Nossa terceira Discografia Biográfica é especial, pois traz uma das bandas preferidas do criador do Alvorada Sonora: o Iron Maiden. Vai-se percorrer todos os álbuns de estúdio do grupo. Este especial será dividido em 4 partes, então, fica o convite para o leitor acompanhá-lo!
O Iron Maiden foi formado no dia de Natal do ano de 1975, pelo baixista Steve Harris, logo depois que ele deixou seu grupo anterior, o Smiler. Harris atribuiu o nome da banda devido a uma adaptação cinematográfica de O Homem da Máscara de Ferro, baseada no romance de Alexandre Dumas, cujo título lhe lembrava um dispositivo de tortura conhecido no Reino Unido como iron maiden.
Depois de meses de ensaio, o Iron Maiden fez sua estréia em St. Nicks Hall in Poplar, em 1º de maio de 1976, antes de assumir uma quase residência no Cart and Horses Pub, em Maryland Point, Stratford.
Primórdios do Iron Maiden |
O line-up original não durou muito tempo, pois o vocalista Paul Day acabou sendo a primeira vítima já que, de acordo com Harris, faltava-lhe “energia e carisma no palco”. Ele foi substituído por Dennis Wilcock, um fã declarado do KISS e que usava maquiagem e sangue falso durante as performances ao vivo.
Um amigo de Wilcock, chamado Dave Murray, foi convidado a participar da banda, para o desespero dos guitarristas do grupo, Dave Sullivan e Terry Rance. O conjunto de insatisfação e frustração levou a Harris dissolver temporariamente o Iron Maiden, em 1976.
O grupo foi reformado logo depois, com Murray como o único guitarrista. Steve Harris e Dave Murray permanecem os membros mais antigos da banda e únicos a terem participado de todos os seus lançamentos.
Iron Maiden em 1977 |
O Iron Maiden recrutou mais um guitarrista em 1977, Bob Sawyer, que foi demitido por envergonhar a banda no palco, fingindo tocar guitarra com os dentes. A tensão continuava, causando um racha entre Murray e Wilcock, o qual convenceu Harris a demitir o guitarrista, bem como o baterista original, Ron Matthews.
A nova line-up foi colocada em prática, incluindo o futuro tecladista do Cutting Crew, Tony Moore; Terry Wapram na guitarra e o baterista Barry Purkis. Um mau desempenho no Bridgehouse, um pub localizado em Canning Town, em novembro de 1977, foi o primeiro e único show com esta formação e levou a Purkis ser substituído por Doug Sampson.
Ao mesmo tempo, Moore foi 'convidado' a deixar a banda, pois Harris decidiu que os teclados não combinavam com a sonoridade do grupo. Alguns meses mais tarde, Dennis Wilcock decidiu que ele tinha perdido bastante tempo com o grupo e saiu para formar a sua própria banda, o V1, e Dave Murray foi imediatamente reintegrado ao Iron Maiden.
Como Dave preferia ser o único guitarrista da banda e Wapram desaprovava o retorno de Murray, Terry também foi demitido.
Steve Harris, Dave Murray e o baterista Doug Sampson passaram o verão e o outono ingleses de 1978 ensaiando, enquanto procuravam um vocalista para completar a nova line-up da banda. Um encontro casual no pub Red Lion, em Leytonstone, em novembro de 1978, evoluiu para uma audição bem-sucedida com o vocalista Paul Di'Anno.
Steve Harris afirmou: “Há uma espécie de qualidade na voz de Paul, uma rispidez em sua voz, ou o que você quiser chamá-la, que apenas deu-lhe esta grande margem”.
Abril de 1978 |
Naquele momento, Murray normalmente seguiu como o único guitarrista, com Harris comentando, “Dave era tão bom que poderia fazer um monte de coisas por conta própria. O plano sempre foi ter um segundo guitarrista, mas encontrar um que poderia combinar com Dave era realmente difícil”.
Na véspera de final de ano de 1978, o Iron Maiden gravou uma demo, composta por quatro músicas, no Spaceward Studios, em Cambridge. A esperança era que a gravação fosse ajudá-los a garantir mais shows.
