CROSBY, STILLS & NASH - CROSBY, STILLS & NASH (1969)

 


Crosby,
Stills & Nash é o álbum de estreia do supergrupo homônimo,
obviamente, o Crosby, Stills & Nash. Seu lançamento oficial
aconteceu em 29 de maio de 1969, através do selo Atlantic Records.
As gravações se deram entre fevereiro e março daquele mesmo ano,
no Wally Heider's Studio III, em Los Angeles, nos Estados Unidos. A
produção ficou a cargo do próprio supergrupo.






Eis
o momento do Rock: Álbuns Clássicos fazer a
estreia do excelente Crosby, Stills & Nash (vamos usar a
sigla CSN) em nossas páginas. Como os leitores já estão
acostumados, uma breve introdução histórica antecederá o faixa a
faixa.









Origens






Antes
da formação do CSN, cada um dos membros da banda pertencia a
outro grupo de destaque.






David
Crosby tocava guitarra, cantava e compunha canções com o The
Byrds
; Stephen Stills foi guitarrista, tecladista, vocalista e
compositor da banda Buffalo Springfield (que também contou
com Neil Young); e Graham Nash, que é inglês, foi guitarrista,
cantor e compositor do The Hollies.






Crosby
foi demitido do The Byrds em outubro de 1967, sendo alegadas
divergências sobre suas composições. No Monterey Pop Festival,
Crosby substituiu Neil Young (que deixou a banda antes do show) para
se juntar ao Buffalo Springfield.






No
início de 1968, o Buffalo Springfield havia se desintegrado
e, depois de auxiliar muito no último álbum da banda, Last Time
Around
, Stills estava sem banda.






Stills
e Crosby começaram a se encontrar informalmente e a tocarem juntos.
O resultado de um encontro na Flórida, na escuna de Crosby, foi a
música "Wooden Ships", composta em colaboração com outro
convidado, Paul Kantner do Jefferson Airplane.






Graham
Nash foi apresentado a Crosby quando o The Byrds fez uma turnê
pelo Reino Unido em 1966, e, quando o The Hollies se aventurou
na Califórnia em 1968, Nash voltou a encontrá-lo.


David Crosby







Nash
conheceu Stills em uma festa na casa de Peter Tork, em Laurel Canyon.
Ele foi cativado por Stills tocando em um piano, com um estilo
"brasileiro, latino, boogie woogie e rock and roll". Em
julho de 1968, durante um jantar em uma festa (em outra casa de
Laurel Canyon), Nash convidou Stills e Crosby para executarem uma
composição de Stills, chamada "You Don't Have To Cry".






Eles
tentaram duas vezes, após as quais Nash aprendeu a letra e
improvisou uma nova parte de harmonia em uma terceira versão. Assim,
os três perceberam que tinham uma química vocal muito boa. Enquanto
cantavam pela terceira vez, caíram na gargalhada.






Na
realidade, The Byrds, The Buffalo Springfield e The
Hollies
foram bandas de harmonia, com Nash dizendo mais tarde em
uma entrevista de 2014: "Nós sabíamos o que estávamos
fazendo”, referindo-se ao sucesso de cada uma das bandas
individuais. Continuou: "Qualquer que seja o som de Crosby,
Stills e Nash
, ele nasceu em 30 segundos. Esse é o tempo que
levávamos para harmonizar”.






Criativamente
frustrado com o The Hollies, Nash decidiu deixar a banda em
dezembro de 1968 e voou para Los Angeles dois dias depois.






O
trio viajou para Londres no início de 1969 para ensaiar para o que
acabou sendo uma audição malsucedida com a Apple Records, dos
Beatles.






Desde
o início, dadas suas experiências anteriores, o trio decidiu não
ficar preso a uma estrutura de grupo. Eles usaram seus sobrenomes,
como identificação, para garantir a independência e, também, que
a banda não continuaria sem um deles, ao contrário do The Byrds
e do The Hollies.


Stephen Stills







Eles
contrataram uma equipe de gerenciamento, com Elliot Roberts e David
Geffen, que conseguiram um contrato do grupo com a Atlantic Records e
ajudou o grupo a ganhar influência na indústria musical. Roberts
mantinha a banda focada e lidava com egos, enquanto Geffen cuidava
dos negócios, já que, nas palavras de Crosby, eles precisavam de um
"tubarão" e Geffen era isso.






Stills
já era assinado com a Atlantic Records através de seu contrato com
o Buffalo Springfield. Crosby havia sido liberado de seu
acordo com o The Byrds (Columbia), pois foi considerado sem
importância e alguém muito difícil de se trabalhar. Nash, no
entanto, ainda tinha contrato com a Epic Records através do The
Hollies
. Ahmet Ertegun, da Atlantic, fez um acordo com Clive
Davis para essencialmente trocar Nash com a Atlantic “oferecendo”
Richie Furay (que também era contratado pela Atlantic em virtude de
sua participação no Buffalo Springfield) e Poco, sua
nova banda.






