MELHORES DE 1969

Beatles em 1969


Por Marco Néo


O Alvorada Sonora continua a série de posts sobre os Melhores Álbuns lançados, por ano, a partir de 1965. O ano de 1969 aparece com o tetracampeonato dos Beatles, mas tem muito mais. Desta feita, a edição é mais especial, com a estreia do nosso novo colaborador, Marco Néo, responsável pela análise e pelos comentários desta lista. Assim sendo, aproveite agora mesmo para ler o texto impecável que o Marco preparou para nós!


Metodologia

Deixando bem claro: o SITE NÃO ESCOLHEU os álbuns de cada ano, até porque não faria sentido comentar sobre os trabalhos que consideramos os melhores e suas posições se nós mesmos os ordenamos.

Assim, o que se fez foi contabilizar 13 diferentes listas de melhores do ano, da 1ª à 30ª posição, atribuindo 30 pontos ao primeiro e diminuindo 1 ponto por posição, até a 30ª colocação receber exatamente 1 ponto.

Portanto, após as 13 listas contabilizadas, somamos todos os pontos (de acordo com cada posição em cada uma das 13 listas), perfazendo o total somado. A não aparição em uma lista, obviamente, não gera ponto.

Desta forma, o máximo possível para um disco atingir (primeira posição em todas as listas) é 390 pontos. Os 10 álbuns de pontuação mais alta formam a lista.

No caso de empate no número de pontos, os critérios de desempate, na ordem, são:

1 – Mais aparições em listas diferentes

2 – No caso de empatarem no primeiro critério, o álbum que atingiu a posição mais alta em uma das listas fica com a colocação mais elevada.


Posts

Os posts são feitos sempre do 1º para o 10º lugar, com sua pontuação, número de presenças nas diferentes listas e comentários estritamente pessoais sobre os álbuns.


Alguns fatos históricos do ano de 1969

20 de janeiro - Richard Nixon toma posse como Presidente dos Estados Unidos.
8 de fevereiro - Queda do Meteorito Allende em Chihuahua no México.
28 de junho - Revolta de Stonewall
1 de julho - Gustav Heinemann substitui Heinrich Lübke como Presidente da Alemanha, Heinemann foi também o primeiro social-democrata a ocupar o cargo desde Friedrich Ebert (Presidente da Alemanha entre 1919 e 1925) em 44 anos.
20 de julho - Neil Armstrong foi o primeiro homem a pisar a Lua, como comandante da missão Apollo 11.
15, 16 e 17 de agosto - Aconteceu nos Estados Unidos o Festival de Woodstock, considerado o maior festival de rock and roll de todos os tempos.
21 de outubro - Willy Brandt substitui Kurt Georg Kiesinger como Chanceler da Alemanha
29 de outubro - Primeira mensagem é enviada pela ARPANET, O precursor da Internet, Essa data é considerada o nascimento da internet.
30 de outubro - Emílio Garrastazu Médici toma posse como presidente do Brasil por meio de eleições indiretas.
19 de novembro - A Apollo 12 pousa na Lua. Foi a segunda missão do Programa Apollo a pousar na superfície da Lua e a primeira a fazer um pouso de precisão num ponto pré-determinado do satélite, a fim de resgatar partes de uma sonda não tripulada enviada dois anos antes, a Surveyor 3, e trazer partes dela de volta à Terra, para estudos do efeito da permanência lunar sobre o material empregado no artefato


A Lista



1º – THE BEATLES – ABBEY ROAD
(353 pontos – 13/13)

A história desse disco é amplamente conhecida. Apesar de ser o penúltimo disco lançado, é o último disco que os Beatlesgravaram juntos. Depois do caos que foram as gravações do que viria a ser o Let It Be, George Martin impôs uma condição para as gravações de Abbey Road: que todos se dessem bem no estúdio. E como os Beatles rendiam quando estavam em harmonia! Gosto muito do “lado A” do disco, que traz a abertura com a rocker “Come Together”, além daquela que Frank Sinatra equivocadamente classificou como sendo a “melhor composição de Lennon e McCartney”, “Something” (composição do George Harrison, na verdade), e também o proto-metal de “I Want You (She’s So Heavy)”, mas a “sinfonia” idealizada por Mr. Macca, que encaixou várias músicas inacabadas dele e de John numa sequência que ocupa o “lado B” quase inteiro, é coisa de outro mundo. Primeiro lugar justíssimo.
*****



2º – LED ZEPPELIN – LED ZEPPELIN II
(340 pontos – 13/13)

A correria do dia-a-dia me fez ficar muito tempo sem ouvir essa preciosidade. Muito mais tempo do que eu gostaria, devo dizer. Esse disco funciona como um prólogo do que seria feito no rock nas décadas seguintes. Aqui encontramos todos os elementos do hard rock e do heavy metal que chegariam na década seguinte. Aliás, com base nos dois primeiros discos da banda, grande parte da crítica, especialmente nos anos 80, considerava o Led Zeppelin, e não o Black Sabbath, o primeiro grupo de heavy metal da história. Como todos sabemos, uma reavaliação histórica colocou os fatos nos eixos, já que a partir do III o Zeppelin seguiu outros rumos para além do rock pesado; dá, contudo, para colocar com justiça os conterrâneos de Mr. Iommi como precursores diretos do estilo.
*****



3º – THE ROLLING STONES – LET IT BLEED
(287 pontos – 11/13)

