PAUL RODGERS - CUT LOOSE (1983)







Cut
Loose é o álbum de estreia de estúdio da carreira-solo do músico
britânico Paul Rodgers. Sua estreia oficial aconteceu em outubro de
1983, através do selo Atlantic Records. As gravações ocorreram em
um estúdio chamado Sundown, em sua própria residência, em
Kingstone, Inglaterra. O próprio Paul Rodgers foi o responsável
pela produção.














Paul
Rodgers é um nome já familiar nas páginas do Rock: Álbuns
Clássicos
, aparecendo nos posts sobre o Free, Bad Company e
The Firm. Agora, o Blog se voltará para sua carreira-solo em seu
álbum de estreia.





Paul
Bernard Rodgers nasceu em 1949, na cidade de Middlesbrough, na
Inglaterra.





No
início de carreira, Paul era baixista (mais tarde se mudando para
vocalista) na banda local The Roadrunners, que, pouco antes de deixar
Middlesbrough para se mudar até a cena musical de Londres, mudou seu
nome para The Wildflowers.





Outros
membros desta banda foram Micky Moody (futuro Whitesnake) e Bruce
Thomas (mais tarde no Elvis Costello and The Attractions).





Entre
1968 e 1973, Rodgers foi o vocalista da banda Free, grupo pelo qual
ele se tornou reconhecido, gravando alguns álbuns memoráveis como
Free (1969) e Fire and Water (1970), compondo e lançando canções antológicas como “All Right Now”, a qual
liderou paradas de singles em 20 países.





Após
a primeira separação do Free, em 1971, Rodgers formou, por um curto
período, uma banda de três componentes de nome Peace. Ao lado do
baixista Stewart McDonald e do baterista Mick Underwood, Rodgers
tocou guitarra e fez os vocais. O Peace foi a banda de apoio na turnê
do Mott the Hoople, no Reino Unido, em 1971, mas se separou quando o
Free se reuniu novamente no início de 1972.







Paul Rodgers





Em
1973, após o lançamento de
Heartbreaker, o Free
definitivamente acabou.





Ainda
em 1973, em Londres, Rodgers formou um supergrupo com o também
baterista de sua ex-banda, o Free, Simon Kirke, o baixista do King
Crimson, Boz Burrell, e o guitarrista do Mott The Hoople, Mick
Ralphs. Este era o Bad Company.





Com
o Bad Company, Rodgers gravou mais discos que entraram para a
história do Rock, como o sensacional autointitulado álbum de
estreia, Bad Company, de 1974, e o excelente Straight
Shooter
, de 1975.





Agora,
vamos dar um salto no tempo...





Em
agosto de 1982, era lançado Rough Diamonds, o sexto álbum de
estúdio do Bad Company.





Na
realidade, este foi o derradeiro trabalho da formação original do
Bad Company que, como dissemos, além de Paul Rodgers como vocalista, ainda contava com
Mick Ralphs na guitarra, Simon Kirke na bateria e Bozz Burrell no
baixo.





Muitos
problemas ocorreram desde o início das gravações para o disco.
Primeiro, seu manager, Peter Grant, resolveu se retirar após a morte
do baterista do Led Zeppelin, John Bonham, em 1980.





Naquele
mesmo ano, o assassinato de John Lennon foi um verdadeiro choque,
mudando a forma do grupo pensar. Finalmente, em uma outra ocasião,
uma briga explodiu entre Paul Rodgers e Boz Burrell sendo contida por
Mick Ralphs e Simon Kirke.





O
resultado de tanta turbulência foi que Rough Diamonds acabou
sendo o álbum com pior vendagem da discografia do Bad Company até
então. Acabou conquistando a 15ª posição na principal parada
britânica de discos, galgando a 26ª na sua correspondente
norte-americana.







Jimmy Page e Paul Rodgers





Mesmo
assim, o trabalho possuía faixas interessantes como “Eletricland”
e “Painted Face”, ambas compostas por Paul Rodgers, e que tiveram
boa divulgação através das Rádios naquele ano.