O
álbum de estreia






Stills
dominou a gravação do álbum. Crosby e Nash tocaram guitarra em
suas próprias músicas, respectivamente, enquanto o baterista Dallas
Taylor tocou na maioria das faixas, exceto o baterista Jim Gordon que
tocou em uma.






Stills
tocou todas as partes de baixo, órgão e guitarra solo, bem como
violão em suas próprias músicas.






"Os
outros caras não ficaram ofendidos quando eu disse que aquele era
meu bebê, e eu meio que tinha as faixas na minha cabeça",
disse Stills.






Mesmo
com esse domínio, Stills não aparece nas faixas "Guinnevere"
e "Lady of the Island", ambas com apenas Crosby e Nash.






David
Crosby se irritou com "Long Time Gone", pois achava que
deveria pelo menos tocar guitarra rítmica em sua própria música.
Stills o convenceu a ir para casa por um tempo e, quando voltou,
Crosby foi conquistado pela faixa que Stills e Taylor haviam gravado.
Em uma entrevista mais recente, Crosby contradisse sua declaração
anterior, afirmando que ele havia tocado guitarra na faixa.






Na
capa, os membros são, da esquerda para a direita, Nash, Stills e
Crosby, na ordem inversa do título do álbum. A foto foi tirada por
seu amigo e fotógrafo Henry Diltz antes que eles criassem um nome
para o grupo.






Eles
encontraram uma casa abandonada, com um sofá velho e surrado do lado
de fora, localizada na 815 Palm Avenue, West Hollywood, em frente ao
lava-rápido de Santa Palm e eles acharam que seria perfeito para sua
imagem. Poucos dias depois, eles decidiram pelo nome "Crosby,
Stills e Nash".






Para
evitar confusão, eles voltaram para a casa um ou dois dias depois
para refazer a foto de capa na ordem correta, mas quando chegaram lá
descobriram que a casa havia sido reduzida a uma pilha de madeira.


Graham Nash







Dallas
Taylor pode ser visto olhando pela janela da porta na parte de trás
da capa. Na edição ampliada, no entanto, ele está ausente.






O
LP original em vinil foi lançado em uma capa gatefold que mostrava
os membros da banda com grandes parkas de pele, e com um pôr do sol
ao fundo na capa (filmado em Big Bear, Califórnia), bem como a
icônica arte da capa. Uma longa página dobrada, no interior, exibia
os créditos do álbum, letras, lista de faixas e um desenho a lápis
quase psicodélico.






Vamos
às faixas:






SUITE:
JUDY BLUE EYES






"Suite:
Judy Blue Eyes" já se inicia com a pegada mais suave, com bases
no folk, e lindas harmonias vocais, sendo liderada por Stills.






As
letras refletem sobre um fim de relacionamento:






Tearing
yourself away from me now

You are free and I am crying

This
does not mean I don't love you

I do, that's forever, and
always

I am yours, you are mine, you are what you are

And
you make it hard









A
canção foi lançada como single para promoção do álbum,
atingindo a 21a posição da principal parada
norte-americana.






MARRAKESH
EXPRESS






Marrakesh
Express” é bem divertida, com a guitarra bem presente, tendo os
vocais de Nash mais proeminentes.






A
letra narra uma viagem que Graham Nash fez no Marrocos:






Looking
at the world through the sunset in your eyes,

Traveling the
train through clear Moroccan skies

Ducks, and pigs, and chickens
call,

animal carpet wall to wall

American ladies five-foot
tall in blue.

Sweeping cobwebs from the edges of my mind,

Had
to get away to see what we could find









A
música também foi um single para a promoção do disco, alcançando
a 28a posição na principal parada norte-americana desta
natureza, conquistando a 17a colocação em sua
correspondente britânica.






GUINNEVERE






Guinnevere”
é mais intimista, com uma pegada mais contida, entretanto, também
belíssima.






A
letra se refere a uma dama de nome Guinnevere:






Guinnevere

Had
golden hair

Like yours, mi'lady like yours

Streaming out
when we'd ride

Through the warm wind down by the bay






YOU
DON’T HAVE TO CRY






A
linda “You Don't Have to Cry” coloca um pezinho no Country e os
vocais são extremamente tocantes.






A
letra também fala de relacionamento:






In
the Morning when you rise

Do you think of me and how you left me
crying

Are you thinking of telephones and managers






PRE-ROAD
DOWNS






Nash
lidera os vocais na mais ‘roqueira’ “Pre-Road Downs”.






