WITCHCRAFT - THE ALCHEMIST (2007)
The
Alchemist é o terceiro álbum de estúdio da banda sueca chamada
Witchcraft. Seu lançamento oficial aconteceu em 8 de outubro de
2007, através do selo Rise Above Records. A produção ficou por
conta de Tom Hakava.
O
RAC continua a promessa feita no ano passado de
postar, sempre que possível, álbuns de bandas do “novo milênio”.
Desta forma, vai-se apresentar os primórdios da banda Witchcraft
para depois se abordar o disco propriamente dito.
Norrsken
A
origem do Witchcraft remonta à banda Norrsken (que, em sueco,
significa aurora boreal). O Norrsken foi fundado em 1995.
O
grupo chegou a lançar duas demos: Norrsken e Hokus Pokus,
ambas em 1996. A sonoridade do conjunto envolvia uma mistura de Hard
Rock e Rock Psicodélico.
Em
sua formação, a banda contava com o vocalista Joakim Nilsson, o
baixista Rikard Edlund, o baterista Kristoffer Sjödahl e o
guitarrista Magnus Pelander.
Em
1997, o grupo lançou outra demo, 3 Song Advance Tape. Já em
1999, foi a vez de sair o single “Armageddon”.
Em
2000, o Norrsken acabou. Joakim Nilsson e Rikard Eklund foram tocar
na banda Albatross e, anos mais tarde, formariam o Graveyard.
Já
o guitarrista Magnus Pelander seguiria outro caminho…
Witchcraft
Magnus
Pelander formou o Witchcraft em 2000, para gravar um tributo a
Bobby Liebling (do Pentagram) e Roky Erickson. (Nota do
Blog: O Pentagram é uma banda norte-americana de heavy
metal originária da Virginia, Estados Unidos. É considerada uma das
precursoras do estilo musical conhecido como doom metal. Formada em
1971, foi uma banda de popularidade baixa durante os anos 70:
gravaram algumas demos e fitas K7, mas não lançaram um álbum
completo até 1985. A banda sempre esteve mudando de integrantes ao
longo da história, sendo que o único membro constante é o
vocalista Bobby Liebling./Nota do Blog 2: Roger Kynard ‘Roky’
Erickson é um cantor e compositor norte-americano, gaitista e
guitarrista do Texas. Ele foi um membro fundador do The
13th Floor Elevators e um pioneiro do gênero de rock
psicodélico).
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Magnus Pelander |
O
single “No Angel or Demon” foi lançado em 2002, pela Primitive
Art Records, e acabou chegando ao ouvido de Lee Dorrian, proprietário
do selo Rise Above Records, e que rapidamente contratou o grupo.
(Nota do Blog: Lee Dorrian é um cantor inglês, mais
conhecido como o ex-vocalista do Napalm Death e mais tarde
líder da banda Cathedral. Ele é atualmente o vocalista do
With the Dead).
Um
ano depois, a banda foi reformulada com Jonas Arnesén como baterista
e seu irmão, Mats, ocupando a posição de baixista.
Witchcraft,
o disco de estreia
Lançado
em 2004, Witchcraft é o álbum de estreia do grupo.
Revelando
suas influências setentistas, a banda gravou o trabalho em estúdio
de porão e com equipamentos vintage, propiciando um som ainda
mais setentista.
O
álbum continha 12 faixas, sendo 2 covers do Pentagram, uma
das mais fortes influências de Magnus Pelander: “Please Don't
Forget Me” e “Yes I Do”.
A
imagem da capa é uma versão ligeiramente alterada de uma impressão
chamada Merlin, um desenho de caneta à tinta de Aubrey
Beardsley, para uma edição de 1893-94 da obra Le Morte d'Arthur,
de Sir Thomas Malory. (Nota do Blog: Thomas Malory (1405 —
1471) foi um romancista inglês, famoso por haver escrito Le Morte
d'Arthur (A morte de Artur), um dos mais célebres livros sobre
as histórias do rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda. A
obra, publicada em 1485, foi escrita em 1469, quando cumpria pena de
prisão em Londres. Para sua obra, Malory se baseou principalmente em
livros em língua francesa do século XIII, como o Ciclo do
Lancelote-Graal e o Tristão em Prosa).
