TOP 10: OS MELHORES ÁLBUNS DE 1965 A 1969
Por Daniel Benedetti
O Alvorada Sonora publicou as listas de Melhores Álbuns dos anos de 1965 a 1969, escolhidos a partir de nossa Metodologia (explicada aqui). Eis que surgiu a questão: quais seriam os melhores discos daquele período de tempo?
Em uma mera tentativa de responder à pergunta acima, o Alvoradaresolver trazer as 10 maiores pontuações dentro da nossa supracitada metodologia para formarem esta lista. Entretanto, como os anos divergem na quantidade de listas pesquisadas e catalogadas, resolvemos esse problema aplicando a média simples, ou seja, sua pontuação total pela quantidade de listas pesquisadas em cada ano.
Desta forma, as 10 maiores médias formam a lista abaixo. Resgatamos, também, os comentários oferecidos na lista em que o álbum apareceu.
Algumas Curiosidades e Alguns Dados
De 1965 a 1969, foram 5 listas com 10 posições cada, de um total de 50 aparições possíveis, certo? Desta forma, vamos a alguns dados:
Os Beatles lideram, com folga, no número de aparições: 7 álbuns dos caras figuraram nas nossas listas. Os Rolling Stonesaparecem em segundo, com 4 álbuns e a terceira colocação é dividida com The Jimi Hendrix Experience e Bob Dylan, com 3 discos cada.
Um total de 29 artistas/bandas diferentes apareceram nas listas.
Em termos de primeiros lugares, foi uma lavada. Se Bob Dylanliderou a primeira lista, os Beatles ficaram em primeiro em todas as demais, em um tetracampeonato acachapante.
A Lista
1º – THE BEATLES – THE BEATLES (1968)
(Média: 28,46 pontos)
Se eu tenho um álbum favorito dos Beatles, é este. O ‘álbum branco’ é outro trabalho do grupo tido como um dos melhores álbuns de todos os tempos por muita gente boa. Talvez por ser duplo, alguns ouvintes podem taxá-lo de cansativo, mas é justamente neste fato que ele me agrada: a banda passa por diversas sonoridades, executando-as com brilhantismo e extremo bom gosto. Clássicos como “Back in the U.S.S.R.”, “Ob-La-Di, Ob-La-Da”, “Helter Skelter” e “Revolution 1” falam por si mesmas, além do disco conter a melhor faixa dos Beatles (para mim): a espetacular “While My Guitar Gently Weeps”, de Harrison. (Daniel Benedetti)
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2º – THE BEATLES – REVOLVER (1966)
(Média: 28,17 pontos)
Neste álbum, os Beatles tentam soar mais psicodélicos e, sem dúvidas, é um álbum mais adulto da banda quando comparado aos seus antecessores. Os fãs que me perdoem, mas não consigo ver este trabalho como o melhor do ano, muito por conta da terrível “Eleanor Rigby” e de uma das piores coisas que eu já ouvi na vida: “Yellow Submarine”. O lado B não me chama a atenção, com exceção de “I Want to Tell You”, a qual anuncia George Harrison como o grande nome do disco, pois também são dele a ótima “Taxman” e a experimental “Love You To”, com a presença da cítara em uma clara viagem à música indiana. Outra canção memorável é a roqueira “She Said She Said”. (Daniel Benedetti)
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3º – THE BEACH BOYS – PET SOUNDS (1966)
(Média: 27,75 pontos)
Pet Sounds é onipresente em listas de melhores discos de todos os tempos. Mesmo não sendo fã do The Beach Boys, é possível compreender a adoração pelo trabalho. É extremamente sólida e palpável, durante a audição, a preocupação com cada detalhe de cada uma das composições, bem como a atenção para cada milésimo de segundo de sua produção. As características harmonias vocais da banda estão ainda mais caprichadas e tenho a percepção de uma certa triste melancolia na sonoridade. Destaco a clássica “Wouldn’t It Be Nice”, a tocante “Sloop John B”, a atmosférica “I’m Waiting for the Day” e a lindíssima “God Only Knows”. (Daniel Benedetti)
