DARKTHRONE - A BLAZE IN THE NOTHERN SKY (1992)


Texto de autoria de Marco Néo

A Blaze in the Northern Sky é o segundo álbum de estúdio dos noruegueses do Darkthrone, lançado em 2 de março de 1992 pela gravadora Peaceville Records. As gravações ocorreram durante o mês de agosto de 1991 no Creative Studio, e a produção é da própria banda.

DARKTHRONE - A BLAZE IN THE NOTHERN SKY (1992)






Texto
de autoria de Marco Néo





A
Blaze in the Northern Sky é o segundo álbum de estúdio dos
noruegueses do Darkthrone, lançado em 2 de março de 1992 pela
gravadora Peaceville Records. As gravações ocorreram durante o mês
de agosto de 1991 no Creative Studio, e a produção é da própria
banda.







Como
já é praxe do blog, traremos um histórico da banda com vistas a
inserir o leitor no contexto que os levou à criação deste que é
considerado um dos mais influentes trabalhos da segunda onda do Black
Metal.













As
origens do grupo remontam a 1986, ano em que o baterista e vocalista
Gylve Nagell formou o Black Death, banda de Death Metal, com os
guitarristas Ivar Enger e Anders Risberget. No ano seguinte, 1987,
influenciados por um fanzine underground dinamarquês de nome
Blackthorn (por sua vez influenciado pela música Jewel Throne, do
Celtic Frost), decidem mudar o nome da banda para Darkthrone.
Com esse nome a banda, já acompanhada do baixista Dag Nielsen, grava
uma demo, Land of Frost.





No início
de 1988 Anders Risberget sai do grupo e Gylve decide adicionar à
banda um sujeito que havia conhecido por amigos em comum, Ted
Skjellum. Com essa formação o Darkthrone lança mais três
demo-tapes, sendo que na última, Cromlech, lançada no final de
1989, o baterista, que sempre afirmou ter assumido os vocais por
falta de capacidade dos outros integrantes, decide passar a função
de vocalista para o “novo membro”.







Fenriz





A
essa altura o
Darkthrone tocava um estilo de Death Metal
tradicional, com composições trabalhadas, que despertou o interesse
da gravadora inglesa Peaceville. O interesse resultou em contrato e o
consequente lançamento do primeiro disco da banda,
Soulside
Journey
, em 1990.





Soulside
Journey
é um disco de Death Metal que segue a à época novíssima
linhagem sueca de bandas como Nihilist/Entombed, Grave
e Dismember. O disco foi, inclusive, gravado no Sunlight Studios, que
produziu grande parte dos clássicos das bandas de Estocolmo. As
letras das músicas mostravam, já naquela altura, o interesse dos
membros pelo ocultismo.





Logo após o
lançamento do primeiro trabalho o Darkthrone começou a compor músicas para um
segundo disco de Death Metal, que seria intitulado Goatlord. Contudo, a essa
altura, já no primeiro semestre de 1991,
começam a frequentar a loja Helvete, de propriedade do guitarrista
Euronymous, líder do Mayhem, e, instantaneamente influenciados pelo clima
daquela cena ainda incipiente,
decidem abandonar o alegado “comercialismo” do Death Metal de
então, optando por um som mais primitivo, calcado em bandas da
primeira onda do Black Metal, como Bathory e especialmente
Hellhammer/Celtic Frost, além do extremismo dos
trabalhos iniciais de bandas alemãs como Destruction e Sodom. Também
passaram a utilizar-se do corpse paint para suas apresentações ao
vivo e adotaram pseudônimos. Gylve se tornou Fenriz, Ivar adotou o
nome Zephyrous e Ted passou a se apresentar como Nocturno Culto.
Insatisfeito com as decisões e o novo direcionamento de seus companheiros, Dag Nielsen,
ainda um fã de Death Metal, decide sair da banda.







Aqui, da mesma época, formação ainda com o baixista: Nocturno Culto, Dag Nielsen, Zephyrous e Fenriz.





