MEGADETH - SO FAR, SO GOOD... SO WHAT! (1988)






So
Far, So Good... So What! é o terceiro álbum de estúdio da banda
norte-americana Megadeth. Seu lançamento oficial aconteceu em 19 de
janeiro de 1988, através do selo Capitol Records. As gravações
ocorreram durante o ano anterior no estúdio Music Grinder, em Los
Angeles, na Califórnia. A produção ficou a cargo de Paul Lani e do
próprio Dave Mustaine.










Um
dos grandes nomes do movimento Thrash Metal norte-americano e do
Heavy Metal em geral, o Megadeth, retorna ao Blog depois de muito
tempo. Primeiramente, como de costume, abordar-se-á os fatos que
antecederam ao lançamento do álbum para depois se comentar sobre
suas faixas.





Em
setembro de 1986, o Megadeth lançava seu segundo álbum de estúdio,
o aclamado Peace Sells... but Who's Buying?





O
disco fez barulho, chegando a alcançar a 76ª posição da principal
parada norte-americana de álbuns, a Billboard.





Além
disso, o álbum foi notadamente destacado por seu conteúdo lírico
político, auxiliando a expandir a base de fãs do Megadeth. Também,
sua faixa-título foi o single principal do trabalho, acompanhada por
um videoclipe da música que recebeu regular divulgação na MTV dos
Estados Unidos.






em fevereiro de 1987, o Megadeth foi a banda de abertura na turnê
“Constrictor Tour”, de Alice Cooper, e no mês seguinte o grupo
começou sua primeira turnê mundial como atração principal no
Reino Unido. A turnê, de 72 semanas, foi apoiada pelas bandas
Overkill e Necros, e continuou nos Estados Unidos.





Durante
a turnê, o líder, vocalista e guitarrista Dave Mustaine e o
baixista David Ellefson consideraram demitir o baterista, Gar
Samuelson, por conta de seu severo abuso de drogas.







Dave Mustaine


De
acordo com Mustaine, Samuelson tornou-se uma pessoa difícil de se
lidar quando estava 'intoxicado'. O baterista Chuck Behler viajou com
o Megadeth para as últimas datas da turnê, pois os outros membros
da banda temiam que Samuelson não fosse capaz de terminar a tour.





Se
não bastassem os problemas com o baterista Samuelson, o guitarrista
Chris Poland, ocasionalmente, brigou com Dave Mustaine, e,
posteriormente, foi acusado de furtar e vender equipamentos da banda
para comprar heroína!





Como
resultado, Samuelson e Poland foram “convidados a deixar” o
Megadeth em 1987.





Naquele
mesmo ano, Jeff Loomis, da banda Sanctuary, então com 16 anos de
idade, fez um teste para o grupo. Mustaine elogiou o talento de
Loomis, mas o considerou demasiado jovem para se juntar ao conjunto.





Poland
foi inicialmente substituído por Jay Reynolds, do Malice, mas quando
o grupo começou a trabalhar em seu próximo álbum, Reynolds foi
substituído por seu próprio professor de guitarra, Jeff Young,
enquanto o Megadeth completava seis semanas de gravação do seu
terceiro álbum de estúdio.





Com
um orçamento grande da gravadora, So Far, So Good ... So What! levou
mais de cinco meses para ser gravado. O álbum foi atormentado com
problemas durante sua produção, em boa parte, devido à luta de
Mustaine com sua dependência em drogas.







David Ellefson


Mustaine
disse mais tarde: "A produção de So Far, So Good ... So What
foi horrível, principalmente devido a substâncias e às prioridades
que tinha ou não naquele momento!".





Além
disso, Mustaine entrou em confronto com o produtor Paul Lani, em
várias ocasiões, começando com a insistência de Lani sobre que a
bateria deveria ser gravada separadamente dos címbalos, em um
inédito processo para bateristas de rock.





