 This Is Your Life, a qual conta com nomes como Rob
Halford e Vinny Appice.





Dio, em
sua carreira-solo, manteve “Man On The Silver Mountain” como
parte constante de seu set-list. Após sua morte, em 2010, seu corpo
foi sepultado em Los Angeles, nos Estados Unidos, e sua sepultura
contém os dizeres “The man on the silver mountain Ronnie James
Dio”.













SELF
PORTRAIT





A banda mantém a pegada Hard Rock na faixa seguinte, "Self Portrait". O andamento continua cadenciado em um ritmo mais lento, mas com o peso necessário para abrilhantar a música. A guitarra de Blackmore continua insana e os vocais de Dio tornam tudo mais saboroso.





A letra
possui conteúdo de magia:





Down,
down, down
Spin me around and around
Draw me away to the night
from the day
Leave not a trace to be found
Down, down





A banda
de Ricthie Blackmore, chamada Blackmore's Night, fez uma versão folk
para “Self Portrait”.













BLACK
SHEEP OF THE FAMILY





Em sua terceira faixa, o álbum perde um pouco do peso presente anteriormente, ganhando um ritmo mais acelerado. Trata-se de um Rock muito bem executado, mas que não mantém totalmente o nível altíssimo das canções que a precedem.





A letra
fala de destino:





The hour
was wrong
And my shadow's getting long
My real life's a song,
don't need much
But I've got an ache in my head
I wanna go to
bed
Tomorrow I don't have to wake up, no





“Black
Sheep Of The Family” é uma versão para a música originalmente
gravada pela banda Quatermass, presente em seu álbum homônimo de
1970.













CATCH
THE RAINBOW





Uma lindíssima melodia, suave e delicada, sai da guitarra de Ritchie Blackmore e hipnotiza o ouvinte. O ritmo é bem lento, o peso desaparece, mas a sonoridade envolve e contagia. A seção rítmica faz um belo trabalho e toda a angústia das letras é transferida à sonoridade da faixa. Mas nada adiantaria se a atuação de Ronnie James Dio não fosse espetacular, contando com sua interpretação perfeita. Uma das baladas mais tocantes de todos os tempos.





A letra
pode ser inferida como uma metáfora para a vida:





When
evening falls
She'll run to me
Like whispered dreams
Your
eyes can't see





Embora
nunca tenha sido lançada como single, “Catch The Rainbow” é um
dos maiores clássicos da história do Rainbow.





Melodicamente,
a canção se inspira na clássica "Little Wing", do The
Jimi Hendrix Experience.





A banda
Opeth e o Burning Starr fizeram versões para a canção como forma
de homenagear Dio após seu falecimento.













SNAKE
CHARMER





O Hard Rock forte e pesado está de volta em "Snake Charmer", com Ritchie Blackmore construindo um riff inspirado, mas, simultaneamente, repleto de malícia. O grande destaque vai mesmo para o guitarrista, o qual abusa do feeling. Boa presença, também, da bateria de Gary Driscoll.





A letra é
em tom de fantasia e magia:





Close
your door
He's on his way
He's coming out of the shadows now,
now
No hope for you, ooh
Snake charmer
Snake charmer, now
listen to me yeah













TEMPLE
OF THE KING





O peso some novamente e Blackmore, outra vez, cria uma melodia incrivelmente bela e suave com sua guitarra. O andamento é lento e a sonoridade quase acústica envolve o ambiente, conquistando o ouvinte. O bom gosto é gigante, mas o grande destaque vai para a atuação espetacular de Ronnie James Dio e seu vocal impecável. Outra balada de nível estratosférico.





A letra,
belíssima, também é sobre fantasia e encantamento:





Back with
the people in the circle
He stands
Giving, feeling
With just
one touch of a strong right hand
They know
Of the temple and
the king





“Temple
Of The King” é mais um clássico do Rainbow.










Também
foi lançada como single, mas sem maior repercussão em termos de
paradas de sucesso.





