Trespass
é o segundo álbum de estúdio da banda britânica chamada Genesis.
Seu lançamento oficial aconteceu em 23 de outubro de 1970, através
do selo Charisma Records. As gravações ocorreram entre junho e
julho daquele mesmo ano, nos Trident Studios, em Londres, na
Inglaterra. A produção ficou por conta de John Anthony.
GENESIS - TRESPASS (1970)
Trespass
é o segundo álbum de estúdio da banda britânica chamada Genesis.
Seu lançamento oficial aconteceu em 23 de outubro de 1970, através
do selo Charisma Records. As gravações ocorreram entre junho e
julho daquele mesmo ano, nos Trident Studios, em Londres, na
Inglaterra. A produção ficou por conta de John Anthony.
O
Genesis, uma das mais consagradas bandas do Rock Progressivo
inglês, marca sua estreia no RAC. Como manda a
tradição, vai-se abordar a formação do grupo antes de se focar no
álbum propriamente dito.
Primórdios do Genesis
Os
membros fundadores do Genesis, o vocalista Peter Gabriel, o
tecladista Tony Banks, o guitarrista Anthony Phillips, o
baixista/guitarrista Mike Rutherford e o baterista Chris Stewart se
encontraram originalmente na Charterhouse School, uma escola
particular na cidade de Godalming, no condado de Surrey, na
Inglaterra.
Banks
e Gabriel chegaram à escola em setembro de 1963, Rutherford em
setembro de 1964 e Phillips em abril de 1965. Os cinco eram membros
das duas bandas da escola; Phillips e Rutherford estavam no The Anon
(com o vocalista Richard Macphail, o baixista Rivers Jobe e o
baterista Rob Tyrell), enquanto Gabriel, Banks e Stewart constituíam
a Garden Wall.
Em
janeiro de 1967, depois que ambos os grupos se separaram, Phillips e
Rutherford continuaram a compor juntos e acabaram gravando uma fita
demo no estúdio caseiro de um amigo, convidando Banks, Gabriel e
Stewart a gravarem, com eles, neste processo.
Os
cinco gravaram seis músicas: “Don’t Want You Back”, “Try a
Little Sadness”, “She's Beautiful”, “That's Me”, “Listen
on Five” e “Patricia”, esta, uma instrumental.
Quando
eles desejaram gravar profissionalmente, procuraram outro aluno da
Charterhouse, Jonathan King, o qual parecia uma escolha natural como
editor e produtor devido seu sucesso com “Everyone's Gone to the
Moon”, a qual foi top 5, no Reino Unido, em 1965.
Um
amigo do grupo deu a fita demo para King, o qual ficou
imediatamente entusiasmado. Sob a direção dele, o grupo, com idades
entre 15 e 17 anos, assinou um contrato de gravação de um ano com a
gravadora Decca Records.
De
agosto a dezembro de 1967, os cinco gravaram uma seleção de
potenciais singles no estúdio Regent Sound Studios na Denmark
Street, em Londres, onde tentaram composições mais longas e
complexas, mas King os aconselhou a optarem por um som pop mais
direto.
Em
resposta, Banks e Gabriel compuseram “The Silent Sun”, um
pastiche do Bee Gees, uma das bandas favoritas de King, e que foi
gravada com arranjos orquestrais adicionados por Arthur Greenslade.
(Nota do Blog: Arthur Greenslade era um maestro e arranjador
britânico para filmes e televisão, bem como para vários artistas.
Ele foi musicalmente mais ativo nos anos 1960 e 1970).
O
grupo trocou várias vezes de nome, incluindo a sugestão de King
como Gabriel's Angels e Champagne Meadow, de Phillips,
antes de tomar outra sugestão de King, Genesis, a qual
indicava o início de sua carreira como produtor.
King
escolheu “The Silent Sun” como seu primeiro single, com “That's
Me” no lado B, e foi lançado em fevereiro de 1968. Ele conseguiu
alguma divulgação na BBC Radio One e na Radio Caroline, mas não
conseguiu ser viável comercialmente. (Nota do Blog: A BBC
Radio 1 é uma estação de rádio britânica operada pela British
Broadcasting Corporation, que também transmite internacionalmente,
especializada em música popular moderna e gravações ao longo do
dia. A Rádio 1 fornece gêneros alternativos após as 7:00 da noite,
incluindo dança eletrônica, hip hop, rock, indie ou entrevistas.
Foi lançada em 1967 para atender a demanda de música gerada por
estações de rádio piratas, quando a idade média da população do
Reino Unido era de 27 anos).
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Peter Gabriel |
Um
segundo single, “A Winter's Tale”/“One-Eyed Hound”, em maio
de 1968, que também vendeu pouco. Três meses depois, o baterista
Chris Stewart deixou o grupo para continuar com seus estudos. Ele foi
substituído por outro pupilo da Charterhouse, John Silver.
From
Genesis to Revelation
O
produtor da banda, Johnathan King, sentiu que o grupo conseguiria um
maior sucesso com um álbum. O resultado, From Genesis to
Revelation, foi produzido no estúdio Regent Sound, em dez dias,
durante as férias de verão (britânico) da escola, em agosto de
1968.
