WHITESNAKE - LOVEHUNTER (1979)






Lovehunter
é o segundo álbum de estúdio da banda inglesa Whitesnake. Seu
lançamento oficial aconteceu em outubro de 1979, através do selo
United Artists Records. As gravações ocorreram em maio daquele
mesmo ano, no Clearwell Castle, em Gloucestershire, no Reino Unido, com o auxílio dos
estúdios móveis do Rolling Stones (Mobile Studio). A produção
ficou por conta de Martin Birch.










Após
(quase) 5 anos, o Whitesnake volta ao Blog. Vai-se fazer um breve
histórico do grupo antes de se focar no álbum propriamente dito,
como sempre.





Em
março de 1976, o Deep Purple terminava a turnê que divulgava o
álbum Come Taste the Band (1975).





Pouco
antes do último show da turnê, os dois membros remanescentes do
Purple, o baterista Ian Paice e o tecladista Jon Lord, haviam
decidido que o melhor a se fazer era encerrar as atividades do grupo.





O
fim do conjunto foi finalmente tornado público em julho de 1976. Disse
Coverdale em uma entrevista: “Eu estava com medo de deixar a banda. O Purple era a minha vida, Purple me deu a minha carreira, mas, ao
mesmo tempo, eu queria sair”.





Após
o desaparecimento do Deep Purple, Coverdale embarcou em uma curta
carreira solo. Ele lançou seu primeiro álbum em fevereiro de 1977,
intitulado White Snake.





Todas
as músicas do disco foram escritas por Coverdale e o guitarrista
Micky Moody.





Como
seu primeiro trabalho solo, Coverdale mais tarde admitiu: "É
muito difícil pensar para trás e falar sensatamente sobre o
primeiro álbum. White Snake foi um esforço muito
introspectivo, reflexivo e discreto, em muitos aspectos, e escrito e
gravado no rescaldo do colapso do Deep Purple”.





Mesmo
que o álbum não tenha sido bem-sucedido comercialmente, o seu
título inspirou o nome da futura banda de Coverdale.







David Coverdale





Em
1978 Coverdale lançou seu segundo álbum solo,
Northwinds, que foi recebido muito melhor que o seu anterior. Mas, antes
do lançamento do disco, David já havia formado uma nova banda.





David
Coverdale fundou o Whitesnake em 1978, em Middlesbrough, Cleveland,
no nordeste da Inglaterra.





O
núcleo da primeira formação do conjunto estava trabalhando como a
banda de apoio de Coverdale, nomeada The White Snake Band, desde a
turnê para promoção do primeiro álbum solo do vocalista e manteve
o nome antes mesmo de ser oficialmente conhecida como Whitesnake.





Conforme
dito, eles excursionaram com Coverdale como sua banda de apoio para
os dois álbuns solo por ele lançados, White Snake (1977) e
Northwinds (1978), entre sua saída do Deep Purple e a
fundação do Whitesnake.





Naquele
momento, a banda era composta por David Coverdale, pelos guitarristas
Bernie Marsden e Micky Moody, pelo baixista Neil Murray, pelo
baterista David "Duck" Dowle e ainda com o tecladista Brian
Johnston.





Johnston
logo seria substituído pelo responsável pelo órgão e teclados do
Procol Harum, Pete Solley. Mas, por causa de seus inúmeros
compromissos, Solley foi substituído pelo ex-tecladista do Deep
Purple, Jon Lord, durante as sessões para o primeiro álbum do
grupo.





O
Whitesnake lançou um EP, chamado Snakebite, em junho de 1978.
O EP continha 4 faixas, sendo 3 autorais e um cover, “Ain't No Love
in the Heart of the City”, originalmente apresentada pelo bluesman
norte-americano Bobby Bland.





Este
EP, com apenas 4 canções, jamais foi lançado nos Estados Unidos.
Uma versão dupla do mesmo EP, contendo mais 4 outras canções
retiradas do álbum Northwinds (da carreira solo de Coverdale),
totalizando 8 faixas, foi lançado em setembro de 1978.





Aproveitando
o sucesso do EP, e, especialmente da faixa “Ain't No Love in the
Heart of the City”, a banda resolveu gravar e lançar o seu
primeiro álbum de estúdio.





Gravado
e mixado em 10 dias, Trouble foi lançado em outubro de 1978.







Jon Lord





O
trabalho possui boas canções como “Take Me with You”, “Lie
Down (A Modern Love Song)” e a própria faixa-título, todas com
uma pegada bastante Blues Rock.





O
álbum acabou atingindo a 50ª posição da principal parada
britânica deste tipo lançamento.





O
segundo álbum viria aproximadamente um ano depois, Lovehunter.





A
capa causaria uma certa controvérsia, pois contava com uma
ilustração de uma mulher nua montando em uma serpente enrolada.
Obra do artista Chris Achilleos.





Os
trabalhos artísticos originais de Lovehunter foram roubados na década de
1980.





