MELHORES DE 1966

Os Beatles em 1966
O Alvorada Sonora continua a série de posts sobre os Melhores Álbuns lançados, por ano, a partir de 1965. Pretende-se percorrer os últimos 50 anos da música, com comentários totalmente pessoais a respeito dos discos classificados.



Metodologia

Deixando bem claro: o SITE NÃO ESCOLHEU os álbuns de cada ano, até porque não faria sentido comentar sobre os trabalhos que consideramos os melhores e suas posições se nós mesmos os ordenamos.

Assim, o que se fez foi contabilizar 12 diferentes listas de melhores do ano, da 1ª à 30ª posição, atribuindo 30 pontos ao primeiro e diminuindo 1 ponto por posição, até a 30ª colocação receber exatamente 1 ponto.

Portanto, após as 12 listas contabilizadas, somamos todos os pontos (de acordo com cada posição em cada uma das 12 listas), perfazendo o total somado. A não aparição em uma lista, obviamente, não gera ponto.

Desta forma, o máximo possível para um disco atingir (primeira posição em todas as listas) é 360 pontos. Os 10 álbuns de pontuação mais alta formam a lista.

No caso de empate no número de pontos, os critérios de desempate, na ordem, são:

1 – Mais aparições em listas diferentes

2 – No caso de empatarem no primeiro critério, o álbum que atingiu a posição mais alta em uma das listas fica com a colocação mais elevada.


Posts

Os posts são feitos sempre do 1º para o 10º lugar, com sua pontuação, número de presenças nas diferentes listas e comentários estritamente pessoais sobre os álbuns.


Fatos históricos do ano de 1966

10de janeiro - Indira Gandhi (1917-1984) é eleita primeira-ministra da Índia. Filha de Jawaharlal Nehru, Indira Gandhi governou o país entre 1966 e 1977 e entre 1980 e a data da sua morte em 1984.
5de fevereiro - A sonda soviética Lunik 9 torna-se o primeiro objeto construído pelo homem a pousar com suavidade na superfície lunar e a emitir uma série de imagens do Mar das Tormentas.
26 de maio - A Guiana torna-se independente relativamente ao Reino Unido, passando a fazer parte da Commonwealth Britânica.
30de julho - Termina o campeonato do mundo de futebol realizado na Inglaterra. Na final, sagra-se campeã a Inglaterra depois de vencer a Alemanha Ocidental por 4-2.
30de setembro - Botswana torna-se independente relativamente ao Reino Unido, passando a fazer parte da Commonwealth Britânica.
30de novembro - Barbados torna-se independente relativamente ao Reino Unido, passando a fazer parte da Commonwealth Britânica.
15de dezembro - Morre Walt Disney.


A Lista


1º – THE BEATLES – REVOLVER (338 pontos – 12/12)

Neste álbum, os Beatles tentam soar mais psicodélicos e, sem dúvidas, é um álbum mais adulto da banda quando comparado aos seus antecessores. Os fãs que me perdoem, mas não consigo ver este trabalho como o melhor do ano, muito por conta da terrível “Eleanor Rigby” e de uma das piores coisas que eu já ouvi na vida: “Yellow Submarine”. O lado B não me chama a atenção, com exceção de “I Want to Tell You”, a qual anuncia George Harrison como o grande nome do disco, pois também são dele a ótima “Taxman” e a experimental “Love You To”, com a presença da cítara em uma clara viagem à música indiana. Outra canção memorável é a roqueira “She Said She Said”.


2º – THE BEACH BOYS – PET SOUNDS (333 pontos – 12/12)

Pet Sounds é onipresente em listas de melhores discos de todos os tempos. Mesmo não sendo fã do The Beach Boys, é possível compreender a adoração pelo trabalho. É extremamente sólida e palpável, durante a audição, a preocupação com cada detalhe de cada uma das composições, bem como a atenção para cada milésimo de segundo de sua produção. As características harmonias vocais da banda estão ainda mais caprichadas e tenho a percepção de uma certa triste melancolia na sonoridade. Destaco a clássica “Wouldn’t It Be Nice”, a tocante “Sloop John B”, a atmosférica “I’m Waiting for the Day” e a lindíssima “God Only Knows”.