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4º – THE BEATLES – SGT. PEPPER’S LONELY HEARTS CLUB BAND (1967)
(Média: 27,33 pontos)
Se eu não considero este o melhor álbum do ano, ao menos não sou louco o suficiente para denegri-lo. Sgt. Pepper’s é tido como o melhor álbum de todos os tempos por muita gente boa. Fato é que ele é um trabalho inovador, seja pela forma como foi gravado, com o estúdio funcionando como um instrumento adicional, novas técnicas de gravação, além do fato de reforçar o formato LP como mais relevante que os singles. Musicalmente, há faixas impressionantes como “With a Little Help from My Friends”, “Lucy in the Sky with Diamonds”, “A Day in the Life” e a belíssima “Within You Without You”. (Daniel Benedetti)
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5º – THE JIMI HENDRIX EXPERIENCE – ARE YOU EXPERIENCED (1967)
(Média: 27,25 pontos)
Para mim, não somente o melhor do ano, como um dos melhores de todos os tempos. Penso que o Rock pode ser dividido em antes e depois de Hendrix. Já havia riffs e solos de guitarras antes, mas não com os feeling e talento únicos de Jimi – o grande responsável por transformar a guitarra no símbolo do Rock e tirá-la de uma posição de instrumento de acompanhamento para ser a protagonista do estilo. “Manic Depression”, “Red House”, “Fire” e “Foxy Lady” são exemplos destas afirmações. (Daniel Benedetti)
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6º – THE BEATLES – ABBEY ROAD (1969)
(Média: 27,15 pontos)
A história desse disco é amplamente conhecida. Apesar de ser o penúltimo disco lançado, é o último disco que os Beatles gravaram juntos. Depois do caos que foram as gravações do que viria a ser o Let It Be, George Martin impôs uma condição para as gravações de Abbey Road: que todos se dessem bem no estúdio. E como os Beatles rendiam quando estavam em harmonia! Gosto muito do “lado A” do disco, que traz a abertura com a rocker “Come Together”, além daquela que Frank Sinatra equivocadamente classificou como sendo a “melhor composição de Lennon e McCartney”, “Something” (composição do George Harrison, na verdade), e também o proto-metal de “I Want You (She’s So Heavy)”, mas a “sinfonia” idealizada por Mr. Macca, que encaixou várias músicas inacabadas dele e de John numa sequência que ocupa o “lado B” quase inteiro, é coisa de outro mundo. Primeiro lugar justíssimo. (Marco Néo)
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7º – BOB DYLAN – HIGHWAY 61 REVISITED (1965)
(Média: 27,11 pontos)
Este eu tenho em minha coleção. Facilmente um dos melhores discos de todos os tempos, somente a emblemática “Like A Rolling Stone” já valeria sua presença nesta lista. Mas não é “apenas” isto. Ampliar as possibilidades de sua sonoridade, com o uso de guitarras elétricas, revelou-se mais que um acerto: colocou, definitivamente, o nome de Dylan como um dos gênios da história da música. “Tombstone Blues”, “From a Buick 6”, “Ballad of a Thin Man”, “Highway 61 Revisited” e “Desolation Row” são amostras da supracitada genialidade do músico. (Daniel Benedetti)
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8º – THE VELVET UNDERGROUND & NICO – THE VELVET UNDERGROUND & NICO (1967)
(Média: 26,75 pontos)