King
montou as faixas como um álbum conceitual, o qual ele mesmo
produziu, enquanto o maestro Greenslade adicionou mais arranjos
orquestrais às músicas, algo sobre o qual a banda não foi
informada até o disco ter sido lançado. O guitarrista Anthony
Phillips ficou particularmente chateado com as adições de
Greenslade.
Quando
a gravadora Decca Records encontrou uma banda americana já chamada
Genesis, King se recusou a mudar o nome do grupo. Ele alcançou
um acordo removendo o nome do conjunto da capa do álbum, resultando
em um design minimalista, com o título do disco impresso em um fundo
preto liso.
Quando
o álbum foi lançado, em março de 1969, tornou-se um fracasso
comercial, pois as lojas de discos o colocaram na seção
‘Religiosa’, ao notarem a capa. Banks, em retrospectiva, recorda:
“depois de um ano ou mais, vendeu 649 cópias”.
Um
terceiro single, “Where the Sour Turns to Sweet”/“In Hiding”,
foi lançado, em junho de 1969. Nenhum dos lançamentos foi
comercialmente bem-sucedido e levou à ruptura da banda com King e a
gravadora Decca.
King
continuou a manter os direitos sobre o disco o qual viu inúmeras
reedições. Em 1974, atingiu a principal parada norte-americana, na
170ª posição.
Mudanças
de direção
Quando
o álbum foi gravado, os integrantes da banda seguiram seus caminhos
separados por um ano; Gabriel e Phillips ficaram na Charterhouse para
terminar os exames, Banks matriculou-se na Universidade de Sussex e
Rutherford estudou no Farnborough College of Technology.
Eles
se reagruparam, em meados de 1969, para discutirem seu futuro, pois,
se continuassem nos estudos, o resultado final seria a divisão do
grupo.
Phillips
e Rutherford decidiram fazer música, em uma carreira em tempo
integral, pois começavam a compor músicas mais complexas do que
suas canções anteriores com King.
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Mike Rutherford |
Após
Banks e Gabriel se decidirem a seguir o exemplo, os quatro retornaram
ao Regent Sound, em agosto de 1969, e gravaram mais quatro demos
com Silver: “Family” (mais tarde conhecida como “Dusk”),
“White Mountain”, “Going Out to Get You” , e “Pacidy”.
A
fita demo foi rejeitada por todos os selos que a ouviram. Silver,
então, deixou o grupo para estudar gerenciamento de lazer, na
América. Seu substituto, o baterista e carpinteiro John Mayhew, foi
encontrado quando o próprio Mayhew procurava por trabalho e deixou
seu número de telefone “com pessoas por toda Londres”.
No
final de 1969, o Genesis se retirou para uma casa de campo que
os pais de Richard Macphail possuíam em Wotton, Surrey, para compor,
ensaiar e desenvolver o seu desempenho no palco. O grupo adotou uma
forte ética de trabalho, tocando juntos por até onze horas por dia.
Primeiras
apresentações
O
primeiro show como Genesis aconteceu em setembro de 1969, no
aniversário de um adolescente. Foi o início de uma série de shows
em locais pequenos, por todo o Reino Unido, que incluíram uma
aparição em rádio, no Night Ride Show da BBC,
em 22 de fevereiro de 1970, e uma apresentação no Atomic Sunrise
Festival realizado no Roundhouse, em Chalk Farm, um mês depois.
Durante
esse período, a banda se encontrou com várias gravadoras sobre
ofertas de contratos. As discussões iniciais com Chris Blackwell, da
Island Records, e Chris Wright, da Chrysalis, não tiveram êxito.
Em
março de 1970, durante a sexta semana consecutiva em que o grupo se
apresentava às terças-feiras à noite, no Jazz Club, de Ronnie
Scott, em Soho, membros da Rare Bird, a qual o Genesis havia
apoiado anteriormente, recomendaram a banda ao produtor e chefe da
A&R, John Anthony, da Charisma Records. (Nota do Blog: o
Rare Bird foi uma banda inglesa de rock progressivo, formada
em 1969. Eles tiveram mais sucesso em outros países europeus,
lançando cinco álbuns de estúdio entre 1969 e 1974).
Contrato
com a gravadora
John
Anthony assistiu a um dos shows do Genesis e gostou o
suficiente para convencer seu chefe, o proprietário do selo, Tony
Stratton-Smith, a assistir sua próxima aparição. Stratton-Smith
lembrou: “Seu potencial era imediatamente visível... o material
era bom e seu desempenho era bom ... Foi um tiro longo, porque eles
precisavam de tempo para encontrar a própria força... mas eu estava
preparado para fazer esse compromisso”.
Stratton-Smith
concordou em um acordo de gravação e gerenciamento, dentro de duas
semanas, pagando ao Genesis uma quantia inicial de £ 10 por
semana (o equivalente a £ 100 em 2017). (Nota do Blog: A
Libra Esterlina, de símbolo £, é a moeda atual e oficial do Reino
Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte). A
libra esterlina também é a moeda oficial dos territórios
britânicos ultramarinos).
O
Genesis permaneceu em Wotton até abril de 1970, altura em que
eles já possuíam material novo suficiente para um segundo álbum.