Esse já chega chegando com “Gimme Shelter”, um cartão de visitas bem forte e uma das músicas mais conhecidas dos Stones. O que mais me impressiona aqui é que, depois de um início tão bombástico, eles conseguem sem muitos esforços aparentes manter o nível num disco que escancara suas influências de blues e country. Duas curiosidades: uma, esta é a última aparição de Brian Jones em um disco dos Rolling Stones; outra, ao contrário de outras oportunidades, desta vez Let it Bleed não foi “inspirado” em Let it Be, trabalho que saiu somente no ano seguinte. Em 1969 o projeto ainda era conhecido como “Get Back”.
*****



4º – THE BAND – THE BAND
(276 pontos – 13/13)

O The Band é um grupo que sempre esteve no meu radar mas que, por pura preguiça (hoje em dia com YouTube e tantos serviços de streaming é preguiça sim), eu deixei de conferir. Azar meu. Ouvindo esse disco homônimo eu vejo o quanto todos que incensam esses Americanos tinham razão. Músicos experientes, músicas muitos degraus acima da media e um country rock com cheiro de campo. Com certeza voltarei muitas outras vezes a este disco e a esta banda. Se você, leitor, não conhecer, fica a indicação.
*****



5º – LED ZEPPELIN – LED ZEPPELIN
(267 pontos – 12/13)

O “pior” dos dois discos lançados pelo Led em 1969. Talvez o termo certo seja “o menos melhor”, já que em termos de qualidade e influência este álbum, inclusive, bate a grande maioria dos outros discos mencionados nesta lista. É impressionante constatar que neste primeiro trabalho o Zeppelin era uma banda já com um formato definido. Todos os elementos que os caracterizariam já estavam basicamente ali, afinal de contas estamos falando de músicos que, àquela altura, já tinham experiência de outras bandas, sem contar que Jimmy Page era um músico de estúdio razoavelmente requisitado. É como diria minha querida sogra, “o mais bobo ali dava nó em pingo d’água”. Não tinha como sair outra coisa que não uma obra essencial.
*****



6º – NEIL YOUNG AND CRAZY HORSE – EVERYBODY KNOWS THIS IS NOWHERE
(247 pontos – 12/13)

Segundo disco do canadense Neil Young, primeiro com a hoje lendária banda Crazy Horse. Assim como o Let It Bleed, esta belezinha aqui começa com uma música forte, neste caso “Cinnamon Girl”, que Neiltoca ao vivo até hoje, cinquenta anos depois. Depois do começo estrondoso o disco dá uma bela desacelerada, como na música título e na balada acústica “Round & Round (It Won’t Be Long)”, mas sem perder a qualidade que permeia o trabalho desse músico altamente influente. Aliás, nota-se que Everybody Knows This Is Nowhereserviu como parâmetro até mesmo para os trabalhos seguintes do artista.
*****



7º – KING CRIMSON – IN THE COURT OF THE CRIMSON KING
(215 pontos – 8/13)

O impressionante primeiro disco do King Crimson. “21st Century Schizoid Man”. “In The Court of the Crimson King” (a música). “Moonchild”. Robert Fripp. Greg Lake. A icônica arte da capa. É coisa demais pra assimilar em um disco com “míseras” cinco músicas. Este não consigo colocar para tocar enquanto estou fazendo outra coisa, ele tem que ser apreciado com o máximo de atenção para que nenhum detalhe se perca. Não tenho medo de soar exagerado ao colocar este trabalho no panteão das obras-primas imortais da música.
*****



8º – NICK DRAKE – FIVE LEAVES LEFT
(201 pontos – 11/13)

Este é, pelo menos pra mim, o disco mais hermético desta lista. Não conhecendo nada do trabalho de Nick Drake, dei uma pesquisada para ter informações e poder me inteirar do contexto em que esta obra foi composta e lançada. Deparei-me com mais uma vítima do abuso de drogas que marcou os anos 60. Os anos psicodélicos não foram tão inocentes quanto querem que acreditemos, afinal de contas. A depressão é palpável no clima das faixas de Five Leaves Left, que trazem uma temática folk rural e bucólica. Certamente tem seu valor e sua base de fãs, mas não me vejo voltando a este disco.
*****



9º – THE WHO – TOMMY
(186 pontos – 10/13)

Por questão de princípios a língua coça pra falar mal de uma “ópera rock” que narra a história de um jogador de pinball. Mas, alto lá, estamos falando do The Who e do que provavelmente é sua obra máxima, Tommy. Aqui eles deixavam de vez de ser uma banda “mod”, inclusive na parte visual, e abraçavam o movimento hippie que dominava a contracultura de então num disco duplo com altas doses de psicodelia. Correram um risco grande, eu mesmo me pego cansando lá pela segunda metade do disco, mas a influência de Tommyem todo um subgênero do rock mostra o acerto da manobra.
*****



10º – CREEDENCE CLEARWATER REVIVAL – GREEN RIVER
(185 pontos – 11/13)

Eu tenho que confessar aqui que não sou fã do Creedence. Conheço as músicas mais famosas, é uma audição agradável, mas não a ponto de me fazer correr atrás da discografia completa. Tendo isso em mente, fui de coração aberto ouvir Green River, terceiro trabalho dos caras e o segundo de três discos lançados por eles em 1969. Obviamente “Bad Moon Rising” é conhecida e me chama a atenção. No mais, e digo isso com todo o respeito à legião de fãs da banda, o restante não me emociona.


Os que quase entraram

11º- Sly & The Family Stone - Stand! (181 pontos)
12º - The Velvet Underground - The Velvet Underground (177 pontos)
13º - Captain Beefheart And His Magic Band - Trout Mask Replica(163 pontos)
14º - Elvis Presley - From Elvis In Memphis (137 pontos)
15º - Creedence Clearwater Revival - Willy and the Poor Boys(130 pontos – 9 listas – um QUARTO lugar)
16º - Crosby, Stills & Nash - Crosby, Stills & Nash(130 pontos – 9 listas)
17º - The Stooges - The Stooges (130 pontos – 8 listas)
18º - Dusty Springfield - Dusty in Memphis (129 pontos)
19º - Isaac Hayes - Hot Buttered Soul (119 pontos – 8 listas)
20º - Frank Zappa - Hot Rats (119 pontos – 7 listas)

Ao todo foram listados 119 álbuns diferentes.