Entre as
versões cover para a canção, encontram-se a de bandas como Mago de
Oz (com letras em espanhol), Angel Dust, Axel Rudi Pell e do
Scorpions.













IF
YOU DON'T LIKE ROCK 'N' ROLL





Na menor canção do álbum, o Rainbow faz um Hard Rock brilhante com muita influência do Rock dos anos 50. O resultado é um faixa simples, direta, mas totalmente contagiante. Quem brilha bastante é o teclado de Micky Lee Soule. Empolgante!





A letra
fala do espírito do Rock:





That just
about explained it all
Well if you don't like rock 'n' roll
If
you don't like rock 'n' roll
Well if you don't like rock 'n'
roll
Then you're too late now
Then you're too late now













SIXTEENTH
CENTURY GREENSLEEVES





Abusando de um ritmo mais lento, mas encontrando a cadência perfeita, o Rainbow apresenta a canção mais pesada presente no disco. A guitarra de Blackmore está brilhante, executando um solo sensacional exatamente no meio da faixa. Os vocais de Dio se casam de maneira simbiótica com a musicalidade apresentada. Outro momento incrível do trabalho!





A letra
envolve um clima medieval:





It's only
been an hour
Since he locked her in the tower
The time has
come
He must be undone
By the morning













STILL
I'M SAD





A nona - e última - faixa de Ritchie Blackmore's Rainbow é "Still I'm Said". O andamento é mais rápido, com a presença de pouco peso, e a guitarra de Ritchie Blackmore dá todas as cartas nesta canção. Encerra bem o álbum.





É um
cover instrumental da faixa “Still I'm Sad”, da banda The
Yardbirds, presente no álbum Having a Rave Up with The Yardbirds,
de 1965.













Considerações
Finais





Embora os
singles não tenham feito mais barulho, o álbum foi bem em termo de
paradas de sucesso.





O disco acabou atingindo a muito boa 11ª posição da principal parada
britânica de sucessos, conquistando a 30ª colocação na
correspondente norte-americana. Ainda ficou com os 10º e 24º
lugares nas paradas de Noruega e Suécia, respectivamente.





O
lançamento do vinil original possuía uma capa bem caprichada,
embora reedições posteriores sob orçamento reduzido saíram com
uma capa simples.





Muitas
canções do álbum eram tocadas por line-ups posteriores do Rainbow.
O álbum foi amplamente elogiado por seu conteúdo lírico de
fantasia/heróico e pelo estilo de rock inovador.





O
vocalista Ronnie James Dio considerou seu álbum favorito do Rainbow.





Apesar do
título, implicando o disco ser um lançamento solo de Ritchie
Blackmore, em anos posteriores, Blackmore tem brincado declarando que
as contribuições de Dio garantiriam um rebatismo do trabalho como
"Ritchie Blackmore and Ronnie James Dio' Rainbow".





Após as
gravações do álbum, o restante da banda que era o Elf retornou
para finalizar seu terceiro disco de estúdio, Trying to Burn the
Sun, que foi lançado em junho de 1975.





Ronnie
James Dio continuaria com o Rainbow e o Elf encerrava suas atividades
por ali.





Dio e
Blackmore fizeram a promoção do álbum. Logo depois de seu
lançamento, Blackmore não ficou feliz em transportar todo o line-up
do Elf junto para as performances ao vivo. Assim, o guitarrista
demitiu todo mundo do grupo, exceto Dio.





Entre
suas razões, Driscoll teria sido demitido por seu estilo R&B de
tocar bateria e Gruber, devido ao seu jeito 'funkeado' no baixo.





Desta
forma, a primeira formação do Rainbow, a qual gravou seu primeiro
álbum, nunca fez um show juntos. A intensa troca de integrantes
seria uma constante nos anos subsequentes do Rainbow.





Para a
primeira turnê mundial, que se iniciou em 10 de novembro de 1975,
Blackmore recrutou o baixista Jimmy Bain, o tecladista Tony Carey e o
baterista Cozy Powell, o qual já havia trabalhado com Jeff Beck.





