MELHORES DE 1968

Os Beatles em 1968


Por Daniel Benedetti


Mais um post do Alvorada Sonora com nossa série de posts sobre os Melhores Álbuns lançados, por ano, a partir de 1965. Pretende-se percorrer os últimos 50 anos da música, com comentários totalmente pessoais a respeito dos discos classificados.


Metodologia

Deixando bem claro: o SITE NÃO ESCOLHEUos álbuns de cada ano, até porque não faria sentido comentar sobre os trabalhos que consideramos os melhores e suas posições se nós mesmos os ordenamos.

Assim, o que se fez foi contabilizar 13 diferentes listas de melhores do ano, da 1ª à 30ª posição, atribuindo 30 pontos ao primeiro e diminuindo 1 ponto por posição, até a 30ª colocação receber exatamente 1 ponto.

Portanto, após as 13 listas contabilizadas, somamos todos os pontos (de acordo com cada posição em cada uma das 13 listas), perfazendo o total somado. A não aparição em uma lista, obviamente, não gera ponto.

Desta forma, o máximo possível para um disco atingir (primeira posição em todas as listas) é 390 pontos. Os 10 álbuns de pontuação mais alta formam a lista.

No caso de empate no número de pontos, os critérios de desempate, na ordem, são:

1 – Mais aparições em listas diferentes
2 – No caso de empatarem no primeiro critério, o álbum que atingiu a posição mais alta em uma das listas fica com a colocação mais elevada.


Posts

Os posts são feitos sempre do 1º para o 10º lugar, com sua pontuação, número de presenças nas diferentes listas e comentários estritamente pessoais sobre os álbuns.


Alguns fatos históricos do ano de 1968

15 de Janeiro - Tremor de 6,8° graus atinge a ilha de Sicília, na Itália matando 230 pessoas.
27 de Março - Morre o cosmonauta soviético, Yuri Gagarin, primeiro homem a ir ao espaço em 1961. Ele tinha 34 anos e sofreu um acidente com ultraleve que ele e o co-piloto comandavam em Kirzhach.
4 de Abril - Líder negro e Prêmio Nobel da Paz de 1964, Martin Luther King é assassinado a tiros em Memphis, aos 39 anos de idade. O seu assassino, um segregacionista do sul dos Estados Unidos, James Earl Ray.
6 de Abril - Filme 2001: A Space Odyssey é lançado nos cinemas do mundo inteiro.
2 de Maio - Revolução de Maio de 68 é iniciada por estudantes da Universidade de Paris e ocorre uma greve geral na França.
1 de Agosto - Tropas da União Soviética invadem a Tchecoslováquia colocando fim à Primavera de Praga.
23 de Agosto - Morre em São Paulo, aos 73 anos o cantor Vicente Celestino.
6 de Setembro - Suazilândia torna-se um país independente.
2 de Outubro - Morre na França, aos 81 anos de idade o pintor e escultor franco-americano, Marcel Duchamp.
12 a 28 de Outubro - Decorrem na Cidade do México os Jogos Olímpicos de Verão de 1968.
13 de Outubro - Morre no Rio, aos 82 anos o poeta Manuel Bandeira.
5 de Novembro - Richard Nixon torna-se presidente dos Estados Unidos ao vencer as eleições.
13 de Dezembro - AI-5 é editado pelo Congresso e sancionado pelo presidente Costa e Silva, fechando o Congresso Nacional gerando caos no país.
21 de Dezembro - Lançamento da Apollo 8 que foi a primeira nave tripulada em órbita lunar.


A Lista



1º – THE BEATLES – THE BEATLES
(370 pontos – 13/13)

Se eu tenho um álbum favorito dos Beatles, é este. O ‘álbum branco’ é outro trabalho do grupo tido como um dos melhores álbuns de todos os tempos por muita gente boa. Talvez por ser duplo, alguns ouvintes podem taxa-lo de cansativo, mas é justamente neste fato que ele me agrada: a banda passa por diversas sonoridades, executando-as com brilhantismo e extremo bom gosto. Clássicos como “Back in the U.S.S.R.”, “Ob-La-Di, Ob-La-Da”, “Helter Skelter” e “Revolution 1” falam por si mesmas, além do disco conter a melhor faixa dos Beatles (para mim): a espetacular “While My Guitar Gently Weeps”, de Harrison.
*****



2º – VAN MORRISON – ASTRAL WEEKS
(330 pontos – 12/13)

Segundo álbum solo do cantor e compositor norte-irlandês, Van Morrison. Não conhecia Astral Weeks e realmente fiquei pasmo ao ouvi-lo, após a surpresa inicial de encontra-lo na segunda posição de uma lista tão disputada. O disco possui o Folk como base sonora (a influência de Dylané inegável), mas a capacidade de fundi-lo com o Rock, o Jazz e o Blues é notável. Músicas incríveis como “Beside You”, “Ballerina” e a extraordinária “Madame George” justificam este álbum ser uma referência para músicos como Bono Vox e Bruce Springsteen.
*****



3º – THE JIMI HENDRIX EXPERIENCE – ELETRIC LADYLAND
(297 pontos – 11/13)