Comentários Adicionais

Como se vê pela lista acima, 1969 foi um ano de domínio amplo do rock, com as únicas exceções sendo a presença de Sly & The Family Stone e Isaac Hayes, ainda assim fora do top 10.

Dentro dessa observação, constato que muitos dos discos que fizeram sucesso nesse ano apresentam uma característica comum, que é a temática voltada para a vida no campo. Reflexo óbvio do zeitgeist, com hippies dominando a contracultura. Interessante, por outro lado, notar que já começava a aparecer uma resposta mais virulenta à sonoridade relaxada do paz e amor, com o surgimento de bandas como o Led Zeppeline os Stooges, que nesse ano lançaram seu primeiro disco auto-intitulado.

Para o meu gosto pessoal foi uma lista muito boa, alguns artistas ali presentes, como Beatlese Led Zeppelin, figuram na minha lista de preferidos. As surpresas ficam pela presença de um disco do Elvis Presley (se bem que nesse caso a presença da maravilhosa “Suspicious Mind” justifica a lembrança) e pela “descoberta” da The Band.


Bom, agora é com você leitor. Compartilhe sua lista nos comentários, diga o que achou e faça sua crítica e elogio! Fique à vontade para participar!

SAXON - STRONG ARM OF THE LAW (1980)



Strong Arm of the Law é o terceiro álbum de estúdio da banda britânica Saxon. Seu lançamento oficial aconteceu em 1º de setembro de 1980, através do selo Carrere Records. As gravações ocorreram entre maio e agosto de 1980, no Ramport Studios, em Londres, na Inglaterra. A produção ficou por conta de Pete Hinton e do próprio Saxon.

SAXON - STRONG ARM OF THE LAW (1980)









Strong
Arm of the Law é o terceiro álbum de estúdio da banda britânica
Saxon. Seu lançamento oficial aconteceu em 1º de setembro de 1980,
através do selo Carrere Records. As gravações ocorreram entre maio
e agosto de 1980, no Ramport Studios, em Londres, na Inglaterra. A
produção ficou por conta de Pete Hinton e do próprio Saxon.














O
ótimo Saxon retorna pela terceira vez ao RAC,
com mais um de seus álbuns emblemáticos. Brevemente, como é a
tradição do Blog, irá se contextualizar o lançamento do trabalho
antes do ‘obrigatório’ faixa a faixa.





Wheels
of Steel





Em 5
de maio de 1980, o Saxon lançava Wheels of Steel, seu
segundo álbum de estúdio.





O
RAC já tratou deste disco e o leitor pode
encontrar o post aqui.





As
clássicas “747 (Strangers In The Night)” e “Wheels Of Steel”
foram lançadas como singles, fazendo um bom ‘barulho’,
alcançando as 13ª e 20ª posições da principal parada britânica
desta natureza.





Isto
elevou Wheels of Steel ao ótimo 5º lugar da parada britânica
de álbuns!





Além
disso, a mídia especializada recebeu muito bem o trabalho e, nos
dias atuais, o disco é reconhecido como um dos pilares da NWOBHM.





Sequência





Com
o sucesso de Wheels of Steel, a popularidade do Saxon
aumentou substancialmente e a banda logo saiu em turnê.





Em
16 de agosto de 1980, o grupo fez uma memorável apresentação na
primeira edição do famoso festival Monsters of Rock e, pouco
depois, apareceu no famoso programa da TV britânica BBC, Top of
the Pops
, com a canção “Wheels of Steel”.





Para
não deixar o sucesso arrefecer (nem a veia criativa), tão logo
Wheels of Steel foi lançado, o conjunto já começou a
preparar o seu sucessor.







Graham Oliver





Strong
Arm of the Law






no final do maio, o Saxon se reuniria Ramport Studios, em
Londres, na Inglaterra, para começarem a gravar seu terceiro álbum
de estúdio, Strong Arm of the Law.





Nesta
época, o Saxon era formado pelo vocalista Biff Byford, os
guitarristas Graham Oliver e Paul Quinn, o baixista Steve Dawson e o
baterista Pete Gill.





O
produtor Pete Hinton foi chamado novamente para auxiliar o grupo na
produção do disco. As gravações se estenderiam até agosto de
1980, acontecendo nas pausas entre os compromissos da banda.





Strong
Arm of the Law
seria lançado em 1º de setembro de 1980, menos
de 4 meses após o lançamento de Wheels of Steel.





Vamos
às faixas:





HEAVY
METAL THUNDER





A vinheta com sons característicos de uma tempestade prenunciam a verdadeira paulada que abre os trabalhos. "Heavy Metal Thunder" faz jus a seu nome, sendo um hino da NWOBHM. Forte, agressiva e intensa até o osso! Clássico.





A
letra é uma ode ao Heavy Metal:





Pull
your head back

Hold your hands high

Shake your body

If
it's too loud

And your brain hurts

Fill your heads with
heavy metal thunder

Heavy metal thunder














TO
HELL AND BACK AGAIN





"To Hell and Back Again" é um delicioso Metal que bebe fartamente na riquíssima fonte do Judas Priest setentista. Ou seja, o riff principal é pesado, mas dotado de um ritmo malicioso cativante. Vocais excelentes de Byford.