3º – BOB DYLAN – BLONDE ON BLONDE (316 pontos – 12/12)

Este eu tenho em minha coleção. É um dos melhores álbuns que já ouvi, e não tem nenhuma música nem perto de ser mediana. Blonde on Blonde é uma fantástica jornada de Bob Dylan pela música norte-americana, em um disco que preza pelo apuro instrumental e o cuidado com cada detalhe. Destaco todas as faixas, mas cito os Blues fenomenais de “Pledging My Time” e “Leopard-Skin Pill-Box Hat”, o Folk primoroso de “4th Time Around”, o Rock ‘n’ Roll simples e soberbo de “Obviously 5 Believers” e, se não bastassem, a épica “Sad Eyed Lady of the Lowlands”. Álbum espetacular.


4º – THE ROLLING STONES – AFTERMATH (262 pontos – 12/12)

Tomei a versão inglesa como referência para os comentários. É neste álbum, o primeiro 100% autoral da banda, que a dupla formada por Mick Jagger e Keith Richards firma-se como o centro criativo do Rolling Stones. Aftermath ainda não é o melhor material do grupo, mas já apresenta faixas memoráveis como a ótima “Stupid Girl”, a balada “Lady Jane”, a genial “Goin’ Home” e o Blues Rock cafajeste, típico do conjunto, que dá as caras em “It’s Not Easy”, “Doncha Bother Me” e na clássica “Under My Thumb”. Preciso deste disco na minha coleção.


5º – THE MOTHERS OF INVENTION – FREAK OUT! (261 pontos – 11/12)

Confesso que conhecia este álbum apenas superficialmente. Freak Out! é um disco que, originalmente, continha 2 LP’s, fato o qual já demonstra a ousadia do genial Frank Zappa para um trabalho de estreia de seu Mothers of Invention. Além disso, Freak Out! também é citado como um dos primeiros álbuns conceituais da história do Rock. Por seus 60 minutos e suas 14 canções, é possível ter contato com música concreta, dissonância melódica, mudança de ritmos e tempos, e efeitos de estúdio. Enfim, trata-se de uma obra-prima, música de vanguarda, extramente influente e muito à frente de seu tempo. Faixas incríveis como “Hungry Freaks, Daddy”, “Who Are the Brain Police?” e “The Return of the Son of Monster Magnet” são amostras destas afirmações.


6º – THE KINKS – FACE TO FACE (181 pontos – 9/12)

Face to Face é um belíssimo disco de Rock, o qual demonstra a grande qualidade de Ray Davies como compositor e principal mola criativa do The Kinks. É outro álbum tido como um dos primeiros conceituais da história. Aqui, o grupo se desprende da antiga sonoridade, apostando em uma veia roqueira (mas com inegável apelo Pop), e influências clássicas (ouça“Session Man”). Lindas canções estão aqui como “Rosy Won’t Please Come Home”, “Rainy Day in June”, “Too Much on My Mind” e “Fancy”. Maravilhoso disco!


7º – JOHN MAYALL – BLUES BRAKERS WITH E. CLAPTON (177 pontos – 9/12)

John Mayall & the Blues Breakers se uniram ao talento incomum de Eric Clapton para uma verdadeira ode ao Blues, em um disco único – que, infelizmente, na maior parte das vezes, somente os amantes do Blues conseguem compreender. Além de ótimas composições próprias, como “Little Girl”, “Double Crossing Time” e “Have You Heard”, há versões espetaculares de clássicos como “What’d I Say” (Ray Charles), “All Your Love” (Otis Rush) e “Parchman Farm” (Mose Allison). Reafirmo: uma peça única e essencial.