Com
isso, em agosto de 1991, acompanhados de Dag que, mesmo tendo saído,
concorda em gravar as linhas de baixo, entram em estúdio para gravar
A Blaze in the Northern Sky. A obra demoraria mais de seis
meses para ser lançada pela Peaceville que, esperando um novo CD de
Death Metal, mostrou-se surpresa e contrariada pelo novo
direcionamento estético (em vez de uma capa mais elaborada, optou-se
por uma foto preto-e-branco tirada à noite, com pouquíssima
definição, do guitarrista Zephyrous orgulhosamente ostentando seu
corpse paint) e, principalmente, musical dos noruegueses (a gravação
foi considerada “sem peso”) e passou a pressionar a banda
para que não soltassem o que considerava um “suicídio comercial”.





Cabe
aqui uma última anedota: em meio à batalha com a Peaceville,
Fenriz chegou a afirmar para os ingleses que, caso eles não
quisessem lançar o álbum, Euronymous estava pronto para fazê-lo
por seu próprio selo, Deathlike Silence Productions, que àquela
altura já tinha em seu catálogo The Awakening, dos suecos do
Merciless e se preparava para lançar o disco de estreia do
Burzum. A gravadora capitulou e, em março de 1992, sai o
segundo disco de estúdio do Darkthrone, um dos primeiros e
mais influentes trabalhos daquela que ficou conhecida como a
segunda onda do Black Metal.







Nocturno Culto





Faixas:





1.
Kathaarian Life Code





O
disco se inicia com uma introdução sorumbática, podendo-se ouvir
ao fundo o que parecem ser orcs anunciando: “we are a blaze in the
northern sky”. Todo esse clima culmina em um espasmo instrumental
violentíssimo. E assim é apresentado ao mundo o Black Metal
norueguês, gravação lo-fi e uma agressividade espantosa que não
era sequer sugerida em Soulside Journey. As influências de Bathory
e Hellhammer/Celtic Frost são fortes.





Um
detalhe que não passa despercebido e que acompanha a carreira da
banda até hoje são os acordes tocados em cordas soltas,
contrastando com os riffs construídos com cordas abafadas por 99% do
mundo metálico - inclusive por eles no disco de estreia - até então.





Quanto
às letras, apesar de não fugirem da blasfêmia comum às outras
bandas da época, mostram uma criatividade vários níveis acima de
seus pares:





Desert...
Night...


Coyotes
feel the cold wave of the dark


Red
eyes eat through


The
vast nocturnal landscapes


A
strong light – the only light


This
is where he made sculptures


From
the visions that created the force





Baphomet
in steel for the flesh of cain


A
throne made by remains


Of
12 holy disciples





2.
In the Shadow of the Horns





Mais
Celtic Frost, aqui ainda mais escancarado que na música de abertura,
com um andamento bem cadenciado e riffs primitivos. A esta altura já
nos acostumamos com a sonoridade lo-fi. Não, melhor, esse tipo de
disco não soaria correto com qualquer outro tipo de sonoridade que
não essa. Vale prestar atenção: aos 1min10s, temos uma introdução
de Fenriz no melhor estilo dos shows de Frank Sinatra. “Nocturno
Culto!!!”





Nas
letras, mais blasfêmia, aqui beirando o surrealismo.





The
triumph of chaos – has guided our path


We
circles the holy Sinai – our swords gave wings


Invisible
force of our abyssic hate


Our
seeds boil as we gaze upon the new millenium





Weeping
by the graves of the glorious ones


(so)
the hardened frost melts away


Clouds
gather across a freezing moon


I
kiss the goat – witchcraft still breathes





3.
Paragon Belial





Ainda
que mantendo um ritmo mais cadenciado e uma batida primitiva, os
riffs são o grande destaque dessa música, com acordes peculiares em
sua dissonância e, ouso dizer, melódicos em alguns momentos. O
disco tem apenas seis músicas, quase todas muito longas. Paragon
Belial, com “apenas” 5min25s, é uma das mais curtas.





A
blasfêmia aqui é mais filosófica.