Segundo
álbum a caminho
Em
julho de 1970, o Genesis entrou no Trident Studios, em
Londres, para gravar um novo álbum. E o grupo foi acompanhado pelo
produtor e engenheiro de gravação John Anthony.
O
conjunto tinha material suficiente para gravar dois álbuns, mas
sentiu que algumas músicas não eram suficientemente fortes.
Phillips lembrou, posteriormente, que as músicas “Everywhere is
Here”, “Grandma”, “Little Leaf”, “Going to Get You”,
“Shepherd”, “Moss”, “Let Us Now Make Love” e “Pacidy”
foram aquelas as quais não foram desenvolvidas no estúdio.
Anos
mais tarde, Banks afirmou que “Let Us Now Make Love”, uma das
músicas de Phillips, não foi gravada para o álbum porque o grupo
achou que tinha potencial de single, mas seguindo a partida repentina
do guitarrista após a conclusão do disco, nunca chegou a ser
gravada no estúdio.
Uma
versão ao vivo de “Let Us Now Make Love” foi lançada na caixa
Genesis Archive 1967–75, de uma apresentação em fevereiro
de 1970.
O
álbum seria batizado como Trespass, e marcou
uma ruptura das músicas mais orientadas para o pop, como exibidas em
seu primeiro álbum, From Genesis to Revelation, para um rock
progressivo com fortes toques Folk.
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Tony Banks |
Mike
Rutherford afirma que Trespass foi o único álbum do Genesis em que
cada faixa foi contribuída igualmente por cada membro da banda;
todos os outros discos continham músicas escritas por um ou dois
indivíduos, com apenas pequenas contribuições dos demais músicos.
A
capa do álbum foi feita pelo artista Paul Whitehead, que também fez
as capas para os próximos dois álbuns da banda.
Whitehead
terminou a capa e depois a banda acrescentou “The Knife” ao track
list. Sentindo que a capa não mais se ajustou ao humor do disco,
o grupo pediu a Whitehead para que a refizesse.
Enquanto
Whitehead esteve relutante em refazê-la, os membros do conjunto o
inspiraram a cortar a tela com uma faca real. A coisa toda foi
fotografada, mas ficou azul quando revelada, devido à iluminação
na sala.
Bem,
vamos às faixas:
LOOKING
FOR SOMEONE
O disco abre com uma faixa que demonstra que o Genesis estava diferente. Algumas características que se tornariam parâmetros para o grupo já aparecem, ainda que em forma não completa. Mudanças de andamento, elementos Folk com roupagem Rock, suavidade em contraponto com momentos mais agressivos. Destaque para a voz de Peter Gabriel e os teclados de Tony Banks.
A
letra pode ser inferida como uma história de recomeço:
Nobody
needs to discover me,
I'm back again
You feel the ashes
from the
Fire that kept you warm
Its comfort
disappears,
But still the only friend I know
Would never
tell me where I go
WHITE
MOUNTAIN
"White Mountain" é de uma beleza pouco comum. Sua sonoridade contém uma inegável pegada folk, com o trabalho acústico de Anthony Phillips e Mike Rutherford. Lindas abordagens de Tony Banks, criando um ambiente místico e lúdico, enquanto a atuação vocal de Peter Gabriel assombra.
A
letra conta uma história de fantasia:
Steep,
far too steep, grew the pathway ahead
Descent
was the only escape
A
wolf never flees in the face of his foe
Fang
knew the price he would pay
One-eye
stood before him
With
the crown upon his head
Sceptre
raised to deal the deadly blow
VISIONS
OF ANGELS
Realmente tocante a beleza da melodia que sai do piano de Tony Banks na introdução de "Visions of Angels". E é o tecladista que domina esta canção, criando belas camadas sonoras, com bastante criatividade. Outra bela presença da voz de Peter Gabriel.
A
letra questiona a presença divina no planeta:
I
believe there never is an end
God
gave up this world its people long ago
Why
she's never there I still don't understand
STAGNATION
"Stagnation" aposta na sutileza e na delicadeza, construindo uma pequena obra-prima. O teclado cria atmosferas incríveis, enquanto o trabalho acústico dos violões de Phillips, Rutherford e do próprio Banks fornece um clima dramático, levemente sombrio, mas, ao mesmo tempo, impactante.
A
letra é em tom de resignação:
To
take all the dust and the dirt from my throat
I
want a drink, I want a drink
To
wash out the filth that is deep in my guts
DUSK
Já "Dusk", é uma balada simples e a menor faixa de Trespass. A influência da musicalidade Folk se mantém, com a flauta de Peter Gabriel se destacando, além de uma bela aparição de sua voz. Belíssima composição.
A
letra possui um sentido de fatalidade:
A
pawn on a chessboard,
A
false move by God will now destroy me,
But
wait, on the horizon,
A
new dawn seems to be rising,
Never
to recall this passerby, born to die
THE
KNIFE
A sexta - e última - faixa de Trespass é "The Knife". A clássica e atemporal música de encerramento do álbum é um grande momento de ode ao Rock Progressivo. Mudanças de andamento e clima, com toques sinfônicos, presença da flauta de Gabriel nas passagens mais suaves, alternando peso e leveza, agressividade e sutileza, caos e ordem. Canção monumental!