Vamos
às faixas:





LONG
WAY FROM HOME





Com um ritmo cadenciado e com um peso comedido, o álbum se inicia de forma rítmica e bastante melódica. A interpretação de Coverdale é muito sóbria e a sonoridade é envolvente. O solo é simples e com feeling. Ótimo início.





A
letra é em tom de flerte:





I
would do anything to be near you,
You're everything any man could
claim
I see your face in the night,
I hear you calling my name










Lançada
como single, atingiu a 55ª posição na principal parada britânica
desta natureza, tendo até boa divulgação nas rádios do Reino
Unido.













WALKING
IN THE SHADOW OF THE BLUES





Um riff muito bom, pesado e intenso dita o ritmo em "Walking in the Shadow of the Blues". Evidente, como o próprio nome denuncia, trata-se de um Hard Rock setentista extremamente carregado da influência do Blues. Os teclados estão evidentes com a categoria de sempre por parte de Jon Lord. Ótimos vocais, incrível intensidade e excelente presença das guitarras formam uma das melhores composições de toda a carreira do Whitesnake. Clássico!





A
letra pode ser entendida como uma ode ao estilo musical a que se
refere:





I
love the blues
They tell my story
If you don't feel it I will
tell you once again
All of my life I've been caught up in a
crossfire
'Cos I've been branded with the devil mark of Cain













HELP
ME THRO' THE DAY





Nesta faixa, a pegada bluesy continua intensa, mas há um forte toque de melancolia e suavidade. As guitarras estão bastante presentes, abusando do feeling, acabando por se tornarem os grandes destaques da canção.





A
letra fala sobre uma mulher:





Help
me through the day,
Help me through the night
Baby your sweet
loving
Will make everything all right





Trata-se
de um cover para uma canção originalmente composta pelo músico
norte-americano Leon Russell.













MEDICINE
MAN





"Medicine Man" possui um riff forte e criativo, remetendo diretamente ao que Coverdale (e Lord) faziam no Deep Purple. Hard Rock setentista de primeira, com peso e melodia, destacando os teclados do mestre Jon Lord!





A
letra é uma brincadeira romântica:





I'm
the medicine man,
Your doctor of love
Medicine man,
Doctor
of love













YOU
'N' ME





Em "You 'n' Me", o Whitesnake continua com o ritmo forte, repleto de melodia e malícia. Tanto as guitarras quanto o teclado contribuem decisivamente para este efeito malemolente da canção. Os vocais de Coverdale são muito bons. Boa faixa!





A
letra é romântica:





I
know those page three girls
In the playboy books,
Ain't got
nothing on you
In the way that you look
But, an eye for an
eye
A tooth for a tooth
When you get home
You better give me
some truth













MEAN
BUSINESS





Já "Mean Business" possui um sentimento de urgência. O ritmo é mais acelerado, rápido mesmo, com as guitarras ditando o andamento. Impossível não sentir um quê de Deep Purple, especialmente nos momentos em que Jon Lord é o protagonista.





A
letra fala de uma garota:





I've
got my love gun loaded
I've got you in my sight
I never take no
for an answer
So you'd better say yes tonight
I told you the
score
Right from the start
You'll never get to heaven
If you
break my heart













LOVE
HUNTER





O ritmo cadenciado e cheio de melodia, mas dotado de boa dose de peso, é a marca registrada deste clássico setentista. O grupo apresenta um Hard Rock que possui boas doses de Blues, com destaque para o baixo onipresente de Neil Murray. A atuação impecável de David Coverdale é fator decisivo para o sucesso da música.





A
letra é em teor sexy:





But,
I've given all I can.
I don't want no woman
To weep or
moan,
I'm looking for a sweet
Heartbreaker













OUTLAW





"Outlaw" apresenta um ritmo cadenciado e direto, com as guitarras atuando em conjunto para ditar a intensidade da canção. O solo de teclado de Jon Lord é ótimo. Os vocais nesta canção são feitos pelo guitarrista Bernie Marsden.





A
letra é em teor de rebeldia:





I
never find it easy trying to keep the feeling alive,
I've always
been a dreamer,
Dreamers find it hard to survive
When they're
living in the bright lights of the big city,
A red hot town where
the girls are pretty













ROCK
'N' ROLL WOMEN





"Rock 'n' Roll Women" é uma música bastante divertida, não apenas pelo teor de suas letras, mas pela criativa mistura do Rockabilly dos anos 50 com o Hard Bluesy típico do Whitesnake. A canção só não é melhor pela inexplicável passagem em que quase se torna uma balada.





A
letra é divertida:





You
can see in my face just what i'm hoping to find,


I
want a twelve bar beauty


With
a one track mind.


I
don't drive babe, but, I can steer,


We
got the green light


Let's
get out of here













WE
WISH YOU WELL





A décima - e última - faixa de Lovehunter é "We Wish You Well". A canção é bem curta, com pouco mais de 1 minuto e serviu como encerramento dos shows do Whitesnake por muito tempo. É apenas a bela voz de Coverdale e um ritmo suave e nostálgico.