The
boiling sea beneath


The
castle of faust


Belial
finally comes forth





The
ancient white light writings


Were
just living men and their pens


You
are the same, only in black.


Return
with the knowledge


Of
making your own god”





4.
Where Cold Winds Blow





Aqui
o ritmo volta a acelerar, em mais uma música com claras influências
de Bathory dos dois primeiros discos. A letra fala de um guerreiro
caído, relembrando suas batalhas e glórias.





I
was, indeed, a king of the flesh


My
blackened edges; still they were sharp


Honoured
by the carnal herds


But
asketh thou: closed are the gates?





My
mind cut my winged weapons


And
teeth that was my pride


And
from the forest all would hear:


Wisdom
opens the gate for the king”





5.
A Blaze in the Northern Sky





A
música título do disco é mais uma com andamento acelerado, uma
atmosfera ríspida e violenta, contrastando com uma letra
melancólica, lamentando a perda do orgulho nórdico, obliterado pelo
cristianismo. No fim, a banda promete um retorno pagão. Como uma
chama no céu do norte.





It
took ten times a hundred years


Before
the king on the northern throne


Was
brought tales of the crucified one





Coven
of renewed delight


A
thousand years have passed since then –


Years
of lost pride and lust





Souls
of blasphemy,


Hear
a haunting chant –





We
are a blaze in the northern sky


The
next thousand years are OURS





6.The
Pagan Winter





Mais
selvageria sonora no último som do disco. Um chamado para a guerra
que trará de volta o paganismo para o norte. O inverno pagão. O
disco termina com uma outro que repete a intro.





Horned
master of endless time


Summon
thy unholy disciples


Trained
for centuries to come


Gather
on the highest mountain


United
by hatred...


The
final superjoint ritual...





Considerações
finais:





Mesmo
com a briga entre o Darkthrone e a gravadora Peaceville e a
consequente demora em ser lançado, A Blaze in the Northern Sky é
considerado um dos pioneiros do Black Metal norueguês. Ao contrário
das previsões pessimistas da gravadora, o disco, para os padrões do
underground metálico, vendeu bem desde seu lançamento e se tornou
um clássico não só do Black Metal norueguês mas do Metal como
estilo, sendo influência para um número incontável de bandas ao
redor do mundo.







Zephyrous





Conforme
pesquisa realizada no site Wikipedia, “em sua resenha retrospectiva
do álbum, Eduardo Rivadavia do
AllMusic deu uma nota 5 de 5
estrelas, chamado-o de "um clássico cujos padrões sonoros
lo-fi iriam indefensavelmente revigorar toda a cena do black metal".
Valefor do
Metal Reviews escreveu que "viria a definir o
True Black Metal [...] com sua produção crua, riffs simples, capas
em preto e branco... puro mal congelante". Channing Freeman do
Sputnikmusic considerou o disco como "triunfante",
uma mistura equilibrada de "produção gélida e cantos
guturais" e "um senso de comunidade".





Em
2009, o IGN incluiu A Blaze in the Northern Sky em sua
lista "10 Great Black Metal Albums", enquanto um artigo de
2007 da Decibel magazine o chamou de "o verdadeiro
primeiro álbum de blackened death metal". A revista inglesa
Kerrang! o classificou como "uma marca d’água escura
para o Black Metal" e a música “In the Shadow of the Horns”
como "sete minutos de uma desafiadora produção lo-fi,
propósito gélido e simplicidade bruta”.





Após
algumas apresentações esparsas em sua terra natal, a banda decide
não fazer mais shows e se torna um projeto de estúdio, com seus
membros tendo empregos “normais”.





Após
o sucesso de A Blaze in the Northern Sky, o Darkthrone
gozaria de uma longa e respeitada carreira que dura até os dias
atuais.