A
letra da canção é uma espécie de protesto:
Stand
up and fight, for you know we are right
We must strike at the
lies
That have spread like disease through our minds
Soon
we'll have power, every soldier will rest
And we'll spread out
our kindness
To all who our love now deserve
Some of you
are going to die -
Martyrs of course to the freedom that I shall
provide
“The
Knife” é uma canção clássica do Genesis.
Sua
primeira parte foi lançada como single para promover Trespass,
mas não obteve êxito em termos das principais paradas de sucesso
desta natureza.
A
capa do single é uma arte contendo imagens de Gabriel, Rutherford e
Bankes, além de Phil Collins e Steve Hackett. Collins e Hackett não
tocaram na canção, mas se juntaram ao grupo logo após o álbum ter
sido gravado, substituindo John Mayhew e Anthony Phillips,
respectivamente.
Nas
letras da música, Peter Gabriel, influenciado por um livro sobre
Gandhi, tentou demonstrar que todas as revoluções violentas
terminam com um ditador sendo elevado ao poder.
“The
Knife” costumava ser executada como um bis. Durante uma
apresentação, em junho de 1971, Peter Gabriel ficou tão empolgado
no final da música que pulou do palco para o público, torcendo o
tornozelo como resultado.
“The
Knife” foi a única canção de Trespass que permaneceu por
mais tempo no set list dos shows do grupo através dos tempos.
Considerações
Finais
Embora
seja um álbum de qualidade indubitável, Trespass não
repercutiu em termos das principais paradas de álbuns do mundo, as
britânica e norte-americana.
Entretanto,
o disco foi bem do outro lado do Canal da Mancha, na Europa
Continental, especialmente na Itália. Na Bélgica, atingiu o topo da
parada do país, resultando no primeiro convite para o Genesis
tocar fora do Reino Unido.
Trespass
foi um fracasso comercial. Mas, com o passar do tempo e o crescimento
da popularidade do grupo, chegou até a aparecer na principal parada
britânica, já em 1984, na 98ª posição.
O
disco foi amplamente ignorado pela imprensa musical no seu momento de
lançamento. A revista norte-americana Rolling Stone,
em uma revisão extremamente breve, mas inequivocamente negativa, de
1974, apontou: “É fraco, mal definido, às vezes aborrecido e deve
ser evitado por todos, exceto os fãs mais rabiosos do Genesis”.
A
revisão retrospectiva de Bruce Eder, do site AllMusic,
dá ao álbum uma nota 2 de um máximo de 5, resumindo que o disco “é
mais interessante para o que ele aponta do que para o que realmente
é”.
Eder
também afirma que as guitarras são tão baixas na mixagem que são
quase inaudíveis, deixando os instrumentos de teclado, de Banks,
proeminentes. Bruce Eder não considera o fato ruim, mas diz que não
é o Genesis que ficou mundialmente conhecido.
Trespass
incluiu músicas mais longas e mais complexas do que as do primeiro
disco, com elementos folk e de rock progressivo, com várias mudanças
de assinatura de tempo, como na música de nove minutos “The
Knife”.
Depois
que Trespass foi gravado, a saúde e o desenvolvimento do medo
de palco causaram que o guitarrista Anthony Phillips deixasse o
Genesis. Seu último show com a banda ocorreu em Haywards
Heath, em 18 de julho de 1970.
Ademais,
Phillips sentiu que o aumento do número de shows afetou a
criatividade do grupo e que várias músicas as quais havia composto
não foram gravadas ou tocadas ao vivo. Ele havia contraído
pneumonia brônquica e se isolou do resto da banda, sentindo que
havia muitos compositores no Genesis.
Banks,
Gabriel e Rutherford viam Phillips como um membro importante, sendo o
maior instrumento em encorajá-los a se tornarem profissionais. Eles
consideraram sua saída como a maior ameaça ao futuro da banda e a
mais difícil de se superar.
Gabriel
e Rutherford decidiram que continuariam; Banks concordou com a
condição de encontrassem um novo baterista que fosse de igual
estatura para o restante do grupo. John Mayhew foi despedido, apesar
de Phillips, mais tarde, ter pensado que a origem de classe
trabalhadora de Mayhew se chocava com o berço do restante da banda;
e que este fato afetou sua confiança.
Em
1971, com novos membros como guitarrista e baterista, o Genesis
lançaria Nursery Crime, seu terceiro álbum de estúdio. Mas
isto é história para um futuro post.
Formação:
Peter
Gabriel - Vocal, Flauta, Acordeão, Tamborim
Anthony
Phillips - Guitarra acústica de 12 cordas, Guitarra-solo, Dulcimer,
Vocais
Tony
Banks - Órgão, Piano, Mellotron, Guitarra acústica de 12 cordas,
Vocais
Mike
Rutherford - Guitarra acústica de 12 cordas, Baixo, Violão,
Violoncelo, Vocais
John
Mayhew - Bateria, Percussão, Vocais
Faixas:
01.
Looking for Someone (Banks/Gabriel/Phillips/Rutherford) - 7:06
02.
White Mountain (Banks/Gabriel/Phillips/Rutherford) - 6:45
03.
Visions of Angels (Banks/Gabriel/Phillips/Rutherford) - 6:51
04.