A banda apresentou uma cópia para Neal Kay, quem geria um clube de Heavy Metal chamado Bandwagon Heavy Metal Soundhouse, localizado em Kingsbury Circle, no noroeste de Londres.
Após ouvir a fita, Kay começou a tocar a demo regularmente no Bandwagon, e uma das músicas, "Prowler", acabou atingindo 1º lugar na parada chamada Soundhouse, que era publicada semanalmente na revista Sounds.
Uma cópia também foi adquirida por Rod Smallwood, que logo acabou se tornando o empresário da banda, e, como a popularidade do Iron Maiden só aumentava, eles lançaram uma demo na sua própria gravadora, batizada de The Soundhouse Tapes, em homenagem ao clube.
Com apenas três faixas (uma canção, "Strange World", foi excluída, pois a banda estava insatisfeita com sua produção) todas as cinco mil cópias foram vendidas dentro de algumas semanas.
Todas as 3 canções presentes na The Soundhouse Tapes foram compostas pelo baixista Steve Harris. Eram elas: “Iron Maiden”, “Invasion” e “Prowler”.
Em dezembro de 1979, a banda fechou contrato com uma grande gravadora, a EMI, e pediu ao amigo de infância de Dave Murray, de nome Adrian Smith, para se juntar ao grupo como seu segundo guitarrista.
O grupo, já em 1979 |
Smith declinou do pedido, pois estava ocupado com sua própria banda, o Urchin, e, assim, o Iron Maiden terminou contratando o guitarrista Dennis Stratton. Pouco tempo depois, Doug Sampson deixou o conjunto devido a problemas de saúde e foi substituído pelo baterista Clive Burr, ex-Samson, por sugestão de Stratton, em 26 de dezembro de 1979.
A primeira aparição do Iron Maiden em um álbum foi na coletânea chamada Metal for Muthas (lançada em 15 de fevereiro de 1980), com duas versões prévias de "Sanctuary" e "Wrathchild".
O lançamento da compilação levou a uma turnê a qual contou com várias outras bandas relacionadas com o movimento que ficou conhecido como New Wave Of British Heavy Metal, ou NWOBHM.
Para seu álbum de estreia, o produtor foi Will Malone, que o Iron Maiden, desde então, alegou não possuir interesse no projeto e efetivamente deixou que a própria banda produzisse a maior parte do disco por si mesma, que, de acordo com o baixista Steve Harris, foi concluído em apenas 13 dias.
A gravação ocorreu no Kingsway Studios, oeste de Londres, em janeiro de 1980, com a banda se ausentando em alguns momentos por conta da supracitada turnê Metal for Muthas, concluindo as mixagens finais no Morgan Studios, no noroeste de Londres, em fevereiro daquele ano.
Antes das sessões com Malone, a banda fez duas tentativas, em dezembro de 1979, com dois produtores diferentes, enquanto ainda era um quarteto.
Guy Edwards, o primeiro produtor, foi demitido, pois a banda estava descontente com a qualidade 'enlameada' de sua produção. Já o segundo, Andy Scott, também foi dispensado após insistir que Harris usasse uma palheta, em vez de seus dedos, para tocar seu baixo.
Após esses esforços, a banda decidiu não despedir Malone. O grupo criticou a qualidade da produção, embora muitos fãs ainda prefiram a qualidade sonora mais crua da gravação.
A capa do primeiro álbum iniciou uma intensa parceria com o artista Derek Riggs. Quando a banda assinou contrato com a gravadora EMI, o empresário do grupo, Rod Smallwood, sugeriu que a banda deveria possuir uma marca única, que a diferenciasse das outras. Eis que surgiu a ideia de um mascote. Derek Riggs foi quem criou o Eddie The Head, a mascote do grupo, a qual se tornaria praticamente sinônimo de Iron Maiden e que estampa a capa de seu primeiro disco.