Este eu tenho em minha coleção. A obra final de Jimi Hendrix é mais um atestado de sua genialidade, deixando aquele gosto amargo de sua precoce morte, pois este disco, duplo, apresenta um Hendrix afiadíssimo e experimentando com outras musicalidades, como o Soul, o Funk, além de aprofundar seus pés no Hard Rock. “Voodoo Chile” é uma canção extraordinária, simplesmente indescritível. “Gypsy Eyes”, “Crosstown Traffic”, “Rainy Day, Dream Away” também são amostras do que foi Hendrix. Para finalizar, ainda há a soberba “1983... (A Merman I Should Turn to Be)”. Bom, ficou claro qual é o meu melhor do ano...
*****



4º – THE ROLLING STONES – BEGGARS BANQUET
(275 pontos – 11/13)

Adoro Beggars Banquet, mas ainda não o tenho em minha coleção. Trata-se de um dos melhores trabalhos dos Stones, com aquilo que o grupo fazia de melhor: um Rock simples e com a pegada Folk & Blues bem acentuada. Claro, “Sympathy for the Devil” é um clássico atemporal, mas aqui também há faixas como “No Expectations”, “Jigsaw Puzzle” “Street Fighting Man” e “Stray Cat Blues”, todas excepcionais em um álbum muito acima da média.
*****



5º – THE BAND – MUSIC FROM BIG PINK
(267 pontos – 12/13)

Music from Big Pink é o disco de estreia da The Band, nada mais nada menos que a banda que acompanhava Bob Dylan. Liderados pela genialidade do guitarrista Robbie Robertson, o grupo apresenta canções sutis e muitas vezes introspectivas, mas com uma sensibilidade incomum. “The Weight” é um clássico, mas “Chest Fever”, “I Shall Be Released” e “Tears of Rage” são exemplos da qualidade absurda desta obra. Outro álbum que tenho na minha coleção e por que tenho um enorme carinho.
*****



6º – THE KINKS – THE KINKS ARE THE VILLAGE GREEN PRESERVATION SOCIETY
(236 pontos – 10/13)

The Kinks Are the Village Green Preservation Society é outro disco que tenho em minha coleção particular e mais um o qual tenho em alta conta. A base do álbum é um Pop Rock feito com a áurea sessentista, mas contando com extrema criatividade e uma roupagem nova para a época. Isto pode ser ouvido em músicas cativantes como “Picture Book”, “Johnny Thunder”, “Days”, “Village Green” e, minha predileta, “Do You Remember Walter?”. Enfim, um disco que comprova a frase que “menos é mais”. Clássico!
*****



7º – THE VELVET UNDERGROUND – WHITE LIGHT/WHITE HEAT
(228 pontos – 12/13)

Bem, quem leu a edição anterior do ‘Melhores’ viu o que eu achei da estreia da banda. Fui surpreendido desta feita. Pensava ser impossível que o conjunto fizesse algo pior que seu horroroso debut, mas isto aqui é abaixo de qualquer crítica. O que muitos dizem ser uma opção estilística, esse tipo de som “rudimentar”, para mim, é apenas ausência de capacidades mesmo. Não tenho dúvidas de que “Sister Ray” é a pior coisa que já foi chamada de música que eu já ouvi. Terrível é pouco e vou parar por aqui para não ficar pior. Foram 40 dos piores minutos da minha vida.
*****



8º – ARETHA FRANKLIN – LADY SOUL
(216 pontos – 10/13)

Que artista espetacular foi Aretha Franklin. Ouvir Lady Soul é um presente que qualquer ouvinte pode propiciar a seus ouvidos. Quando alguém lhe perguntar o que é Soul Music, apresente-lhe este álbum. E é nesta fusão de Soul e R ‘n’ B que o trabalho se desenvolve com um brilhantismo incomum. É obrigatório homenagear as interpretações e atuações vocais de Aretha. Três grandes clássicos da carreira de Franklin estão aqui: “Chain of Fools”, “(You Make Me Feel Like) A Natural Woman” e “(Sweet Sweet Baby) Since You've Been Gone”. Acompanhada por uma banda de primeira, Lady Soul é o que se chama de “jogo ganho”.
*****



9º – THE ZOMBIES – ODESSEY & ORACLE
(206 pontos – 9/13)

Mais um que tenho em minha coleção. Odessey & Oracle é o segundo álbum de estúdio da banda The Zombies e é um disco muito, mas muito bom mesmo. Ele apresenta aquela musicalidade sessentista, entre o Pop e o Rock, mas muitas vezes flertando com o então incipiente Rock Progressivo. Faixas lindíssimas e encantadoras como “Hunp Upo n a Dream” representam bem a afirmação. Enfim, uma presença obrigatória nesta lista de melhores do ano de 68.
*****



10º – THE MOTHERS OF INVENTION – WE’RE ONLY IN IT FOR THE MONEY
(201 pontos – 10/13)

Frank Zappa e seu The Mothers of Invention continuam sua profunda veia experimental no ótimo We're Only in It for the Money. O humor ácido e satírico de Zappa é parte fundamental do álbum, fazendo uma denúncia, até certo ponto paranoica, da violência do Estado em relação ao movimento da contracultura – que seria confirmada depois. Musicalmente, o grupo continua com suas experimentações, com várias montagens e diálogos, em uma verdadeira desconstrução da música convencional. Talvez inferior a Freak Out!, mas igualmente inovador, We're Only in It for the Moneypermanece na música de vanguarda.