Stagnation (Banks/Gabriel/Phillips/Rutherford) - 8:45
05.
Dusk (Banks/Gabriel/Phillips/Rutherford) - 4:15
06.
The Knife (Banks/Gabriel/Phillips/Rutherford) - 8:55
Letras:
Opinião
do Blog:
Um dos maiores expoentes do Rock Progressivo britânico finalmente estreia aqui nas páginas do RAC: o Genesis. Demorou, mas finalmente este dia chegou.
A banda pode ser considerada um dos pilares do estilo, extremamente talentosa e criativa e que acabou auxiliando na criação e desenvolvimento de muitas facetas que encantam os fãs desta fascinante vertente do Rock.
Trespass é um trabalho que antecede o ápice criativo do Genesis, mas, entretanto, é um disco que demonstra a transição pela qual o grupo passava: deixando a sonoridade de seu primeiro álbum, mais art rock e psicodélica; enquanto se apresentou bem mais progressivo neste disco. E, confessa-se, o RAC adora álbuns que se passam nestes momentos.
O que se ouve em Trespass é uma banda que aposta na técnica, em mudanças de andamento e ritmo nas músicas e também flerta casuisticamente com o sinfônico. A beleza das melodias é uma constante, com o grupo construindo as canções apostando mais na sutileza e na delicadeza.
O vocalista Peter Gabriel esbanja talento, testando sua voz em momentos mais suaves e em outros mais agressivos. Também mostra virtudes como flautista. Anthony Phillips é um bom guitarrista, embora o grande destaque do disco, para o Blog, seja o tecladista Tony Banks.
As letras são boas e merecem uma conferida.
"White Mountain" é ótima, voltada para a leveza e a sutileza e com um ápice apoteótico. "Stagnation" é outra grande canção sendo impactante mesmo com uma atmosfera sutil.
Mas a preferida do RAC é mesmo o clássico "The Knife", uma amostra real do potencial do Genesis e de como a banda poderia ser protagonista no Rock Progressivo.
Enfim, Trespass é um álbum de transição, contando com uma banda muito talentosa, buscando sua identidade musical e em plena transformação. Ainda não é o Genesis que conquistaria o mundo em obras antológicas como Selling England by the Pound, mas é um disco extremamente interessante e bem recomendado pelo Blog.
SANTANA - SANTANA (1969)
Santana
é o álbum de estreia da banda norte-americana de mesmo nome, ou
seja, Santana. Seu lançamento oficial aconteceu em agosto de 1969,
através do selo Columbia Records. As gravações ocorreram em maio
daquele mesmo ano, no estúdio Pacific Recording, em San Mateo, na
Califórnia, nos Estados Unidos. A produção ficou por conta de
Brent Dangerfield e da própria banda.
SANTANA - SANTANA (1969)
Santana
é o álbum de estreia da banda norte-americana de mesmo nome, ou
seja, Santana. Seu lançamento oficial aconteceu em agosto de 1969,
através do selo Columbia Records. As gravações ocorreram em maio
daquele mesmo ano, no estúdio Pacific Recording, em San Mateo, na
Califórnia, nos Estados Unidos. A produção ficou por conta de
Brent Dangerfield e da própria banda.
Ano
novo e o RAC já começa com uma estreia de
peso: o Santana, grupo liderado pelo lendário guitarrista
mexicano Carlos Santana. Como nossa tradição, vai-se abordar as
origens do grupo antes de se focar no álbum propriamente dito.
Carlos
Santana
Em
20 de julho de 1947, nascia Carlos Santana, na cidade de Autlán de
Navarro, em Jalisco, no Mexico.
Carlos
aprendeu a tocar violão aos cinco e guitarra aos oito anos de idade,
sob a tutela de seu pai, um músico mariachi. Seu irmão mais novo,
Jorge Santana, também se tornaria um guitarrista profissional.
O
jovem Carlos foi fortemente influenciado por Ritchie Valens,
no momento em que havia poucos mexicanos no rock americano e na
música pop. (Nota do Blog: Richard Steven Valenzuela, conhecido como
Ritchie Valens, era um cantor, compositor e guitarrista americano. Um
pioneiro do rock and roll e um antepassado do movimento Chicano
Rock, a carreira de gravação de Valens durou apenas oito meses,
terminando abruptamente quando ele morreu em um acidente de avião,
aos 17 anos, em 1959).
A
família se mudou de Autlán de Navarro para Tijuana, a cidade na
fronteira do México com a Califórnia, e depois para São Francisco,
esta, nos Estados Unidos.
Carlos
ficou em Tijuana, mas depois se juntou a sua família em São
Francisco. Durante seus primeiros anos, de 10 a 12 anos, ele foi
sexualmente molestado por um homem americano que o trouxe através da
fronteira.
Carlos
morou no Mission District e eventualmente se formou na Escola Média
James Lick, e, em 1965, na Mission High School. Carlos foi aceito na
Universidade Estadual da Califórnia, na Northridge e na Humboldt
State University, mas optou por não frequentar a faculdade. (Nota
do Blog: The Mission District, ou simplesmente ‘The Mission’,
é um dos bairros mais antigos de São Francisco).
Início
da carreira de Carlos
Santana
foi influenciado por artistas populares da década de 1950, como B.B.