A
letra fala de um condenado:





The
chaplain and the gardener

Have told me how to die

I've used
up all my chances

Now's the time to cry

For I can hear the
footsteps

The lights have just gone dim

I'm on the final
journey














STRONG
ARM OF THE LAW





A faixa-título é um verdadeiro hino da banda, contendo o DNA brutal do Saxon. Mais lenta e mais cadenciada, a faixa, entretanto, não perde em nada nas questões de peso e de intensidade. Que paulada!





A
letra fala sobre uma perseguição policial:





Into
the night came a blue flashing light

A blast from the siren to
make sure

But it came to a stop behind the motorway cop

Who'd
been tailing us for more than an hour













“Strong
Arm of the Law” é um clássico atemporal do Saxon!





A
faixa foi lançada como single, atingindo a 63ª colocação da
principal parada britânica desta natureza.





De
acordo com o guitarrista Graham Oliver, a faixa-título foi inspirada
por um incidente em que a banda estava dirigindo em Whitehall e,
posteriormente, foi parada e revistada pelos seguranças da então
primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher.













TAKING
YOUR CHANCES





"Taking Your Chances" é quase um proto-Thrash Metal, dada à virulência de seu riff inicial e do tom frenético com que se desenvolve. Faixa impressionante!





A
letra fala sobre o fim de um relacionamento:





Well
I know that you're proud


And
you love me to the bone


When
it's better for you to go


You
don't stay home













20,000
FT.





Esta música possui uma influência inconfundível, fruto da turnê que o Saxon fez junto com o Motörhead. À exceção dos vocais, a canção parece retirada diretamente de Bömber o que se revela muito legal!





A
letra pode ser interpretada como um amante da aviação:





If
it's faster than light

Sharper than steel

I'll race across
the ceiling of the world

Just like a gun

Aiming at the
sun

Riding in my bird of silver steel














HUNGRY
YEARS





"Hungry Years" é um verdadeiro Blues Metal de primeiríssima linha, com destaque para o baixo inspirado de Steve Dawson. Sensacional!





A
letra tem um sentido de voracidade:





They
read under the lights

To the jews and to the whites

The
systems gonna change and understand them

The business world is
deep

For a percentage of the heat

There was magic in the
eyes

They couldn't see the lies

They watched it slowly die













SIXTH
FORM GIRLS





Já em "Sixth Form Girls", o grupo opta por uma música mais básica do padrão NWOBHM, mas com um resultado igualmente empolgante. Biff continua com vocais ótimos e as guitarras dão show.





A
letra possui um aspecto de rebeldia juvenil:





Sixth
form girls they're looking good


Skin
tight jeans


They're
out for fun


They
drink wine late at night













DALLAS
1 PM





A oitava - e última - faixa de Strong Arm of the Law é "Dallas 1 PM". Heavy Metal até o fim, pesada, densa e intensa, a atmosfera de "Dallas 1 PM" fornece uma síntese da banda maravilhosa que o Saxon sempre foi. Clássica é pouco para defini-la.





A
letra menciona um atentado:





The
shooting stunned as I seemed to run

Is he dead, no-one will
say

Around the world the news was flashed

We sat and
watched your tragic history





“Dallas
1 PM” é outro clássico do Saxon.





A
canção foi o outro single retirado de Strong Arm of the Law,
mas não causou maiores repercussões em termos de paradas de
sucesso.





“Dallas
1 PM” versa sobre o assassinato de John F. Kennedy, presidente dos
Estados Unidos. “Nós pensamos: 'Devemos colocar um tiro lá ou
devemos colocar três?'”, Lembrou o vocalista Biff Byford. “No
final, descemos a rota da teoria da conspiração e colocamos três
tiros”, finalizou o vocalista.













Considerações
Finais





Strong
Arm of the Law
manteve a curva ascendente de sucesso do Saxon e é
tido por uma parte dos fãs como o seu melhor álbum!





O
disco atingiu a 11ª posição da parada britânica desta natureza,
conquistando a 37ª colocação em sua correspondente sueca.





A
crítica especializada tem o álbum em alta conta. O jornalista
canadense Martin Popoff, em seu The Collector's Guide to Heavy
Metal: Volume 2: The Eighties
, dá ao álbum uma nota 7 (em 10).






Eduardo Rivadavia, do site AllMusic, em uma crítica contemporânea,
aplica a nota 4,5 (em 5) ao disco, apontando: “Desta vez, em vez de
motores de motocicleta acelerando, é trovão e relâmpago lançando
o álbum de forma verdadeiramente bombástica através do embrião do
Thrash “Heavy Metal Thunder”. E logo fica claro que o Saxon
havia aprendido um pouco de sua recente turnê pela Inglaterra com o
Motörhead, porque os hinos de quebrar o pescoço como “To
Hell e Back Again”, “Taking Your Chances”, a muito desobediente
“Sixth Form Girls” e a altíssima “20,000 FT” apenas
continuam chegando ao ouvinte, a toda velocidade”.





Por
fim, Rivadavia conclui: “Em suma, como havia sido o caso com Wheels
of Steel
, todos os ingredientes certos praticamente se encaixaram
para o Saxon neste disco incrível, e apesar de ter faltado
tantos sucessos como seu antecessor (ou seja, “Motorcycle Man”,
“747”, e “Wheels of Steel”), a consistência inigualável de
Strong Arm of the Law, do começo ao fim, faz dele o álbum
definitivo do Saxon aos olhos de muitos fãs e críticos”.





Turnês
esgotadas na Europa e no Reino Unido se seguiram, com o álbum
estourando em vários países europeus. A banda também ganhou grande
sucesso no Japão, onde o single “Motorcycle Man” (de Wheels
of Steel
) ficou nas
paradas por quase 6 meses.