A
letra é em tom de despedida:





I'm
sad to say
It's time to go
But until we meet again along the
road
Remember this, on your journey home
When you hear the
thunder roar, your not alone













Considerações
Finais





Baseado
em “Long Way from Home”, Lovehunter foi mais bem-sucedido que seu
antecessor.





Conquistou
a 29ª posição da principal parada britânica de álbuns, embora
não tenha repercutido na sua correspondente norte-americana.





O
álbum ganhou mais repercussão com o passar dos anos quando a banda
conquistou o mundo e os, então, novos fãs começaram a procurar o
material antigo do Whitesnake.





Tanto
que “Walking in the Shadow of the Blues” acabou tornando-se um
clássico e aparece com certa regularidade nos shows do grupo.





Eduardo
Rivadavia, do AllMusic, dá ao álbum 3 de um máximo de 5 estrelas.
E afirma: “Ainda assim, considerando todas as coisas, o registro é
bastante consistente; a banda está igualmente em casa balançando
através de “Long Way From Home”, e deslizando através da bluesy
balada “Help Me Thru 'the Day””.





Pouco
depois, o baterista Ian Paice substituiu David Dowle, dando ao
Whitesnake três ex-membros do Deep Purple.





A
nova formação entraria em ação para gravar o terceiro álbum de
estúdio do grupo, o inesquecível Ready an' Willing, de 1980.













Formação:


David
Coverdale - Vocais e Backing Vocals


Micky
Moody - Guitarras, Slide Guitar, Backing Vocals


Bernie
Marsden - Guitarras, Backing Vocals e Vocal principal em 8


Jon
Lord - Teclados


Neil
Murray - Baixo


Dave
Dowle - Bateria





Faixas:


01.
Long Way from Home (Coverdale) – 4:58


02.
Walking in the Shadow of the Blues (Coverdale/Marsden) – 4:26


03.
Help Me Thro' the Day (Russell) – 4:40


04.
Medicine Man (Coverdale) – 4:00


05.
You 'n' Me (Coverdale/Marsden) – 3:25


06.
Mean Business (Coverdale/Moody/Marsden/Murray/Lord/Dowle) – 3:49


07.
Love Hunter (Coverdale/Moody/Marsden) – 5:38


08.
Outlaw (Coverdale/Marsden/Lord) – 4:04


09.
Rock 'n' Roll Women (Coverdale/Moody) – 4:44


10.
We Wish You Well (Coverdale) – 1:39





Letras:


Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/whitesnake/




Opinião
do Blog:



O Whitesnake caracteriza-se por duas fases bem distintas em sua carreira: a primeira, na qual a banda baseava sua sonoridade no Hard Rock setentista com uma inconfundível influência do Blues norte-americano. A segunda fase, o grupo abraçou o Hard Rock dos anos 80, flertando deliberadamente com o Glam Metal. Em ambas o Blog consegue ver qualidades e trabalhos memoráveis.





Lovehunter está localizado na primeira fase e conta com uma coleção de canções que satisfazem gloriosamente os fãs do Hard Rock setentista.





Naquele ponto, logo após sair do Deep Purple, arriscar-se em uma pouco repercutida carreira-solo, Coverdale resolveu criar uma nova banda e o sucesso comercial chegaria novamente em sua profissão. Nem tanto nesta fase, mas, ao mesmo tempo, alguns de seus trabalhos mais marcantes aconteceram neste momento.





Com um time de peso o acompanhando, o resultado não poderia ser outro.





A seção rítmica é onipresente e eficiente, composta pelo baixista Neil Murray e o baterista Dave Dowle. As guitarras também funcionam de maneira ótima, tanto nos solos quanto nos riffs. Bernie Marsden ainda se arrisca nos vocais em "Outlaw", com um resultado bem mediano.





Mas os destaques são os vocais sempre eficientes de David Coverdale, portador de uma inconfundível e bela voz. E o mestre dos teclados Jon Lord que, se não possui o mesmo protagonismo que havia no Deep Purple, quando é chamado a trabalhar, mostra a categoria que lhe é peculiar.





As letras são na média geral.





Lovehunter é um álbum bem coeso. A maior parte de seu conteúdo é muito acima da média normal, trazendo brilho aos ouvintes fãs de seu estilo.





A melodiosa "Long Way from Home" e a direta "Mean Business" são ótimas amostras da versatilidade do grupo. Neste patamar também entra a ótima versão para "Help Me Thro' the Day".





A bluesy "Medicine Man" é uma grande composição. Assim como a maliciosa faixa-título, uma das melhores músicas desta fase inicial do Whitesnake. E ainda temos "Walking in the Shadow of the Blues", fortíssima candidata a melhor música da carreira da banda.





Enfim, é dispensável realçar ainda mais como o Whitesnake é uma das grandes bandas do Hard Rock em todos os tempos. Lovehunter é uma amostra do potencial de fogo que o conjunto possuía nos seus primórdios e como a fusão de peso e melodia podia ser bem costurada. Álbum mais que recomendado!

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