Os que quase entraram

11º - Big Brother and The Holding Company - Cheap Thrills (183 pontos)
12º - The Byrds- Sweetheart of the Rodeo (169 pontos)
13º - Cream- Wheels of Fire (149 pontos – um QUINTO lugar)
14º - Simon and GarfunkelBookends (149 pontos – um NONO lugar)
15º - The Byrds- The Notorious Byrd Brothers (114 pontos)
16º - Jeff Beck- Truth (110 pontos)
17º - The Pretty Things - S.F. Sorrow (83 pontos)
18º - Johnny Cash - At Folsom Prison (82 pontos)
19º - Aretha Franklin - Aretha Now (80 pontos)
20º - Dr. John- Gris-Gris (76 pontos)

Ao todo foram listados 118 álbuns diferentes.


Comentários Adicionais

Mais uma lista realmente impressionante. O Rock permanece o gênero dominante e o tricampeonato dos Beatles é um tapa na cara de um não fã do grupo como eu. Meu primeiro lugar seria Eletric Ladyland, mas The Beatles ter alcançado o posto é evidentemente justíssimo. Meu pódio particular seria complementado pelo incrível Odessey & Oracle, em disputa ferrenha com Lady Soul.

Particularmente, não compreendo como o álbum do bisonho The Velvet Underground pode ser citado em um ano tão competitivo como 1968 e, evidentemente, White Light/White Heatsó entraria nos piores de todos os tempos. Em seu lugar, uma briga feroz entre Truth (Jeff Beck), Traffic (Traffic) e Nefertiti (Miles Davis), com vantagem para este, ocupariam a vaga. Não vejo como retirar qualquer outro álbum da lista final.


Bom, agora é com você leitor. Compartilhe sua lista nos comentários, diga o que achou, tanto da ideia do post quanto do texto, e, principalmente, ouça os discos deste ano tão emblemático na história da música. E fique ligado para a próxima lista.

CINE PSYCHOFIELD - THE DEAD CENTER



Por Silvio Tavares, do blog Psychofield


Título: The Dead Center
Data de lançamento: 11 de outubro de 2019
Direção: Billy Senese
Elenco: Shane Carruth, Poorna Jagannathan, Jeremy Childs (…)
Nota: 8.1 (em 10)

Pode-se dizer que um bocado do poder do cinema se trata de abstrações. Elas se incorporam através de elipses, deduções, manipulações e da capacidade dos roteiristas e diretores em, ou oferecer ao público as ferramentas para a compreensão da dinâmica de seus universos particulares ou focar a atenção em elementos tão mais importantes que as pessoas simplesmente não percebem que estão diante de mundos irrealísticos.

O terror é um gênero que se encontra hoje em uma encruzilhada interessante quanto aos processos cinematográficos. O público exigente tende a demandar filmes cada vez mais detalhados, psicológicos, complexos e simbólicos e deixa de lado as atmosferas mais simples que comunicam ao íntimo, simplesmente com o intuito de criar tensão, medo, pouco se importando com finais sofisticados, reviravoltas ou explicações mirabolantes.

E é justamente nesse contexto que The Dead Center prevalece como um dos melhores filmes do gênero dos últimos anos. Longe das piadinhas tradicionais e personagens bobos com piadinhas para quebra de tensão, o filme, pelo contrário se dedica a um teor atmosférico coerente com suas entranhas em um ressoar que abrange todos os elementos desde o início.



A história possui como espaço uma ala psiquiátrica de um hospital de localização desconhecida de atendimentos aparentemente emergenciais onde os pacientes não parecem ficar muito tempo. Um médico, vivido por Shane Carruth (diretor de Primer e Upstream Color) terá grandes problemas quando um homem que parece despertar da morte inexplicavelmente, busca refúgio em uma cama num dos quartos da ala, desencadeando uma espiral de eventos bizarros, cujas origens e consequências não serão reveladas aqui.

O ponto é que o filme se dedica exclusivamente em compor os métodos para entreter, não se importando com mistérios ou reviravoltas, descartando problemas de previsibilidade ou rendição à lógica do mundo real (que francamente pouco importa quando tudo está acontecendo, já não restam unhas). E nisso atua com maestria. A tensão se incorpora ao filme de forma quase imediata, se mantém em um patamar elevado e criativo e a ideia é encarada com muita seriedade e incorporada pelos atores de modo extremamente inteligente. Uma proposta empolgante e alternativa ao terror do "primeiro tipo" que parecia corresponder à única viável a sobrevivência do gênero (à parte do "terror homenagem/referência" infinito e cansativo).

O terror vive e continua multifacetado. : )


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STEVIE WONDER - SUPERSTITION



Por Daniel Benedetti


Superstition” é uma música do cantor e compositor norte-americano Stevie Wonder. Ela foi lançada em 24 de outubro de 1972, como o single principal de seu décimo quinto álbum de estúdio, Talking Book (de 1972), pela Tamla Records. A letra descreve superstições populares e seus efeitos negativos.

O grande guitarrista Jeff Beck era um admirador da música de Wonder, e Stevie ficou sabendo disso antes das sessões do álbum Talking Book. Embora neste momento ele estivesse praticamente tocando todos os instrumentos de suas músicas sozinho, Wonder preferia deixar outros guitarristas tocarem em seus discos, e gostou da ideia de uma colaboração com Beck.