O
quarto álbum do grupo sairia em 1981, com Denim And Leather.













Formação:


Biff
Byford - Vocal


Graham
Oliver - Guitarra


Paul
Quinn - Guitarra


Steve
Dawson - Baixo


Pete
Gill - Bateria





Faixas:


01.
Heavy Metal Thunder (Byford/Oliver/Quinn/Dawson/Gill) - 4:20


02.
To Hell and Back Again (Byford/Oliver/Quinn/Dawson/Gill) - 4:44


03.
Strong Arm of the Law (Byford/Oliver/Quinn/Dawson/Gill) - 4:39


04.
Taking Your Chances (Byford/Oliver/Quinn/Dawson/Gill) - 4:19


05.
20,000 Ft. (Byford/Oliver/Quinn/Dawson/Gill) - 3:16


06.
Hungry Years (Byford/Oliver/Quinn/Dawson/Gill) - 5:18


07.
Sixth Form Girls (Byford/Oliver/Quinn/Dawson/Gill) - 4:19


08.
Dallas 1 PM (Byford/Oliver/Quinn/Dawson/Gill) - 6:29





Letras:


Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/saxon/





Opinião
do Blog:


Uma das bandas símbolos do Heavy Metal, é bom ver o Saxon retornar ao RAC.



Com uma formação que dispensa maiores comentários e totalmente entrosada e azeitada, o grupo é liderado pelo excelente vocalista Biff Byford, o qual traz sua potente voz e sua interpretação apaixonada como marcas do álbum.



Strong Arm of the Law é um álbum de Heavy Metal, refletindo todo o poder e toda a qualidade da chamada NWOBHM, ou seja, canções pesadas, intensas e diretas, mas que, simultaneamente, jamais abrem mão das melodias.



As letras são acima da média. Confira!



Sem faixas desnecessárias ou de enchimento, Strong Arm of the Law é um desfile de pérolas do Metal. As preferidas do RAC são "20,000 FT", "Heavy Metal Thunder" e a faixa-título.



Concluindo, Strong Arm of the Law é uma pérola do Metal tradicional, símbolo da NWOBHM e um disco obrigatório para fãs do estilo. Um verdadeiro conjunto de canções que definem perfeitamente o que há de melhor neste estilo executadas por uma das melhores bandas desta vertente: o Saxon.


CINE PSYCHOFIELD - MARRIAGE STORY



Por Silvio Tavares


Título: Marriage Story
Data de lançamento: 29 de agosto de 2019
Direção: Noah Baumbach
Elenco: Scarlett Johansson, Adam Driver, Laura Dern (…)
Nota: 8.0 (em 10)

Há um momento do filme de Noah Baumbach em que Nicole, personagem interpretada por Scarlett Johansson, relata à sua feroz advogada Nora Fanshaw os valores corrompidos, por sua perspectiva, que abalaram a relação ao ponto de resultarem na inevitável separação, apesar do amor envolvido e nos problemas advindos de tal atitude.

Neste ponto uma escolha importante da câmera-testemunha é realizada: Nicole narra os acontecimentos. Não há cenas sobre o que diz. Portanto, seu ponto de vista instiga a imaginação do público, não a participação nos eventos, o que o induziria a um julgamento mais robusto, mesmo sabendo da parcialidade da visão apresentada. Essa distanciação serve muito bem à história, pois permite ao espectador auferir sua própria análise, ainda que apenas diante dos fatos que confidencia considerar importantes.

História de um Casamento (disponível na Netflix há algumas semanas) é um olhar de peculiar sensibilidade sobre um árduo processo de divórcio entre a atriz Nicole (Johansson) e o diretor de cinema Charlie (Adam Driver) considerando os impactos sobre a guarda do filho e, principalmente, os embates emocionais envolvidos.

Embora não haja novidade na temática para além das estonteantes performances da dupla de protagonistas, chamo aqui a atenção do leitor para um detalhe: em geral, dificilmente o encantamento de um filme está na originalidade da história, mas no modo de contá-la, na magia ou na criatividade em transmitir sentimento ou ideias por meio das ferramentas da linguagem cinematográfica. Por isso iniciei o texto falando em uma escolha. O conjunto delas altera completamente nossa percepção de uma história e pode gerar um resultado bem diferente.



Não é à toa que o processo de libertação do sufocamento da voz da atriz, cuja oportunidade na direção prometida pelo marido jamais emerge, encontra realização plena paralelamente ao divórcio. Pois o protagonismo que lhe era ofuscado, e observava empalidecer, cada vez mais era reflexo de sua situação de opacidade familiar ao seu ver, o papel à sombra do marido.

E então, Charlie. Introspectivo, brincalhão, workaholic, a relação com a esposa e seus problemas se descortinam aos poucos, como sua personalidade requer, sem o caráter excessivamente invasivo, incoerente com o personagem. O cuidado necessário para que, antes de julgar Charlie, conheçamos Charlie, suas limitações e virtudes, os papéis que ele desempenha diariamente.

E finalmente o “personagem” mais agressivo: o mundo. Incorporado na história através da expectativa dos advogados em vencer a causa (e da ebulição das emoções manipuladas por eles) e da dinâmica legal da separação (guarda compartilhada, escola, pensão, moradia, etc), o casal se defronta com a incorporação de eventos que distorcem a separação amigável planejada.

Das estratégias de pura vaidade dos advogados, que veem nos clientes projeção de sucesso e imagem ignorando completamente o casal enquanto indivíduos, até questões verdadeiramente procedentes e não pensadas (onde seria realmente melhor a criança viver?), o mundo, essa entidade não concreta e de difícil assimilação, certamente corresponde ao mais cruel e vilanesco dos elementos do filme.