IRON MAIDEN – IRON MAIDEN (1980)
Em 14 de abril de 1980, através do selo EMI e com produção de Will Malone, chegava ao mundo a estreia autointitulada do Iron Maiden. “Prowler” é uma verdadeira paulada que abre o disco, com um riff incrível e uma pegada bastante agressiva. A bela “Remember Tomorrow” contém uma atmosfera mais sombria e um Paul Di’Anno mostrando do que é capaz, em uma excelente composição. "Running Free" possui uma pegada interessantíssima, construindo a fusão do Heavy Metal típico do Iron Maiden com o Rock clássico. Com mais de 7 minutos, a caótica “Phantom of the Opera” é uma amostra da influência de Rock Progressivo em Steve Harris, pois a canção é repleta de mudanças de dinâmicas. A instrumental “Transylvania” traz um Heavy Metal mais cadenciado, mas igualmente criativo, em outro momento interessante deste disco. “Strange World” é quase uma balada, possuindo um clima mais sombrio e contido, e uma grande presença dos vocais de Di’Anno. “Charlotte the Harlot” é uma amostra do que o Iron Maiden é, rápida, intensa e dinâmica, com as guitarras sendo protagonistas. Para encerrar o álbum, a clássica “Iron Maiden” demonstra como o Heavy Metal dos anos 80 precisaria soar. A faixa “Running Free” foi escolhida como single e alcançou a 34ª colocação da parada britânica desta natureza. Iron Maidenatingiu a ótima 4ª posição na principal parada britânica de álbuns, embora não tenha repercutido nos Estados Unidos. Também alcançou o 27º lugar na correspondente sueca. Além disso, Iron Maiden também faz parte do livro 1001 Albums You Must Hear Before You Die, de Robert Dimery. Com algumas faixas que ainda permanecem entre as preferidas de seus fãs, o disco de estreia do Iron Maiden permanece como um marco na história do Heavy Metal.
A crítica recebeu muito bem o álbum. Geoff Barton escreveu uma crítica extremamente positiva para a conceituada revista Sounds.
A Iron Maiden Tour, extensa turnê para promoção do álbum, começou em 1º de abril de 1980 e terminou em 21 de dezembro de 1980, entre algumas paradas e recomeços.
A turnê conteve algumas datas como banda principal no Reino Unido, além de atuações como banda de abertura para o KISS na Europa (em sua Unmasked Tour) e, nas mesmas condições, em algumas datas selecionadas para o Judas Priest (que promovia seu clássico British Steel).
Em 13 de Outubro de 1980, o Iron Maiden encerrou sua turnê europeia com o KISS e foi esta a data do último show do grupo com o guitarrista Dennis Stratton, demitido por conta de suas diferenças criativas e pessoais com o restante da banda.
A banda, em 1980 |
Seu substituto foi o guitarrista Adrian Smith, o qual faria seu primeiro show com o conjunto em 21 de novembro de 1980.
Em 1981, o Iron Maiden lançou seu segundo álbum de estúdio, Killers. Contendo muitas faixas compostas antes do lançamento de sua estréia, sendo que apenas duas novas músicas foram escritas para o disco: "Prodigal Son" e "Murders in the Rue Morgue" (o título desta última foi retirado do conto de Edgar Allan Poe).
Insatisfeita com a produção de seu primeiro álbum, a banda contratou o produtor veterano Martin Birch, que trabalharia com o Iron Maiden até sua aposentadoria, em 1992.
KILLERS – 1981
Killers foi lançado em 2 de fevereiro de 1981, sendo o primeiro álbum de estúdio da banda com o produtor Martin Birch. A EMI Records foi a responsável pelo lançamento. “The Ides of March” é uma boa introdução para a espetacular “Wrathchild”, uma composição com a alma feroz do Maiden. “Murders in the Rue Morgue” é outra faixa impressionante do disco, com potência e ferocidade extremas, enquanto “Another Life” mantém o pique, aliás, estendendo-o aos limites de intensidade do Heavy Metal do grupo. A instrumental “Genghis Khan” expande as possibilidades do grupo com um andamento mais cadenciado e um certo toque oriental. “Innocent Exile” é um Heavy/Hard simples e eficiente e antecede a seminal “Killers”, uma faixa totalmente sensacional. “Prodigal Son” coloca o pé no freio, sendo uma composição com jeito setentista ao passo que “Purgatory” é o oposto, com uma velocidade alucinante. “Drifter” encerra o trabalho em alto nível. “Twilight Zone” é um single da mesma época, que não faz parte do álbum original, mas que foi incluída em muitas versões de Killers. “Purgatory” foi o single, alcançando a 52ª posição da principal parada britânica desta natureza. Killers atingiu a 12ª posição da principal parada britânica de discos, conquistando a 78ª colocação de sua correspondente norte-americana. Killersé ótimo (embora eu o considere inferior à estreia da banda) e manteve a ascensão do conjunto.