Rapidamente, foi feito um acordo para que Beck se envolvesse nas sessões que se tornariam o álbum Talking Book, em troca de Wondercompor uma música para ele.

Entre as sessões do álbum, Beck surgiu com a batida de bateria de abertura de "Superstition". Wonder disse a Beck para continuar tocando enquanto ele improvisava por cima. Ele improvisou a maior parte da música, incluindo o riff. Beck e Wonder criaram uma demo prévia para a música naquele dia.

Depois de terminar a música, Wonder decidiu que permitiria que Beckgravasse “Superstition” como parte de seu acordo. Originalmente, o plano era que Beck lançasse sua versão da música primeiro, com seu recém-formado trio Beck, Bogert & Appice.

No entanto, devido ao atraso no álbum de estréia do trio e à previsão do CEO da Motown, Berry Gordy, de que “Superstition” seria um grande sucesso e aumentaria bastante as vendas de Talking Book, Wonder lançou a música como single principal do supracitado álbum, um mês antes da versão de Beck, que foi lançada em março de 1973, no disco Beck, Bogert & Appice.

Na gravação de Wonder, a bateria de abertura da música foi tocada por ele mesmo, no kit que Scott Mathews forneceu ao Record Plant em Hollywood. O riff funky clavinet, tocado no Hohner Clavinet modelo C, o baixo sintetizador Moog e os vocais também foram feitos por Wonder. Além disso, a música apresenta trompete e saxofone tenor, tocados respectivamente por Steve Madaio e Trevor Laurence.

O Jackson 5 tocou a música durante um show no Japão, em 1973, e ela foi lançada em seu álbum, The Jackson 5, no mesmo país.

Wonder, em 1973

Stevie Ray Vaughan gravou uma versão ao vivo, em 1986, que foi lançada como um single de seu álbum Live Alive. O videoclipe acompanha Vaughan e uma equipe de palco montando um show que ele planejava fazer em uma sexta-feira 13. Muitos atos supersticiosos são apresentados, principalmente um gato preto que finalmente se vinga da Double Trouble, e Wonder aparece no final, segurando o gato. Esta versão está incluída em duas das maiores compilações de hits de Vaughan.

A banda britânica de reggae UB40 fez uma versão da música para a comédia de terror Vampire in Brooklyn, estrelada por Eddie Murphy, de 1995.

A gravação de Wonder aparece com destaque perto do início do filme de terror de John Carpenter, The Thing (1982). Também aparece em uma das cenas de abertura do filme de 2004, I, Robot, estrelado por Will Smith e dirigido por Alex Proyas. Além disso, a música foi usada em vários outros filmes, incluindo Vampire in Brooklyn (1995), Stealing Beauty (1996), My Fellow Americans (1996), The 6th Man (1997), The Sorcerer's Apprentice (2010), e o filme de 2013 I Am Atheist.

Episódios dos programas de televisão Angel, Supernatural e Scandal também apresentaram a música.

Wonderapareceu nos comerciais da Bud Light que estrearam durante o Super Bowl de 2013. Como parte da campanha "It's only weird if it doesn't work", que mostrava fãs supersticiosos agindo compulsivamente em um esforço para guiarem seus times à vitória, Wonder apareceu como curandeiro em Nova Orleans (onde ocorreu o Super Bowl de 2013). Esses fãs realizavam vários atos supersticiosos para receberem amuletos de boa sorte. A música “Superstition”, especificamente a parte instrumental inicial antes do início dos vocais de Wonder, é tocada ao longo desses comerciais.

A música foi um grande sucesso, atingindo o topo da principal parada norte-americana, a Billboard Hot 100, ficando com a 11ª colocação na correspondente britânica. O single já vendeu mais de 600 mil cópias apenas no Reino Unido. Em novembro de 2004, a revista Rolling Stone classificou a música no 74º lugar de sua lista das 500 Maiores Músicas de Todos os Tempos.

Confira a letra de “Superstition”:

Very superstitious, writing's on the wall
Very superstitious, ladders bout' to fall
Thirteen month old baby, broke the lookin' glass
Seven years of bad luck, the good things in your past

When you believe in things that you don't understand
Then you suffer
Superstition ain't the way

Very superstitious, wash your face and hands
Rid me of the problem, do all that you can
Keep me in a daydream, keep me goin' strong
You don't wanna save me, sad is my song

When you believe in things that you don't understand
Then you suffer
Superstition ain't the way, yeh, yeh

Very superstitious, nothin' more to say
Very superstitious, the devil's on his way
Thirteen month old baby, broke the lookin' glass
Seven years of bad luck, good things in your past

When you believe in things that you don't understand
Then you suffer
Superstition ain't the way, no, no, no

Formação:
Stevie Wonder - Vocal, Hohner Clavinet, Bateria, Baixo Moog
Trevor Lawrence - Saxofone Tenor
Steve Madaio - Trompete


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GILLAN & GLOVER - ACCIDENTALLY ON PURPOSE (1988)



Por Daniel Benedetti


Accidentally on Purpose é um álbum lançado por Ian Gillan e Roger Glover em fevereiro de 1988, através do selo Virgin Records. As gravações ocorreram naquele mesmo ano e usaram os estúdios: AIR Studios, em Montserrat, o Minot Studio e o The Power Station, em New York City, e o Sountec Studios, em Connecticut. A produção ficou por conta de Roger Glover e Ian Gillan, com o engenheiro de som sendo Nick Blagona.