Após
o lançamento de Rough Diamonds, o Bad Company se desfez.
Segundo Mick Ralphs, Paul Rodgers já gostaria de uma pausa há algum
tempo, mas, se do ponto de vista comercial não foi um bom negócio,
o lado pessoal dos músicos acabou se tornando o fator preponderante.





Assim,
o Bad Company havia ganhado seis álbuns de platina até a saída de
Rodgers, com o grupo no auge de sua fama, mas o vocalista alegou o
motivo de que queria passar mais tempo com sua jovem família.





Rodgers
cumpre sua promessa de passar mais tempo com a família. E passa boa
parte de 1983 em sua residência, em Kingstone, no Reino Unido.





Paul
Rodgers possuía um estúdio em casa, sendo onde ele compôs e gravou
seu primeiro esforço em carreira-solo.





Rodgers
escreveu todas as faixas presentes no disco. Além disso, é ele
mesmo quem toca todos os instrumentos que aparecem no álbum, além
de assinar a produção. A capa é muito simples, uma fotografia do
vocalista.





Vamos
às faixas:





FRAGILE





"Fragile" apresenta um riff bastante eficiente, contando com peso e intensidade. O ritmo é levemente acelerado, com a sonoridade apresentada flertando com o Hard Rock que Rodgers fazia no Free e no Bad Company.





A
letra é simples, em tom de romance:





You
better need me


You
better need me


You
better need me


'Cause
I Need You













CUT
LOOSE





A guitarra está bem evidente em "Cut Loose", 'cortando' a canção em diversos momentos, com um bom feeling por parte de Rodgers. O baixo imprime peso e está sempre presente e o solo de guitarra é eficiente. Nesta faixa, Rodgers canta mais contidamente.





A
letra se refere à liberdade:





Rollin'
rollin' down that road


A
free spirit I remain


Rollin'
rollin' down that road


I
feel like I cut loose some chains













LIVE
IN PEACE





Nesta música, a introdução é leve e com um andamento lento, sendo conduzida por teclados mais evidentes. O clima é mais tenso e sóbrio, em claro contraste com as 2 faixas que a antecedem. O ponto alto desta canção é a ótima interpretação de Paul Rodgers nos vocais, dando a exata intensidade que a massa sonora solicita. O solo de guitarra também é legal.





A
letra é um pedido por paz:





You
and I we don't know why


So
many people cry


You
and I we don't understand


The
war like ways of man





“Live
in Peace” foi regravada pelo próprio Paul Rodgers quando ele
esteve à frente do grupo The Firm e lançada no segundo álbum da
banda, Mean Business, de 1986.













SWEET
SENSATION





Já em "Sweet Sensation", tem-se um Rock simples, direto e divertido. A canção é curta, leve e com um clima mais agradável. O refrão é bom e a guitarra aparece bem.





A
letra é uma declaração de amor:





You
and I reaching for the sky


Searching
for the light that shines


At
the end of the darkness





Ps: Sem vídeo disponível no Youtube!





RISING
SUN





Na boa faixa "Rising Sun", Rodgers aposta novamente em uma atmosfera mais sóbria e escura, com a sonoridade mais lenta e o domínio dos teclados. O baixo também traz peso e intensidade. Rodgers usa sua voz para complementar este aspecto denso. Música bem interessante.





Novamente,
a letra possui interpretação romântica:





When
love is strong


No
mountain is too high to climb


When
love is strong


No
mountain is too high to climb













BOOGIE
MAMA





"Boogie Mama" apresenta a já conhecida e notória paixão de Paul Rodgers pelo Blues norte-americano. A canção traz à memória o Blues Rock fabuloso do Free, embora sem o mesmo brilhantismo. Mas, mesmo assim, é uma música bem agradável.