As nuances e sutilezas de História de um Casamento certamente renderão indicações ao Oscar, especialmente quanto às ótimas atuações da dupla central. Belíssima produção, não deixe de conferir.



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GENE CLARK - WHITE LIGHT (1971)



Por Daniel Benedetti


Harold Eugene "Gene" Clark foi um cantor e compositor norte-americano e membro fundador da banda de folk rock The Byrds. Embora ele não tenha alcançado sucesso comercial como artista solo, Clark esteve na vanguarda da música popular durante grande parte de sua carreira, prefigurando desenvolvimentos em subgêneros tão díspares como rock psicodélico, pop barroco, newgrass e o country rock.

Gene Clark with the Gosdin Brothers é o álbum solo de estréia de Gene Clark, lançado em fevereiro de 1967 pela Columbia Records. Foi seu primeiro esforço após sua saída do grupo de folk-rock The Byrds, em 1966.

Embora o álbum fosse um sucesso de crítica e estabelecesse Clarkcomo um talentoso cantor e compositor, seu lançamento pareceu muito próximo da data prevista para o álbum dos Byrds, Younger Than Yesterday, tanto nos Estados Unidos quanto no Reino Unido, dificultando suas possibilidades de sucesso comercial.

Com o futuro de sua carreira solo em dúvida, Clark se juntou brevemente aos Byrds em outubro de 1967 como um substituto para o recém-saído David Crosby; mas, após um ataque de ansiedade em Minneapolis, ele saiu novamente após apenas três semanas. Durante esse breve período com o Byrds, ele apareceu com a banda no The Smothers Brothers Comedy Hour.

Em 1970, Clark trabalhou em um novo single, gravando duas faixas com os membros originais dos Byrds (cada uma gravando sua parte separadamente). As músicas resultantes, “She's the Kind of Girl" e "One in a Hundred", não foram lançadas na época, devido a problemas legais.

Em 1970 e 1971, Clark contribuiu com vocais e duas composições ("Tried So Hard" e "Here Tonight") para álbuns do The Flying Burrito Brothers.

Frustrado com a indústria da música, Clark comprou uma casa em Albion, na Califórnia, e se casou com a ex-dançarina e assistente de produção da Bell Records, Carlie Lynn McCummings, em junho de 1970, com quem teve dois filhos (Kelly e Kai Clark).

Na semiaposentadoria, ele sobrevivia com seus ainda substanciais royalties dos Byrds durante o início dos anos 1970, aumentado pela renda do hit "You Showed Me", de 1969, do The Turtles,  e por "American Show Ten", uma composição inédita de Roger McGuinn e Clark, de 1964, reorganizada para o The Byrdspor Chip Douglas.

White Light, também conhecido como Gene Clark, é o segundo álbum solo de Gene Clark. Ele só alcançou sucesso comercial na Holanda, onde os críticos de rock também o votaram como álbum do ano. Embora o título ‘White Light’ não apareça no disco, exceto pela canção de mesmo nome, é desta forma com que o trabalho ficou conhecido.

Gene Clark

Como todos os seus registros pós-Byrds, ele se saiu muito mal nas paradas americanas.

A banda de apoio de Clark, no álbum, incluía o produtor e guitarrista Jesse Ed Davis, o baixista Chris Ethridge do Flying Burrito Brothers, o organista Michael Utley, junto com o pianista Ben Sidran e o baterista Gary Mallaber, ambos da Steve Miller Band.

Embora Clark tenha começado outro álbum para a A&M, a gravadora interrompeu as sessões antes da conclusão desse álbum. Essas faixas estavam disponíveis na Holanda no álbum de Clark, Roadmaster, de 1973, que não foi lançado nos Estados Unidos até 1994.

The Virgin” abre o álbum com uma gaita inspirada de Clark, em um clima suave e melancólico. A melodia calma e belíssima que sai do violão em “With Tomorrow” é simplesmente apaixonante, ainda contando com a interpretação perfeita de Gene. A faixa-título, “White Light”, possui a gaita novamente como protagonista, em um Country Rock bem empolgante.

Because of You” segue tranquilamente na pegada Folk, com o órgão de Mike Utley onipresente ao fundo. “One in a Hundred” volta com os violões mais efervescentes, dando espaço, também, para a guitarra de Jesse Ed Davis, em um Rock bem legal. É impossível ouvir “For a Spanish Guitar” e não se lembrar do incrível Bob Dylan.

Na sequência aparece “Where My Love Lies Asleep”, uma faixa mais contida, mas, ao mesmo tempo, muito comovente. Já que se mencionou Dylan, o disco traz uma versão bem legal de “Tears of Rage”. A roqueira “1975” é a escolhida para encerrar White Light, com força e intensidade perfeitas para o álbum.

Como foi afirmado, White Light não fez sucesso comercial nos Estados Unidos e no Reino Unido. Thom Jurek, do site AllMusic, dá uma nota 4,5 (em 5) para o disco afirmando: “Nas nove faixas originais, ele se estabeleceu como um dos maiores álbuns de cantor/compositor já feitos”. Jurek consolida seu pensamento: “Usando melodias modificadas fora do Country, e revelando que ele era o poeta e o arquiteto original do som dos Byrds, em White Light, Clark criou um amplo conjunto aberto de faixas que são, ao mesmo tempo, cheias de espaço, de uma gentileza severa e são profundamente íntimas em diferentes níveis”.

Um novo álbum solo de Gene Clark viria com Roadmaster, de 1973.