Curiosamente,
o Witchcraft, que houvera surgido apenas para gravar uma
canção, “No Angel or Demon” e, paralelamente, gravar o
supracitado tributo, agora; era uma banda completa e com disco
lançado.
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Ola Henriksson |
Mats
Arnesén deixou o grupo quase que imediatamente após a gravação de
Witchcraft. Mats também era o baterista do trio The
Hollywoods e da Eva Eastwood and the Major Keys.
Em
meados de 2004, o Witchcraft percorreu a Europa em companhia
dos conjuntos Orange Goblin e Grand Magus.
Firewood
Em 8
de julho de 2005, o Witchcraft lançou Firewood, seu
segundo álbum de estúdio.
O
disco foi gravado na Inglaterra e conta com 11 canções. Aos 8:50
minutos da última faixa, “Attention!”, há um cover da música
“When the Screams Come”, do Pentagram.
A
edição de vinil não inclui “When the Screams Come”, mas inclui
uma faixa bônus intitulada “The Invisible”.
Ainda
em 2005, o grupo lançou o single “Chylde of Fire”, que promovia
Firewood. O Witchcraft fez uma turnê pelo Reino Unido,
em suporte à banda Corrosion of Conformity.
Mudanças
e The Alchemist
Em
meados de 2006, Jonas Arnesén deixou a banda e foi substituído pelo
baterista original, Jens Henriksson.
A
banda excursionou pelos EUA, no fim de 2006, com o conjunto Danava.
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Magnus e John Hoyles |
Durante
esta turnê, em 11 de novembro de 2006, o Witchcraft tocou no
Rock and Roll Hotel, em Washington. Para o seu bis, eles
tocaram covers do Pentagram (“When the Screams Come” e
“Yes I Do”) com Bobby Liebling nos vocais!
Após
a turnê pelos EUA, eles retornaram ao estúdio e gravaram o single
“If Crimson Was Your Color”, o qual foi lançado em vinil de 7
polegadas pela Rise Above, em 6 de novembro de 2006.
Após
o single, Jens Henriksson, mais uma vez, deixou o Witchcraft e
foi substituído por Fredrik Jansson (anteriormente no Abramis
Brama).
Dessa
forma, o Witchcraft era formado pelo vocalista e guitarrista
Magnus Pelander, pelo guitarrista John Hoyles, pelo baixista Ola
Henriksson e pelo baterista Fredrik Jansson.
Com
esta formação a banda gravou seu terceiro disco de estúdio, The
Alchemist. A arte da capa é belíssima.
Vamos
às faixas:
WALK
BETWEEN THE LINES
A primeira faixa do disco já é uma amostra da qualidade do Witchcraft. O riff dominante é especialmente saboroso e os solos de guitarra muito bem colocados. Os vocais de Magnus Pelander se combinam perfeitamente com a sonoridade. Petardo!
A
letra possui sentido de resiliência:
calm
my mind with tempered thoughts
ah,
you fuel my heart with blood inside
flawless
and fearless you wish I was
IF
CRIMSON WAS YOUR COLOR
Em sua segunda canção, o ritmo do disco continua em alta rotação. O uso do mellotron contribui de forma definitiva para remeter a sonoridade ao Hard Rock da virada das décadas de 60 para 70. Outra música extremamente cativante!
A
letra é em tom de magia:
if
crimson was your colour
could
your conscience bear your soul
would
you paint the space witch murder
your
spirit's breath so cool
“If
Crimson Was Your Color”, como citado anteriormente, foi lançada
como single antes mesmo do álbum. Não obteve repercussão em termos
das principais paradas desta natureza.
LEVA
A inspiração continua em elevados níveis em "Leva". O trabalho da seção rítmica formada pelo baixista Ola Henriksson e pelo baterista Fredrik Jansson é ainda mais evidente, construindo uma base pesada e bluesy, permitindo que as guitarras brilhem. Hard Blues Rock de primeiro nível, em uma das melhores faixas do trabalho!
A
palavra sueca leva significa viver:
han
som älska att leva
han
som älska att känna
vill
inte bli utdömd
inte
längre någon slav
HEY
DOCTOR
Os momentos incríveis de "Hey Doctor" levam o ouvinte diretamente ao Black Sabbath dos anos 70, especialmente ao magnífico Master of Reality, de 1971. O peso absurdo das guitarras de Pelander e John Hoyles e a cadência, em ritmo magnético, constroem uma música hipnótica, a qual põe o pé no acelerador nos pontos exatos. Magnífica!