A banda teve sua primeira turnê mundial para divulgar Killers, estreando em solo norte-americano (fazendo a abertura para o Judas Priest) e também tocando pela primeira vez no Japão.
Parte do sucesso inicial do Iron Maiden pode ser sim creditado a seu vocalista que gravou os dois primeiros trabalhos do grupo. Paul Di’Anno é um cantor talentoso e carismático, que imprimiu seu estilo nos trabalhos iniciais da banda. Suas performances em canções como “Sanctuary” e “Killers” são incontestáveis, apenas como exemplo.
Mas fato é que Di’Anno estava severamente envolvido com o uso abusivo de drogas durante a turnê mundial da banda em 1981. Esses abusos acabavam por prejudicar as atuações do mesmo durante os shows o que enfurecia aos demais membros do grupo.
Assim, terminada a turnê que promoveu o álbum Killers, o Iron Maiden decidiu demitir Paul Di’Anno e procurar um novo vocalista.
Após uma reunião com Rod Smallwood, no Reading Festival, Bruce Dickinson, anteriormente vocalista do Samson, fez um teste para o Iron Maiden, em setembro de 1981, e foi imediatamente contratado.
Já no mês seguinte, Dickinson saiu à estrada com a banda em uma pequena turnê na Itália, bem como em um show único no Rainbow Theatre, no Reino Unido. Para o último show, e em antecipação ao próximo álbum, a banda tocou "Children of the Damned" e "22 Acacia Avenue", apresentando aos fãs o som para o qual estavam progredindo.
Em 1981, já com Adrian Smith |
Com Dickinson já integrado ao grupo, a banda passa a compor e gravar o que se tornaria um dos maiores clássicos da história do Heavy Metal, The Number Of The Beast.
Bruce Dickinson afirma categoricamente que participou e contribuiu com a composição de algumas faixas do trabalho e que, devido a questões legais com sua banda anterior, não pode ser creditado como compositor em nenhuma faixa. Bruce cita “Run To The Hills”, “Children Of The Damned” e “The Prisoner” como faixas com as quais ele teria contribuído.
Várias lendas surgiram sobre a gravação do álbum, em especial em relação à temática do nome do álbum. Há relatos que durante a gravação de algumas faixas, como à homônima ao trabalho, a energia do estúdio acabava, impedindo sua gravação. Ou mesmo que uma fita que continha parte do trabalho já gravado que desapareceu. Mas a mais enfática é a história de que o produtor Martin Birch teria se envolvido em um acidente de carro durante a gravação do álbum e que o valor das despesas foi de 666 libras.
The Number Of The Beast foi o último disco do Iron Maiden com o baterista Clive Burr, que deixou a banda alegando problemas particulares. Também foi o primeiro a ter o guitarrista Adrian Smith creditado como compositor.
A capa do álbum, clássica, foi desenhada por Derek Riggs. O desenho teria sido criado para o lançamento do single “Purgatory”, mas Rod Smallwood achou-o bom demais para apenas um single, sugerindo que fosse guardado para o lançamento de um disco.