King, T-Bone Walker e John Lee Hooker.
Pouco
depois que começou a tocar violão, ele se juntou a bandas locais ao
longo da ‘Tijuana Strip’, onde pode começar a adicionar seu
próprio toque exclusivo ao Rock ‘n’ Roll dos anos 50.
Carlos
também foi apresentado a uma variedade de novas influências
musicais, incluindo o jazz e a música folk, além de
testemunhar presencialmente o crescente movimento hippie, este,
especialmente centrado em San Francisco na década de 1960.
Depois
de passar vários anos trabalhando como lavador de louça em um
restaurante e buscando mudanças extras, Santana decidiu se tornar um
músico em tempo integral.
![]() |
Carlos Santana |
Em
1966, Carlos ganhou destaque devido a uma série de eventos
acidentais, todos acontecendo no mesmo dia. Santana era um espectador
frequente no Fillmore West, de Bill Graham. Durante um show
matinee de domingo, Paul Butterfield estava programado para se
apresentar lá, mas não conseguiu fazê-lo como resultado de estar
bêbado. (Nota do Blog: Fillmore West foi um histórico teatro
de música rock and roll em San Francisco, Califórnia, que se tornou
famoso sob a direção do promotor de shows Bill Graham, entre 1968 e
1971).
Assim,
Graham reuniu um conjunto improvisado de músicos que ele conheceu
principalmente através de suas conexões com a banda de Butterfield,
com o Grateful Dead e o Jefferson Airplane, mas ele
ainda não havia conseguido todos os guitarristas.
O
empresário de Santana, Stan Marcum, sugeriu imediatamente a Graham
que Carlos se juntasse à banda improvisada e ele concordou. Durante
a jam session, a guitarra de Santana e sua forma de fazer os
solos ganharam a noção tanto da audiência quanto de Graham.
Formação
da banda Santana
Durante
o mesmo ano, Santana formou a Santana Blues Band, com outros
músicos de rua, incluindo David Brown (baixo), Marcus Malone
(percussão) e Gregg Rolie (vocalista, Hammond Organ B3).
A
primeira formação mais fixa da banda contava com Carlos Santana
(guitarra), Marcus Malone (percussão), Rod Harper (bateria), Gus
Rodriguez (baixo) e Gregg Rolie (vocal principal, Hammond organ B3).
A
primeira audição do grupo com esta formação foi no Avalon
Ballroom, no final do verão (nos EUA) de 1967. Após a audição,
Chet Helms (o promotor do evento), em concerto com o Family Dog,
disse à banda que nunca conquistariam sucesso na cena musical de San
Francisco com a fusão latina e sugeriu que Carlos mantivesse seu
trabalho lavando pratos no Drive-In do Tique Tock, na 3rd Street.
No
momento em que o Santana começou a trabalhar em seu álbum de
estreia, Santana, Malone já havia deixado a banda, pois havia
sido condenado por homicídio culposo e começado a cumprir sua
sentença na prisão estadual de San Quentin, no Condado de Marin.
Antes
de Woodstock, Bill Graham foi convidado a ajudar na logística e no
planejamento. Bill concordou em prestar sua ajuda apenas se uma nova
banda que ele estava promovendo, desconhecida, chamada Santana,
fosse adicionada ao festival.
![]() |
Gregg Rolie |
Dias
depois, o Santana foi anunciado como um dos artistas no
Woodstock Festival.
O
álbum Santana
Mais
de metade do álbum é composto de música instrumental, gravada pelo
que era originalmente uma banda de improvisação, de forma puramente
livre.
Por
sugestão do empresário Bill Graham, a banda escreveu músicas mais
convencionais, com a finalidade de causar maior impacto, mas
conseguindo reter a essência do improviso na música.
O
álbum foi destinado para ser um grande lançamento, dando um reforço
à performance seminal da banda no Festival Woodstock,
no início de agosto. O disco foi mixado e lançado nos formatos
estéreo e quadrafônico.
A
imagem icônica da capa do disco foi obra do artista Lee Conklin.
Vamos
às faixas:
WAITING
Logo de cara, em "Waiting", o ouvinte é jogado em uma experiência a qual contempla a musicalidade latina. O trabalho de percussão dos músicos Michael Carabello e José 'Chepito' Areas é evidente em toda a canção. Mas há espaço para os teclados de Gregg Rolie e, claro, para o talento de Carlos Santana na guitarra.
EVIL
WAYS
Já em "Evil Ways", o grupo continua sua abordagem musical latina, criando uma exótica interpretação para a faixa. A percussão continua seu belo trabalho, enquanto os vocais eficientes de Rollie contribuem para o sucesso da música, mas é no teclado sua decisiva participação.
A
letra fala sobre mudança:
When
I come home, baby
My house is dark and my pots are cold
You're
hanging around, baby
With Jean and Joan and a who knows who
I'm
getting tired of waiting and fooling around
I'll find somebody,
who won't make me feel like a clown
This can't go on
Lord
knows you got to change
“Evil
Ways” é uma versão da canção originalmente composta por
Clarence ‘Sonny’ Henry e originalmente gravada pelo
percussionista de jazz Willie Bobo em seu álbum de 1967, Bobo
Motion.