Formação:


Nocturno
Culto - Guitarra, Vocal


Zephyrous
- Guitarra Base


Fenriz
- Bateria, Backing Vocals


Músicos
adicionais


Dag
Nilsen - Baixo





Faixas:


01.
Kathaarian Life Code - 10:39


02.
In the Shadow of the Horns - 7:01


03.
Paragon Belial - 5:24


04.
Where Cold Winds Blow - 7:26


05.
A Blaze in the Northern Sky - 4:57


06.
The Pagan Winter - 6:35





Letras:


Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.metal-archives.com/albums/Darkthrone/A_Blaze_in_the_Northern_Sky/612





Opinião
do blog:


A
Blaze in the Northern Sky
é um divisor de águas no que se
refere ao Black Metal. Mais do que qualquer outra banda da cena
norueguesa, a aspereza do som da fase clássica do Darkthrone
apontou o caminho a ser trilhado por grande parte, se não a maioria,
da cena.





O
que temos aqui é uma obra que, na época, gerou confusão entre os
headbangers. Alguns abraçaram a proposta da banda de imediato,
outros repudiaram a extrema crueza daquela sonoridade propositalmente
tosca. Nada como o tempo para curar as feridas e nos mostrar o
verdadeiro pioneirismo dessas seis músicas gravadas e lançadas de
forma totalmente descompromissada por músicos que, mais do que o
sucesso, queriam fazer aquilo que os agradava, sem se preocupar com
opiniões exteriores, e lutar por sua visão artística.





O álbum
tornou-se, juntamente com os dois próximos
discos do Darkthrone, uma fonte inesgotável de consulta
para jovens bandas que pretendem se arriscar no Black Metal, seja na
rispidez das músicas, seja nas letras ora blasfemas, ora remetendo à
mitologia pagã ou mesmo às histórias nórdicas. Não podemos,
ainda, nos esquecer da parte estética. Ora, uma capa em preto e
branco exibindo os membros de uma banda de Black Metal com toda sua
parafernália e corpse paints tornou-se regra.





Não
há muito mais palavras para descrever (ou elogiar) essa obra de
arte. Se você já a conhece, não perca mais tempo e vá apreciá-la
novamente. Se não a conhece, eis aqui uma grande oportunidade de
conhecer um capítulo pivotal da história do Metal. Enquanto outros
grupos da época se preocuparam em queimar igrejas e/ou cometer
assassinatos, o
Darkthrone teve participação fundamental na
criação estética e musical da segunda onda do Black Metal.
Indispensável.

GONG - MAGICK BROTHER (1970)



Magick Brother é o álbum de estreia da banda de origem francesa chamada Gong. Seu lançamento oficial aconteceu em março de 1970, através do selo BYG Actuel. As gravações ocorreram entre os meses de setembro e outubro de 1969, no Studio ETA e no Studio Europa Sonor, ambos em Paris, na França. A produção ficou a cargo de Jean Georgakarakos e de Jean-Luc Young.

GONG - MAGICK BROTHER (1970)








Magick Brother é o álbum de estreia da banda
de origem francesa chamada Gong. Seu lançamento oficial aconteceu em março de
1970, através do selo BYG Actuel. As gravações ocorreram entre os meses de
setembro e outubro de 1969, no Studio ETA e no Studio Europa Sonor, ambos em
Paris, na França. A produção ficou a cargo de Jean Georgakarakos e de Jean-Luc
Young.









O RAC traz até suas páginas o
álbum Magick Brother, o qual é a
estreia da banda Gong. Após um breve
histórico, o tradicional faixa a faixa é apresentado.













Daevid
Allen





Christopher David Allen nasceu em Melbourne,
Austrália, em 13 de janeiro de 1938.





Em 1960, inspirado pelos escritores da chamada
Beat Generation, que ele havia descoberto enquanto trabalhava em uma livraria
de Melbourne, Allen viajou para Paris, onde ficou no Beat Hotel, mudando-se
para um quarto recentemente desocupado por Allen Ginsberg e Peter Orlovsky.





Enquanto ganhava o dia vendendo o
International Herald Tribune, em torno de Le Chat Qui Pêche e do Latin Quarter,
ele conheceu Terry Riley e também ganhou acesso gratuito aos clubes de jazz da
região.