A
letra é bastante sombria:
impostor
without knowing your beliefs been defiled
the
flesh on them bones been scorched and burned
a
downward spiral for your heresy inclined
you're
pushing forward back your logic is reversed
SAMARITAN
BURDEN
Construída com uma gama de riffs magistrais inspirados nos anos 70, "Samaritan Burden" é um Hard Rock de primeiríssimo nível. O trabalho instrumental é realmente primoroso e os vocais de Pelander estão praticamente perfeitos. Que música!
A
letra brinca com luz e trevas:
it's
just a spectre
an
interlude of confusion
don't
let it scare you so
be
it thoughts of amusement
the
light counters dark as it reaches its peak
blend
and balance the bold takes it all
REMEMBERED
"Remembered" retira um pouco do peso das músicas que a precedem, mas não diminui o nível de categoria elevada do álbum. O trabalho do baixista Henriksson é muito bom e as guitarras estão ótimas, mas o destaque é o saxofone de Anders Andersson.
A
letra é em tom de magia:
I
softly call
call
on you
I
don't know
what
it takes to get through
holy
mother here inside
you
left your temple with your gold
THE
ALCHEMIST (PARTS 1, 2 & 3)
A sétima - e última - faixa de The Alchemist é "The Alchemist (Parts 1, 2 &3)". Com mais de 14 minutos de extensão, a derradeira canção do disco é também a maior em duração. A pegada setentista é mantida, com a sonoridade alternando passagens mais ferozes com momentos de suavidade. Outra ótima composição.
A
letra é um conto fantástico:
I'm
back again witch perspective eyes
deception
still lingers on
but
I'm no one to categorize
I'm
a free man on my own
looking
back upon the disrespect
next
time I'm ready to fight
unlike
a soldier in a battlefield
I'll
pull my horses back and leave
Considerações
Finais
Embora
possua uma qualidade inegável, The Alchemist passou em branco
em termos das principais paradas de sucesso do mundo, as britânica e
norte-americana.
Nem
mesmo na parada sueca o álbum chegou a figurar.
Entretanto,
o disco serviu para manter o Witchcraft em ascensão. Greg Prato, do
site AllMusic, dá ao trabalho a nota 3,5 de um máximo de 5
possível.
Greg
atesta: “Em seu terceiro lançamento em geral, The Alchemist,
de 2007, o quarteto continua tentando trazer o tempo de volta a 1975
- a entrega vocal de Magnus Pelander é muito (semelhante) a de Bobby
Liebling, do Pentagram, enquanto a música proporcionaria uma
boa trilha sonora para uma festa stoner, no porão, de alguma escola
secundária - quando as pessoas estavam fora da cidade, a fumaça do
bong era grossa, e os cartazes de luz negra estavam
orgulhosamente exibidos”.
Prato
ainda faz alguns apontamentos interessantes: “No entanto, como
acontece com a maioria dos metallists do doom, alguns bits têm
uma certa familiaridade (...) - caso em questão, “If Crimson Was
Your Color”, que contém um riff que remanesce de “Symphony of
Destruction”, do Megadeth, enquanto “Hey Doctor” contém
a mesma ruptura de bateria no meio de “Under the Sun/Every Day
Comes and Goes”, do Vol. 4 do Sabbath”.
The
Alchemist foi lançado pelas gravadoras Rise Above Records (no
Reino Unido), Leaf Hound Records (Japão) e Candlelight Records
(EUA).
Pouco
depois de The Alchemist, o Witchcraft lançou um EP de
12 polegadas, em divisão com a banda norte-americana The Sword,
pelo selo Kemado Records. O EP apresenta versões de duas músicas
anteriormente proibidas na Suécia.
Em
2010, o vocalista/guitarrista Magnus Pelander lançou um EP, solo, de
quatro músicas, via Svart Records.
Ola
Henriksson, John Hoyles e Jens Henriksson, formaram uma nova banda,
chamada Troubled Horse e lançaram um single de 7 polegadas,
no início de 2010.