Esta
também seria a formação que gravaria o segundo álbum da banda, o
inesquecível Rising (1976).










Formação:


Ronnie
James Dio - Vocal


Ritchie
Blackmore - Guitarra


Micky Lee
Soule - Piano, Mellotron, Órgão


Craig
Gruber - Baixo


Gary
Driscoll - Bateria


Músico
Adicional:


Shoshana
- Backing Vocals





Faixas:


01. Man
on the Silver Mountain (Blackmore/Dio) - 4:42


02. Self
Portrait (Blackmore/Dio) - 3:17


03. Black
Sheep of the Family (Hammond) - 3:22


04. Catch
the Rainbow (Blackmore/Dio) - 6:27


05. Snake
Charmer (Blackmore/Dio) - 4:33


06.
Temple of the King (Blackmore/Dio) - 4:45


07. If
You Don't Like Rock n' Roll (Blackmore/Dio) - 2:38


08.
Sixteenth Century Greensleeves (Blackmore/Dio) - 3:31


09. Still
I'm Sad (Samwell-Smith/McCarty) - 3:51





Letras:


Para o
conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
http://letras.mus.br/rainbow/




Opinião
do Blog:



O Rainbow atingiu seu momento de maior sucesso comercial no início da década de 80, contando com uma sonoridade com mais influência Pop e uma abordagem mais ampla de sua música. Alguns bons trabalhos foram lançados, mas o momento apontado neste post é outro.





Embora não coincida com seu apogeu comercial, para o Blog, o ápice criativo e musical do Rainbow foi nos seus trabalhos iniciais, quando os gênios de Ritchie Blackmore e Ronnie James Dio se encontraram e produziram músicas que entraram para a história do Rock.





Ritchie Blackmore deixou o Deep Purple e sua união com praticamente todo o Elf, formando o Rainbow, mostrou-se a atitude mais que correta. O grupo se tornaria uma referência dentro do Hard Rock produzido naquela época.





Músicos experiente e com boa qualidade, Gary Driscoll, Micky Lee Soule e Craig Gruber fazem sua parte de maneira competente, contribuindo decisivamente para a qualidade do que se ouve. Mas, obviamente, a missão deles é preparar o terreno para que as duas estrelas da banda brilhem.





Inicialmente planejado para se tornar um trabalho solo de Ritchie Blackmore, é claro que a guitarra é um grande destaque no disco. Os solos esbanjam o talento incomum de Ritchie, transbordando técnica, feeling e muita sensibilidade. Os riffs e melodias criados pelo guitarrista neste álbum estão entre os melhores que Blackmore fez surgir em sua incrível carreira.





Mas, apesar de tudo isso, quem rouba a cena é o vocalista Ronnie James Dio. Sem a atuação monumental e impecável do baixinho de voz gigantesca, o resultado não seria tão impactante. Dio transmite uma incrível emoção com sua interpretação, casando seus vocais perfeitamente com a parte instrumental.





As letras abusam da temática fantástica, mas podem ser transportadas para a realidade, fazendo um arcabouço perfeito para a obra.





Ritchie Blackmore's Rainbow é um dos discos de estreia preferidos do Blog e só não está mais em alta conta por causa dos 2 covers presentes no álbum. Não são mal tocados e executados, longe disso, mas acabam destoando do restante do material.





O trabalho apresenta algumas pauladas com o melhor que o Hard Rock setentista produziu. "Self Portrait" e "Sixteenth Century Greensleeves" são aulas de peso e melodia. "If You Don't Like Rock N' Roll" é um banho de criatividade e "Man On The Silver Mountain" é um clássico da música dos anos 70.





Não bastassem estas pérolas, o álbum ainda traz a belíssima "Temple Of The King", a qual abusa da sensibilidade melódica de Ritchie Blackmore. E há espaço para "Catch The Rainbow", com uma atuação magnífica de Dio, uma das mais lindas baladas da história da música.