Formação:
Gene Clark - Vocal, Violão, Gaita
Jesse Ed Davis - Guitarra, Bottleneck Guitar
John Selk - Violão
Chris Ethridge - Baixo
Gary Mallaber - Bateria
Mike Utley - Órgão
Ben Sidran - Piano
Bobbye Hall - Congas, Percussão

Faixas:
01. The Virgin (Clark) - 3:40
02. With Tomorrow (Clark/Davis) - 2:27
03. White Light (Clark) - 3:41
04. Because of You (Clark) - 4:06
05. One in a Hundred (Clark) - 3:36
06. For a Spanish Guitar (Clark) - 5:00
07. Where My Love Lies Asleep (Clark) - 4:23
08. Tears of Rage (Dylan/Manuel) - 4:15
09. 1975 (Clark) - 3:49


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OS 50 ANOS DE IN THE COURT OF THE CRIMSON KING



Por Daniel Benedetti


Em 10 de outubro de 1969, há pouco mais de 50 anos, era lançado um dos álbuns mais transformadores da música em todos os tempos: In the Court of the Crimson King, o disco de estreia do King Crimson.

Este artigo não é uma resenha do álbum, menos ainda um faixa a faixa. Se você procura este tipo de abordagem, recomendo, humildemente, o artigo que escrevi AQUI. Neste post, o objetivo é traçar os motivos que fazem esta obra de meio século de idade ainda permanecer com o status de tão importante.

A arte da capa de Barry Godber - um homem meio gritando, narinas dilatadas, olhar fixo em um horror que não podemos ver - provoca uma viagem maníaca e transformadora. In the Court of the Crimson King, marca uma real ruptura na geologia da música rock, refinando um gênero nascente em um pináculo da forma mais progressiva do rock.

Quando foi lançado em 10 de outubro de 1969, o trabalho abalou o mundo da música até seus alicerces. Desde então, além da legião de fãs que descobriram o álbum, quando ele foi lançado pela primeira vez ou nas décadas seguintes que o definiram como uma das gravações seminais da música rock, uma multiplicidade de elogios deixou claro o quão inovador e influente ele é. O disco de cinco músicas e 44 minutos foi e permanece, até hoje, oriundo de um grupo de músicos relativamente desconhecidos (mas já bastante experientes) e que, de alguma forma, conseguiram emergir, totalmente formados e maduros.

O encarte.

A grandiosidade sinfônica do Moody Blues, a produção expansiva de Brian Wilson, os experimentos psicodélicos do Pink Floyd e dos Beatles - esses são alguns dos elementos essenciais do prog. Mas com seu primeiro disco, o King Crimsontransformou essas peças em um monumento, com uma feitiçaria sem qualquer réplica nas cinco décadas seguintes.

A banda uniu essa força coletiva - um híbrido de rock ameaçador, sofisticação clássica, psicodelia pastoral e free-jazz - rápida, e quase instintivamente, guiada pelo que o guitarrista Robert Fripp chamou de "a presença da boa fada".

A formação original do conjunto surgiu das cinzas do Giles, Giles & Fripp, em janeiro de 1969, com o guitarrista Fripp e o baterista Michael Giles entrando em contato com o baixista e vocalista Greg Lake (futuro líder do grupo de rock progressivo Emerson, Lake & Palmer), o tecladista Ian McDonald e o letrista Peter Sinfield.

Robert Fripp

O quinteto se reuniu em um apertado espaço de ensaio no distrito de Hammersmith, em Londres, trabalhando em músicas por três meses antes de sua estreia ao vivo, no Speakeasy club da cidade.

Os primeiros fãs dos sets ao vivo, paradoxalmente incendiários e elegantes do grupo, com iluminação relativamente barata, mas eficaz, do letrista da banda, Pete Sinfield, incluíram membros do The Moody Blues e Yes (incluindo o futuro baterista do grupo, Bill Bruford), o futuro guitarrista do Genesis Steve Hackett, o futuro multi-instrumentista Mel Collins... até o tecladista do Pink Floyd, Richard Wright. John Gaydon, que, ao lado de David Enthoven, rapidamente se tornaria o primeiro gerente do King Crimson, lembra: "Música como essa não existia, realmente".

O conjunto estava lutando no estúdio, não conseguindo progredir durante duas sessões com o produtor do Moody Blues, Tony Clarke. Em uma jogada, igualmente corajosa e absurda (dado o alto perfil de Clarke na época), a banda encerrou a colaboração e produziu seu próprio material: eles se reuniram novamente no estúdio Wessex de Londres, armados com um punhado de músicas.

Ian McDonald

Quando o King Crimson emergiu, o rock progressivo não era um gênero cimentado e definido, agora, por uma série de pedras angulares muito específicas. Isso significava algo totalmente diferente, e incluía muitos grupos que agora seriam considerados qualquer coisa, exceto "rock progressivo".

Como a imagem da capa de Godber, grande parte de sua música foi projetada para provocar e assustar. "É para ser assustador", observa um membro da banda não identificado durante a conversa em estúdio de “Wind Session”, uma faixa bônus recém-mixada na luxuosa reedição do 50º aniversário de Crimson King.

Naquela sobra emitida anteriormente, os músicos produzem os ruídos discordantes de ficção científica que iniciam “21st Century Schizoid Man”, agrupando exalações no que parece ser estática da TV e futuros modems dial-up. Depois de muita discussão cavalheiresca, eles chegam adequadamente a "sons assustadores". O que se segue à introdução arejada de “Schizoid Man” é ainda mais emocionante: sete minutos de riffs de proto-metal nuclear, tambores de jazz e rock, alto saxofone e o grito distorcido de Lake - coroado com as profecias paranóicas de Sinfield, que usou imagens de políticos em chamas e crianças famintas para pesquisar a destruição da Guerra do Vietnã.