Legend,
quarto álbum de estúdio do Witchcraft, somente foi lançado
em setembro de 2012.
Formação:
Magnus
Pelander - Vocal, Guitarra
John
Hoyles - Guitarra Elétrica e Acústica
Ola
Henriksson - Baixo
Fredrik
Jansson - Bateria, Percussão
Músicos
adicionais:
Tom
Hakava - Mellotron, Wersi, Piano, Melodeon e Percussão
Anders
Andersson - Saxofone
Faixas:
01 -
Walk Between the Lines - 3:24
02 -
If Crimson Was Your Colour - 3:47
03 -
Leva - 4:33
04 -
Hey Doctor - 5:12
05 -
Samaritan Burden - 6:27
06 -
Remembered - 5:14
07 -
The Alchemist (parts 1, 2 & 3) - 14:38
(*)
Nem no encarte do meu CD, nem na internet, encontrei os autores das
canções. Se alguém souber, peço gentilmente que me envie através
dos canais de comunicação do RAC.
Letras:
Opinião
do Blog:
O RAC pode afirmar que tem sido muito bom trazer alguns discos de bandas 'novas' para o Blog. Evidentemente, esta não é a proposta do site e existem inúmeras páginas muito melhores que esta para tal, mas sempre que for possível isto será feito, especialmente com grupos tão talentosos quanto o Witchcraft.
O vocalista e guitarrista Magnus Pelander não é apenas a mente por trás do conjunto mas também sua alma. Tudo de bom e ruim que acontece com o grupo está sob responsabilidade direta do cara.
Fica bastante evidente a proposta sonora do Witchcraft em um álbum como The Alchemist. O resgate da sonoridade setentista é feito com um talento indiscutível e as referências são das melhores possíveis. Além da mais óbvia, citada anteriormente no post, o Pentagram, o grupo bebe bastante no Hard/Heavy setentista, especialmente no Black Sabbath.
O resultado final é uma sonoridade Hard Rock, com base em riffs muito inspirados e, simultaneamente, não abandonando a importância das melodias cativantes em nenhum momento. Assim, The Alchemist contagia e envolve o ouvinte, ao mesmo tempo.
E o grande mérito do Witchcraft é trazer este resgate da musicalidade setentista com uma roupagem atual, fundindo suas referências, mas as apresentando com a identidade do grupo, abusando das guitarras e uma seção rítmica pesada e sempre presente, alternando ritmo e intensidade o tempo todo.
O RAC elege a intensa "Leva", a sabática "Hey Doctor" e a bluesy "Samaritan Burden" como suas preferidas no disco. Mas não se deixe levar por nossa opinião: aqui não há músicas de enchimento e o álbum é todo muito bom!
Muito facilmente no Top 10 de discos de bandas do novo milênio para o Blog, The Alchemist é uma excelente amostra da excelência do Witchcraft como banda. Deste modo, o RAC não apenas indica que o leitor aprecie The Alchemist, mas que vá urgentemente conhecer o restante do trabalho deste excelente conjunto sueco.
FASTWAY - FASTWAY (1983)
Fastway
é o álbum de estreia da banda inglesa de mesmo nome, ou seja, o
Fastway. Seu lançamento oficial ocorreu em abril de 1983, através
do selo CBS Records. As gravações ocorreram nos estúdios Marcus
Music e Maison Rouge Studios, em Londres, na Inglaterra. A produção
ficou por conta do renomado produtor Eddie Kramer.
FASTWAY - FASTWAY (1983)
Fastway
é o álbum de estreia da banda inglesa de mesmo nome, ou seja, o
Fastway. Seu lançamento oficial ocorreu em abril de 1983, através
do selo CBS Records. As gravações ocorreram nos estúdios Marcus
Music e Maison Rouge Studios, em Londres, na Inglaterra. A produção
ficou por conta do renomado produtor Eddie Kramer.
Hora
do RAC apresentar a nossos leitores o álbum de
estreia do Fastway, banda do lendário guitarrista do
Motörhead, ‘Fast’ Eddie Clarke. E é através dele,
resumidamente, que se começará este post.
Iron
Fist, clássico do Motörhead
Em
17 de abril de 1982, o Motörhead lançava seu quinto álbum
de estúdio, o clássico Iron Fist.