É até difícil de imaginar que o Rainbow ainda faria melhor em seus álbuns seguintes, especialmente no extraordinário Rising, lançado em 1976. Mas o álbum de estreia do grupo é uma aula de Hard Rock setentista, contando com canções inspiradas e que influenciariam um incontável número de bandas que surgiriam posteriormente. É o disco que marca uma das melhores uniões de talentos da história do Rock, entre Blackmore e Dio. Obrigatório para fãs de boa música!

SAXON - WHEELS OF STEEL (1980)






Wheels Of
Steel é o segundo álbum de estúdio da banda inglesa Saxon. Seu
lançamento oficial aconteceu em 5 de maio de 1980 através do selo
Carrere Records. As gravações ocorreram no mês de fevereiro de
1980, no Ramport Studios, em Londres, na Inglaterra. A produção
ficou a cargo da própria banda em conjunto com Pete Hinton.










O Saxon é
um dos expoentes da New Wave Of British Heavy Metal, ou NWOBHM,
movimento que revolucionou o estilo no início dos anos 80 e deu ao
mundo grupos do calibre de Iron Maiden, Diamond Head e Saxon, por
exemplo.





O Blog já
tratou das origens do Saxon no post sobre o álbum Power & TheGlory. Portanto, o texto aqui vai se ater aos acontecimentos que
precedem o lançamento de Wheels Of Steel.





Em 21 de
maio de 1979, o Saxon lançava seu primeiro álbum de estúdio,
homônimo à banda, através do selo Carrere Records, propriedade do
francês Claude Carrere.





O selo
começou a se interessar pelo rock pesado naquela época e o Saxon
foi a primeira banda de Heavy Metal no catálogo da gravadora.





O
primeiro trabalho da banda evidentemente apresenta um grupo ainda
inexperiente em matéria de estúdio de gravação, mas com apetite
para crescer.







Biff Byford


E o disco
traz ótimas canções como “Big Teaser" e "Still Fit to
Boogie", a belíssima “Frozen Rainbow” e o clássico
“Stallions of the Highway”, esta uma pérola na discografia da
banda.





O
primeiro single retirado do álbum foi “Big Teaser”, que embora
tenha agradado ao público de Haevy Metal, não causou maior
repercussão na principal parada de sucesso do Reino Unido.





“Backs
To The Wall” foi escolhida como o segundo single para promover o
álbum de estreia do Saxon e também passou em branco em termos de
paradas de sucesso.





Entretanto,
o single foi lançado para coincidir com uma turnê britânica como
convidados especiais do Motörhead.





A turnê,
a qual começou em 10 de novembro de 1979, no Bracknell Sports
Centre, levou a banda a todos os principais locais de shows de todo o
Reino Unido, incluindo três noites no mais que emblemático
Hammersmith Odeon, em Londres.





A 'tour'
terminou em 16 de dezembro, no concerto de natal especialmente
organizado no mesmo Hammersmith Odeon.





Mesmo
assim, o álbum de estreia do Saxon não foi um sucesso comercial e
nem em termos de paradas de sucesso, mas sua turnê promocional se
provou fundamental na divulgação da banda para um público muito
maior.





Assim, já
na virada para 1980, logo em fevereiro, a banda foi para Londres
gravar seu segundo álbum de estúdio.







Steve Dawson


O estúdio
escolhido foi o Ramport Studios.





A
produção ficou a cargo de Pete Hinton e do próprio Saxon. A capa é
bem legal. Vamos às faixas:





MOTORCYCLE
MAN





Um típico riff de Heavy Metal tradicional abre o álbum, em "Motorcycle Man". A bateria frenética de Pete Gill também é uma das marcas profundas da canção. Os bons vocais de Biff Byford são fundamentais para a qualidade do que se ouve. Ótimo início.