Se há alguém que não os conheça, Ian Gillan e Roger Gloversão membros lendários do Deep Purple, sendo Gillan o vocalista e Glover, baixista.

Em 1987, o Deep Purple lançava The House of Blue Light, no dia 12 de janeiro.

A criação de The House of Blue Light foi um processo extremamente longo e difícil, o qual o vocalista Ian Gillancomparou com a gravação de Who Do We Think We Are, em Roma. Gillan comentou como as relações tensas dentro da banda comprometeram o álbum: “Eu olho para o House Of Blue Light, há algumas músicas boas nesse álbum, mas há algo faltando no álbum em geral. Não consigo sentir o espírito em que posso ver ou ouvir cinco profissionais fazendo o melhor possível, mas é como um time de futebol, não está funcionando. É como onze estrelas que estão jogando no mesmo campo, mas não estão conectadas pelo coração ou pelo espírito”.

O guitarrista Ritchie Blackmore disse que muito do disco foi regravado, e confessou: “Acho que toquei uma merda nele, e não acho que mais ninguém realmente tenha entendido isso”. O tecladista Jon Lord afirmou: “House of Blue Light era um álbum estranho e difícil de montar. Cometemos o enorme erro de tentar tornar nossa música atual. Descobrimos que as pessoas não queriam que fizéssemos isso”.

Apesar das preocupações da banda, The House of Blue Light vendeu bem. Ele alcançou o 10º lugar nas paradas britânicas, o 34º na Billboard 200, nos EUA, e alcançou o top 10 em seis outros países.

Roger Glover e Ian Gillan

Em contraste com suas experiências com o Deep Purple na década de 1970, Gillan se sentiu frustrado pela banda não estar mais trabalhando o suficiente. Para cumprir seu contrato com a Virgin, ele formou um projeto paralelo com Glover, escrevendo e gravando músicas que não se encaixavam no estilo hard rock estabelecido do Purple, o que resultou no álbum Accidentally on Purpose.

Portanto, estejam avisados: Accidentally on Purpose não tem nada a ver com o Deep Purple exceto o fato de ser comandado por 2 de seus integrantes.

Teclados proeminentes anunciam a entrada de “Clouds and Rain” em uma faixa predominada pela suavidade e por uma melodia mais introspectiva, com os competentes vocais de Ian. “Evil Eye” possui um clima ‘disco’, com boa dose de groove e uma batida dançante, em uma música bem curiosa, repleta de sintetizadores. “She Took My Breath Away” possui toques de música caribenha, em uma roupagem introspectiva e um saxofone bem safado.

Dislocated” é outra canção bem disco, com toques de saxofone, mas se revela pouco inspirada. O rockabilly de “Via Miami” é um grande momento do trabalho, com boa pegada e ritmo contagiante. Chega-se a “I Can't Dance to That” que, até este momento, é a faixa mais próxima daquilo que a dupla executava no Deep Purple: um Hard Rock bem malicioso! Na sequência, uma divertida e saborosa versão para a clássica “Can't Believe You Wanna Leave”, de Little Richard.

Outra versão, desta feita, introspectiva e intrigante, para o blues “Lonely Avenue”, do lendário Doc Pomus, ganha uma roupagem com influências de Soul Music. “Telephone Box” é um rock padrão, com bom andamento e uma certa dose de malemolência. O disco se encerra com o excelente blues chamado “I Thought No”, com Gillan apavorando na gaita.

Enfim, com uma produção simples, porém que funciona perfeitamente para esta proposta, Accidentally on Purpose diverte, mas pode decepcionar fãs mais xiitas de Deep Purple. Apresentando uma gama diferente de influências, o álbum encontra momentos diversificados entre si, com resultados também diferentes. Mesmo assim, permanece como uma obra interessante de dois músicos bem competentes.

Dislocated”, “I Can't Dance to That”, “Clouds And Rain” e “She Took My Breath Away” foram os singles, mas que não fizeram barulho em termos das principais paradas de sucesso daquela natureza.

Accidentally on Purpose atingiu a 25ª posição da principal parada de discos da Suécia.

Formação:
Ian Gillan - Vocal, Gaita
Roger Glover - Baixo, Teclados, Guitarras, Programação
Músicos adicionais
Ira Siegel, Nick Maroch - Guitarras
Lloyd Landesman - Teclados
Dr. John - Piano
Andy Newmark - Bateria
George Young, Joe Mennonna - Saxofones
Randy Brecker - Flugelhorn
Vaneese Thomas, Christine Faith, Lydia Mann, Bette Sussmann - Backing Vocal

Faixas:
01. Clouds and Rain (Gillan/Glover) – 4:03
02. Evil Eye (Gillan/Glover) – 4:12
03. She Took My Breath Away (Gillan/Glover) – 4:34
04. Dislocated (Gillan/Glover) – 3:24
05. Via Miami (Gillan/Glover) – 5:00
06. I Can't Dance to That (Gillan/Glover) – 4:26
07. Can't Believe You Wanna Leave (Penniman) – 3:11
08. Lonely Avenue (Pomus) – 3:08
09. Telephone Box (Gillan/Glover) – 5:18
10. I Thought No (Gillan/Glover) – 3:34


LE ORME - COLLAGE (1971)



Collage é o segundo álbum de estúdio da banda italiana Le Orme. Seu lançamento oficial aconteceu em 1971, mesmo ano em que foi gravado, em Milão na Itália. O selo responsável foi o Phillips e a produção ficou por conta de Gian Piero Reverberi.