O
disco foi o sucessor do aclamado álbum ao vivo, No Sleep 'til
Hammersmith, o qual alcançou o topo da principal parada
britânica desta natureza. O Motörhead passava por um período
de grande sucesso comercial.
O
disco acabou tendo problemas em sua fase de produção.
Originalmente, os trabalhos de gravação começaram com o produtor
Vic Maile. A banda paralisou as gravações para realizar alguns
shows com o grupo britânico Tank.
O
guitarrista do Motörhead, ‘Fast’ Eddie Clarke, havia
produzido o álbum de estreia do Tank, Filth Hounds of
Hades, lançado em março 1982.
Quando
a banda retornou para as gravações de Iron Fist, Clarke se
mostrou insatisfeito com a produção de Vic Maile, sugerindo que o
Motörhead deveria produzir o disco por conta própria. No fim
das contas, Clarke, com ajuda do engenheiro de som Will Reid Dick,
produziu o álbum.
Embora
o líder do grupo, o saudoso Lemmy Kilmister, não tenha gostado do
resultado final da produção, Iron Fist acabou mantendo a
curva ascendente de sucesso do Motörhead. O disco alcançou a
6ª posição da principal parada britânica de discos.
O
principal single, “Iron Fist”, lançado antes mesmo do álbum,
atingiu a 29ª colocação da principal parada britânica de singles.
Eddie
Clarke deixa o Motörhead
O
grupo partiu para a turnê Iron Fist UK, entre 17 de março e
12 de abril de 1982. Depois, viria a primeira turnê norte-americana
como atração principal, a partir do dia 12 de maio daquele mesmo
ano.
Clarke
deixou o Motörhead, em especial, como consequência do grupo
gravar o EP Stand By Your Man, uma versão cover do clássico
de Tammy Wynette, em colaboração com Wendy O. Williams
and the Plasmatics.
Toda
gravação, com Clarke atuando exclusivamente como produtor, foi
extremamente problemática. Além do mais, Clarke sentiu que a música
comprometeu os princípios da banda, recusando-se a tocar na
gravação.
É
mais provável que Clarke tenha saído do conjunto por causa da
tensão crescente com o baixista e líder do grupo, Kilmister, que
ficou infeliz com a produção de Clarke no álbum Iron Fist e
alimentou ameaças contínuas da demissão de Clarke.
Em
uma entrevista com o jornalista Scott Adams, que aparece no site
oficial de Clarke, o guitarrista insiste:
“(...)
Suponho que, naquele momento, o Motörhead, na verdade, tivesse
ido tão longe quanto possível. Eu não tinha decidido sair. Eu fui
forçado a sair pelos outros caras que, por diferentes motivos,
sentiram a necessidade de uma mudança. Esse tipo de acontecimento
pelo álbum Iron Fist. Nós deixamos de trabalhar bem juntos,
então a morte foi inevitável...”
![]() |
'Fast' Eddie Clarke |
Lemmy
e Taylor fizeram numerosas chamadas telefônicas para encontrar um
guitarrista, incluindo uma para Brian Robertson, anteriormente
guitarrista do Thin Lizzy, que estava gravando um álbum solo
no Canadá. Ele concordou em ajudar e completar a turnê com eles.
O
último show de ‘Fast’ Eddie Clarke com o Motörhead
aconteceu em 14 de maio de 1982, em Nova York.
Mechanix
Na
realidade, o UFO já passava por um momento menos glorioso,
desde a saída do guitarrista Michael Schenker, no final dos anos 70.
Sem
Schenker e com Paul Chapman na guitarra, o grupo havia gravado os
álbuns No Place to Run (1980) e The Wild, the Willing and
the Innocent (1981), ambos, sem causarem maior estardalhaço
comercial ou de crítica.
Mechanix,
entretanto e surpreendentemente, acabou se tornando um disco
bem-sucedido. Mais pesado e agressivo que seu antecessor, o álbum
atingiu a ótima 8ª posição da principal parada britânica, embora
tenha conquistado apenas a 82ª colocação na correspondente
norte-americana.
Os
singles retirados do trabalho, “The Writer” e “Let It Rain”,
acabaram por causar algum barulho, com boa divulgação nas rádios,
especialmente no Reino Unido.