A letra é
simples, falando de paixão por motocicletas:





If you
see me riding by
Do not stop me, do not try
'Cause I'm a
motorcycle man
I get my kicks just when I can
When I can













STAND
UP AND BE COUNTED





O peso tradicional do Heavy Metal continua na segunda faixa do disco, mas, desta feita, o Saxon opta por um ritmo mais cadenciado, apostando no andamento mais lento da canção. Isto não afeta em nada a qualidade da composição. O riff principal é ótimo, assim como o solo de guitarra também o é. O nível do álbum se mantém muito alto.





A letra
conclama as pessoas a lutarem por seus direitos:





Down,
down at the bottom
Ya gotta try to get yourselves up
Ya got
nothing to lose when your there
There at the bottom
Ya gotta
stand up
Stand up for your rights













747
(STRANGERS IN THE NIGHT)





A terceira faixa do álbum começa com um inspirado solo de guitarra, abusando do feeling e do bem gosto. Desta vez, a banda flerta com o Hard Rock e abusa de um riff principal muito bom. O ritmo é mais lento e o peso não está tão pronunciado. O refrão é excelente, sendo constituído pelo momento mais suave dentro da canção. Enfim, uma composição de primeira linha!





A letra
conta a história do voo Scandinavian 101:





This is
Scandinavian 101
Flight from Hawaii coming out of the sun
Kennedy,
you should be in sight
We can't see a thing here in the
night
Navigator says we're on the flight path
There's no radio,
no sign of life
This is Scandinavian 101
For Gods sake get the
ground lights on





“747
(Strangers In The Night)” é um dos maiores clássicos da história
do Saxon.





Lançada
como single, atingiu a 13ª posição da principal parada britânica
desta natureza.










Liricamente,
a canção é sobre um corte de energia que forçou aviões em New
York para permanecer no ar, em 1965. A queda de energia acabou
provocando que um voo da Scandinavian Airlines acabasse por se desviar
para o aeroporto de Kennedy no escuro.





O voo
mencionado na letra, "Scandinavian 101 ", era na verdade o
Scandinavian Airlines 911. A questão causou uma grande revisão na
segurança e apoiou o futuro de tanques de combustível de reserva.





“747
(Strangers In The Night)” é uma das pouquíssimas canções do
Saxon que sempre estiveram presentes nas turnês do grupo desde seu
lançamento.













WHEELS
OF STEEL





Um riff que praticamente sintetiza o que é a New Wave Of British Heavy Metal. Assim se dá o início de um dos clássicos do estilo, "Wheels Of Steel". O ritmo é mais cadenciado e o peso está na dose certíssima, sendo um fator apenas para acrescentar o brilhantismo da canção. O toque final para se atingir a perfeição é uma atuação soberba de Biff Byford, conquistando o ouvinte com sua voz marcante e interpretação impactante. Faixa extraordinária!





A letra é
sobre velocidade:





I'm
burnin' aviation fuel my foot's to the floor
Ya know she's crusin
one-forty she'd do even more
I'm burnin' solid rubber I don't take
no bull
'Cause my wheels of steel are rolling
They're rolling
your way





“Wheels
Of Steel” é outro clássico incontestável da banda.










Lançada
como single, atingiu a 20ª posição da principal parada britânica
desta natureza.





É outra
canção que permanece constantemente no set list do grupo, pois é
simplesmente adorada pelos fãs.





Está
presente em games como: Grand Theft Auto: Episodes From Liberty City
(Grand Theft Auto IV: The Lost and Damned
e Grand Theft Auto: The
Ballad of Gay Tony)
e também em Brütal Legend.





A banda
LA Guns também fez uma famosa versão cover presente no álbum Rips
the Covers Off
, de 2004.













FREEWAY
MAD





"Freeway Mad" é a menor música do álbum, com pouco mais de 2 minutos de extensão. Após uma curta introdução na bateria de Gill, o ritmo fica muito veloz, indo direto ao ponto, graças a um riff bastante rápido.