Em 1961, Allen viajou para a Inglaterra e
alugou um quarto em Lydden, perto da cidade de Dover, onde logo começou a
procurar trabalho como músico. Ele primeiro respondeu a um anúncio de jornal
oferecendo vaga a um guitarrista para se juntar ao grupo de Dover, Rolling
Stones (sem qualquer conexão com a banda mais famosa desse nome), que havia
perdido o vocalista/guitarrista Neil Landon, mas não se juntou a eles.





Depois de se encontrar com William S.
Burroughs, e inspirado nas filosofias de Sun Ra, ele formou um trio de free jazz,
o Daevid Allen Trio ('Daevid' adotado como uma afetação de David), que incluía
o filho de seu senhorio, com 16 anos, Robert Wyatt. Eles se apresentaram nas
peças de teatro de Burroughs baseadas no romance The Ticket That Exploded.





Em 1966, junto com Kevin Ayers e Mike
Ratledge, eles formaram a banda Soft Machine,
cujo nome veio do romance de Burroughs, The Soft Machine. Ayers e Wyatt já
haviam tocado na banda Wilde Flowers.





Após uma turnê pela Europa, em agosto de
1967, Allen foi recusado a reentrar no Reino Unido porque havia ultrapassado o
tempo de permanência de seu visto em uma visita anterior. Ele voltou a Paris,
onde formou o Gong, juntamente com sua parceira Gilli Smyth.







Daevid Allen





Antecedentes
do Gong





Em setembro de 1967, o vocalista e
guitarrista australiano Daevid Allen, membro da banda inglesa de rock Soft Machine, teve sua entrada negada
no Reino Unido por três anos, após uma turnê francesa, porque seu visto havia
expirado.





Ele se estabeleceu em Paris, onde ele e sua
parceira, a professora de Sorbonne, nascida em Londres, Gilli Smyth, estabeleceram
a primeira encarnação do Gong (mais
tarde referida por Allen como "Protogong"), juntamente com Ziska Baum
nos vocais e Loren Standlee na flauta.





No entanto, a banda nascente chegou a um fim
abrupto durante a revolução estudantil de maio de 1968, quando Allen e Smyth
foram forçados a fugir do país após a emissão de um mandado de prisão. Eles
foram para Deià in Majorca, onde haviam vivido por um tempo em 1966.







Gilli Smyth





Surge
o Gong





Em agosto de 1969, o diretor de cinema Jérôme
Laperrousaz, amigo íntimo da dupla, os convidou de volta à França para gravarem
uma trilha sonora de um filme de corrida de moto que ele estava planejando.





Isso não deu em nada na época, mas eles foram
abordados posteriormente por Jean Karakos, do recém-formado selo independente
BYG Actuel, para gravarem um álbum e, assim, começaram a montar uma nova
formação do Gong em Paris, recrutando
sua primeira seção rítmica com Christian Tritsch (baixo) e Rachid Houari
(bateria e percussão) e se reconectando com um saxofonista chamado Didier
Malherbe, que eles conheceram em Deià.





Entretanto, Tritsch não estava disponível a
tempo para as sessões e, portanto, Allen tocou baixo. O álbum, intitulado Magick Brother, foi concluído em
outubro.





O renascido Gong fez sua estréia no BYG Actuel Festival, na pequena cidade
belga de Amougies, em 27 de outubro de 1969, acompanhado por Danny Laloux na
trompa e na percussão, e Dieter Gewissler e Gerry Fields nos violinos, e a
banda foi apresentada ao palco, por ninguém menos que Frank Zappa.





Magick
Brother





Magick
Brother
é o primeiro álbum de estúdio da banda Gong, gravado em Paris, durante
setembro e outubro de 1969, e lançado em março de 1970 pela gravadora francesa
BYG Actuel.





O baixista recentemente recrutado da banda,
Christian Tritsch, não estava pronto a tempo de tocar no álbum, então o
vocalista/compositor/guitarrista Daevid Allen tocou o baixo; uma foto de Allen
gravando faixas com seu baixo, para o disco, é apresentada na capa.