LE ORME - COLLAGE (1971)








Collage
é o segundo álbum de estúdio da banda italiana Le Orme. Seu
lançamento oficial aconteceu em 1971, mesmo ano em que foi gravado,
em Milão na Itália. O selo responsável foi o Phillips e a produção
ficou por conta de Gian Piero Reverberi.







O
RAC traz, pela primeira vez em suas páginas, o
tão famoso Rock Progressivo italiano, com o álbum Collage,
da banda Le Orme. Depois da tradicional contextualização,
abranger-se-á o faixa a faixa.










Origens





O
primeiro núcleo do grupo foi formado em Marghera, um subúrbio
industrial de Veneza, por iniciativa do guitarrista veneziano Nino
Smeraldi e de Aldo Tagliapietra, então com 21 anos, que havia sido o
vencedor de uma competição para jovens compositores e estava
insatisfeito com o conjunto com o qual tocava, o Corals, uma banda
cover típica do final dos anos sessenta.






Junto
ao baixista Claudio Galieti e ao baterista Marino Rebeschini, foi
fundado o Le Orme.





O
primeiro núcleo optou inicialmente por se chamar ‘Le Ombre’, em
homenagem à banda inglesa The Shadows, uma paixão em comum
do quarteto, mas, segundo a versão oficial, os quatro optaram por Le
Orme
, para evitar duplos significados irônicos, pois, na língua
veneziana, também significa ‘copo de vinho’ (de n'ombra de
vin
veneziano, ou seja, um copo de vinho).





Além
disso, naquele tempo, um grupo emergente com esse nome (Le Ombre) já
existia no Veneto.





Primeiras
gravações





Rejeitada
pela gravadora Emi, pela qual fez um teste, essa primeira formação
gravou um único single, “Fiori e colori” (1967), produzido por
Tony Tasinato, pelo selo CAR Juke Box, do maestro italiano Carlo
Alberto Rossi.






O
single, de acordo com a moda daquela época, também foi gravado em
inglês com o título “Flowers and Colors”.





Apenas
um dia após a publicação, o baterista Marino Rebeschini desistiu
de tocar com o grupo para cumprir seus deveres militares e foi
substituído por Michi Dei Rossi, do grupo Hopopi, na época a banda
líder na cena veneziana que acabara de participar do evento
Liverpool Beat Festival, a convite dos espanhóis do Los Bravos.





Em
1968, o Le Orme ganhou uma certa fama, graças a suas apresentações
ao vivo no então famoso restaurante Piper, em Roma.





O
conjunto gravou um novo single, “Senti l'estate che torna”. Com
esta peça, também publicada em inglês com o título “Summer
Comin'”, ele participou da competição Un disco per
l'estate
: para essa participação, foi contratado um novo
músico, o tecladista Tony Pagliuca , fundador do Hopopi, então
recentemente dissolvido.





No
final do mesmo ano, os cinco entraram no estúdio de gravação para
gravar seu primeiro álbum, Ad gloriam. Como dizia o título,
o disco foi registrado apenas ‘para a glória’, pois os cinco
sabiam que a operação era arriscada e que o trabalho teria tido
pouco sucesso comercial, como de fato aconteceu, e isso causou a fim
das relações com o selo CAR Juke Box.







Tony Pagliuca





Mais
mudanças





Em
1969, o baixista Galieti foi forçado a abandonar o grupo por causa
do serviço militar, e Tagliapietra foi quem o substituiu na função.
Dei Rossi, também chamado às armas, permaneceu tocando de qualquer
maneira, sendo substituído por um curto período por Dave Baker,
inglês, com quem a banda gravou o single “Irene” (também
publicado em inglês com o título “She lives for today”) e mais
duas faixas, que deveriam ter permanecido apenas como audições, uma
breve proposta do “Concerto de Brandenburgo n.3”, de Johann
Sebastian Bach
, e “Blue Rondò à la Turk”, clássico de Dave
Brubeck
.





A
gravação deste single representou, de fato, a gênese do rock
progressivo italiano, mas só foi publicada em 1973, pois, em 1969,
não era considerada adequada para o público local.





Essas
duas peças também marcaram o avanço musical do grupo, abandonando
assim as notas fáceis do estilo Beat, base de Ad gloriam,
para sempre.





Consolidação





Naquela
época, o grupo gravou e publicou outros singles, reunidos em
L'aurora delle Orme, uma espécie de compilação que, lançada
sem a autorização do grupo, logo foi retirada do mercado: seria
republicada apenas muitos anos depois.





As
diferenças de opinião entre Pagliuca, que queria focar o som da
banda no teclado, e Smeraldi, que preferia que o conjunto se
concentrasse em sua guitarra solo, foram as causas da saída deste
último.