Pete
Way deixa o UFO
O
UFO fez extensa turnê para promoção de Mechanix
durante 1982. Mas, no final daquele ano, o baixista Pete Way
comunicou a seus colegas de banda que deixaria o grupo.
Enfim…
Fastway
Em
1983, ambos, o guitarrista ‘Fast’ Eddie Clarke e o baixista Pete
Way, estavam desapontados com suas antigas bandas e decidiram a
trabalhar juntos em uma nova roupagem.
Eles
recrutaram o baterista Jerry Shirley, anteriormente no grupo Humble
Pie, e o vocalista, até então um desconhecido, Dave King.
Obviamente, o nome da banda surgiu de uma combinação dos sobrenomes
dos dois membros fundadores: Fastway.
No
entanto, Pete Way descobriu que não conseguiria escapar de seu
contrato de gravação com a gravadora Chrysalis Records (responsável
pelos lançamento do UFO) e, logo em seguida, recebeu uma
tentadora oferta para trabalhar com Ozzy Osbourne.
Desta
forma, Pete Way abandonou o projeto sem jamais ter tocado em um único
registro, sequer um mísero single.
![]() |
Dave King |
A
estreia do Fastway
Mesmo
assim, ‘Fast’ Eddie Clarke tocou o projeto à frente.
Com
um contrato com a gravadora Columbia Records, a banda partiu para os
estúdios Marcus Music and Maison Rouge Studios, em Londres, na
Inglaterra, para gravar seu disco de estreia.
Para
a gravação, a solução foi colocar um músico de estúdio, Mick
Feat, que sequer foi creditado no lançamento da obra.
O
renomado produtor Eddie Kramer, famoso por seu trabalho com o KISS,
foi o escolhido para guiar os trabalhos. A capa é simples e remete à
palavra Fast.
Vamos
às faixas:
EASY
LIVIN’
Sem muitas delongas ou firulas, o Fastway já mostra a que veio em "Easy Livin'". O ritmo é acelerado e a intensidade está em alta. O solo de guitarra, de 'Fast' Eddie Clarke é bem legal.
A
letra menciona uma senhora de “vida fácil”:
Raising
like the Mary from below the sea
She's
got easy livin'
Dancin'
in the evening till a quarter to three
She's
got easy livin'
She's
never had a worry
She's
never in a hurry
Slithers
like a snake with the greatest of ease, well
Ooh,
ooh here she comes again
And
you know, you know what that spells
You've
got trouble with a capital "T"
I
wish you luck but she's gonna be full of history
“Easy
Livin’” foi o principal single para promoção de Fastway e
acabou fazendo algum barulho!
O
single conquistou a 74ª posição da principal parada britânica
desta natureza e ainda apareceu em algumas paradas secundárias dos
Estados Unidos.
FEEL
ME, TOUCH ME (DO ANYTHING YOU WANT)
Já em segunda faixa, o grupo aposta em um Hard Rock de base bluesy, contando com um riff simples, mas agradável. A seção rítmica constrói uma boa base enquanto a guitarra de Clarke se sobressai. Os bons vocais de Dave King complementam um dos pontos altos do disco.
A
letra possui conotação sexual:
Dynamite
and glycerine
Couldn't
change the way I feel about you
And
I think you should know
But
one thing's for sure
You
ain't all that poor
When
it comes to makin' love
ALL
I NEED IS YOUR LOVE
Esta é outra canção com ritmo cadenciado e andamento mais lento. Um Hard Rock básico e simples, mas com doses de atitude e inspiração. Destaque para a guitarra de Clarke e o baixo de Mick Feat.
A
letra tem caráter romântico;
Runnin'
down the street
Tryin'
to shuffle my feet
Got
a cat on the end of my tail
Headin'
for the sky
Well,
there's no harm in trying
'Cause
our love, you've gone and blown it away
Dance
in the squeeze
It's
a killer disease
Baby,
I just think you're lost
Now
the time has come for me to pack up the cost
ANOTHER
DAY
"Another Day" possui um início lento, somente com a voz de King e Clarke ao violão. Mas, após este introdutório mais intimista, a faixa entra em alta rotação, com um Hard que flerta deliberadamente com o Heavy. Se a seção rítmica confere bastante peso à canção, é a guitarra de Eddie Clarke quem a domina, pois apresenta um riff bem inspirado e um ótimo solo.