THE NUMBER OF THE BEAST – 1982
Gravado no Battery Studios, em Londres, entre janeiro e fevereiro de 1982, a EMI lançaria The Number of the Beast em 22 de março daquele ano. Martin Birch foi o produtor novamente. O álbum é aberto com a faixa “Invaders”, uma música bem direta e rápida e que mostra a que Dickinson havia vindo enquanto a maravilhosa “Children Of The Damned”, que começa mais cadenciada e depois se desenvolve ao melhor estilo Maiden, tem uma atuação soberba do mesmo Dickinson. “The Prisoner”, a terceira faixa do disco, é também a primeira que tem Adrian Smith como compositor, ao lado do baixista Steve Harris, e é um verdadeiro petardo. “22 Acacia Avenue” continua a saga iniciada em “Charlotte the Harlot” e é mais uma música excelente, com vigor e ritmos apaixonantes. O clássico imortal, “The Number of the Beast”, abre o lado B do vinil original, uma faixa síntese do que é o Heavy Metal. Na sequência, outro hino definitivo do estilo, com o riff memorável de “Run to the Hills”. A ótima “Gangland” antecede a possivelmente melhor composição da banda: a antológica “Hallowed Be Thy Name”. The Number of the Beast foi o primeiro álbum do Iron Maiden a atingir o topo da parada britânica desta natureza, conquistando a 33ª posição de sua correspondente norte-americana. “The Number of the Beast” e “Run to the Hills” foram os singles e ficaram, respectivamente, com os 18º e 7º lugares da principal parada britânica de singles. Presença garantida em listas de melhores álbuns de todos os tempos e listado no livro 1001 Albums You Must Hear Before You Die, The Number of the Beast está entre os melhores discos você ouvirá em sua vida.
Pela segunda vez, a banda embarcou em uma turnê mundial, batizada de The Beast on the Road, durante a qual visitou a América do Norte, Japão, Austrália e Europa, incluindo uma aparição no plot principal do Reading Festival. Um novo capítulo de enorme sucesso no futuro do Iron Maiden foi cimentado; em 2010, o New York Times informou que o álbum havia vendido mais de 14 milhões de cópias em todo o mundo.
Após a extensa e exaustiva turnê que promoveu o álbum anterior, a banda já estava pensando no álbum que seria o sucessor do já clássico trabalho.
Não seria fácil para ninguém ter que preparar um disco que, pelo menos, aproximasse-se da qualidade indiscutível do primeiro trabalho do Iron Maiden com Bruce Dickinson. Mas, mesmo diante de tal desafio, conforme será visto, o grupo obteve êxito.
Logo em dezembro, o grupo sofreria uma baixa. O baterista Clive Burr, que fez um excelente trabalho em The Number Of The Beast, deixa o conjunto devido a problemas particulares e também devido às extensas turnês e o pouco tempo permitido para se estar com os familiares.
1982, com Bruce Dickinson |
O substituto escolhido foi um inglês que, a partir daquele momento, teria sua imagem firmemente associada ao grupo. Seu nome era Nicko McBrain, o qual tocava em uma banda baseada em Paris de nome Trust.
Pouco depois, a banda viaja ainda nas ilhas britânicas, indo para a localidade de Jersey com o propósito de comporem as novas canções para o álbum vindouro.
Em Jersey, o grupo alugou o hotel Le Chalet, que estava fora de temporada, usando o restaurante do mesmo para fazer seus ensaios. Em fevereiro o grupo viaja para Nassau, nas Bahamas, para gravarem o disco no Compass Point Studios.
As gravações durariam até março e depois a mixagem final aconteceria no Eletric Lady Studios, em Nova York, nos Estados Unidos.
O primeiro nome pensado para o trabalho era Food For Thought, pois o Maiden havia decidido que sua mascote Eddie apareceria lobotomizada na capa do álbum. Entretanto, o nome Piece Of Mindacabou surgindo em um dos dias em que eles estavam em Jersey, compondo o trabalho, em um momento de relaxamento em um pub.
Nicko McBrain |
Piece of Mind foi o primeiro álbum do Iron Maiden a ter seu nome escolhido sem que existisse uma canção homônima dentro do mesmo. Embora na faixa “Still Life” haja a expressão ‘peace of mind’. A capa, clássica, conta com uma arte na qual Eddie se apresenta lobotomizado, em uma camisa de força e acorrentado. Obra do genial Derek Riggs.