A letra é
novamente sobre carros e velocidade:





I'm going
down the freeway
Never gonna get me out
Steaming like a freight
train
Gonna blow my pistons out














SEE
THE LIGHT SHINING





O ritmo continua bastante intenso e veloz, como na faixa anterior, em "See The Light Shining". O Heavy Metal tradicional é, obviamente, a proposta em uma música que apresenta um riff simples, mas que funciona perfeitamente. A seção rítmica faz bem seu papel. Os solos de guitarra são muito bons. Após sua metade, o Saxon surpreende o ouvinte, alternando o andamento da canção, optando por reduzir a velocidade e o peso, baseando-se em um riff cadenciado e mais melódico. Bem interessante.





A letra é
sobre esperança:





I'm
dyin', I'm dyin'
There ain't no use in tryin'
I'm gonna keep on
livin' till the light's
Shining down on you
Burnin' right in
Ya
can't stop when you're winning
I'm gonna show my head make history













STREET
FIGHTING GANG





O Heavy Metal continua pulsando em "Street Fighting Gang". O ritmo veloz e o peso na dose certa dão à composição a intensidade perfeita para os fãs do estilo. O destaque vai mesmo para a dupla de guitarristas, os quais brilham com riffs e solos.





A letra
mostra uma rebeldia juvenil:





I don't
need no spelling
I take my winning when I'm ready
But you
wouldn't be alike
When we learn to fight
When we start to
roam
Then you'd better stay home
'Cause I'm a member of the
street elite
You know it's trouble to all we meet














SUZIE
HOLD ON





O baixo de Steve Dawson está ainda mais presente em "Suzie Hold On", dando ainda mais ênfase à qualidade da composição. A intensidade é mais leve, flertando com o Hard Rock. O ritmo é mais lento e cadenciado, contando com uma melodia muito envolvente. Biff Byford tem outra atuação fenomenal.





A letra é
uma mensagem de perseverança:





When we
were far apart
No one could be closer
Please don't take your
life
'Cause that would break my heart
Try to stop your
crying
We both know you're dying, dying
Suzie hold on





“Suzie
Hold On” foi o último single lançado para promover Wheels Of
Steel, mas não repercutiu em termos das principais paradas de
sucesso.













MACHINE
GUN





A nona - e última - faixa de Wheels Of Steel é "Machine Gun". Um riff veloz, contundente e certeiro é a base inicial da composição que encerra os trabalhos. Abusando da típica sonoridade de seu tempo e a qual é marca registrada do grupo, o Saxon brinda o ouvinte com um excelente Heavy Metal. Os solos de guitarra são saborosos e a banda fecha o álbum de maneira empolgante.





A letra é
sobre uma batalha:





Move in
to the front underhanded fire
Hear the bullets flying millions
every hour
Tracers in the night shooting across the sky
For
God's sake cover me I don't wanna die













Considerações
Finais





Singles
bem sucedidos geralmente resultam em álbuns igualmente de sucesso e
no caso de Wheels Of Steel não foi diferente.





“747
(Strangers In The Night)” e “Wheels Of Steel” catapultaram o
álbum no Reino Unido, atingindo a 5ª colocação na principal
parada de discos britânica, embora não tenha repercutido em sua
correspondente norte-americana. Ficou, ainda, com a 36ª posição na
parada sueca.





Logo o
Saxon começou uma série de turnês de longa duração em todo o
Reino Unido.





Em abril
de 1980, o Saxon fez a primeira de muitas aparições no lendário
programa da TV britânica, Top of the Pops, onde tocou o hit
single
"Wheels of Steel".





Em 16 de
agosto de 1980, o Saxon apareceu no primeiro festival Monsters of
Rock, onde o grupo recebeu uma recepção muito positiva da multidão.
O show da banda foi gravado, mas não foi lançado oficialmente até
o ano de 2000.





O álbum
recebeu críticas muito positivas pela imprensa especializada e é
considerado hoje como sendo um álbum clássico do Heavy Metal e que
auxiliou a definir o gênero.





O revisor
canadense Martin Popoff elogia Wheels of Steel como um "clássico
qualificado" e "um, dos realmente dois ou três, pilares da
(NWOBHM)".