A
letra é uma mensagem sobre seguir em frente:
Need
somebody gonna hold my hand
Now
every time I've been down
Every
time I've been down
You
called but I could hear them pray
You
don't want it but you can't find a way
And
you can't hold on
Hold
on for another day
It's
another day
HEFT!
"Heft!" é uma música que transpira sua densidade e seu aspecto soturno. O ritmo é lento, arrastado, mas cheia de peso e personalidade. Em alguns momentos a banda põe o pé no acelerador, mas sem abrir mão da intensidade. Ótimos desempenhos do vocalista King, do baterista Jerry Shirley e, claro, de Clarke.
A
letra é densa e sombria:
Please
brother can you spare me a dime
To
buy some bread and a bottle of wine
I'll
never ask for anything again
Just
help me, help me to survive
WE
BECOME ONE
"We Become One" flerta bastante com o Heavy Metal dos anos 70, demonstrando uma musicalidade pesada e sem abrir mão do senso melódico. O resultado é uma canção bastante inspirada e que bebe fartamente na fonte do Black Sabbath. Ótimo momento do álbum.
Ela
pode ser interpretada como autobiográfica:
The
shape now of things run
These
days it may seem
Strangled
like their chords
With
masks and chains they sell in vain
Yes,
to please, the falling hoards
We
become one
Now
I have seen all the good that we breathe
Intent
do no wrong
Just
wait and see
Your
wicked greed
It
will fall
To
our new song
We
become one
Lançada como single, não obteve maior repercussão em termos de paradas de sucesso.
GIVE IT ALL YOU GOT
Esta é uma música mais simples e, para o ano de 1983, soava bem atual, pois bebia na fonte da, então nascente, cena Glam Metal norte-americana. Sendo assim, a canção se trata de um Hard Rock bem malemolente, cheio de ritmo e sensualidade.
A
letra é sobre confiança:
Dancin'
with my girl but she could have seen you
Don't
say I told you
I
told you it's true
Now
you're on your own
Feeling
the strain
Crying
won't help, ever, ever again
So
sad, ain't it true
Now
that you, you've got nothing left to lose
SAY
WHAT YOU WILL
O Hard Rock setentista é reverenciado com outro riff sensacional de Eddie Clark em "Say What You Will". O peso, a melodia e o ritmo intenso se fundem de maneira muito orgânica, contando com a grande atuação do vocalista Dave King.
A
letra é em tom de rebeldia:
Mercy
I'm Gonna' Bleed
Nobody's
Gonna' Make A Monkey Of Me
I
Can Do It For You
I'd
Be So Kind
'Cause
If I Don't I Think I'll Blow My Mind
Tonight
“Say
What You Will” foi lançada como single, mas não repercutiu nas
principais paradas desta natureza.
YOU
GOT ME RUNNIN’
Já em "You Got Me Runnin'", a banda aposta em um Rock simples e contagiante, com uma melodia envolvente e bom trabalho da bateria. O solo da guitarra de Clarke é interessante e com bom feeling.
A
letra é sobre diversão:
Dreamin'
up a crazy idea
Want
to make you jump and shout
Don't
you ever give into someone
That'll
make you decide
GIVE
IT SOME ACTION
A décima - e última - faixa de Fastway é "Give It Some Action". O disco se encerra com outra música que privilegia o talento de Eddie Clarke em criar bons riffs. Trata-se de um Hard Rock simples, mas bastante eficiente para fechar o álbum em um bom nível.
A
letra tem conotação romântica:
I
can see the misery
Shoot
in my bones
My
state of mind is far behind
To
when I left home
'Cause
over here
The
man he's sayin'
Nothing
to make me stay
But
don't you worry
I'll
be alright
I'll
make it okay
Considerações
Finais
Embalado
por boas canções, Fastway fez sucesso comercial e garantiu o
prosseguimento do projeto capitaneado pelo guitarrista ‘Fast’
Eddie Clarke.
O
álbum atingiu a boa 31ª posição da principal parada britânica de
álbuns, conquistando a relevante 43ª colocação em sua
correspondente norte-americana. Ainda ficou com o 70º lugar na
principal parada canadense.