A
letra possui um sentido romântico:






If
you're thinkin'


What
I'm thinkin'


Then
I'm gonna make my love to you






WOODEN
SHIPS






Wooden
Ships” bebe mais fortemente no Blues Rock é um dos melhores
momentos do disco.






A
letra se refere a consequências de uma guerra nuclear:






Wooden
ships on the water very free and easy

Easy, you know the way
it's supposed to be

Silver people on the shoreline let us
be

Talkin' 'bout very free and easy






LADY
OF THE ISLAND






Lady
of the Island” é bem suave e com um andamento mais arrastado.






A
letra se refere a uma mulher:






Letting
myself wander through the world inside your eyes

You know I'd
like to stay here until every tear runs dry

Do, do, do, do, do,
do, do ...

My lady of the island






Graham
Nash compôs esta canção enquanto ainda fazia parte do grupo The
Hollies, mas a banda rejeitou a composição.






HELPLESSLY
HOPING






As
harmonias vocais de “Helplessly Hoping” são simplesmente de
arrepiar.






De
certa forma, a letra reflete uma espécie de ansiedade:






Stand
by the stairway


You'll
see something


Certain
to tell you confusion has its cost


Love
isn't lying


It's
loose in a lady who lingers


Saying
she is lost


And
choking on hello






LONG
TIME GONE






Outra
faixa incrível, e bem mais roqueira, é a intensa “Long Time
Gone”.






A
letra fala sobre impermanência:






And
it appears to be a long


Appears
to be a long, mmm


Appears
to be a long time


Such
a long, long, long, long time before the dawn






49
BYE-BYES






O
álbum é encerrado com a interessante “49 Bye-Byes”.






A
letra é um divertido jogo de palavras:






Bye,
bye, baby,


Write
if you think of it, maybe.


Hey,
but you can run, baby.


If
the feeling's wrong, before too long, it's crazy.


And
you're trapped babe, and you know that's not where it's at baby.


You're
just seein' things through a cat's eye, baby;


That's
not my old lady.


Come
on and tell me, baby,


you
better tell me, baby,


Who
do you,


Who
do you love?






Considerações
Finais






Com
seus dois singles, "Marrakesh Express" e "Suite: Judy
Blue Eyes", ambos atingindo o Top 40 da principal parada
norte-americana desta natureza, o álbum de estreia do Crosby,
Stills & Nash
foi um tremendo sucesso.






O
disco ficou com o 6º lugar na principal parada de álbuns
norte-americana, ainda conquistando a 25a posição em sua
correspondente inglesa.






O
álbum foi aclamado pela crítica especializada, majoritariamente. Em
uma crítica da época, Barry Franklin, da Rolling Stone, chamou
Crosby, Stills & Nash de "um disco eminentemente
tocável" e "trabalho especialmente satisfatório",
achando as composições e harmonias vocais particularmente
excepcionais.









Robert
Christgau foi menos entusiasmado no The New York Times, escrevendo
que "[Crosby, Stills & Nash] é tão perfeito quanto
se esperava. Mas também demonstra os perigos da perfeição: a
selvageria que deveria liberar o grande rock é tão bem controlada
que quando aparece (como na excelente 'Pre-Road Downs') parece ter
sido inserida apenas para provar que a música é rock: a única
exceção é o vocal lamentoso de Crosby em 'Long Time Gone'".






Em
retrospectiva, Jason Ankeny, do AllMusic, dá nota máxima ao
trabalho, revelando: “Um documento definitivo de sua época”.






Em
2003, a Rolling Stone classificou Crosby, Stills & Nash na
259a posição em sua lista dos 500 melhores álbuns de
todos os tempos e foi reclassificado no 262º lugar em 2012.O disco
também foi eleito na 83a colocação no All Time Top 1000
Albums 3rd Edition, de Colin Larkin, em 2000.






Crosby,
Stills & Nash
venceu o
Grammy, em 1970, na categoria ‘melhor artista novo’.








Com exceção do baterista Dallas
Taylor e um punhado de partes rítmicas e de guitarra acústica de
Crosby e Nash, Stills lidou com a maior parte da instrumentação
(incluindo todas as partes de guitarra, baixo e teclado) no álbum, o
que deixou a banda precisando de pessoal adicional para poder fazer
uma turnê.







Mantendo
Taylor, a banda tentou inicialmente contratar um tecladista. Stills
inicialmente se aproximou do virtuoso multi-instrumentista Steve
Winwood, que já estava ocupado com o recém-formado grupo
Blind
Faith
.