Além
do lançamento do Santana, em 1969, “Evil Ways” também
foi gravada pela banda The Village Callers.
Lançada
como single, atingiu a 9ª colocação na principal parada
norte-americana desta natureza.
Outras
versões famosas para a canção foram feitas por Jackie Mittoo,
Johnny Mathis e Type O Negative.
SHADES
OF TIME
"Shades of Time" possui uma melodia bastante maliciosa e, ao mesmo tempo, envolvente. A guitarra de Santana aparece mais efusivamente, com uma abordagem indomável e saborosa. É, sem dúvidas, o grande destaque desta composição.
A
letra é divertida:
I'll
try to help if I can
So
don't hide your head in the sand, oh no
Why
are you feeling so low
You're
wondering where will you go
SAVOR
Há um inegável espectro de improvisação e excentricidade em "Savor", mas com uma competência técnica invejável. A parceria entre o teclado de Rollie e a guitarra de Santana é ótima, amparados pelo baixo de Brown e uma impecável presença dos percussionistas.
JINGO
"Jingo" mantém a pegada do disco, com a inafastável latinidade característica do grupo. A guitarra de Santana está ainda mais pesada e é o grande destaque desta canção, com solos que exploram a técnica e o feeling de Carlos.
Lançada
como single, atingiu a 56ª posição da principal parada
norte-americana desta natureza.
Trata-se
de um cover para a música “Jin-go-lo-ba”, originalmente composta
pelo instrumentista nigeriano Babatunde Olatunji e lançada
pela primeira vez em seu álbum Drums of Passion, em 1959.
PERSUASION
"Persuasion" possui uma estrutura que remete ao Blues Rock, mas sem perder a pegada latina do conjunto. Carlos Santana novamente domina a composição com uma guitarra bem pesada e ótimos solos.
A
letra é sobre uma garota:
You
got persuasion
I
can't help myself
You
got persuasion
I
can't help myself
Something
about you baby
Keeps
me from goin' to somebody else
TREAT
"Treat" é daqueles momentos excepcionais os quais a música pode propiciar. Com Gregg Rollie e Carlos Santana brilhando intensamente em seus instrumentos, a faixa conta com uma formidável base do baixista David Brown. Jazz com influência latina, sensacional!
YOU
JUST DON’T CARE
"You Just Don't Care" bebe fartamente nas fontes do Blues e do Rock, permitindo uma atuação 'furiosa' da guitarra de Carlos Santana, esbanjando feeling e agressividade. Também há um notável trabalho do baterista Michael Shrieve em outro momento notável do álbum.
A
letra mostra uma relação conturbada:
I
told you
You'd
have to leave
And
you listened with a cryin stare.
Now
you've got the nerve
To
tell me baby
Yeah,
Yeah, a no, no
You
don't care
You
just don't care baby.
Sun
Turns
back at the sight of you
And
your evil only clouds the air
SOUL
SACRIFICE
A nona - e última - faixa de Santana é "Soul Sacrifice". O álbum Santana se encerra com uma monumental composição apenas instrumental e que se tornou um verdadeiro clássico da carreira do guitarrista. A canção é uma verdadeira 'Jam Session', a qual transborda inspiração e química entre seus músicos. Fecha o disco com chave-de-ouro!
“Soul
Sacrifice” foi lançada como single, já em 1970, mas não
repercutiu em termos de paradas de sucesso desta natureza.
Identificada
como um dos destaques do festival e do documentário sobre o festival
de Woodstock, em 1969, “Soul Sacrifice” apresenta extensas
passagens da guitarra de Carlos Santana e uma seção de percussão,
com um solo do baterista Michael Shrieve.
Está
incluída em vários álbuns ao vivo e compilação. “Soul
Sacrifice” foi uma das primeiras composições do Santana.
Carlos Santana lembrou que o grupo a escreveu quando o baixista David
Brown se juntou a eles.
Antes
do lançamento em seu álbum de estreia, Santana, então uma
banda praticamente desconhecida, tocou “Soul Sacrifice” como seu
número de encerramento em Woodstock.
“Eles
foram o único grupo a tocar sem um disco, era incomparável. O
Santana passou de Woodstock para estar sob demanda global
quase da noite para o dia”, afirma o livro Voices of Latin Rock:
People and Events that Created this Sound.
Em
várias entrevistas, Santana lembrou-se de experimentar os efeitos de
drogas psicodélicas durante o show, mas conseguiu se manter até o
final. “No momento em que chegamos a “Soul Sacrifice”, eu
voltei de uma jornada bastante intensa. Em última análise, eu
sentia que nós entramos em muitos corações em Woodstock”.
O
álbum da trilha sonora de Woodstock chegou ao número
um na parada de álbuns da Billboard. Vários artistas
registraram covers da faixa, incluindo Mother Earth, Os
Paralamas do Sucesso e Transatlantic.
A
música também está no filme de David Fincher, Zodiac.
Considerações
Finais
Catapultado
pela atuação explosiva no festival de Woostock,
Santana foi um álbum que fez grande sucesso comercial.
O
disco atingiu a excepcional 4ª posição da principal parada
norte-americana de discos, conquistando a 26ª colocação na sua
correspondente britânica. Ainda ficou com os 5º lugares nas paradas
de França e Nova Zelândia e com o 14º na parada australiana,
respectivamente.