Em
uma crítica retrospectiva, Bret Adams, do site AllMusic, dá
ao trabalho uma nota 2,5 de um máximo de 5. Ele declara: “(…) e
dizer que muito de Fastway tem mais do que uma semelhança
passageira com o Led Zeppelin é uma subavaliação. Apesar de
sua natureza derivada, esta é uma diversão descuidada e não
refinada. No geral, o trabalho de guitarras de Clarke, aqui, é mais
diversificado do que o que ele fez no Motörhead (...)”
Após
sucesso crítico e comercial, a banda fez uma turnê para promover o
álbum (com o baixista da banda Fix, Alfie Agius, como músico
convidado).
O
Fastway então recrutou Charlie McCracken, anteriormente do
Taste, como baixista definitivo.
O
álbum foi reeditado como um dois-em-um com o segundo álbum do
Fastway, All Fired Up; no entanto, essa edição omite a
música “Far Far from Home”, uma faixa bônus apresentada na
versão independente, em CD, do primeiro álbum.
A
gravadora Rock Candy Records, com sede no Reino Unido, desde
então reeditou o álbum com notas adicionais e faixas extras,
incluindo B-sides e sessões da BBC.
Em
julho de 1984, o Fastway lançou o ótimo All Fired Up,
seu segundo álbum de estúdio.
Formação:
Dave
King - Vocal, Gaita
‘Fast’
Eddie Clarke - Guitarra
Jerry
Shirley - Bateria
Músicos
adicionais:
Mickey
Feat - Baixo
Faixas:
01.
Easy Livin' (Clarke/King/Shirley) - 2:47
02.
Feel Me, Touch Me (Do Anything You Want) (Clarke/King/Shirley) - 3:27
03.
All I Need Is Your Love (Clarke/King/Shirley) - 2:32
04.
Another Day (Clarke/King/Shirley) - 4:41
05.
Heft! (Clarke/King/Shirley) - 5:38
06.
We Become One (Clarke/King/Shirley) - 3:59
07.
Give It All You Got (Clarke/King/Shirley) - 3:01
08.
Say What You Will (Clarke/King/Shirley) - 3:20
09.
You Got Me Runnin' (Clarke/King/Shirley) - 3:04
10.
Give It Some Action (Clarke/King/Shirley) - 4:11
Letras:
Opinião
do Blog:
Os fãs da lendária banda Motörhead necessitam ter o guitarrista 'Fast' Eddie Clarke em alta conta, pois foi com ele que o grupo gravou muitos de seus principais álbuns como Bomber (1979), Overkill (1979) e Ace of Spades (1980).
Entretanto, neste post, o RAC traz outro momento da carreira do saudoso guitarrista, quando ele deixa o Motörhead para formar seu próprio conjunto: o Fastway.
Quando o cofundador da banda, o baixista do UFO, Pete Way, deixa o grupo sem nem sequer estrear, é Clarke quem assume as rédeas e toca o projeto para frente, mantendo o nome.
'Fast' Eddie Clarke encontra nas figuras do vocalista Dave King e do baterista Jerry Shirley músicos competentes para acompanhá-lo nesta jornada. Suponho que, propositalmente, o guitarrista opta por uma musicalidade que foge diametralmente daquela que fazia com o Motörhead, até mesmo para fugir de comparações injustas.
As letras são totalmente simples.
O que o ouvinte encontra neste disco de estreia, Fastway, é um Hard Rock que em sua maior parte encontra referências nos anos 1970, especialmente no Led Zeppelin, e que também flerta com o Heavy Metal em muitas ocasiões.
A pesada e sombria "Heft!" é um dos maiores destaques do álbum. "Another Day" é um Hard/Heavy com personalidade e a 'sabáthica' "We Become One" conquista os fãs de sonoridades mais robustas.
Mas o RAC elege a "Say What You Will" como sua favorita no disco. Hard com áurea e alma setentista, contando com um riff sensacional.
Enfim, Fastway, o álbum de estreia do Fastway, é um álbum cuja audição é bastante divertida e prazerosa. O grupo não traz inovações ou criações, mas executa competentemente aquilo a que se propõe realizar. Fugindo da sonoridade de sua lendária ex-banda, 'Fast' Eddie Clarke criou um conjunto que agrada não apenas a seus fãs, mas ouvintes descompromissados de um bom Hard Rock!
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