Parte traseira da capa

"21st Century Schizoid Man" é uma peça episódica de composição rock, com infusão de jazz, e que também inclui uma passagem longa, complexa e labiríntica, tocada à velocidade da luz por todo o grupo antes de um rápido retorno ao balanço de alta velocidade, levando ao verso final da música e um final caótico e cacofônico, que simplesmente não existia antes no rock.

Simultaneamente, a faixa de abertura de um álbum que finalmente redefiniria o que o rock é – ou qualquer música  poderia ser enganadora, pois, sugerindo algo diferente do que acabaria por se desdobrar nessa gravação estilisticamente expansiva. Em vez de mais energia, exibições inclinadas ao metal de virtuosismo impressionante, In the Court of the Crimson King seguia com uma adorável balada pastoral ("I Talk to the Wind"), apresentando o trabalho de flauta lírica de McDonald, Fripp e suas oitavas em tons quentes, além do canto mais gentilmente expressivo de Lake. Seu baixo, combinado com a criativa e inimitável armadilha do kit de Giles, também demonstrou um grupo tão sutil quanto poderia ser contundente e ginástico.

Mas mesmo essas duas faixas não fornecem uma indicação adequada do que está por vir, mesmo que a soma total de In the Court of the Crimson King evoque uma narrativa surpreendentemente conectada e uma identidade de grupo. "Epitaph" é uma peça mais sombria (e ainda relevante topicamente), combinando tendências sinfônicas com violões encharcados de reverberação e bateria totalmente criativa e distinta, tanto Fripp quanto Giles (para não mencionar Lake e McDonald) informando e inspirando gerações de músicos.

Michael Giles

Outra balada, "Moonchild", é mais melancólica e, após apenas alguns minutos, abre uma passagem de dez minutos improvisada livremente que combina o vibrafone Baldwin Electric Harpsichord de Ian McDonald e o tom novamente quente e inflado pelo jazz de Fripp (mas, desta vez, imbuído de lirismo e de maior angularidade harmônica) com um trabalho responsivo que prenunciaria as explorações de Free-Jazz posteriores do baterista na banda Michael Giles Mad Band.

"The Court of the Crimson King", com seus versos índigos, refrões memoráveis e com o melotron e algumas das prosas mais elegantes de Pete Sinfield, encerra In the Court of the Crimson King com uma coda curiosa, a qual começa com um circo, como o timbre de órgão de tubos, apenas para reiterar o refrão convincente da música, várias vezes, antes de terminar com o caos semelhante ao final de "21st Century Schizoid Man" e, assim, aproximar o álbum.

Bem, por um lado, ao atingir o quinquagésimo aniversário em 10 de outubro de 2019, In the Court of the Crimson King merece algum tipo de comemoração, pois o álbum não apenas abalou o mundo da música, mas representou o início de um grupo (e sua multidão de inovações) que quebrariam e reformariam, em diferentes configurações, muitas vezes o universo musical.

Greg Lake

Em 1969, Lake era o membro mais jovem da banda (21), com Fripp e McDonald 23, Sinfield 25 e Giles, o mais velho, aos 27 anos. Todo mundo trabalhava há algum tempo, embora além de The Cheerful Insanity of Giles, Giles & Fripp, com vendas de 600 unidades em todo o mundo, nenhum deles era particularmente conhecido.

McDonald começou a tocar com Giles, Giles & Fripp, o que levou à formação do King Crimson, com a substituição do baixista Peter Giles (dois anos mais novo que seu irmão baterista) por Lake, cuja principal razão de ser do Crimson era sua habilidade como vocalista, originalmente guitarrista, antes de Fripp lhe oferecer o trabalho como baixista e vocalista do Crimson.

É difícil imaginar que um grupo de músicos com tão pouca experiência mundana na indústria da música possa chegar tão completamente formado, ou que a primeira formação do King Crimson duraria por um período tão curto de tempo - menos de um ano.

King Crimson em 1969

Formada em 68, mas não começando formalmente os ensaios até janeiro de 1969, a estréia da banda foi gravada (após o início falso de junho de 1969 no Morgan Studios) no Wessex Studios, começando no mesmo dia em que os americanos estavam andando na lua e terminando os overdubs e a mixagem no mês seguinte.

Com seus shows ao vivo já criando um grande burburinho, uma competição de gravadoras bastante feroz para lançar In the Court of the Crimson King levou a Island a lançá-lo no Reino Unido e a Atlantic contratou o lançamento na América do Norte, em 10 de outubro de 1969 no Reino Unido, e no início do mês seguinte na América do Norte.

A banda viajou pela América do Norte de 30 de outubro a 14 de dezembro, quando Giles e McDonald deixaram a banda imediatamente depois de perceberem que a estrada não era para eles.

Em seu livro de 1997, Rocking the Classics, o crítico e musicólogo, Edward Macan, observa que, “In the Court of the Crimson Kingpode ser o mais influente álbum de rock progressivo já lançado”.

Foto clássica da formação original

Em um especial das revistas britânicas Q e Mojo, chamado Pink Floyd & The Story of Prog Rock, o álbum ficou em quarto lugar na lista de 40 Cosmic Rock Albums. O disco também foi incluído na lista 50 Albums That Built Prog Rock da revista britânica Classic Rock.

Em 2015, a revista norte-americana Rolling Stone nomeou In the Court of the Crimson King o segundo melhor álbum de rock progressivo de todos os tempos, atrás apenas de The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd.

E assim, a primeira formação do King Crimson formou, gravou, lançou, excursionou e terminou tudo no ano seminal de 1969, ao mesmo tempo em que tantas bandas e discos importantes estavam surgindo.