Smeraldi
não foi substituído e, portanto, o grupo rapidamente se viu de um
quinteto a um trio, naquela que é geralmente identificada como sua
‘formação clássica’: Tagliapietra no baixo, guitarra e vocais,
Pagliuca no teclado e Dei Rossi na bateria.





Após
a saída de Smeraldi, Pagliuca é o primeiro dos músicos italianos a
inferir que a música beat já está saindo de cena e que o novo pop
sinfônico, vindo do Reino Unido, em breve seria um sucesso também
na Itália.





Pagliuca
confirmaria isso em sua primeira viagem a Londres, onde conhece
Armando Gallo, jornalista-fotógrafo da revista especializada Ciao
2001, que o apresenta não somente a uma Londres pós-Beatles,
mas também a grupos como Quatermass, The Nice, Yes
e Emerson, Lake & Palmer.






De
volta a Veneza, ele convence seus companheiros de Le Orme
(Aldo Tagliapietra e Michi dei Rossi) a experimentarem e a desenvolverem novas linguagens musicais. Nasce também uma viagem à Ilha de Wight,
para vivenciarem a nova onda de rock no Festival de 1970.







Aldo Tagliapietra





Collage





O
trio mudou de gravadora, passando primeiro pela Telegram (subsidiária
da Phonogram) e depois ficou na Philips Records, com a qual lançou
o single “Il profumo delle viole” e, em 1971, o álbum Collage.





O
registro aborda temas muito atuais (como prostituição em “Era
inverno”). Apesar da profunda tristeza das letras, destaca-se o
esforço criativo do grupo em busca de novos estilos: acima de tudo,
destaca-se a intenção de se afastar dos esquemas padrões, sem
renunciá-los.





O
vínculo com a música clássica é de fundamental importância,
tanto que a peça de abertura, “Collage”, contém uma seção de
cravo retirada da famosa sonata K 380, de Domenico Scarlatti.





Destaca-se
também a peça “Cemento armato”, uma tentaiva à beira do rock
experimental e “Evasione totale” e “Immagini”, composições
sutilmente influenciadas pelo rock psicodélico que caracterizou o
início do conjunto.





Vamos
às faixas:





COLLAGE





"Collage" é a abertura totalmente instrumental do disco e uma pequena amostra do que está por vir. Os teclados de Tony Pagliuca são a força dominante da composição, em uma clara referência ao ELP. Ótima música.













ERA
INVERNO





"Era Inverno" é mais convencional, em uma abordagem Rock, com influência Pop, em uma melodia suave e, ao mesmo tempo, tocante. Ótimos vocais de Tagliapietra e bom trabalho do baterista Dei Rossi.





A
letra fala sobre uma prostituta:





Un'
attrice che non cambia scena


Diecimila,
ventimila,


Nelle
mani del cliente


Che
possiede la tua finta gioia
















CEMENTO
ARMATO





A emocionante "Cemento Armato" é uma das provas mais cabais de como o Rock Progressivo pode ser incrível. Sua riqueza melódica é traduzida na real demonstração de habilidades dos três músicos em seu longo interlúdio instrumental, mas, que de forma harmônica, existe para enriquecer a composição. Clássica!





A
letra põe um olhar pessimista na vida da cidade:





La
casa è lontana, gli amici di ieri


È
tutto svanito, non li ricordo più


Cemento
armato la grande città


Senti
la vita che se ne va













SGUARDO
VERSO IL CIELO





"Sguardo Verso Il Cielo" possui um certo quê do primeiro disco do King Crimson e foi uma faixa amplamente influente para o Prog italiano, afinal, ela mantém a estrutura da música clássica: compacidade do som e preciosidade nos arranjos.





A
letra pode ser inferida como uma reflexão sobre esperança:





La
maschera di un clown in mezzo a un gran deserto


un
fuoco che si spegne, uno sguardo verso il cielo


uno
sguardo verso il cielo, dove il sole è meraviglia


dove
il nulla si fa mondo, dove brilla la tua luce





Sguardo
verso il cielo” foi lançada como single e fez algum barulho dentro
das paradas italianas, graças, em boa parte, à divulgação pela
rádio RAI.













EVASIONE
TOTALE






Evasione
Totale” é uma canção bem experimental, apontando para aquilo que
a banda faria nos anos subsequentes: esferas psicodélicas muito bem
reproduzidas e total domínio durante as passagens instrumentais,
especialmente aquelas guiadas pelo Moog.






A
letra brinca com luz e trevas:





Non
finirà il mio viaggio con te


non
finirà io lo sento, è già tardi


e
la realtà fuggita


e
sempre il buio vedrò













IMMAGINI





"Immagini" aposta na suavidade e em uma abordagem mais introspectiva. A canção se revela um convite à imaginação do ouvinte a desenvolver as imagens descritas pela letra recitada por Tagliapietra.





A
letra apresenta um local bucólico:





Un
ruscello sulla luna,


Un
giardino in mezzo al sole,


Un
cipresso nel deserto,


tutti
i prati color viola


E
lei non c'è


lei
non c'è














MORTE
DI UN FIORE





A sétima - e última - faixa de Collage é "Morte di un Fiore". O álbum se encerra com uma música que ainda remete à fase anterior do Le Orme, ou seja, há reminiscências do Beat do disco de estreia. Mas é uma canção agradável, mesmo sem ser brilhante.