Ertegun
sugeriu o ex-membro da
Buffalo
Springfield
, Neil
Young
, também gerenciado
por Elliot Roberts, como uma escolha bastante óbvia; embora,
principalmente, um guitarrista,
Young
era um tecladista proficiente e podia alternar no instrumento com
Stills e Nash em um contexto ao vivo.







Stills
e Nash inicialmente mantiveram reservas; Stills por causa de sua
história com Young no
Buffalo
Springfield
, e Nash por
causa de sua falta de familiaridade com Young. Mas depois de várias
reuniões, o trio se expandiu para um quarteto com Young como
parceiro.
Os termos do contrato permitiram a Young total liberdade para manter
uma carreira paralela com sua nova banda, a
Crazy
Horse
.







Eles
inicialmente completaram a seção rítmica com o ex-baixista do
Buffalo Springfield,
Bruce Palmer. No entanto, Palmer foi demitido devido a seus
persistentes problemas pessoais após os ensaios no Cafe au Go Go no
Greenwich Village de Nova York; de acordo com Crosby, "Bruce
Palmer estava em outro instrumento e sua cabeça não estava onde
deveria estar".













O baixista adolescente da Motown, Greg
Reeves, entrou no lugar de Palmer por recomendação de Rick James,
um amigo e ex-colega de banda de Neil Young.







Seu
primeiro grande show foi em 16 de agosto de 1969, no Auditorium
Theatre, em Chicago, com Joni Mitchell como seu ato de
abertura. Eles mencionaram que iriam para um lugar chamado Woodstock
no dia seguinte, mas que não tinham ideia de onde era. Seu show de
uma hora no Festival de Woodstock, no início da manhã de 18 de
agosto de 1969, foi um batismo de fogo.






Sua
aparição no festival e no filme subsequente (Woodstock), juntamente
a gravação da música de Joni Mitchell em memória de Woodstock,
aumentou a visibilidade do quarteto. CSNY apareceu em outros
festivais de destaque naquele ano.






Crosby
Stills & Nash
supera a casa de 4 milhões de cópias vendidas
apenas nos Estados Unidos.









Formação:


David
Crosby – Vocal; Guitarras em "Guinnevere"; guitarra
rítmica em "Wooden Ships" e "Long Time Gone"

Stephen
Stills - Vocal, Guitarras, Baixo, Teclados, percussão todas as
faixas, exceto "Guinnevere" e "Lady of the
Island"

Graham Nash – Vocais; Guitarra rítmica em
"Marrakesh Express" e "Pre-Road Downs"; Violão
em "Lady of the Island"

Músicos Adicionais:


Dallas
Taylor – Bateria em "Suite: Judy Blue Eyes", "Pre-Road
Downs", "Wooden Ships", "Long Time Gone" e
"49 Bye-Byes"

Jim Gordon – Bateria em "Marrakesh
Express"

Cass Elliot - Backing Vocals em "Pre-Road
Downs"






Faixas:


01.
Suite: Judy Blue Eyes (Stills) - 7:25


02.
Marrakesh Express (Nash) - 2:39


03.
Guinnevere (Crosby) - 4:40


04.
You Don't Have to Cry (Stills) - 2:45


05.
Pre-Road Downs (Nash) - 2:56


06.
Wooden Ships (Crosby/Kantner/Stills) - 5:29


07.
Lady of the Island (Nash) - 2:39


08.
Helplessly Hoping (Stills) - 2:41


09.
Long Time Gone (Crosby) - 4:17


10.
49 Bye-Byes (Stills) - 5:16






Letras:


Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/crosby-stills-and-nash/






Opinião
do Blog:


A
junção de talentos excepcionais como David Crosby, Stephen Stills e
Graham Nash não poderia ter dado mais certo.






O
álbum Crosby, Stills & Nash é um atestado de como a
música pode ser poderosa, tocante e suave – ao mesmo tempo.
Viajando por uma atmosfera que bebe fartamente no Folk e no Country
e, por algumas vezes, no Blues, o disco aposta na combinação
perfeita das vozes de seus protagonistas, produzindo canções
apaixonantes.






Se
faixas como “Guinnevere” e “Helplessly Hoping” investem em um
viés intimista e suave, é na harmonização de suas vozes que o grupo
se encontra e oferece um novo patamar para suas composições.






O site elege como favoritas “Wooden Ships” e “Long Time Gone” que flertam deliberadamente com uma sonoridade mais Blues Rock.






Enfim,
Crosby, Stills & Nash é um álbum antológico e não há
muito mais a ser dito sobre ele. Um grupo que entrou para a história
(a fase com Neil Young também é incrível) e que deixou um registro
influente, importante e, sobretudo, belíssimo.

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