Eduardo
Rivadavia, do Allmusic, dá ao álbum a nota 4,5 de um total de 5,
afirmando: “Bem como efetivamente definiu o modelo para os esforços
de maior sucesso da banda, as canções do álbum brilharam
positivamente, com o brilho metálico semelhante ao exibido pela
águia de cromo que iça uma roda de motocicleta em sua capa
icônica.”





Wheels Of
Steel supera a casa de 300 mil cópias vendidas apenas na Inglaterra.













Formação:


Biff
Byford - Vocal


Graham
Oliver - Guitarra


Paul
Quinn - Guitarra


Steve
Dawson - Baixo


Pete Gill
- Bateria





Faixas:


01.
Motorcycle Man (Byford/Oliver/Quinn/Dawson/Gill) - 3:56


02. Stand
Up and Be Counted (Byford/Oliver/Quinn/Dawson/Gill) - 3:09


03. 747
(Strangers in the Night) (Byford/Oliver/Quinn/Dawson/Gill) - 4:58


04.
Wheels of Steel (Byford/Oliver/Quinn/Dawson/Gill) - 5:58


05.
Freeway Mad (Byford/Oliver/Quinn/Dawson/Gill) - 2:41


06. See
the Light Shining (Byford/Oliver/Quinn/Dawson/Gill) - 4:55


07.
Street Fighting Gang (Byford/Oliver/Quinn/Dawson/Gill) - 3:12


08. Suzie
Hold On (Byford/Oliver/Quinn/Dawson/Gill) - 4:34


09.
Machine Gun (Byford/Oliver/Quinn/Dawson/Gill) - 5:23





Letras:


Para o
conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
http://letras.mus.br/saxon/




Opinião
do Blog:



É óbvio que o Saxon é uma banda muito conhecida entre os fãs de vertentes mais pesadas do Rock, mas o Blog pensa que o grupo britânico merecia um reconhecimento bem maior junto ao público em geral.





A extensa e valorosa discografia do Saxon proporciona momentos de prazer para os ouvintes fãs de Heavy Metal e deve ser apreciada sem moderação. E, no início da década de 80, nos primeiros momentos da banda, o conjunto transbordava inspiração, propiciando o surgimento de álbuns que são verdadeiras aulas sobre New Wave Of British Heavy Metal (NWOBHM).





E Wheels Of Steel, se não fizer parte de seu ápice, é muito próximo do melhor que aquele movimento de bandas conseguiu registrar.





Os músicos que compunham a formação que gravou este álbum aqui apresentado é muito boa e eficiente dentro do estilo proposto pelo Saxon. As guitarras aparecem de maneira bem gratificante e o brilho especial é dado pela atuação impecável do vocalista Biff Byford, responsável direto por elevar as composições a um nível ainda mais elevado.





As letras também são interessantes e merecem uma conferida.





Wheels Of Steel é um dos marcos fundamentais da NWOBHM e, como tal, não possui canções sequer medianas. Todas as suas faixas são boas e formam um grande álbum de Heavy Metal.





Flertando, mesmo que de maneira suave, com o Hard Rock, tem-se duas canções muito interessantes e de qualidade extra, como "747 (Strangers In The Night)" e "Suzie Hold On". Transbordando potência e poder aparece "Machine Gun", a qual fecha o álbum com a intensidade em níveis altíssimos.





E o disco ainda conta com a emblemática faixa-título, "Wheels Of Steel", a canção símbolo da banda, constituinte do DNA do grupo britânico e um clássico indiscutível de todo o Heavy Metal tradicional.





Enfim, o Saxon é um dos grupos fundamentais da NWOBHM e de todo o Heavy Metal em geral. Wheels Of Steel é um de seus álbuns mais emblemáticos e demonstra uma banda em um ponto muito próximo de seu ápice criativo. Álbum extremamente recomendado e um dos preferidos do Blogeiro, sendo obrigatório para fãs da vertente mais pesada do Rock.