Algumas das listas pesquisadas colocaram The Velvet Underground & Nicona primeira posição, basta ver sua boa pontuação, bem próxima das duas primeiras colocações. Quando foi lançado, não fez nenhum barulho, mas foi descoberto anos depois e se tornou uma verdadeira referência para muita gente… mas não para mim. A sonoridade da banda nesta estreia não me atingiu, pelo contrário, proporcionou-me momentos de verdadeiro constrangimento como em “Venus in Furs” e em “Run Run Run”, ambas, no mínimo, pavorosas. Os fãs que me perdoem. (Daniel Benedetti)
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9º – THE BEATLES – RUBBER SOUL (1965)
(Média: 26,33 pontos)
Eu faço parte daquele 1% da população que não gosta de Beatles, que fique bem claro, mas não é por isso que eu não reconheça todos os infinitos méritos da banda. Rubber Soul é o primeiro passo do grupo em se distanciar do chamado iê-iê-iê, a experimentar novas musicalidades e evoluir nas harmonias vocais – as quais se apresentam mais sofisticadas. Ouvi-lo, novamente, depois de tanto tempo, foi até muito melhor que o esperado. “The Word” é horrível e eu continuo odiando “Wait”, mas há faixas bem legais como “Nowhere Man”, “What Goes On” e “In My Life”, embora “Drive My Car” seja, de longe, a minha preferida. (Daniel Benedetti)
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10º – BOB DYLAN – BLONDE ON BLONDE (1966)
(Média: 26,33 pontos)
Este eu tenho em minha coleção. É um dos melhores álbuns que já ouvi, e não tem nenhuma música nem perto de ser mediana. Blonde on Blonde é uma fantástica jornada de Bob Dylan pela música norte-americana, em um disco que preza pelo apuro instrumental e o cuidado com cada detalhe. Destaco todas as faixas, mas cito os Blues fenomenais de “Pledging My Time” e “Leopard-Skin Pill-Box Hat”, o Folk primoroso de “4th Time Around”, o Rock ‘n’ Roll simples e soberbo de “Obviously 5 Believers” e, se não bastassem, a épica “Sad Eyed Lady of the Lowlands”. Álbum espetacular. (Daniel Benedetti)
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PS: Rubber Soul e Blonde on Blonde empataram na média e o critério de desempate foi a posição mais alta do disco em seu respectivo ano.
Exclusivamente roqueira, a lista final conta com 5 álbuns dos Beatles e 2 de Bob Dylan, refletindo o óbvio: são duas das maiores influências da música ocidental a partir da segunda metade do século XX. Outro destaque é a média absurda de pontos para Pet Sounds, consubstanciando-o como um dos discos mais significativos de todos os tempos.
Agora ficam os convites para que o leitor comente este Top 10 e acompanhe nossa seção de Melhores do Ano, pois a década de 70 vem aí a partir de fevereiro!
ÁLBUNS DE 2019
Por Daniel Benedetti
Em 2019, após 8 anos construindo o Rock: Álbuns Clássicos, fui convidado a colaborar com o site Consultoria do Rock, fato que está sendo uma experiência incrível. Como último post de 2019, para aquele site, fiz uma lista de álbuns preferidos do ano.
Em 2019 também criei este espaço, o Alvorada Sonora, que passará a ser meu foco em 2020 e um site em que pretendo evoluir coletivamente. Nossas colunas retornarão em fevereiro, mas, enquanto isso, alguns posts vão esquentando os motores do site. Então, continue nos seguindo e fiquem ligados que vem muita coisa boa por aí.
Publicado originalmente no site Consultoria do Rock em 28/12/2019.
Melhores de 2019: Por Daniel Benedetti
Embora o nome indique, esta não é uma lista de ‘melhores do ano’, mas sim de preferidos. Neste ano em que estreei nas páginas da Consultoria, foquei minha participação (principalmente no segundo semestre) em trazer álbuns de 2019 que me chamassem a atenção e alguns deles entraram para esta lista. Desta maneira, a lista somente se enfoca no gênero principal a que o site é dedicado, constituindo-se apenas em um convite aos leitores para que conheçam os álbuns.