Em
uma revisão contemporânea para a revista norte-americana Rolling
Stone, Langdon Winner criticou Santana como “uma
obra-prima de técnicas ocas” e “um prazer bizarro de velocidade
- música rápida, pungente e frenética sem conteúdo real”. Ele
comparou o efeito da música com o da metedrina, que “dá um alto
sem significado”, afirmando que Rolie e Santana tocam repetidamente
e sem imaginação, em meio a uma monotonia de ritmos incompetentes e
letras inconsequentes.
O
crítico do jornal norte-americano The Village Voice, Robert
Christgau, compartilhou o sentimento de Winner, em suma, “muito
barulho”.
Em
uma revisão retrospectiva, a própria revista Rolling Stone
foi mais entusiasmada, chamando o álbum Santana de
“emocionante... com ambição, alma e convicção absoluta - cada
momento tocado diretamente do coração”.
Em
2003, a mesma revista classificou Santana na 150ª posição
de sua lista the 500 greatest albums of all time. Colin Larkin
o considerou um excelente exemplo de rock latino em sua Encyclopedia
of Popular Music, de 2011.
Rovi
Staff, do site AllMusic, em retrospectiva, dá ao álbum
uma nota 4,5 de um máximo de 5 possível, afirmando: “No seu álbum
de estreia, estrondoso e inovador, o grupo mistura percussão latina
com rotas de rock. O exclusivo estilo da guitarra de Santana,
alternadamente picante e líquido, junto aos múltiplos
percussionistas com o foco sônico”.
Após
o lançamento do álbum, o grupo saiu em turnê para promoção do LP
ao mesmo tempo em que começou a trabalhar no segundo disco, Abraxas,
que sairia em 1970.
Santana
supera a casa de 2 milhões de cópias vendidas apenas nos Estados
Unidos.
Formação:
Gregg
Rolie - Vocal, Hammond, Piano
Carlos
Santana - Guitarra, Backing Vocal
David
Brown - Baixo
Michael
Shrieve - Bateria
Michael
Carabello - Congas, Percussão
José
"Chepito" Areas - Timbales, Congas, Percussão
Faixas:
01.
Waiting (Santana) - 4:03
02.
Evil Ways (Henry) - 3:54
03.
Shades of Time (Santana/Rolie) - 3:14
04.
Savor (Santana) - 2:47
05.
Jingo (Olatunji) - 4:21
06.
Persuasion (Santana) - 2:33
07.
Treat (Santana) - 4:43
08.
You Just Don't Care (Santana) - 4:34
09.
Soul Sacrifice (Santana/Rolie/Brown/Malone) - 6:37
Letras:
Opinião
do Blog:
O RAC já começa 2018 com uma estreia marcante em nossas páginas: a banda Santana, a qual deu vazão a um dos mais criativos guitarristas da música contemporânea, o ótimo Carlos Santana.
Santana fez grande sucesso comercial e de crítica, especialmente na virada dos anos 2000, quando sua música teve um inegável apelo Pop, contando com participações de diversas e diferentes estrelas em seus discos. Mas o site prefere o momento inicial de sua trajetória, com a banda a qual carregava seu nome.
Cercado por músicos altamente competentes, como o ótimo tecladista Gregg Rolie, o qual faria parte do Journey posteriormente, Carlos Santana construiu uma banda criativa, inventiva e extremamente talentosa.
Em seu álbum de estreia, o grupo carrega sua principal característica dos tempos em que havia começado no anonimato: um inegável caráter de improvisação, ou seja, em várias de suas canções, Santana apresenta um doce sabor de 'jam', de experimentação.
Outra formidável característica do disco é que, mesmo o guitarrista Carlos Santana sendo o maior destaque individual do conjunto, este não é um álbum de guitarra. Longe disso: os momentos em que Carlos se sobressai são orgânicos com a musicalidade, ou, em outras palavras, contribuem para que a música se torne algo maior e não mera amostra de virtuosismo.
Mais um aspecto elogiável da obra é seu caráter exótico, impressivo e incontestavelmente personalístico: a influência da musicalidade latina. Esta permanece presente em todas as faixas, mas é simbioticamente fundida com outras sonoridades, como o Blues e o Jazz, tudo, com uma inegável amálgama Rock.
"Savor" carrega este aspecto de improviso, mas com inegáveis intensidade e liberdade. "Shades of Time" conta com a guitarra de Carlos mais agressiva enquanto "You Just Don't Care" é um Blues Rock magnífico.
Mas as preferidas do RAC são duas composições instrumentais: "Treat" faz uma fusão incrível de Jazz e musicalidade latina enquanto a "Soul Sacrifice" faltam palavras para descrever o quanto é uma Jam Session extraordinária.
Enfim, Santana é um álbum único, inovador e cheio de identidade própria. Apresenta ao mundo uma banda incrível, Santana, um verdadeiro diamante em estado bruto, mas que já apresentava muitos sinais de seu brilhantismo. Este diamante seria lapidado nos geniais trabalhos posteriores, mas, mesmo assim, Santana permanece como um disco obrigatório e essencial.
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