Mustaine
e Lani se afastaram durante a mixagem do álbum, com o produtor sendo
substituído por Michael Wagener, que acabou remixando o disco.





Vamos
às faixas:





INTO
THE LUNGS OF HELL





Com um riff memorável como base, "Into The Lungs Of Hell" é uma faixa instrumental que transborda o melhor do Thrash Metal por todos os poros. Solos de guitarra bem trabalhados, ritmo e intensidade absurdos e muito feeling. Genial.











SET
THE WORLD AFIRE





Um riff infernal anuncia a segunda faixa do álbum, "Set The World Afire". Obviamente, o Thrash Metal é a base da canção a qual conta com um ritmo acentuado e grande intensidade. Após a grande introdução, o grupo opta por um andamento um pouco mais cadenciado, mas o peso é uma presença constante. Alternando entre andamentos mais lentos e outros mais rápidos, o ouvinte está diante de uma bela peça característica da Bay Area.





A
letra menciona um desastre nuclear:





Dig
deep the piles of rubble and ruins
Towering overhead both far and
wide
There's unknown tools of World War III
Einstein said
"We'll use rocks on the other side"
No survivors!





“Set
The World Afire” foi a primeira música que Dave Mustaine escreveu
após ser demitido do Metallica. Ele teria escrito sua letra durante
a viagem de volta para sua casa na Califórnia. A canção estava
previamente nominada 'Megadeath', mas Mustaine preferiu usar o nome
para sua banda, com a exclusão do 'a' de Death.











ANARCHY
IN THE U.K.





Com a urgência que o Punk Rock pede, o Megadeth fez uma competente versão para "Anarchy In The UK". Simples, rápida e com um bom solo de guitarra após o primeiro minuto.





A
letra é uma apologia à anarquia:





Of
many ways to get what you want
I use the best, I use the rest
I
use the enemy
I use anarchy










Trata-se
de um cover de uma música originalmente gravada pela lendária banda
punk Sex Pistols. As letras foram, de maneira bem sutil, modificadas,
mas por engano, pois, segundo Mustaine, ele as teria ouvido de modo
errado.





Logo
se tornou um clássico dos shows do Megadeth, embora muito
rapidamente também tenha sido excluída do set list da banda, por
seu conteúdo anti-cristão, após a conversão religiosa de
Mustaine.





Lançada
como single, atingiu a 45ª posição da parada britânica desta
natureza. Conta com a participação de Steve Jones, do Sex Pistols,
tocando o segundo solo de guitarra.











MARY
JANE





Já em "Mary Jane", desde seu início o Megadeth bebe na fonte do Heavy Metal tradicional, com um pouco menos de velocidade, apostando em um andamento mais lento, embora o peso seja muito impactante. A partir do terceiro minuto, a trilha Thrash passa a ser dominante e, deste modo, a faixa ganha em ritmo e intensidade. Ponto alto do trabalho.





A
letra fala sobre magia e sacrifício:





From
the earth, up through the trees
I can hear her calling me
Her
voice rides on the breeze
Oh, it's haunting me










Lançada
como single, atingiu a 46ª posição da parada britânica desta
natureza.














502





Em "502", o grupo aposta em uma faixa mais curta e direta, indo sem rodeios ao ponto. O riff principal da música é bom e criativo. No meio da canção há uma vinheta de acidente automobilístico que anuncia um inspirado solo de guitarra.





A
letra fala sobre automóveis:





Pull
over, shithead, this is the cops
Full tank, pockets lined with
cash
Full throttle, gonna rip some ass
Drive all day, and
through the night,
Romance the road, winding left and right
The
stars above guide me, the moonlight is free
A feeling inside me,
and the whole world to see














IN
MY DARKEST HOUR





Com uma introdução bastante criativa e inspirada, um dos grandes clássicos do Megadeth é originado: "In My Darkest Hour". O ritmo é mais cadenciado e o peso é absurdo, muito graças a um riff magistral criado por Dave Mustaine. Aliás, o vocalista faz um ótimo papel também na interpretação da letra, passando toda a angústia que o conteúdo lírico transmite. Da metade para a frente, o Thrash Metal domina, com solos de guitarra incríveis. Faixa espetacular!