A
letra é uma reverência ao Blues:





When
Mama Mama wants to boogie


All
the world's gotta know


When
Mama Mama wants to boogie


All
the world's gotta know













MORNING
AFTER THE NIGHT BEFORE





O baixo está ainda mais evidente nesta faixa, proporcionando um ritmo mais 'swingado', mas que oferece frescor ao ouvinte. A sonoridade é um rock bem simples, leve e lento. Bons vocais de Rodgers.





A
letra se refere à vida de quem passa o tempo todo viajando:





Well
it's the morning after the night before


I
pick up my suitcase and I head for the door


I
may never see this old room again


But
I will aways remeber your face and your name










“Morning
After the Night Before” foi lançada como single principal para
promover
Cut Loose, mas não obteve maior repercussão junto
às principais paradas de singles.













NORTHWINDS





O baixo conduz com muita eficiência o andamento de "Northwinds", uma faixa que começa mais suave e vai ganhando intensidade à medida que se desenrola. A guitarra aparece com um solo muito simples, mas agradável. Possui ótimos vocais de Rodgers.





A
letra reflete uma mudança de comportamento:





I'm
going a new way and I won't be coming back


Ain't
got the time to spare


I'll
take a few days just to find the track


That's
gonna lead me who knows where













SUPERSTAR
WOMAN





"Superstar Woman" possui um pouco mais de "cara dos anos oitenta", com um ritmo bem alegre, teclados ativos e a seção rítmica onipresente. Os vocais de Rodgers acompanham os instrumentais na intensidade correta.





A
letra pode ser interpretada como de um amor platônico:





Well
my babe she's a wonder woman


Got
signed photograph


Lord
its long distance loving


When
I see on a TV show


Driving
everybody so crazy


And
I hear you on the radio


I
know I'm gonna get you someday





“Superstar
Woman” era uma canção composta por Paul Rodgers, originalmente
escrita para o Bad Company, mas que não foi lançada pela banda até aquele momento.













TALKING
GUITAR BLUES





A décima - e última - faixa de Cut Loose é "Talking Guitar Blues". Como forma de encerrar bem os trabalhos, Paul Rodgers optou por uma nova reverência ao Blues, com um Blues Rock muito divertido, com ótima presença da guitarra e vocais muito precisos. Canção muito saborosa!





A
letra possui o mesmo espírito divertido das velhas canções do
Blues norte-americano:





They
been doing it all the while


Sometimes
it gets rough


Well
I think I said enough


I'm
gonna let my little guitar do the talking













Considerações
Finais





Comercialmente,
Cut Loose não fez sucesso e pouco repercutiu. Conquistou a mais que
modesta 135ª posição da principal parada norte-americana de
álbuns, a Billboard.





Paul
Rodgers havia afirmado que “Eu deixei o Bad Company quando a rotina
de escrever, gravar, sair em turnê repetidas, repetidas e repetidas
vezes me fez sentir como uma máquina e não como músico. Eu
precisava sentir (prazer) outra vez”.





No
encarte da edição comemorativa de 25 anos do lançamento de Cut
Loose
, Rodgers explica o porquê do nome de seu primeiro álbum
solo. “Às vezes parece certo romper com o passado e seguir à
estrada para um novo futuro”.





Bret
Adams, do site AllMusic, dá ao trabalho uma nota 3 de um máximo de
5, explicando: “É um lançamento competente e apresenta algumas
boas músicas, mas uma pergunta que fica é o quanto melhor poderia
ter sido se ele tivesse interagido com outros músicos. De certa
forma, Cut Loose é quase como uma fita demo. Às vezes, as
músicas carecem de dinâmica, porque Rodgers baseia-se em repetir as
linhas de guitarra ou piano, e, se seu baixo é eficaz, sua bateria é
rudimentar. (…) As partes de piano e órgão acrescentam
profundidade aos vocais de Rodgers”.