A
temática da letra é a morte:





Ti
sei fatta ritrovare


nel
mezzo di un prato


dentro
ai tuoi logori blue jeans













Considerações
Finais





Collage
é uma amostra inicial de todo o talento do Le Orme.





Embora
não tenha repercutido em termos das principais paradas de sucesso, a
norte-americana e a britânica, Collage entrou no Top 10 da parada
italiana.





O
disco, feito com a contribuição decisiva do produtor Gian Piero
Reverberi, é muito influenciado pelo Quatermass, e
convencionalmente considerado o primeiro disco de rock progressivo
italiano, sendo o precursor desse ‘novo gênero musical’ que em
muito pouco tempo aconteceu em todo o país.





O
projeto é coroado de sucesso: este é um dos álbuns que abre, para
as bandas italianas, um modo de rock com sabor internacional. Para as
partes cantadas, os efeitos eletrônicos que dão à voz um som
levemente metálico são característicos.





O
disco é caracterizado pelos sons típicos do gênero, como o uso
massivo de teclados. As faixas como “Era inverno” e “Morte di
un fiore”, respectivamente, falam de prostituição e morte
violenta (talvez por overdose) e esta se tornaria uma característica
bastante comum do grupo, ou seja, querer abordar, com suas próprias
canções, temas discutíveis, ou, na época, tabus.





François
Couture, do site AllMusic, dá ao trabalho uma nota 3 (em 5),
atestando: “(…) É também o primeiro álbum a apresentar o som
de rock progressivo do trio, embora em um estágio embrionário. Como
tal, é um pacote misto. Por um lado, você obtém pomposos
exercícios excessivos de teclados que devem muito ao Nice
(“Collage”, “Sguardo Verso Il Cielo”), e até arranjos
orquestrais. Por outro lado, você também recebe músicas como “Era
Inverno” e “Morte di un Fiore”, ambas músicas prog italianas
típicas (com violão), anunciando o que será o som clássico do Le
Orme
”.





Acidamente,
Couture conclui: “Se Collage representa um grande passo em
relação a Ad Gloriam (estréia do Le Orme em 1969),
não é nada comparado ao que Uomo di Pezza (1972)
representará em termos de evolução. Ainda assim, Collage
produziu dois cortes clássicos ("Sguardo Verso Il Cielo" e
a faixa-título)”.





Em
2015, a BTF republicou o disco em uma edição limitada em vinil
transparente com as mesmas capa e encarte da edição original. O
álbum deu seu nome ao grupo musical da Sardenha, Collage.





Um
novo disco de estúdio viria já em 1972, com o antológico Uomo
di pezza
.













Formação:


Tony
Pagliuca - Teclados


Aldo
Tagliapietra - Vocal, Baixo, Guitarra


Michi
Dei Rossi - Bateria, Percussão





Faixas:


01.
Collage (Pagliuca/Tagliapietra/Reverberi) - 4:49


02.
Era inverno (Pagliuca/Tagliapietra/Reverberi) - 5:05


03.
Cemento armato (Pagliuca/Tagliapietra/Reverberi) - 7:13


04.
Sguardo verso il cielo (Pagliuca/Tagliapietra/Reverberi) - 4:19


05.
Evasione totale (Pagliuca/Tagliapietra/Reverberi) - 7:01


06.
Immagini (Pagliuca/Tagliapietra/Reverberi) - 3:03


07.
Morte di un fiore (Pagliuca/Tagliapietra/Reverberi) - 3:05





Letras:


Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/le-orme/





Opinião
do Blog:





Finalmente
o RAC traz para suas páginas o famoso Rock
Progressivo Italiano
, com uma de suas bandas seminais: Le
Orme
.







Composta
por músicos de qualidade insofismável, é praticamente impossível
traçar um destaque individual na banda, pois todo o trio desempenha
um papel formidável durante a obra. Ainda assim, o Blog se permite
apontar Tony Pagliuca como um ponto mais alto, pois muitas vezes é o
tecladista quem guia os caminhos por onde o grupo desenvolve suas
canções.







Collage
apresenta a sonoridade ‘Prog’ que o Le Orme consagraria,
mas ainda em desenvolvimento. As habilidades musicais de seus
componentes estão lá, nitidamente, e são elas quem fornecem esta
fusão de sonoridades, com clara abordagem sinfônica, mudanças de
andamentos, belos arranjos e um indiscutível toque mediterrâneo.







As
intensas passagens instrumentais e o Moog de Pagliuca são elementos
distintivos do disco e um ponto a que o ouvinte precisa de se
atentar.







Outro
componente importante do trabalho são suas letras, avançadas para a
sociedade italiana da época (muito religiosa), com textos que fogem
da simplicidade. Valem uma conferida.







Entre
as preferidas do RAC estão “Collage”,
“Cemento Armato” e o clássico Sguardo Verso il Cielo”.







Enfim,
Collage é uma obra de vanguarda para o Rock Italiano, sendo
muito influente em seu país de origem e de qualidade inquestionável.
Uma boa amostra da categoria do Le Orme, e uma introdução
para um conjunto extremamente acima da média. Disco muito bem
recomendado pelo Blog!