A
letra é angustiante e sobre solidão:





I
walk, I walk alone
Into the promised land
There's a better
place for me
But it's far, far away





Com
o passar do tempo, “In My Darkest Hour” se tornou um grande
clássico da discografia do Megadeth.





Lançada
como single, não obteve maior repercussão em termos de paradas de
sucesso.





Embora
sua letra não mencione o fato, a inspiração para “In My Darkest
Hour”, segundo Dave Mustaine, teria sido a notícia sobre a morte
do baixista do Metallica, Cliff Burton, seu ex-companheiro de banda.











LIAR





"Liar" começa com outro riff muito inspirado por parte da banda. A música é curta, com pouco mais de 3 minutos, e o Thrash Metal é a base. O ritmo é bastante veloz, com as guitarras fazendo um trabalho bem interessante.





A
letra é um grande insulto:





Look
deep in the mirror, look deep into its eyes
Your face is replaced,
a creature you despise
I know what you're made of, it ain't much
I'm afraid
I know you'll be lying until you dying day





Lançada
como single, não causou maior barulho nas paradas de sucesso. A
letra de “Liar” é direcionada ao guitarrista Chris Poland,
demitido da banda em 1987.











HOOK
IN MOUTH





A oitava - e última - música de So Far, So Good... So What! é "Hook In Mouth". Contando com um dos melhores riffs criados por Mustaine, um dos clássicos do Megadeth encerra o álbum com louvor. O andamento é veloz e o peso está na dose certa. Além disso, os vocais mais agressivos de Dave se casam perfeitamente com a proposta da canção. Sensacional!





A
letra é uma mensagem de fúria:





You
say you've got the answers, well who asked you anyway?
Ever think
maybe it was meant to be this way?
Don't try to fool us, we know
the worst is yet to come
I believe my kingdom will come











“Hook
in Mouth” é outra canção que se tornou clássica na história do
Megadeth.





Lançada
como single, também não conseguiu ser bem-sucedida nas paradas de
sucesso.





A
letra de “Hook In Mouth” é uma crítica ao Parents Music
Resource Center, ou PMRC, um comitê formado em 1985 com o objetivo
declarado de aumentar o controle dos pais sobre o acesso das crianças
à música com conteúdo considerado violento, sobre uso de drogas ou
de caráter sexual, através da rotulagem de álbuns com um adesivo
com a inscrição Parental Advisory.











Considerações
Finais





So
Far, So Good... So What! foi o lançamento de maior impacto, até
então, para o Megadeth. Ao menos em termos de paradas de sucesso.





O
álbum atingiu a boa 18ª colocação na principal parada britânica
de discos, conquistando a 28ª posição na correspondente
norte-americana.





Ao
tempo de seu lançamento, a crítica especializada recebeu
positivamente o disco. Holger Stratmann, da revista Rock Hard, chamou
o álbum de a nova obra de arte do Megadeth. Jim Farber, da Rolling
Stone, afirmou que a banda estava indo diretamente ao topo da cena
Thrash americana. Também o crítico Robert Christgau revisou
positivamente o trabalho.





Entretanto,
revisões retrospectivas do disco tendem a serem mais críticas e
pesadas, como as de Steve Huey, do AllMusic, e de Mike Stagno, do
Sputinkmusic.





A
turnê que se seguiu ao lançamento do álbum foi a primeira a
apresentar os novos membros da banda, Chuck Behler e Jeff Young. O
baixista David Ellefson disse que os membros anteriores, Gar
Samuelson e Chris Poland, estavam cansados de ficarem constantemente
na estrada e suas saídas foram inevitáveis.