Logo
após gravar Cut Loose, Paul Rodgers e seu amigo Jimmy Page
(Led Zeppelin) fizeram apresentações para a US ARMS Tour,
liderada pelo guitarrista Eric Clapton e também contou com nomes
como Jeff Beck e Steve Windwood. (Nota do Blog: ARMS é a
Action Research into Multiple Sclerosis, uma organização que
recolhia fundos para investir em pesquisas sobre a doença conhecida
como Esclerose Múltipla).





Estas
apresentações na US ARMS Tour motivaram Rodgers e
Page a fundarem a banda The Firm, lançando seu álbum de estreia,
também chamado The Firm, em 1985.













Formação:


Paul
Rodgers - Baixo, Guitarra, Bateria, Teclados, Vocais,
Multinstrumentos, Produtor, Instrumentação.





Faixas:


01.
Fragile (Rodgers) - 4:45


02.
Cut Loose (Rodgers) - 3:37


03.
Live in Peace (Rodgers) - 5:01


04.
Sweet Sensation (Rodgers) - 3:18


05.
Rising Sun (Rodgers) - 4:08


06.
Boogie Mama (Rodgers) - 3:11


07.
Morning After The Night Before (Rodgers) - 4:15


08.
Northwinds (Rodgers) - 3:58


09.
Superstar Woman (Rodgers) - 5:00


10.
Talking Guitar Blues (Rodgers) - 4:05





Letras:


Infelizmente,
não encontramos nenhum site com as letras do álbum disponíveis.
Nosso trabalho foi todo no encarte do disco.








Opinião do Blog:


Os leitores mais antigos do Rock: Álbuns Clássicos sabem que o Free e o Bad Company estão, muito facilmente, entre as bandas favoritas de quem mantém este site. Desta forma, é óbvio, fica fácil concluir que Paul Rodgers está, tranquilamente, entre os meus vocalistas prediletos.





Em 1983, Paul Rodgers já era um nome consagrado no mundo do Rock, pois esteve à frente do fantástico Free e do consagrado Bad Company. Com estes conjuntos, ele já havia lançado álbuns como Fire and Water e Bad Company, por exemplo. Em suma: Rodgers não precisava provar mais nada a ninguém.





Mas como quem precisasse exorcizar seus demônios, Paul Rodgers se trancou em casa e gravou um álbum sozinho. Literalmente,





Cut Loose está longe de ser um álbum consagrado ou mesmo um grande sucesso de crítica ou comercial. Mas estes nunca foram os parâmetros para que uma obra aparecesse por aqui.





Logicamente, Paul Rodgers ficou conhecido por ser um ótimo vocalista e sua atuação nesta função é evidentemente um dos pontos altos do trabalho. Rodgers também é um bom tecladista e muito bom baixista e estes instrumentos ficam bem evidenciados no disco.





Paul se apresenta como um guitarrista eficiente e, embora as intervenções do instrumento soem simples, agradam pelo feeling e bom timbre. Na bateria, entretanto, fica o ponto mais fraco do álbum.





Cut Loose possui algumas faixas bem interessantes e que merecem apreciação.





A roqueira "Fragile" joga o clima para cima e é uma canção bem direta e sem frescuras. O Blues Rock, que traz à memória o antológico Free, é saudado nas boas "Boogie Mama" e "Talking Guitar Blues".





"Rising Sun" mostra ótimos vocais de Rodgers e, por si só, já valem a audição do álbum. "Northwinds" é uma bonita balada. Mas o Blog elege a sombria "Live in Peace" como a melhor música do disco, com uma atmosfera muito interessante e excelentes vocais.





Enfim, Cut Loose não irá mudar a vida de ninguém que o ouvir, mas é uma coleção de boas músicas gravadas e compostas por um dos grandes vocalistas da história do Rock, o excelente Paul Rodgers. O RAC convida seus leitores a conhecerem este trabalho mais desconhecido e que pode proporcionar momentos agradáveis durante a audição. Vamos nessa?




Comentários