Rival Sons – Feral Roots
O Rival Sons é, de longe, minha banda ‘nova’ preferida. ‘Nova’ entre aspas, pois eles já estão no 6º álbum de estúdio e sua evolução é permanente. Em Feral Roots, a evidente e manifesta influência do Led Zeppelin continua lá, mas envolta a outras grandes referências musicais, tais como o Soul, o Funk, o Gospel e até o Black Sabbath (ouça os riffs de “Too Bad”). E é neste caldeirão musical que Feral Roots se torna tão divertido e tão contemporâneo. Um discaço!

Tool – Fear Inoculum
Após um hiato de 13 anos, o Tool faz um retorno magistral com seu 5º álbum de estúdio, Fear Inoculum. Neste disco, a banda manda completamente às favas o imediatismo, a pressa e a superficialidade dos tempos atuais, apresentando um trabalho longo, profundo, lento e de absorção não imediata. Com faixas que normalmente ultrapassam os 10 minutos, o grupo mergulha no Progressivo, muitas vezes flertando com o Metal, oferecendo canções que fogem do trivial e abraçam o inesperado. Um disco intrigante e imperdível.

Opeth – In Cauda Venenum
Já fiz um post sobre este álbum aqui, de forma que não é necessário que me alongue demais. Em linhas gerais, o Opeth segue o caminho de abraçar o Rock Progressivo e In Cauda Venenum é uma evolução natural de seus trabalhos recentes. É um disco que merece ser contemplado calmamente, pois o sentir é parte necessária para uma experiência completa. Outro trabalho que merece a atenção do leitor.

Outro álbum sobre o qual escrevi e o texto pode ser conferido aqui. É outro disco com fortes influências de Progressivo, onde outras diversas influências estão confluindo em suas canções – notadamente o Jazz. Melodias cativantes, muito dinamismo e alta competência técnica são convites para este ótimo álbum.

Bruce Springsteen – Western Stars
Com mais de quatro décadas de carreira e um sucesso inegável, chega a ser impressionante como Bruce Springsteen consegue ser consistente e relevante e, em seu 19º álbum de estúdio, continua capaz de comover e impressionar. Arranjos orquestrados ricos e envolventes são componentes essenciais de canções que surgem como páginas em branco para que histórias sejam contadas, muitas das vezes, evocando memórias da cultura hippie dos anos 60. Leve, sutil e emocionante!

Baroness – Gold & Grey
Mais uma das ótimas bandas atuais que segue fazendo trabalhos extremamente surpreendentes. Se em Gold & Grey o grupo não atinge o mesmo patamar do excelente Yellow & Green (2012), ainda assim a qualidade excepcional de suas composições e a imprevisibilidade dos caminhos sonoros escolhidos pelos músicos configuram uma musicalidade inquietante e desafiadora. Cada vez mais Prog e Alternativo – e menos Metal – a banda flerta bastante com o Jazz/Rock e com sonoridades acessíveis e palatáveis. O pecado: uma produção menos crua valorizaria bem mais as faixas e deixaria o ótimo Gold & Grey em uma posição mais alta nesta lista.

Stew – People
People é o álbum de estreia do power trio sueco Stew, e que apenas o conheci graças ao Test Drive do qual participei aqui na Consultoria. E a cada audição, o disco foi subindo no meu conceito. É um Hard Blues Rock repleto de alma, com composições fortes, riffs precisos, muita guitarra distorcida e solos efervescentes. Penso que o lendário Free é uma clara influência do conjunto, em um trabalho que sugere uma banda muito promissora.

Duel – Valley of Shadows
Outro álbum sobre o qual escrevi. Sem me alongar mais, este é o terceiro álbum do Duel, banda com dois ex-integrantes do Scorpion Child. Valley of Shadows traz o grupo fazendo um Stoner Metal contagiante, competente e empolgante. Nesta pegada Heavy/Hard retrô, o Duel se configura como um dos conjuntos mais cativantes devido à qualidade de suas composições.

Frank Carter & The Rattlesnakes – End of Suffering
Mais um trabalho sobre o qual comentei aqui. Em suma, terceiro álbum de estúdio do conjunto, End of Suffering é um disco denso e reflexivo, com uma musicalidade diversificada que abraça o Rock Alternativo, mas com toques efetivos de um Pop triste e melancólico.

Spirit Adrift – Divided by Darkness
Terceiro disco do grupo norte-americano Spirit Adrift, Divided by Darkness é um presente para ouvidos fãs de Heavy Metal tradicional – como eu. As guitarras são um grande destaque, especialmente nos riffs contagiantes e pegajosos, em músicas pesadas que jamais abrem mão das melodias. O Metallica é uma referência óbvia e até pitadas de Jazz são presentes neste ótimo álbum.
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