O grupo também fez uso dos contrabaixistas de
jazz Earl Freeman e Barre Phillips, que estavam trabalhando para a gravadora ao
mesmo tempo, em três faixas do disco.





Ocasionalmente, o colaborador do Gong, Dieter Gewissler, que normalmente
tocava violino, também contribuiu com um contrabaixo para duas canções.





As capas do LP foram impressas antes da ordem
final das faixas e de seus títulos serem decididos, e as músicas "Rational
Anthem" (AKA "Change the World") e "Glad To Sad To
Say" foram listadas de maneira errada.







Didier Malherbe





Curiosamente, o lado A do LP original foi
chamado de ‘early morning’ e o lado B de ‘late night’.





Vamos às faixas:





MYSTIC SISTER, MAGICK BROTHER





Após uma introdução bem distópica e
experimental, a faixa se torna um Rock leve e suave, de influência psicodélica
e com a flauta de Malherbe como protagonista.





A letra possui um sentido místico:





Believe what you want for you its true


You are your boundry


Give what you've got


And you'll get more than you have found already





RATIONAL
ANTHEM (CHANGE THE WORLD)





A suavidade continua sendo preponderante em “Rational
Anthem (Change the World”, uma canção bem interessante e com vocais bem
criativos.





A letra fala sobre mudança:





Sitting up there in your ivory city


Look so ugly and you feel so pretty


Tick tock heart clock waiting til the bombs drop


Too late now





GLAD
TO SAD TO SAY





Esta música possui um clima mais melancólico,
com um sentimento de tristeza mesmo, mas que não a torna menos interessante.
Pelo contrário, a atmosfera da faixa é muito enigmática.





A letra possui um sentido de despedida:





Oh my,


Sad to say goodbye,


Goodbye to all the wisdom in the world


Glad to say goodbye,


Goodbye to all the children in the world





CHAINSTORE
CHANT / PRETTY MISS TITTY





Um Rock com a cara bem sessentista é a pegada
desta canção. O refrão é bem agradável e a musicalidade pop acaba cativando.





A letra possui sentido sensual:





Pretty Miss Titty


She works in the city


Whiter than whiter


She gets up typewriter


Men catch up later


They don't love or hate her


They just masturbate her potatoe


Well big bad businessman


Have you any love





FABLE
OF A FREDFISH / HOPE YOU FEEL OK





Esta faixa é mais experimental, com aspectos
bem inventivos e pouco ortodoxos para os padrões da época.





A letra fala sobre seguir em frente:





And it feels like morning


And the sun is shining


If it's today tomorrow


There'll be no time for sorrow


You find that you always knew


The things to do





EGO





“Ego” já possui uma roupagem mais
convencional, sendo uma música mais suave, embora com a pegada jazzy mais
evidente. Bastante legal.





A letra é
simples:





Now's the time to leave the show


Ego, there you go


Leave the merry-go-round and go


Ego, there you go





GONG
SONG





“Gong Song” é uma canção com roupagem mais
costumeira, novamente contando com a flauta como uma protagonista. Outro bom
momento do disco.





A letra possui um sentido folclórico:





You know


Once upon a time, in a far-off planet


There was a little green man, came down by comet


I first met him in a London taxi


He told me his name was Mr. Pothead Pixie


He told mehecamefrom a planetcalled Gong


He sangme
this small green song





PRINCESS
DREAMING





Esta é mais uma composição futurista e de
ordem pouco convencional.





A letra é
simples:





Now, she goes to bed, to bed


Now she's going to bed, to bed


Now she is in bed


Her mother is kissing her


She's kissing her goodnight





5
AND 20 SCHOOLGIRLS





Esta é uma música bem interessante, um Rock
sessentista muito simples, mas com a bateria sendo uma protagonista.