8º – THE MAMAS & THE PAPAS – IF YOU CAN BELIEVE YOUR EYES AND EARS
(163 pontos – 9/12)

Jamais havia escutado If You Can Believe Your Eyes and Ears e nunca fui um grande conhecedor do The Mamas & The Papas. Somente a versão definitiva e soberba do clássico atemporal “California Dreamin’” já vale a audição do disco. O álbum possui uma sonoridade amena, mais voltada à veia Pop e as harmonias vocais, belíssimas, são o seu ponto alto. Mas, para ouvidos embrutecidos como os meus, o ‘punch’ e a pegada que sobram em “California Dreamin’” ficam ausentes no restante do trabalho. Mas é, obviamente, uma percepção puramente pessoal.


9º – SIMON & GARFUNKEL – PARSLEY, SAGE, ROSEMARY AND THYME
(154 pontos – 7/12)

Eu não conhecia Parsley, Sage, Rosemary and Thyme antes desta audição, embora já tivesse ouvido canções espalhadas de Simon & Garfunkel. A palavra que encontro para definir este trabalho é sutileza: seja na delicadeza das composições do genial Paul Simon; seja na doce execução das canções. As harmonias vocais são sutilmente colocadas e a musicalidade abraça o Folk, por vezes acústica, em outras em claro flerte com o Rock. Destaco “Scarborough Fair/Canticle”, “Patterns”, “Homeward Bound” e “For Emily, Whenever I May Find Her”.


10º – OTIS REDDING – COMPLETE & UNBELIEVABLE: THE OTIS REDDING DICTIONARY OF SOUL (139 pontos – 7/12)

Segunda edição do Melhores do Ano, e segunda aparição de Otis Redding. Talvez Complete & Unbelievable: The Otis Redding Dictionary of Soul não seja do mesmo nível de Otis Blue/Otis Redding Sings Soul, mas isto não é nenhum demérito. Otis Redding é um vocalista formidável e, desta feita, arrisca-se mais vezes como compositor, trazendo ótimas canções autorais como “My Lover's Prayer” e “She Put the Hurt on Me”. A guitarra de Steve Cropper e o piano de Isaac Hayes engrandecem as músicas, como na bela balada “Try a Little Tenderness” e na surreal versão para “Tennessee Waltz”. É… virei fã!


Os que quase entraram

11º - The Yardbirds - Yardbirds (Roger the Engineer) (115 pontos – 8 listas)
12º - Cream - Fresh Cream (115 pontos – 7 listas)
13º - Simon & Garfunkel - The Sounds of Silence (114 pontos)
14º - The Byrds - Fifth Dimension (109 pontos)
15º - The Monks - Black Monk Time (103 pontos)
16º- 13th Floor Elevators - The Psychedelic Sounds of the 13th Floor Elevator (101 pontos)
17º - John Coltrane – Ascencion (83 pontos)
18º - The Who - A Quick One (81 pontos)
19º - Buffalo Springfield - Buffalo Springfield (77 pontos)
20º - Wayne Shorter – Speak No Evil (72 pontos)

Ao todo foram listados 114 álbuns diferentes.


Comentários Adicionais

Sem sombra de dúvidas, 1966 é um ano especial para a música, com vários álbuns que marcaram a história – e a lista reflete esta qualidade. Mesmo com um trabalho relevante dos Beatlesna disputa, esperava Pet Soundsno topo. Pela relevância histórica e inovação, Freak Out! deveria ser, no mínimo pódio.

Em uma lista particular, Revolver não estaria presente. Blonde on Blonde seria meu primeiro lugar, seguido de Pet Soundse Freak Out! Acho um crime ‘lesa música’ que algumas listas pesquisadas sequer citem Yardbirds entre os 30 mais do ano! Parsley, Sage, Rosemary and Thyme e If You Can Believe Your Eyes and Ears dariam seus lugares para Fresh Creame Buffalo Springfield.


Bom, agora é com você leitor. Compartilhe sua lista nos comentários, diga o que achou, tanto da ideia do post quanto do texto, e, principalmente, ouça os discos deste ano tão emblemático na história da música. E fique ligado para a próxima lista.

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