No
entanto, alguns problemas ocorreram durante a etapa australiana da
turnê. A banda foi forçada a cancelar alguns desses shows por causa
de problemas com drogas.





Mustaine
afirmou que o grupo voltou para casa porque o novo guitarrista Young
estava obcecado por heroína. Young negou, afirmando que era Mustaine
quem queria voltar para Los Angeles e buscar a reabilitação.





O
resultado foi que ambos, Young e Behler, foram demitidos
imediatamente após a final da turnê, em agosto de 1988.





So
Far, So Good... So What! ultrapassa a casa de 1 milhão de cópias
vendidas.













Formação:


Dave
Mustaine - Vocais, Guitarra, Guitarra Acústica


David
Ellefson - Baixo, Backing Vocals


Jeff
Young - Guitarra, Guitarra Acústica


Chuck
Behler - Bateria, Percussão


Músicos
Adicionais:


Steve
Jones (do Sex Pistols) - solo de guitarra em "Anarchy in the
UK".





Faixas:


01.
Into the Lungs of Hell (Mustaine) - 3:29


02.
Set the World Afire (Mustaine) - 5:48


03.
Anarchy in the U.K. (Rotten/Jones/Matlock/Cook) - 3:00


04.
Mary Jane (Mustaine/Ellefson) - 4:25


05.
502 (Mustaine) - 3:28


06.
In My Darkest Hour (Mustaine/Ellefson) - 6:16


07.
Liar (Mustaine/Ellefson) - 3:20


08.
Hook in Mouth (Mustaine/Ellefson) – 4:40





Letras:


Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://letras.mus.br/megadeth/




Opinião
do Blog:



Espremido entre os clássicos 'Peace Sells' (1986) e Rust in Peace (1990), So Far, So Good... So What! tende a ser visto como uma obra menor na discografia do Megadeth. Mas o Blog pensa diferente.





É claro que o álbum em questão pode ser considerado um degrau abaixo dos supracitados discos do grupo, mas está longe de ser apenas mais um. No fim da década de 80 e início dos anos 90, o Megadeth era uma das mais criativas bandas do estilo Heavy Metal.





Muito disso graças à criatividade do seu líder e principal compositor, Dave Mustaine. O excelente guitarrista transbordava inspiração em composições que mesclavam o Heavy Metal com a vertente Thrash Metal, criando canções que iam de encontro ao gosto dos fãs do estilo.





Entre riffs criativos e solos que transbordam feeling, Mustaine é a grande estrela do álbum. Mesmo não sendo um grande vocalista, Dave é um cara inteligente e usa sua voz de maneira eficiente e que combina perfeitamente com a sonoridade do grupo. Além disto, imprime uma interpretação exata para o conteúdo lírico do trabalho.





Entre os pontos negativos para o disco estão a produção, a qual deixa um pouco a desejar e a presença de um cover. Nada contra a boa versão para "Anarchy in the UK", mas quem conhece o Blog sabe que se prefere composições originais sempre.





"Mary Jane" possui a mescla perfeita entre o Heavy Metal tradicional e o Thrash Metal, encantando o ouvinte que aprecie esta fusão realizada de maneira criativa. Já a furiosa "Liar" é uma música com a cara do Thrash Metal da Bay Area. Bem como a clássica "Hook In Mouth", uma faixa que representa muito bem o Megadeth.





Além disto está presente uma das melhores composições de toda a discografia do Megadeth, "In My Darkest Hour", uma música espetacular, amostra do poder e magnitude que o Heavy Metal pode possuir. Um espetáculo.





Enfim, o Megadeth sempre foi uma das bandas preferidas do blogueiro, especialmente no que tange aos seus primeiros álbuns. Embora So Far, Good... So What! não esteja no nível estratosférico de um Rust in Peace, simultaneamente, está muito longe de ser apenas mais um disco. É um trabalho de alta qualidade, obrigatório para fãs de Thrash Metal norte-americano e extremamente recomendado pelo Blog!

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