PIECE OF MIND – 1983
Novamente produzido por Martin Birch, Piece of Mind foi lançado pela EMI Records em 16 de maio de 1983. A brilhante “Where Eagles Dare” abre a bolacha, com Nicko McBrain já destroçando nas baquetas e Dickinson estraçalhando nos vocais. O que mais impressiona na belíssima “Revelations” é a sua notável alternância de ritmos e intensidade, contendo partes bem suaves e melódicas e outras mais intensas e fortes, calcada nas guitarras típicas do Iron Maiden. Composta com vistas no mercado norte-americano, “Flight of Icarus” conta com um riff mais lento e cadenciado e o ritmo segue assim por praticamente toda sua extensão, acelerando mais no final. “Die with Your Boots On” apresenta o tradicional Heavy Metal da banda, ou seja, é intensa, forte e com mais velocidade. Na sequência, as guitarras gêmeas dão o tom de um dos maiores clássicos do Heavy Metal em todos os tempos, “The Trooper”, onde elas surgem baseadas por um baixo galopante sensacional, tocado magistralmente por Steve Harris. A atuação de Dickinson é soberba, dando o tom exato para que a música contagie qualquer ouvinte. O início de “Still Life” é bem mais suave, com uma linda melodia lenta e tocante, com um Dickinson cantando de maneira bastante macia, mas logo desaguando em um riff típico do Heavy Metal oitentista, com o vocalista acompanhando o ritmo intenso no mesmo tom. “Quest for Fire” tem a velocidade mais lenta, mas não impede o clima forte da canção, muito devido à atuação de Bruce Dickinson, em um tom bem alto e firme. O estilo galopante do Maiden se perpetua por toda duração de “Sun and Still”, que é bastante empolgante. “To Tame A Land” é a maior música do disco e tem um clima mais épico, com seus mais de 7 minutos. O que predomina nesta belíssima composição é justamente a alternância de velocidade, peso e intensidade dentro da mesma construção. Os singles escolhidos foram “The Trooper” e “Flight of Icarus”, as quais obtiveram o 12º e o 11º lugares da principal parada de singles do Reino Unido. Piece of Mind foi bem nas principais paradas de sucesso: 3ª colocação na Inglaterra e 14ª posição nos Estados Unidos. Embora não tão badalado, Piece of Mind não deve nada a nenhum dos maiores clássicos do Iron Maiden.
Assim está finalizada a primeira parte deste especial sobre o Iron Maiden. Não perca as próximas partes desta Discografia Biográfica que promete muito.
Só uma observação sobre The Number of the Beast: é que em suas versões em CD foi adicionada entre as oito faixas do LP original a belíssima faixa "Total Eclipse" que na época era o B-Side do single de "Run to the Hills" e que não faria feio se entrasse no disco original (mas não entrou por falta de tempo), e que se fosse seu tracklist fosse mais organizado com essas nove faixas, TNOTB faria muito mais sucesso do que fez em 1982. Também não acho que "Hallowed Be Thy Name" seja a melhor canção gravada pela banda porque gosto muito mais de "Rime of the Ancient Mariner" (presente em Powerslave, disco de 1984 que eu considero como o melhor da carreira do Maiden e que será destrinchado aqui na segunda parte da discografia biográfica da banda em breve). Em relação a Piece of Mind, acho que o quarto disco de estúdio da banda é um dos melhores trabalhos do Maiden e um dos mais adorados pelos inúmeros fãs até hoje (a exceção é a minha mãe, que gosta das faixas deste disco mas não gosta muito da capa com o Eddie lobotomizado), mesmo contando com algumas músicas um pouco abaixo da média.
ResponderExcluirRespeitosamente discordando da opinião do patrão Daniel, apesar de não ser muito fã da fase com o vocalista Paul Di'Anno, gosto muito mais do Killers do que do primeiro disco do Maiden por causa das entradas do guitarrista Adrian Smith e do renomado produtor Martin Birch (que foi uma espécie de "sexto membro" da donzela de ferro). O primeiro bolachão do Maiden ainda conta em suas versões remasterizadas com a faixa "Sanctuary" outro clássico muito cultuado pelos fãs da banda.
Olá, Igor, obrigado pelo comentário. Estou levando em conta apenas as versões originais dos álbuns, até pelo tamanho do texto.
ExcluirDe toda forma, quando se discorda respeitosamente, como você fez, pode discordar à vontade. A divergência de opiniões sempre é válida. Abraço!
Sim, chefe... Dessa forma, essas minhas observações servem apenas como complementos e detalhes importantes para seus textos serem incrementados positivamente. Feliz 2020 para você, chefe!
ExcluirFeliz Ano Novo, Igor.
ExcluirMuito obrigado, patrão!
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