A letra é
divertida:





Five and twenty schoolgirls lost in the fog


Nobody can find them, even with a dog


Everybody wants to put them in the bag


But little did they know that they're hiding in a log





COS
YOU GOT GREEN HAIR





A décima – e última – faixa de Magick Brother
é “Cos You Got Green Hair”. O disco é encerrado com uma sonoridade bem viajante,
com viés transcendental, em uma abordagem curiosa.





A letra possui um sentido romântico:





I want you


'Cause you got green hair


'Cause of all the clothes you wear


'Cause you come from nowhere





Obs.:
Foi-se levada em consideração a versão do álbum em CD.





Considerações Finais





Magick
Brother
foi lançado em março de 1970, e foi seguido em abril por
um single, "Est-Ce Que Je Suis; Garçon Ou Fille?"/"Hip Hip
Hypnotise Ya", que novamente apresentava Laloux e Gewissler.





Em outubro, a banda mudou-se para um pavilhão
de caça abandonado de 12 quartos chamado Pavillon du Hay, perto de Voisines e
Sens, cerca de 120 km a sudeste de Paris. Neste local eles permaneceriam como
base até o início de 1974.





Houari deixou a banda no começo de 1971 e foi
substituído pelo baterista inglês Pip Pyle, a quem Allen havia sido apresentado
por Robert Wyatt, durante a gravação de seu primeiro álbum solo, Banana Moon.





A nova formação gravou uma trilha sonora do
filme de Laperrousaz, agora intitulado Continental Circus, e tocou no segundo
Glastonbury Festival, mais tarde documentado no álbum Glastonbury Fayre.





Em seguida, começaram a trabalhar em seu
segundo álbum de estúdio, Camembert
Electrique
, de 1971.













Formação:


Daevid Allen - Guitarra, Baixo, Vocal


Gilli Smyth - ‘Sussurro Espacial’


Didier Malherbe - Flauta, Saxofone soprano


Rachid Houari - Bateria, Percussão


Músicos
Adicionais:


Barre Phillips - Contrabaixo


Earl Freeman - Contrabaixo


Burton Greene - Piano


Dieter Gewissler - Contrabaixo


Tasmin Smyth - Voz





Faixas:


01. Mystic
Sister, Magick Brother - 5:54


02. Rational
Anthem - 4:08


03. Glad To Sad
To Say - 3:45


04. Chainstore
Chant & Pretty Miss Titty - 4:49


05. Fable Of A Fredfish
& Hope You Feel O.K. - 4:43


06. Ego - 3:58


07. Gong Song - 4:12


08. Princess
Dreaming - 2:56


09. Five &
Twenty Schoolgirls - 4:30


10. Cos You Got
Green Hair - 5:05


Observação:
Todas as canções foram compostas por Daevid Allen, mas foram creditadas a Gilli
Smyth por motivos legais.





Letras:


Para o conteúdo completo das letras,
recomenda-se o acesso a:
https://genius.com/albums/Gong/Magick-brother





Opinião
do Blog:


Esta foi uma ótima oportunidade do RAC
iniciar suas comemorações de seus 9 anos de existência.





Magick
Brother
é o álbum de estreia da banda Gong e marca o ponto inicial de um grupo de vanguarda, cuja
musicalidade se arriscava em caminhos pouco convencionais para o início da
década de 1970.





Composto por músicos muito competentes, o Gong ainda não apresenta sua
musicalidade mais Progressiva em Magick
Brother
, embora sua veia experimental esteja, sim, muito presente em faixas
como “Fable Of A Fredfish & Hope You Feel O.K.” e “Cos You Got Green Hair”.





Em outras canções, o Rock Psicodélico, com
evidente viés sessentista, flerta também com o lado Pop, mais acessível, mas
construído de modo criativo e interessante. As letras refletem bem isso.





O RAC escolhe como suas
favoritas “Glad to Sad to Say”, “Ego” e “Gong Song”.





Enfim, o Gong
é uma banda extremamente criativa e altamente recomendada pelo Blog. Magick Brother ainda não traz a
musicalidade clássica do conjunto, mas é um álbum divertido e bem agradável de
ser ouvido.